sexta-feira, setembro 29, 2017

DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE OS NOVOS DISCOS SOLO DE RAY DAVIES E DAVE DAVIES, DOS KINKS.

por Chico Marques


Muita gente não consegue entender porque Ray Davies e Dave Davies, os irmãos que formavam a grande dupla de compositores e a linha de frente do grupo londrino The Kinks, não conseguem se entender mais. Se os dois sempre tiveram uma relação turbulenta, e se essa turbulência sempre serviu para alimentar a banda em termos criativos, o que foi que aconteceu? Porque a química deixou de funcionar entre eles?

Se engana quem pensa que Ray e Dave Davies estão rompidos. Não estão. Só não querem mais trabalhar juntos. Quando aposentaram a banda 1994 com o disco "To The Bone", uma espécie de "Unplugged" com seu repertório clássico, Ray chegou a comentar que eles não tinham mais o que dizer, e que não fazia sentido seguir gravando coisas simplesmente por gravar. Vindo de um artista pop que sempre se preocupou em ser relevante e fazer a diferença, acreditem: não são palavras vãs.  



Desde que começaram a trabalhar juntos em 1964, The Kinks emplacou uma sequência demolidora de singles na Pye Records, como “You Really Got Me” (1965), cujo sucesso na Europa forneceu o aval necessário para que a Reprise Records negociasse com a Pye a exclusividade de lançamento de seus LPs e singles no mercado americano.

Infelizmente, The Kinks se meteram numa confusão diplomática até hoje mal explicada, e por conta disso a banda perdeu o direito a tirar vistos de trabalho para tocar nos Estados Unidos entre 1965 e 1969, o que atrapalhou sensivelmente os esforços da Reprise em promover melhor seus discos, levando os irmãos Ray e Dave Davies a fazer tournées apenas no Continente Europeu e no Japão, onde sempre foram muito populares.

Mas eles queriam mesmo é emplacar na América. Mesmo sem tocar por lá, os discos dos Kinks vendiam bem por lá. “The Village Green Preservation Society” e “Arthur” tiveram uma acolhida calorosa no Top 40 da Billboard, e Ray Davies passou a ser visto como um uma espécie de Noel Coward da Era Psicodélica. Howard Kaylan e Mark Volman, do grupo californiano The Turtles, por exemplo, não sossegaram enquanto não gravaram um dos discos da banda em Londres, pois faziam questão que fosse produzido por Ray Davies.



Os Kinks voltaram a fazer tournées pelos Estados Unidos só em 1970, a reboque do sucesso internacional de “Lola” -- sobre um inglês insuspeito que se sente muito melhor vestido como mulher, mais ou menos como acontece com o cartunista Laerte --, e finalmente emplacaram nos primeiros postos das paradas e ganharam discos de ouros e projeção mundial através de um contrato com a RCA International. Na medida em que chegavam na América no exato momento em que os Beatles saíam de cena, não hesitaram em tirar proveito disso para ganhar espaço na imprensa.   

Viraram estrelas, passaram a viver metade no ano de cada lado do Atlântico e seguiram pelos anos 1970 produzindo LPs conceituais sempre muito bem humorados, como os festejados "Preservation Act #1 & #2", "Soup Opera" e "Schooboys In Disgrace". Em 1976, já em plena Era Punk, assinaram com a Arista Records e deixaram os projetos conceituais de lado para apostar em discos bem urgentes. A ideia era evitar ao máximo que a banda fosse estigmatizada pelos punks, que faziam campanhas declaradas contra superbandas veteranas como o Yes e o Pink Floyd.



  Foram apagando pouco a pouco ao longo dos anos 1980, com as vendas de seus discos caindo a cada novo lançamento, apesar dos shows da banda continuarem com um público excepcional.

Mas era um público com motivações nostálgicas, sem o menor interesse em qualquer coisa nova que a banda quisesse apresentar.

Então Ray chegou à conclusão que os Kinks já tinham cumprido sua missão e que encerrar as atividades da banda e partir para algo diferente eram as coisas certas a fazer.



E Ray e Dave Davies seguiram em frente.

Ray dirigiu e escreveu para o cinema, ajudou o produtor musical Bill Flanagan a esboçar a série de TV “VH1 Storytellers”, lançou dois LPs solo muito festejados com canções inéditas de primeira grandeza, e ainda achou tempo para escrever "X-Ray", sua divertidíssima "autobiografia não-autorizada", e "Americana", um livro de memórias sobre seus anos recentes vivendo na America.

Já Dave focou mais na música, montou uma banda com seu filho Russ e já gravou 15 discos solo -- 12 desde o fim dos Kinks. Seu website é uma verdadeira central musical, e distribui os audios de vários concertos de sua banda. Seu trabalho é extremamente bem divulgado em várias plataformas pela web. 

Do início de 2017 para cá, tanto Ray quando Dave surgiram com novos trabalhos solo tão bons, tão vitais, e ao mesmo tempo tão distantes um do outro, que parece não fazer o menor sentido bater na velha tecla de que eles precisam voltar a trabalhar juntos.Ainda mais ao vê-los seguindo caminhos artísticos tão diferentes.



"Americana" é o primeiro álbum de material inédito de Ray Davies em uma década, e é baseado em trechos de suas memórias, só que está longe de ser uma "sentimental journey". Pelo contrário: as canções, todas autobiográficas, falam sobre suas aventuras e desventuras do lado de cá do Atlântico. Tem momentos assustadores, como "The Invaders", que lembra a recepção hostil à banda em sua primeira visita à América em 1965. Mas na maior parte das canções o cinismo habitual de Ray Davies dá o tom, e a excelente e veterana banda The Jayhawks se encarrega das texturas musicais que oscilam entre o country rock, o pop rasgado e até um pouco de blues e jazz. As canções estão encadeadas de uma maneira extremamente envolvente, mas dá para destacar um belo dueto com Karen Grotberg em "A Place in Your Heart" e ainda "Silent Movie" sobre conversas que ele tinha com seu vizinho, o saudoso roqueiro errante Alex Chilton, quando ambos moraram em New Orleans. Que venha um "Americana II" com outras histórias pinçadas de suas memórias, pois o olhar estrangeiro de Davies para as idiossincrasias da América pode até ser generoso, mas está longe de ser carinhoso. 



Já seu irmão mais novo, o prolífico e incansável guitarrista Dave Davies, uniu forças (pela terceira vez) com seu talentoso filho Russ e juntos prepararam esse delicioso "Open Road", onde números elétricos mais climáticos convivem pacificamente com números acústicos e temas com uma levada mais ambiental. Ecos musicais dos Kinks são inevitáveis, já que Dave sempre foi o maestro da banda e seu filho foi escolado musicialmente nos "pet sounds" esboçados pelo pai. Sem contar que Dave está cantando melhor do que nunca, tocando melhor do que nunca e se divertindo um bocado fazendo o que mais gosta de fazer. Os arranjos e o
excelente trabalho de produção de Russ são nada menos que impecáveis, e sequenciam essas novas canções (que falam tanto do passado quanto do futuro) como uma espécie de disco conceitual sobre amadurecer, envelhecer e aprender a conviver com a fragilidade da vida. É sempre bom lembrar que Dave teve um AVC dose anos atrás, que por pouco não o tirou de cena em definitivo. As primeiras três canções — “Path Is Long”, “Open Road” e “I Don’t Want To Grow Up” -- já mostram claramente que Dave Davies ainda tem muito fogo para queimar.

Ou seja: mesmo separados, falando-se muito pouco e seguindo por trilhas musicais quase diametralmente opostas, os irmãos Ray e Dave Davies seguem em frente unidos por um "labour of love" que foi lapidado ao longo de mais de 50 anos de trabalho contínuo. Diante disso, só me ocorre dizer uma frase que já virou clichê:

"Long Live The Kinks"






















CHICO MARQUES
é comentarista,
produtor musical
e radialista
há mais de 30 anos,
e edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
e o blog musical
ALTO & CLARO 



NOSSO ANIVERSARIANTE DESSA SEXTA É O MAIOR ASSASSINO DE PIANOS DA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR MUNDIAL

JERRY LEE LEWIS CHEGA AOS 82 ANOS
CIRCULANDO PELO MUNDO AFORA
COM SUA BANDA VETERANÍSSIMA
E SEU SHOW SEMPRE INFALÍVEL.

CONSIDERANDO QUE ELE É
O ÚLTIMO SOBREVIVENTE DA PRIMEIRA GERAÇÃO
DO ROCK AND ROLL AINDA NA ATIVA, DECIDIMOS HOMENAGEÁ-LO COM ESTE ESPECIAL
GRAVADO POUCOS ANOS ATRÁS
INTITULADO "LAST MAN STANDING"

ENJOY...






NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA QUINTA FOI O MAIOR SOULMAN BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS


SEBASTIÃO RODRIGUES MAIA
SEMPRE BOTOU FÉ NO PRÓPRIO TACO,
E GRAÇAS A ISSO CONSEGUIU CONSTRUIR
UMA CARREIRA BRILHANTE
QUE SÓ NÃO FOI ALÉM PORQUÊ
O PRÓPRIO TIM CONSPIROU CONTRA ELA
POR MUITOS ANOS.

PARA CELEBRAR SEU ANIVERSÁRIO,
RESGATAMOS O ESPECIAL DA SÉRIE ENSAIO,
DA TV CULTURA,
DIRIGIDO POR FERNANDO FARO EM 1992.

ENJOY...








quarta-feira, setembro 27, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA QUARTA FOI O ÚNICO PIANISTA DE BEBOP PÁREO PARA THELONIOUS MONK NOS ANOS 50 E 60


SAUDAMOS O ANIVERSÁRIO
DO NOTÁVEL PIANISTA BUD POWELL
RESGATANDO UMA PERFORMANCE DELE
SIMPLESMENTE MAGNÍFICA
AO VIVO NO BLUE NOTE EM PARIS, 1959

ENJOY...









NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA TERÇA É UM CANTOR E COMPOSITOR INGLÊS QUE É CHIC ATÉ DIZER CHEGA!


SAUDAMOS O LENDÁRIO FRONTMAN
DO GRUPO ROXY MUSIC
BRYAN FERRY
RESGATANDO UMA PERFORMANCE GENIAL
GRAVADA PARA O PROGRAMA
BBC ONE SESSION
EM FEVEREIRO DE 2007.

ENJOY...

 








segunda-feira, setembro 25, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DE HOJE FOI UM MÚSICO GENIAL QUE PASSOU A VIDA INTEIRA DESRESPEITANDO FRONTEIRAS MUSICAIS


SAUDAMOS O GRANDE SAXOFONISTA SAM RIVERS,
UM DOS GRANDES EXPOENTES DO POST-BOP
E DO FREE JAZZ,
RESGATANDO UMA PERFORMANCE
IMPRESSIONANTE DELE À FRENTE
DE UM GRUPO DE JOVENS MÚSICOS EM 2002,
QUANDO AINDA ESTAVA EM ÓTIMA FORMA.

ENJOY...










EM MENOS DE DEZ ANOS DE CARREIRA MUSICAL, NOSSO ANIVERSARIANTE DO DIA SOUBE FAZER A DIFERENÇA E AJUDOU A MUDAR OS RUMOS DA HISTÓRIA DO JAZZ


SAUDAMOS O ANIVERSÁRIO
DO LENDÁRIO TRUMPETISTA
FATS NAVARRO
TRAZENDO UMA CARINHOSA HOMENAGEM
FEITA A ELE POR UM GRANDE ADMIRADOR:
O CARTUNISTA FRANCÊS SYLVIAN DEHEUX.

ENJOY...










domingo, setembro 24, 2017

PACOTEIRA MUSICAL DE CALIFORNIANOS DA GEMA: RANDY NEWMAN, DAVID CROSBY, LINDSEY BUCKINGHAM & CHRISTINE MCVIE, DREAM SYNDICATE E CHUCK PROPHET

por Chico Marques


A escritora novaiorquina e pernóstica profissional Dorothy Parker foi moradora de Los Angeles por quase duas décadas, entre os anos 1930 e 1940, e sempre teve por hábito falar muito mal da cidade que a recebeu tão bem, e que lhe rendeu mais dinheiro do que ela jamais conseguiu ganhar no Leste. Ela se referia maldosamente a LA como "setenta e dois subúrbios em busca de uma cidade."

Hoje, o Condado de Los Angeles é o maior do Estado da California, e os setenta e dois subúrbios viraram oitenta e oito cidades. As principais são Los Angeles (sede do condado), Beverly Hills, Burbank, West Hollywood e Santa Monica. Como a Região Metropolitana é dividida em distritos e cidades, a confusão é grande.

O Condado de Los Angeles (que inclui Santa Ana e Long Beach) possui hoje mais de dez milhões de habitantes. Três quartos de sua população é formada por imigrantes de outros Estados ou de outros países. Quem poderia imaginar que o pequeno povoado de Nuestra Señora La Reina de Los Angeles, fundado pelos mexicanos em 1781 e incorporado aos Estados Unidos em 1847, se tornaria a segunda Região Metropolitana mais populosa da América?

E então, quando a Indústria Cinematográfica começou a crescer e o cinema deixou de ser mudo, boa parte da Indústria Fonográfica começou a mudar de Nova York para lá. Em consequência disso, legiões de músicos do mundo inteiro seguiram em busca de um lugar ao sol na California. Hoje, LA é o maior centro musical do Estados Unidos.

Nossos cinco discos de hoje são de artistas da cidade. Artistas que nunca se contentaram em fazer de LA apenas um cenário para suas canções, e que preferem fazer da Cidade dos Anjos uma espécie de musa inspiradora.

Vamos a eles.


RANDY NEWMAN
DARK MATTER
(Nonesuch)

Randy Newman nasceu em Los Angeles numa família de judeus, mas foi criado em New Orleans, onde a música era hipnótica e onipresente. Assim que começou a aprender a tocar piano, o pequeno Randy correu atrás de todas aquelas sonoridades que pairavam em seu imaginário. Quando voltou a Los Angeles no final dos Anos 50 e começou a trabalhar como compositor profissional, passou a combinar esses pet sounds que trouxe da infancia na Louisiana com letras narradas em primeira pessoa por losers maluquinhos que ele inventava, criando com isso canções estranhíssimas absolutamente ímpares -- que, por sorte, tiveram uma ótima acolhida entre cantores e bandas pop em plena Era Psicodélica. A partir daí, não demorou até que, em 1968, ele recebesse da Reprise um convite para gravar seu primeiro disco como artista solo. Desde então, Mr. Newman compôs trilhas para nada menos que 25 filmes, ganhou Oscars, Golden Globes e Grammies, e já lançou 15 LPs repletos de canções que alternam histórias surreais com uma melancolia devastadora. Dark Matter é seu primeiro disco de inéditas em 9 anos. É um flerte aberto com a morte, só que com um bom humor cativante e a ironia fina habitual. A faixa de abertura do disco, The Great Debate, é um longo passeio pelos canais de um aparelho de TV e um retrato cruel e divertido no mundo em que vivemos nos dias de hoje. On The Beach é um número de soft-jazz sobre um sujeito metido a gostosão que não sentiu o tempo passar e continua hoje, já idoso, a abordar mulheres com a mesma conversa mole que usava 40 anos atrás -- sem sucesso algum, obviamente. Brothers é uma conversa imaginária muito divertida entre John e Bobby Kennedy sobre mulheres, música cubana, Célia Cruz e a invasão da Baía dos Porcos. Mas o grande destaque do disco vai para Sonny Boy, que conta, trocando em miúdos, a história de Sonny Boy Williamson, o único bluesman que não chegou a fazer pacto com o diabo para fazer sucesso, e agora está triste e solitário lá no céu, enquanto seus companheiros de geração estão todos juntos no Inferno, se divertindo. Dark Matter segue por aí. É um disco sensacional, indispensável para quem acredita em pop com vida inteligente. Encerro com as palavras sábias de David Byrne, fã incondicional de Newman, que disse certa vez: Na hora de nossa morte, deve existir uma canção bem irônica de Randy Newman esperando por nós, para saudar nossa chegada ao Purgatório.




DAVID CROSBY
SKY TRAILS
(BMG)

No final dos Anos 70, Neil Young escreveu uma canção muito contundente (Thrasher) onde acusava abertamente seus companheiros do Crosby Stills and Nash de estar acomodados em vidinhas tranquilas com ar condicionado e piscinas aquecidas. David Crosby, que sempre desenvolveu o trabalho mais arrojado deles todos em termos musicais, ficou mordido com o comentário. Tanto que, a partir daí, tratou de retomar sua carreira solo e desenvolver discos com um sotaque mais pop e mais urgente que o dos discos do CSN. Infelizmente, esses discos não emplacaram conforme o esperado, e Mr. Crosby não viu outra alternativa senão buscar refúgio no porto seguro do CSN. Três anos atrás, já setentões, sem a menor paciência um com o outro, os três decidiram se separar e aproveitar o que talvez fosse a última chance de tentar mais um vôo solo. Desde então, Mr. Crosby, surpreendentemente, já lançou nada menos que 3 discos solo, um mais diferente do que o outro, mas todos de alguma maneira entrelaçados. Sky Trails, o mais recente deles, é um disco intimista, romântico e bem humorado, onde Mr. Crosby e seu filho Raymond Crosby promovem passeios pelos mais diversos gêneros musicais, indo do soft-jazz ao folk e ao flamenco em canções belíssimas como She's Got To Be Somewhere e Curved Air. Um belo momento do disco está na releitura que Mr. Crosby faz de Amelia, numa homenagem a sua amiga de uma vida inteira Joni Mitchell. Em suma: Sky Trails é um disco extremamente agradável, Mr. Crosby está em excelente forma aos 76 anos de idade e não atura mais desaforos de Neil Young há muitos e muitos anos.




LINDSEY BUCKINGHAM AND CHRISTINE MCVIE
LINDSEY BUCKINGHAM/CHRISTINE MCVIE
(Atlantic)

Em 1974, quando o então casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks gravou o clássico LP Buckingham Nicks -- que lhes rendeu o convite para ingressar no então semi-moribundo grupo inglês Fleetwood Mac -- ninguém poderia esperar que chegariam tão rapidamente ao megaestrelato. Pois chegaram. E com o megaestrelato veio toda sorte de encrencas artísticas, conjugais e farmacológicas, a ponto de, lá pelas tantas, cada um dos cinco integrantes da banda ter seu próprio empresário e seu próprio advogado. Cinco anos atrás, depois de muitos anos separados, os integrantes do Fleetwood Mac se reuniram para uma tournée mundial que visava, antes de mais nada, dar um gás nas contas bancárias de todos os envolvidos para que, ao final, todos pudessem retomar suas carreiras solo. Mas, estranhamente, quando a tournée acabou, só Stevie Nicks quis voltar para casa sozinha. Lindsay Buckingham e Christine McVie redescobriram o prazer de compor e tocar juntos, e o pessoal da cozinha Mick Fleetwood e John McVie também permaneceram na área. Daí nasceu esse Lindsey Buckingham/Christine McVie, que é tecnicamente um disco do Fleetwood Mac, mas prefere não se apresentar como tal. A ideia do projeto desde o início foi apostar numa certa leveza e preservar ao máximo o espírito musical aventuresco característicos de Mr. Buckingham. Para evitar provocações desnecessárias, desistiram de batizar o disco Buckingham/McVie, e assim criaram um dos discos mais agradáveis lançados neste ano. Não é um disco fundamental. Mas é sob medida para agradar àqueles fãs menos tradicionalistas do Fleetwood Mac que vibram quando Mr. Buckingham cruza Brian Wilson com Nine Inch Nails, entre outras maluquices que ele adora fazer.




DREAM SYNDICATE
HOW DO I FIND MYSELF HERE?
(Anti-Epitaph)

Quando uma banda como o Dream Syndicate decide retornar à cena depois um longo afastamento, a primeira coisa que as pessoas imaginam é que as carreiras solo de seus integrantes não andam bem e eles devem estar com problemas em suas contas bancárias. Tudo bem: quase sempre isso corresponde à verdade. Mas mesmo assim, é muito comum, já nos primeiros ensaios de reencontro dos integrantes de banda, acontecer a redescoberta de velhas afinidades que, por algum motivo, nunca mais foram sentidas no convívio com outros músicos em suas carreiras solo. E então, acontece o inesperado: esse reencontro, que deveria ser ocasional, acaba apontando para o futuro, perdurando, e gerando novos discos e novas tournées. Pelo visto, isso acaba de acontecer com o Dream Syndicate, lendária banda do Paisley Underground, que marcou época em Los Angeles nos Anos 80, e agora acaba de lançar seu primeiro álbum de inéditas em 30 anos, How Do I Find Myself Here? O curioso deste retorno é que talvez este seja o melhor disco que a banda já gravou -- melhor inclusive que os discos clássicos mais emblemáticos da banda, como The Days Of Wine And Roses (1982) e The Medicine Show (1984). O som atmosférico angustiante que inspirou tantas outras bandas da época, como R.E.M. e Uncle Tupelo, permanece preservado, mas incorporando as experiências musicais -- acreditem, não foram poucas! -- que o guitarrista e cantor Steve Wynn andou desenvolvendo enquanto andou circulando pelo mundo afora. O baterista Dennis Duck e o baixista Mark Walton, ambos da formação original, estão de volta ao batente, e a banda conta ainda com o suporte luxuoso do guitarrista Jason Victor -- parceiro de Wynn em vários projetos solo -- e do tecladista Chris Cacavas -- ex-parceiro de Chris Phophet no grupo Green On Red. Os destaques não são poucos, mas podemos mencionar números poderosos como The Circle, Out of My Head, 80 West e Like Mary, que a banda esboçou 35 anos atrás e terminou. Sem contar Kendra's Dream, que traz de volta a cantora e primeira baixista da banda Kendra Smith numa participação afetiva mais que especial. Daí, quando alguns críticos afirmam que o Dream Syndicate é o equivalente losangeleño do Velvet Underground, acreditem: não há exagero algum nisso. Uma grande banda.




CHUCK PROPHET
BOBBY FULLER DIED FOR YOUR SINS
(Yep Roc)

Muita gente ainda associa o nome de Chuck Prophet ao grupo Green On Red, do qual ele fez parte entre 1979 e 1992. No entanto, a carreira solo dele já conta com nada menos que 12 LPs muito festejados pela crítica ao longo dos últimos 25 anos, e não são poucos os que fazem questão de afirmar com propriedade que Mr. Prophet é um compositor do mesmo quilate de Ray Davies, Alex Chilton e Dwight Twilley. Se mais novo trabalho, Bobby Fuller Died For Your Sins, é nada menos que estupendo. Combina o que Mr. Phophet tem de mais aventuresco -- seu lado storyteller, com influências de Bob Dylan e Ian Hunter -- com o que tem de mais apelativo -- seu dom para desenvolver melodias grudentas que desafiam gêneros musicais, mesclando rocks e blues com baladas country e números de soul music. Por conta dessa versatilidade como compositor, Mr. Phophet fixou base em Nashville alguns anos atrás, e passou a abastecer com canções muitos artistas da variada e rejuvenecida cena musical local. Com isso, sua carreira não só ganhou um novo fôlego como ainda ainda lhe garantiu um contrato bem sólido com a independente (mas forte) Yep Roc Records para sua carreira solo. Um dos temas mais presentes em Bobby Fuller Died For Your Sins é o estado de coisas atual do rock and roll, abordado com brilhantismo em Bad Year for Rock and Roll, We Got Up and Played e In the Mausoleum (esta última em homenagem ao velho parceiro Alan Veja, recentemente falecido). Mas há espaço também para, entre outras coisas, canções de amor fora do padrão clássico, como as delicadas e contundentes Your Skin e Coming Out in Code. Se você ainda não conhece a carreira solo de Mr. Prophet, ou perdeu o contato com ele depois do fim do Green On Red, Bobby Fuller Died For Your Sins é perfeito para redescobrir esse artista talentosíssimo que sempre esteve por aí, mas poucos prestavam a devida (e merecida) atenção.





CHICO MARQUES
é comentarista,
produtor musical
e radialista
há mais de 30 anos,
e edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
e o blog musical
ALTO & CLARO 

sexta-feira, setembro 22, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTE SÁBADO JUNTOU O GOSPEL COM O RHYTHM & BLUES, TEMPEROU COM OUTROS GÊNEROS MUSICAIS, E INVENTOU A SOUL MUSIC


PARA CELEBRAR O ANIVERSÁRIO
DO IMORTAL REI DA SOUL MUSIC,
RESGATAMOS SUA APRESENTAÇÃO
NO FREE JAZZ FESTIVAL
AQUI NO BRASIL
HÁ EXATOS 30 ANOS.

ENJOY...











NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA SEXTA FOI O MILES DAVIS DO SAXOFONE


NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA SEXTA
DISPENSA QUAISQUER APRESENTAÇÕES.

DE QUALQUER MANEIRA,
QUEM QUISER CONHECÊ-LO MAIS A FUNDO,
RECOMENDO O DOCUMENTÁRIO A SEGUIR.

ENJOY...