Todo ano, entre Fevereiro e Junho, a Indústria Fonográfica Anglo-americana abre alas para os artistas veteranos e também para os artistas alternativos.
É o momento em que eles saem de suas tocas, onde passaram o Inverno trabalhando, e ressurgem no mercado com trabalhos novos.
Daí já engatam uma Tournée de Primavera, que pode ou não se estender verão adentro, dependendo da resposta de público. É assim que a coisa funciona desde sempre.
Desde a crise que assolou o meio fonográfico de 15 anos para cá, no entanto, um fenômeno curioso vem acontecendo.
Artistas veteranos, que antes eram escanteados por não venderem milhões de cópias, hoje são tratados a pão-de-ló pela Indústria por terem público cativo.
Seus discos deixaram de ser lançados de qualquer jeito no último mês de Inverno e, dependendo do potencial de vendas de cada um, estão tendo seus lançamentos deslocados para meados da Primavera, com todo o destaque na Imprensa que eles tem direito.
Jack Bruce é um desses artistas
Em 52 anos de carreira, ele sempre foi sinônimo de integridade e excelência musicais.
Desde o início, em 1962, na noite londrina, tocando no lendário grupo Alexis Korner Blues Incorporated.
Passando pelo Cream, ao lado de Eric Clapton e Ginger Baker, onde, em 1966, definiu o conceito de power-trio e estabeleceu as bases do blues-rock.
E culminando num trabalho solo multifacetado, explorando as formações as mais diversas -- às vezes com músicos de jazz, outras vezes com músicos de rock, às vezes pilotando seu contrabaixo, outras vezes simplesmente sentado ao piano, mas sempre soltando sua voz privilegiadíssima.
Jack esteve aqui no Brasil dois anos atrás com essa banda repleta de músicos jovens na foto abaixo e deixou todo mundo boquiaberto com o vigor musical renovado de sua música.
Nesses últimos 45 anos, Jack Bruce vem gravando discos nada óbvios, nada fáceis e sempre surpreendentes.
Mas dessa vez, com 'Silver Rails" (Esoteric Antenna Records), a surpresa veio curiosamente pela contramão.
É um disco envolvente, coeso, sereno e repleto de canções que grudam nos ouvidos após a primeira audição.
Gravado nos Estúdios Abbey Road com o apoio luxuoso de guitarristas amigos como Phil Manzanera, Robin Trower e John Medeski, "Silver Rails" é o disco mais descomplicado de Jack Bruce desde seu trabalho de estréia, "Songs From A Tailor", de 1969.
Taí um sério candidato a melhor LP deste ano.
"Silver Rails" é, antes de mais nada, uma impecável coleção de canções de um grande artista inglês que, aos 72 anos de idade, está indiscutivelmente no melhor momento de sua longa carreira.
Detalhe para a belíssima capa, inspirada na de "Time Out", LP clássico do Dave Brubeck Quartet, mas que ostenta um mural de Sacha Jafri ao invés da clássica tela de Miró.
E isso, acreditem, é a cara de Jack Bruce.
WEBSITE OFICIAL
http://www.jackbruce.com/
DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/jack-bruce-mn0000152312/discography
AMOSTRAS GRÁTIS
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