Já se vão quase 20 anos desde que a adorável cantora e compositora de origem amish Natalie Merchant deixou o grupo Ten Thousand Maniacs para seguir uma carreira solo extremamente promissora.
Sua sensualidade frágil e a maneira delicada e às vezes enigmática com que se expunha em suas canções haviam se transformado na marca registrada da banda, que enfrentou sérias dificuldades ao tentar seguir em frente sem ela.
E lá foi Natalie, em busca de sua carreira solo.
Seu primeiro disco solo, "Tigerlily" (1995), era simplesmente perfeito, melhor que qualquer coisa que ela tivesse realizado antes.
Seu segundo disco, "Ophelia" (1998), deu sequência dentro do mesmo padrão de excelência do disco anterior.
E então, "Motherland" (2001) fechou uma trinca de álbuns magníficos, que colocavam Natalie não só como uma grande cantora-compositora, mas talvez como a maior expressão pop feminina de toda a sua geração.
(algo que o produtor Peter Asher, responsável pelos melhores LPs do Ten Thousand Maniacs, já havia previsto muitos anos atrás)
Bom, o caso é que depois desses 3 discos de primeira grandeza artística e de grande apelo popular, Natalie estranhamente se negou a renovar seu contrato com a Elektra Records.
Para surpresa geral, interrompeu o rumo vitorioso de sua carreira e decidiu que dalí para a frente partiria para projetos mais descompromissados, e trabalharia apenas com selos independentes.
O primeiro projeto foi um álbum duplo só com canções folclõricas reinterpretadas por ela.
E o segundo projeto, um disco com canções para crianças.
Só agora Natalie Merchant retoma o que havia interrompido em "Motherland".
"Natalie Merchant", lançado em Agosto deste ano, é sua primeira coleção de novas canções em 13 anos, e valeu a espera.
São 10 canções estranhamente intercaladas, todas de uma densidade emocional comovente, e todas bem diferentes das que ela costumava compor antes.
Se 30 anos atrás, aos vinte anos de idade, Natalie se esforçava para soar madura nas reflexões que permeavam suas letras para as canções do Ten Thousand Maniacs, agora, aos cinquenta, ela sai em busca de uma leveza quase impossível em meio a um oceano de melancolia.
E encontra essa leveza de forma catártica e -- porque não dizer? -- quase mágica..
Aqui, canções relativamente despachadas como "Giving Up Everything", "Black Sheep" e "It's A-Coming" contracenam como canções com um registro mais soturno, como as canções finais: "Lulu" e "The End".
O que emerge disso tudo é a mesma excelência musical de seus três primeiros álbuns solo, com um novo olhar bastante diferenciado.
Banda impecável, arranjos nada ostensivos, produção precisa: tudo conspira a favor de um resultado final altamente positivo para essa bela e intensa empreitada musical.
"Natalie Merchant" é uma retomada cativante do imaginário dessa artista adorável que, aos 51 anos de idade, conseguiu alcançar um status artístico tão alto quanto o de heroína musical e maior influência: a saudosa cantora Sandy Denny, do grupo inglês Fairport Convention.
Prepare-se para ouvir um disco maduro, denso e cativante.
De uma artista idem.
WEBSITE OFICIAL
http://www.nataliemerchant.com/
DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/natalie-merchant-mn0000372322/discography
AMOSTRAS GRÁTIS
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