Lembro como se fosse ontem de ouvir na casa de um amigo, que nem está mais aqui neste planeta, o disco de estréia de um então desconhecido chamado Steve Forbert, que vinha extremamente bem recomendado pela Rolling Stone Magazine -- isso no longínquo ano de 1978, por aí...
Na época, ele foi saudado por alguns como uma versão sulista de Bob Dylan, e por outros como um estranho cruzamento entre Bruce Springsteen e Buddy Holly, o que viesse primeiro.
Obviamente, ele não era nem uma coisa nem outra.
Steve Forbert estava muito acima de tudo isso. Era um verdadeiro original americano, talvez o único compositor naquele momento capaz de abordar com uma franqueza juvenil assuntos complexos e extremamente delicados, sem jamais perder uma certa ternura rock and roll que ninguém mais cultivava naqueles desencantados últimos anos da década de 1970.
Os três primeiros discos dele, "Alive On Arrival", "Jackrabbit Slim" e "Littlle Steve Orbit" foram bem aceitos tanto pelos admiradores de Bob Dylan quanto pelos de Bruce Springsteen, o que por si só já garantiu uma vendagem expressiva.
Mas essa lua de mel com o público infelizmente acabou já no quarto LP, "Steve Forbert" -- um fiasco de vendas, que motivou a não renovação de seu contrato com a Columbia Records.
De lá para cá, Forbert seguiu carreira gravando para selos independentes, sem jamais deixar de compor. Mas infelizmente não conseguiu evitar deixar escapar muito daquele frescor musical de seu início de carreira conforme os anos e os discos foram passando, e com o sucesso nunca mais batendo em sua porta.
Pois bem, estamos em 2012 e Steve Forbert já possui vinte LPs gravados: seis ao vivo e quatorze em estúdio, sendo "Over With You" o mais recente deles.
Aos 58 anos de idade, parece que ele finalmente fez as pazes com sua musa e conseguiu voltar a compor canções com aquele frescor juvenil que fazia toda a diferença em seu início de carreira.
O disco começa meio cabisbaixo, com um pedido de desculpas contundente, em "All I Ask Of You", uma balada à moda de Ricky Nelson que cativa logo à primeira audição.
Devidamente perdoado, o que vemos a seguir é uma sequência de baladas deliciosas, muito espirituosas e diretas, como "All I Need To Do" e a climática "In Love With You", para citar apenas duas.
E para quem quiser uma séria candidata a "Romeo´s Tune" da vez, eu aposto minhas fichas em "Don't Look Down, Pollyanna", uma canção espetacular, talvez a melhor que Forbert já compôs em toda a sua carreira.
A parceria com o tarimbado produtor Chris Goldsmith funcionou às mil maravilhas, mesclando os melancólicos sons do Sul tão caros a Steve Forbert com uma serenidade west-coast que remete aos melhores discos de Chris Isaak.
Tudo isso, somado à maneira cativante com que Forbert defendeu essas canções fazem deste "Over With You" o melhor trabalho de toda a sua carreira, com toda a certeza.
Falta agora os fãs de Dylan e Springsteen o redescobrirem novamente.
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