Gostem ou não, concordem ou não, o sucesso estrondoso
de Stevie Ray Vaughan no início dos Anos 80 foi, ao mesmo tempo, uma bênção e
uma maldição para os guitarristas de blues.
Foi uma bênção porque desde meados dos Anos 70, guitarristas de blues não conseguiam mais contratos com gravadoras grandes e buscavam refúgio em selos independentes com pouca visibilidade e má distribuição. De repente, com a chegada de Stevie Ray, as regras do mercado mudaram, e todos os guitarristas virtuosos que se dispusessem a tocar pisando no acelerador (como Stevie Ray) ganharam, de uma hora para outra, contratos polpudos e um lugar ao sol no mainstream. Veteranos como Johnny Winter e Alvin Lee, por exemplo, tiveram suas carreiras reativadas do dia para a noite. E novatos como Kenny Wayne Shepherd, Charlie Sexton e Doyle Bramhall II passaram a ser considerados por crítica e público como “the next best thing”.
Foi uma bênção porque desde meados dos Anos 70, guitarristas de blues não conseguiam mais contratos com gravadoras grandes e buscavam refúgio em selos independentes com pouca visibilidade e má distribuição. De repente, com a chegada de Stevie Ray, as regras do mercado mudaram, e todos os guitarristas virtuosos que se dispusessem a tocar pisando no acelerador (como Stevie Ray) ganharam, de uma hora para outra, contratos polpudos e um lugar ao sol no mainstream. Veteranos como Johnny Winter e Alvin Lee, por exemplo, tiveram suas carreiras reativadas do dia para a noite. E novatos como Kenny Wayne Shepherd, Charlie Sexton e Doyle Bramhall II passaram a ser considerados por crítica e público como “the next best thing”.
Mas
então Stevie Ray morreu, e veio a maldição. O desinteresse por guitarristas de blues voltou a
tomar conta das grandes gravadoras, e todos esses guitarrristas órfãos de gravadora foram buscar refúgio na
cena independente. Só que agora os selos independentes
com mais projeção no mercado, que antes apostavam na pluralidade musical de
seus contratados, passaram a aceitar em seus elencos apenas artistas de blues que se limitassem a agradar setores mais conservadores de público. Ou seja: novidades ou abordagens musicais desalinhadas não eram mais bem-vindos. Com isso, a cena de blues, passou a ser tomada por uma mesmice musical que por pouco não matou o futuro do gênero.
Por sorte, alguns poucos selos independentes conscientes de seu papel nesse universo musical não embarcaram nessa barca furada. Delmark Records, de Chicago, é um desses selos. Se continua vivo e atuante desde 1953, sempre lançando no mercado o que surge de mais relevante na cena de Chicago, é porque soube fazer as escolhas artísticas certas nos momentos certos, e continua olhando para a frente com carinho e atenção.
Por sorte, alguns poucos selos independentes conscientes de seu papel nesse universo musical não embarcaram nessa barca furada. Delmark Records, de Chicago, é um desses selos. Se continua vivo e atuante desde 1953, sempre lançando no mercado o que surge de mais relevante na cena de Chicago, é porque soube fazer as escolhas artísticas certas nos momentos certos, e continua olhando para a frente com carinho e atenção.
O que nos leva a Dave Specter: um
guitarrista extraordinário de 56 anos de idade nascido em Chicago, dono de um toque limpo e elegante na guitarra, sempre com um pé no jazz
e outro no rhythm & blues, capaz de estabelecer diálogos num tom extremamente cool com seus companheiros de banda -- e que, apesar de não ser um neo-tradicionalista, demonstra com frequência um
carinho enorme pelo legado musical de grandes band-leaders como T-Bone Walker,
Johnny Guitar Watson e Philip Walker.
Aos 35 anos de carreira e 15 LPs como líder (todos na Delmark), Specter sempre teve um problema: assim como seu amigo e também guitarrista Anson Funderburgh, achava que não sabia cantar. Daí, quando não gravava discos instrumentais, convocava cantores amigos seus da noite de Chicago para a linha de frente de sua banda The Bluesbirds. Com isso, ajudou a divulgar para a América e para vários cantos do mundo cantores de blues excepcionais da Windy City, como Lenny Lynn e Barkin' Bill Smith.
Aos 35 anos de carreira e 15 LPs como líder (todos na Delmark), Specter sempre teve um problema: assim como seu amigo e também guitarrista Anson Funderburgh, achava que não sabia cantar. Daí, quando não gravava discos instrumentais, convocava cantores amigos seus da noite de Chicago para a linha de frente de sua banda The Bluesbirds. Com isso, ajudou a divulgar para a América e para vários cantos do mundo cantores de blues excepcionais da Windy City, como Lenny Lynn e Barkin' Bill Smith.
Pois não é que, para surpresa geral (inclusive de seu terapeuta), Specter tomou coragem, fez muitas aulas de canto, e agora estreia como cantor nesse seu novo LP, “Blues
From The Inside Out” (Delmark Records), onde passeia por 12 números originais com uma voz pequena mas expressiva, além de bem colocada e eficaz. O LP conta com participações especialíssimas
de seu amigo e professor Jorma Kaukonen e da Liquid Soul Horns, além da cozinha
de Martin Binder (bateria) e Harlam Tenson (baixo) e do suporte luxuoso do
tecladista Brother John Kattke e do percussionista Ruben Alvarez.
Specter está muito feliz com o resultado dessa nova aventura: “Trabalhei minha vida inteira na arte de dar suporte a cantores e de escrever números para que eles cantassem, e só recentemente veio essa vontade de começar a cantar meu próprio material. Então me preparei para isso, e o resultado está aí. A ótima receptividade que tenho recebido me anima ainda mais a continuar compondo para minha própria voz.”
Specter está muito feliz com o resultado dessa nova aventura: “Trabalhei minha vida inteira na arte de dar suporte a cantores e de escrever números para que eles cantassem, e só recentemente veio essa vontade de começar a cantar meu próprio material. Então me preparei para isso, e o resultado está aí. A ótima receptividade que tenho recebido me anima ainda mais a continuar compondo para minha própria voz.”
“Blues From The Inside
Out” não é um disco para quem gosta de guitarristas espalhafatosos. Também não
é um disco para quem tem uma visão estreita do blues. Trata-se de uma salada musical delicada e muito bem combinada, com doses certas de suingue e delicadeza, feita por gente que tem estofo de sobra para experimentar o que bem entender em termos musicais. Às vezes, o som da banda de Specter é bem Chicago. Outras vezes, ganha contornos mais West Coast. E vez ou outra desce em direção ao sul do Mississippi, com ecos dos Meters e dos
Neville Brothers permeando os arranjos e performances de sua
banda.
São doze canções que funcionam como um passeio musical pelas regiões culturais mais vitais da América. Quase todas na voz dele -- a excessão é "March Through The Darkness", homenagem à veteraníssima cantora e amiga Mavis Staples, que é cantada por Brother John Kattke. É o único momento do disco em que Specter não achou sua voz soulful o suficiente e optou por recorrer a um cantor mais aparelhado do que ele. Independente disso, não há nada que não funccione bem em "Blues From The Inside Out". É seu disco mais aventuresco até agora, quiçá o melhor disco de sua carreira. Ouçam com prazer e alguma reverência. Dave Specter merece.
DAVE SPECTER É ENTREVISTADO
PELO WEBSITE MAKING A SCENE!
AQUI
Chico Marques nasceu em 1960
e devorou música diariamente
ao longo desses quase 60 anos.
Trabalhou como produtor,
apresentador e programador musical
na Enseada FM e na Litoral FM,
ambas no Litoral Paulista.
São doze canções que funcionam como um passeio musical pelas regiões culturais mais vitais da América. Quase todas na voz dele -- a excessão é "March Through The Darkness", homenagem à veteraníssima cantora e amiga Mavis Staples, que é cantada por Brother John Kattke. É o único momento do disco em que Specter não achou sua voz soulful o suficiente e optou por recorrer a um cantor mais aparelhado do que ele. Independente disso, não há nada que não funccione bem em "Blues From The Inside Out". É seu disco mais aventuresco até agora, quiçá o melhor disco de sua carreira. Ouçam com prazer e alguma reverência. Dave Specter merece.
DAVE SPECTER É ENTREVISTADO
PELO WEBSITE MAKING A SCENE!
AQUI
Chico Marques nasceu em 1960
e devorou música diariamente
ao longo desses quase 60 anos.
Trabalhou como produtor,
apresentador e programador musical
na Enseada FM e na Litoral FM,
ambas no Litoral Paulista.
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