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sábado, junho 10, 2017

O ANIVERSARIANTE DESSA SEXTA É UM DOS PIANISTAS MAIS INFLUENTES DA CENA DO JAZZ AMERICANO NOS ÚLTIMOS 40 ANOS.


CELEBRAMOS O ANIVERSÁRIO DE 74 ANOS
DO GRANDE PIANISTA AMERICANO
KENNY BARRON
TRAZENDO UMA PERFORMANCE BRILHANTE
DE SEU TRIO NO PALCO DO LENDÁRIO
VILLAGE VANGUARD, EM NOVA YORK
GRAVADA QUATRO ANOS ATRÁS.

ENJOY...










segunda-feira, agosto 27, 2012

OS 4 SHOWS DE ADEUS DE STAN GETZ NO CAFÉ MONTMARTRE, KOPENHAGEN, 1991


Stan Getz foi uma dos maiores galãs da história do jazz. Poucas resistiram aos encantos de seu sax tenor em seus anos de glória. Ele passou o rodo impiedosamente nas mulheres mais interessantes de sua época -- todas elas presas fáceis do ataque manso de seu sopro.

Dono de um estilo sereno e introspectivo demais para a era do bebop, Getz foi um dos pioneiros do cool jazz e foi o maior incentivador da bossa nova nos Estados Unidos através do clássico (e milionário) LP "Getz Gilberto", gravado ao lado de João Gilberto e Tom Jobim, que explodiu nas paradas mundiais com Astrud Gilberto cantando "The Girl From Ipanema".

Mas de sereno e introspectivo, Getz só tinha o sopro. Sua vida era completamente caótica, desde os anos 40, quando se envolveu com heroína. Getz, pouco a pouco, foi virando um junkie pesado. E sempre que tentou controlar sua dependência química pela heroína caiu de cabeça no alcoolismo. Foi parar na cadeia diversas vezes. Sossegou um pouco em 1956, quando casou, virou pai e foi morar em Kopenhagen. Mas poucos anos depois lá estaria ele de volta à estrada, ao álcool, às drogas pesadas e à putaria que ele tanto amava.

O auge de sua carreira foi nos anos sessenta, nos discos impecáveis e nada óbvios que gravou para Norman Granz, da Verve Records, com suas clássicas aventuras bossanovísticas, os duos magistrais com o amigo Bill Evans, e experimentos mainstream com orquestras -- como o belo LP onde interpreta brilhantemente canções de Burt Bacharach, execrado por seus fãs na época, mas considerado hoje um pequeno clássico do jazz crossover.


Em Março de 1991, em Kopenhagen, Getz e seu amigo e pianista Kenny Barron decidiram fazer algumas apresentações em duo no Cafe Montmartre, de cujo palco Getz era habituée há mais de 20 anos.

Tocaram sem baixo e bateria, e se divertiram um bocado em 4 noites bem relaxadas, onde Getz saia completamente sem fôlego após cada número, pois -- só ele sabia disso, então -- estava sofrendo de cancer no fígado e tinha pouco tempo de vida pela frente.

Getz morreu naquele mesmo ano, e logo após sua morte alguns números dessas 4 sessões ao vivo com Kenny Barron foram lançados no álbum duplo "People Time", eleito recentemente pela revista JazzTimes um dos discos mais importantes da história do jazz, e uma despedida emocionante de um dos maiores sax tenores da história do jazz.
Pois bem, a Warner Bros Records decidiu reunir no ano passado a íntegra dessas quatro noites em que Getz e Barron tocaram em duo no Montmartre, e transformou o álbum duplo original de "People Time" em uma caixa com 7 cds, acrescentando às 14 faixas do disco original outras 37.

E essa caixinha preciosa, surpreendentemente, acaba de ser lançada no Brasil.

Além de takes alternativos para o repertório original de "People's Time" foram acrescentadas maravilhas como "Con Alma", "Bouncin' With Bird", "The End Of A Love Affair", "You Stepped Out Of A Dream" e ainda "The Autumn Leaves" and "Wish You Love", em versões nada menos que magníficas. Difícil achar adjetivos menos eloquentes que esses para definir esse grande momento da história do jazz.

Para alguns, essa versão expandida de "People's Time" pode parecer um exagero. E é, com toda a certeza. Mas faz parte das homenagens aos 20 anos de falecimento de Getz -- e, até onde se sabe, nenhum de seus admiradores reclamou desse exagero até agora, muito pelo contrário.


O pessoal da Bossa Nova é muito grato a Stan Getz pelas portas que ele abriu para músicos brasileiros. É sempre bom lembrar que Getz já era um artista consagrado quando aceitou contracenar com todos aqueles ilustres desconhecidos

E mesmo fazendo pequenas cachorradas -- como aumentar o sinal de seu tenor no mix final de "Getz Gilberto", e outros discos gravados em colaboração com outros artistas, sempre sem consultá-los --, Getz conseguiu separar bem o tumulto de sua vida pessoal de sua carreira musical, mantendo sempre um senso de profissionalismo raro no showbiz .

A paz absoluta que emana de "People's Time" é a evidência maior de que Getz estava feliz nessas quatro noites, celebrando a vida e se despedindo dela com galhardia.

E é por essas e outras que "People's Time" funciona como um testamento musical digno desse músico gigantesco e de seu talento assombroso.


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domingo, julho 29, 2012

JIMMY OWENS MIRA NO UNIVERSO MUSICAL DE THELONIOUS MONK E ALCANÇA O NIRVANA



Norman Granz, lendário fundador da Verve Records nos anos 50, e também da Pablo Records nos 70, sempre incentivou seus artistas a gravar discos conceituais.

Não porque tivesse alguma predileção por eles.

É que discos conceituais -- que podiam tanto ser songbooks de grandes compositores quanto tributos a grandes artistas -- saiam do forno com relativa facilidade nas sessões de gravações com artistas de jazz tarimbados e com conhecimento vasto do repertório alheio.

E ele, Norman Granz, como todo dono de gravadora, nunca gostou de ver seus contratados perdendo tempo precioso nos estúdios caríssimos que alugava a peso de ouro em Nova York ou Los Angeles. Não é à toa que a maioria dos discos da Verve e da Pablo trazem sempre nas fichas técnicas as datas em que foram registrados -- um, dois, no máximo três dias.

Pois essas empreitadas de Norman Granz conceituando discos fizeram escola e passaram a ser adotadas por produtores de diversas gravadoras, servindo com pretexto para montar sessões all-star a um custo assessível e até para promover à condição de band-leaders artistas talentosos que, por um motivo ou outro, nunca conseguiram se afirmar como artistas solo e que permaneceram na cena apenas como -- excelentes -- sidemen.


Jimmy Owens é um desses casos.

Trumpetista da pesada, com um sopro robusto e exuberante, ele tocou na banda de Miles Davis, no início dos anos 60, mas não teve a sorte de participar de nenhum de seus discos de estúdio.

Trabalhou também nas bandas de Lionel Hampton, Charles Mingus e Dizzy Gillespie, sem chamar muito a atenção de ninguém.

Apareceu um pouco mais intensamente em 1966, quando passou a integrar a That Jones/Mel Lewis Orchestra e o New York Jazz Sextet, e nos anos 1970 em grupos como como o Mingus Dinasty e o Chuck Israels´ National Jazz Ensemble.

Mas, mesmo assim, só foi ganhar alguma notoriedade quando participou durante dois anos da house band do popular programa da BBC-TV de David Frost.

Os discos de Jimmy Owens gravados como band-leader são pouco mais de meia dúzia e todos de primeira grandeza -- só que, infelizmente, conhecidos apenas por iniciados.

Ou seja: muito pouco para alguém que está prestes a completar 70 anos de idade e 55 de carreira.



Por tudo isso, e por seus méritos artísticos também, "The Monk Project", esse novo trabalho de Jimmy Owens, soa muito especial, e vai muito além dos discos tributos ligeiros que pipocam no mercado, que quase sempre se limitam a saudar os artistas homenageados de forma cerimoniosa.

Aqui, Jimmy Owens reúne jazzistas de peso como seu velho parceiro de muitas empreitadas musicais, o veterano pianista Kenny Barron, e também o "tuba master" Howard Johnson, que se alterna no sax barítono, para tomar a frente de uma banda de músicos jovens e impetuosos: Wycliffe Gordon (trombone), Marcus Strickland (sax tenor), Kenny Davis (contrabaixo) e Winard Harper (bateria).

"The Monk Project" não comete o erro de ser cerimonioso com a memória e o legado musical de Thelonious Monk, até porque os músicos que conviveram com Monk -- e Jimmy Owens teve esse prvilégio --, nunca deixaram de se impressionar com sua capacidade de reinventar suas trilhas musicais constantemente, e também de aceitar o desafio de seguir seus passos, sempre largos e inusitados.

O resultado da abordagem de Owens nesse disco é simplesmente soberbo.

Uma conjunção perfeita de experiências musicais de ex-parceiros e alunos de Monk com admiradores distantes, que mal conseguem esconder o fascínio de serem angolidos pela delicadeza multidemensional dos arranjos monkianos providenciados por Owens, Barron e Johnson.

Sim, porque o que "The Monk Project" saúda é a essência da música de Thelonious Monk, e o quão importante ela foi para o jazz dos anos 60 e 70, e o quanto ela pode ser vital para os novos rumos do jazz nesse novo século.

Ou seja: ao contrário dos discos tributos em geral, esse aqui olha para a frente.

E vê longe.



Não deveria ser surpresa para ninguém que Jimmy Owens abordasse o trabalho de Monk dessa forma.

Seu conceito de trabalho no saudoso grupo Mingus Dinasty, que trabalhava o repertório e os conceitos musicais de Charles Mingus, seguia mais ou menos pelo mesmo caminho, e de cerimonioso não tinha nada.

A surpresa, na verdade, fica mesmo por conta de Owens só agora estar tendo sua grande chance de se afirmar como o grande músico e band-leader que é.

Se você faz parte da legião de admiradores de Thelonious Monk, prepare-se para fortes emoções com esse "The Monk Project".

Já se este for seu primeiro contato com o universo musical desse grande mestre da música do Século XX, prepare-se:

Vai ser uma experiência e tanto....



BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/jimmy-owens-mn0000085955

WEBSITE OFICIAL
http://jimmyowensjazz.com/

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