por Chico Marques
Em 1967, enquanto quase toda a comunidade roqueira do Planeta Terra celebrava o Verão do Amor embalada por Paz, Amor Livre e muito LSD, dois jovens músicos de Louisville, Kentucky uniam forças num projeto musical completamente desalinhado e inusitado.
Combinavam rock, pop, country, folk, blues, jazz, valsinhas e polkas num conceito musical aventuresco e extremamente agradável aos ouvidos, mas enganosamente despretensioso.
Em 1967, enquanto quase toda a comunidade roqueira do Planeta Terra celebrava o Verão do Amor embalada por Paz, Amor Livre e muito LSD, dois jovens músicos de Louisville, Kentucky uniam forças num projeto musical completamente desalinhado e inusitado.
Combinavam rock, pop, country, folk, blues, jazz, valsinhas e polkas num conceito musical aventuresco e extremamente agradável aos ouvidos, mas enganosamente despretensioso.
Os dois jovens de Kentucky eram eles o pianista Terry Adams e o guitarrista Steve Ferguson, criaturas extremamente criativas e absolutamente ecléticas, que decidiram montar uma banda em homenagem ao grupo Modern Jazz Quartet -- que assinava MJQ.
Foi assim que nasceu o NRBQ, sigla que designa New Rhythm & Blues Quartet.
Logo no primeiro disco para a Epic, o NRBQ já deixava claro no repertório de covers escolhidos -- com números de artistas tão díspares quanto Eddie Cochran, Carla Bley, Sony Terry & Brownie McGhee e Sun Ra -- que não só faziam questão de levar seu ecletismo musical às últimas inconsequências, como também estariam sempre abertos a qualquer brincadeira musical que surgisse pelo caminho da banda.
Foi assim que nasceu o NRBQ, sigla que designa New Rhythm & Blues Quartet.
Logo no primeiro disco para a Epic, o NRBQ já deixava claro no repertório de covers escolhidos -- com números de artistas tão díspares quanto Eddie Cochran, Carla Bley, Sony Terry & Brownie McGhee e Sun Ra -- que não só faziam questão de levar seu ecletismo musical às últimas inconsequências, como também estariam sempre abertos a qualquer brincadeira musical que surgisse pelo caminho da banda.
Esse espírito criativo e brincalhão, somado às performances fulminantes que promoviam em pequenas casas noturnas por todos os cantos dos EUA e do Canadá, acabaram rendendo ao NRBQ um "cult status" invejável e um público cativo fidelíssimo.
Isso apesar de seus discos jamais terem tido vendagens expressivas.
Isso apesar de seus discos jamais terem tido vendagens expressivas.
Segundo Terry Adams, o motivo pelo qual o NRBQ nunca emplacou com o grande público é que eles sempre estiveram no momento certo, mas no lugar errado.
Cita o fato deles terem tocado num clube de cadetes na cidade de Woodstock no mesmo final de semana de 1969 em que, alguns quilômetros adiante, rolava o emblemático Festival.
E assim, sempre zombando das regras do mercado e sempre abusando do diletantismo, o NRBQ passou toda a década de 70 pulando de galho em galho -- da Columbia Records para a Mercury, e depois para a Bearsville --, até que, já nos Anos 1980, mudaram de mala e cuia para a cena independente, onde ficaram muito à vontade, e de onde nunca mais saíram.
(na verdade, saíram sim, uma única vez, em 1989, e gravaram um belo disco para a Virgin Records, 'Wild Weekend", que vendeu muito pouco e deve ter gerado a demissão de todos os executivos da gravadora responsáveis pela contratação deles -- mas o importante é que o NRBQ sobreviveu bem a tudo isso, danem-se os executivos...)
Depois do décimo aniversário da NRBQ, vários dos integrantes da banda cansaram de tanto diletantismo e caíram fora para experimentar outras saídas musicais.
O primeiro foi o guitarrista Steve Ferguson, que deixou a banda em meados dos 70.
E o segundo foi seu substituto, Big Al Anderson, que alegou estar bebendo sem controle e daí pulou fora em meados dos 90 para seguir carreira como produtor e compositor em Nashville.
Um pouco adiante, foi a vez do baixista Joey Spampinato pedir para sair depois de uma temporada emprestado para os X-Pensive Winos de Keith Richards, quando tomou coragem e montou os Spampinato Brothers com seu irmão Johnny.
Mesmo com essas mudanças no line-up, o NRBQ seguiu em frente com o mesmo espírito eclético do início, gravando discos e expandindo seu público em shows ao vivo pela America, Europa e Japão.
Mas então, depois de uma série de shows comemorativos de 35 anos de carreira, a brincadeira cansou, e Terry Adams anunciou que o NRBQ estava encerrando atividades.
Só que isso não durou muito tempo.
O caso é que a banda que Terry Adams montou para dar suporte a sua carreira solo tinha uma sonoridade tão parecida com a do NRBQ que não fazia o menor sentido deixar de usar um nome tão consagrado.
E então, depois de um hiato de 7 anos, o NRBQ voltou, com o suporte de músicos jovens e muito espirituosos como o guitarrista Scott Ligon, o baixista Casey McDonough e o baterista Conrad Chouchon.
O NRBQ é hoje, assumidamente, a banda de apoio de Terry Adams.
Ele incorpora o espírito original da banda com suas composições divertidas, muitas vezes surreais, sempre pontuadas por sua voz amalucada e seu piano elétrico estridente, que simula a sonoridade daquelas pianolas de crianças.
Terry não cansa de seguir atrás daquelas mesmas combinações sonoras inusitadas que a banda persegue desde o início, e que estranhamente nunca se repetem.
Sua missão de vida parece ser desdenhar o mainstream, que nunca soube acolhê-los devidamente, debochando abertamente de tudo e de todos da maneira mais positiva e dançante possível.
Nada mais saudável e divertido do que isso.
O NRBQ é hoje, assumidamente, a banda de apoio de Terry Adams.
Ele incorpora o espírito original da banda com suas composições divertidas, muitas vezes surreais, sempre pontuadas por sua voz amalucada e seu piano elétrico estridente, que simula a sonoridade daquelas pianolas de crianças.
Terry não cansa de seguir atrás daquelas mesmas combinações sonoras inusitadas que a banda persegue desde o início, e que estranhamente nunca se repetem.
Sua missão de vida parece ser desdenhar o mainstream, que nunca soube acolhê-los devidamente, debochando abertamente de tudo e de todos da maneira mais positiva e dançante possível.
Nada mais saudável e divertido do que isso.
Para celebrar seus 50 anos de carreira, o NRBQ decidiu comemorar em grande estilo: com uma caixa de 5 cds que promove uma panorâmica generosíssima em cinco décadas de extravagâncias musicais.
"High Noon -- Highlights & Rarities From 50 Years" inclui praticamente tudo o que já havia sido coletado na antologia dupla da Rhino "Peek-a-Boo", de 1989, somado a um monte de faixas adicionais produzidas nesses últimos 28 anos, além de números ao vivo inéditos e raridades sempre preciosas.
Foi lançado oficialmente no Record Store Day deste ano, e as peças (todas numeradas) que não foram vendidas naquele dia estarão à venda pelo website da Rough Trade a partir de 29 de Abril de 2017.
Quando acabar, acabou: não haverá uma segunda edição.
"High Noon -- Highlights & Rarities From 50 Years" inclui praticamente tudo o que já havia sido coletado na antologia dupla da Rhino "Peek-a-Boo", de 1989, somado a um monte de faixas adicionais produzidas nesses últimos 28 anos, além de números ao vivo inéditos e raridades sempre preciosas.
Foi lançado oficialmente no Record Store Day deste ano, e as peças (todas numeradas) que não foram vendidas naquele dia estarão à venda pelo website da Rough Trade a partir de 29 de Abril de 2017.
Quando acabar, acabou: não haverá uma segunda edição.
Desnecessário dizer que o disco é uma festa, e é recomendado até mesmo para quem possui tudo o que o NRBQ gravou ao longo desses anos todos.
Ao contrário da imensa maioria das caixas retrospectivas, "High Noon -- Highlights & Rarities From 50 Years" começa pelos últimos 12 anos, quando o NRBQ voltou à ativa, e só depois desse panorama recente dá início ao mergulho no passado da banda.
Todas as fases da banda estão bem representadas em "High Noon", exceto os álbuns "Wild Weekend" (Virgin, 1989) e "Message From the Mess Age" (Rhino, 1994) -- que, apesar de excelentes, estranhamente contribuem para esta caixa com apenas uma canção cada um.
Não espere de "High Noon" a concisão retrospectiva de "Peek-a-Boo", que se dispunha a apresentar o NRBQ a um público que desconhecia a banda.
"High Noon" é, isso sim, uma colcha de retalhos emocional, que revela através da atitude exagerada de seus compiladores a grandeza indiscutível dessa banda originalíssima, que escreveu sozinha um capítulo brilhante da história do rock independente anglo americano.
Resumindo: "High Noon -- Highlights & Rarities From 50 Years" é o sonho dourado de qualquer fã de carteirinha do NRBQ.
Recomendamos a todos ouví-la comendo pipoca, bebendo cuba libre e dançando até cair.
WEBSITE OFICIAL
DISCOGRAFIA
AMOSTRAS GRÁTIS
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