sábado, junho 14, 2014

IAN ANDERSON PROJETA SEU FUTURO NA MÚSICA PERENE DO BOM E VELHO JETHRO TULL



Nos anos 80, quando o cantor e flautista escocês Ian Anderson embarcou, de forma um tanto quanto iconoclasta, numa carreira solo paralela à de sua lendária banda, Jethro Tull, ativa desde 1967, ninguém entendeu ao certo onde ele pretendia chegar.

Aparentemente, nem ele sabia.

Tanto que seu trabalho solo se assemelhava demais à música produzida pelo Jethro Tull, e não fazia sentido manter duas carreiras com direções musicais tão semelhantes. ..

Comentava-se à boca pequena que era mais uma maneira dele se afirmar perante seus companheiros de banda como líder, já que o Jethro Tull vivia um momento de "paz armada" entre seus integrantes.

Mas então, em 1995, quando Anderson gravou "Divinity - Twelve Dances With God" -- um belíssima suite para flauta e orquestra composta por ele, que foi muito bem recebida nos meios musicais mais eruditos --, ficou claro não era só isso.

Anderson aparentemente almejava ser reconhecido como um músico sério, e não apenas como o frontman de uma banda de rock and roll bem sucedida.

Conseguiu.

De lá para cá, sem ter mais nada a provar para ninguém, Ian Anderson passou a promover em seus discos solo uma ponte entre as raízes folk e eruditas do Jethro Tull e a músicalidade modernosa da banda nos anos recentes, em discos não menos que espetaculares como "The Secret Language Of Birds", "Rupi's Dance" e, mais recentemente, "Thick As A Brick 2" -- que retoma a clássica história do poeta mirim de uma cidade pequena 40 anos depois, mostrando de forma muito divertida o fiasco completo que ele se tornou na vida adulta.


Quanto ao Jethro Tull, a banda dispensa apresentações.

Já esteve por aqui em diversas ocasiões diferentes e possui uma legião de fãs enorme entre nós.

Muito popular no mundo inteiro com seu blend de folk inglês, música barroca, blues e rock and roll, o Tull vendeu mais de 50 milhões de cópias de seus LPs em seus primeiros 20 anos de vida -- uma marca admirável para qualquer artista ou banda.

Viu sua importância decair na cena musical com o passar das décadas, mas não se importou muito com isso: seguiu gravando discos com canções novas de tempos em tempos, para não correr o risco de virar um "nostalgia act" como tantos outros que circulam por aí.

Em 2010, no entanto, a brincadeira cansou.

Ian Anderson não quis mais excursionar continuamente pelo mundo e, como era detentor da marca Jethro Tull, optou por dissolver a banda para dedicar-se apenas a gravar seus discos solo.


"Homo Erraticus" (KScope Records), seu mais recente trabalho, soa extremamente jovial, e, curiosamente, situa-se musicalmente muito próximo da sonoridade clássica da banda.

É um álbum conceitual, assim como os clássicos "Aqualung" (1970) e 'Thick As A Brick" (1972), baseado nas obras de um historiador amador chamado Ernest T. Parritt, que teria vivido entre 1973 e 1928 -- mas que, na verdade, nunca existiu, a não ser na fértil e bem-humorada imaginação de Ian Anderson.

Toda a "nonchalance" de Ian Anderson como menestrel pop e band-leader permanecem intactas, apesar de seus 67 anos de idade.

Sua banda atual pode até não ser tão "muscular" quanto algumas formações do Jethro Tull, mas dá perfeitamente para o gasto.

E as suas novas canções são ótimas, grudentas, memoráveis.



Quarenta anos depois de gravar um LP chamado "Too Old To Rock And Roll, Too Young To Die", Ian Anderson continua sendo um artista relevante.

Segue praticando sua música personalíssima, fazendo performances carismáticas no palco e brilhando intensamente.

Teve a coragem de descartar uma marca -- Jethro Tull -- que é uma verdadeira mina de ouro, para reafirmar sua integridade artística e conseguir projetar para si mesmo um futuro musical relevante.

O que mais um artista veterano pode almejar, senão isso?



WEBSITE OFICIAL
http://jethrotull.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/jethro-tull-mn0000850692/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

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