Leon Russell é uma das maiores expressões da música popular americana em todos os tempos.
Eclético ao extremo, emprestou seu talento como pianista, guitarrista, compositor e arranjador para artistas dos mais diversos gêneros, e se escolou como produtor ao lado de Phil Spector, com quem trabalhou continuamente entre 1960 e 1967.
Ao final desse período, montou seu próprio estúdio em Los Angeles, e imediatamente passou a ser convocado para contracenar com os Rolling Stones, os Beatles, os Flying Burrito Brothers e, finalmente, Joe Cocker, de quem acabou virando maestro na lendária tournée Mad Dogs And Englishman.
Iniciou em 1970 uma das carreiras solo mais vibrantes da época, tornou-se rapidamente uma das atrações mais bem pagas da cena musical americana, teve suas composições disputadas a tapa por diversos intérpretes, emplacou sua estelar Shelter Records lançando uma série de grandes artistas que trabalhavam constantemente com ele, como J J Cale, Dwight Twilley e Tom Petty... tudo parecia conspirar a favor de Leon Russell.
Mas infelizmente essa sorte não durou para sempre.
Poucos anos mais tarde, no final da década de 70, Leon estava falido, viciado em drogas pesadas, sem contrato com nenhuma gravadora e dependendo da ajuda de amigos como Willie Nelson, que lhe arranjava trabalho no círculo da country music.
Nos 30 anos que se seguiram, Leon Russell não conseguiu reaver seu status artístico anterior.
Foi salvo do esquecimento em grande estilo pelo amigo Elton John, que, inconformado com o ostracismo em que seu ídolo musical havia caído, o convidou para um disco em parceria em 2010, chamado "The Union", que foi um sucesso estrondoso e resgatou não só a carreira como também a auto-estima de Leon Russell.
Corta para exatos 25 anos atrás.
No dia em que ouvi pela primeira vez a deliciosa coleção de standards de Dr. John, "In A Sentimental Mood", lembro de ter pensado cá com meus botões: "Puxa, bem que Leon Russell merecia um disco parecido com esse".
Pois agora isso finalmente aconteceu.
Algum executivo da Universal teve o bom senso de chamar o produtor e arranhador Tommy LiPuma -- o mesmo do disco de Dr. John mencionado há pouco -- para trocar uma idéia com Russell e definir repertório para um disco predominantemente de covers.
Desse encontro nasceu esse magnífico "Life Journey" (Mercury-Universal Music), que acaba de chegar às lojas.
Aqui, Leon solta sua voz ríspida como nos tempos da Shelter Records, onde gravou seus melhores discos nos anos 70.
Os arranjos não são menos que espetaculares, com muitos metais e muitas cordas.
Vez ou outra, eles saem de cena e deixam Leon e seu piano velho de guerra darem sozinhos o recado.
O repertório traz desde "Come On Into My Kitchen" de Robert Johnson e "New York State Of Mind" de Billy Joel até "I Got It Bad And That Ain't Good" de Duke Ellington e "Georgia On My Mind" de Hoagy Carmichael, mesclando diversos estilos musicais e compondo um quadro multifacetado que é a cara de Russell.
"Life Journey" é um disco delicioso que vai agradar em cheio os velhos fãs do velho maestro cabeludo que subia ao palco sempre usando sua cartola com a bandeira americana estampada.
A cartola se foi faz tempo.
Mas o maestro está de volta, firme e forte.
Num disco digno de sua estatura musical, que faz jus a seus mais de 50 anos de ótimos serviços prestados à música popular anglo-americana.
WEBSITE PESSOAL
http://www.leonrussellrecords.com/
DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/leon-russell-mn0000816387/discography
AMOSTRAS GRÁTIS
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