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segunda-feira, maio 15, 2017

ENCAIXOTANDO EM 8 CDS 3 PERFORMANCES INESQUECÍVEIS DOS ALLMAN BROTHERS TOCANDO EM CASA (ATLANTA, GA) EM 2004

por Chico Marques


Lembro bem da primeira vez que ouvi (e vi) a Allman Brothers Band.

Foi em 1974, numa performance ao vivo para o programa da TV americana “Don Kirshner’s Rock Concert” -- que aqui no Brasil era apresentado no ‘Sábado Som”, de Nelson Motta, na TV Globo.

Era uma banda enorme, com dois bateristas -- algo que eu nunca tinha visto antes --, e tocavam “One Way Out”, um bluesaço de Sonny Boy Williamson, de quem, diga-se de passafem, eu nunca tinha ouvido falar.

Gregg Allman era o líder. Cantava e tocava piano e harmonica, e sua voz lembrava um pouco a de Ray Charles. Já aquele lance de Gregg emparelhar os fraseados de sua harmonica com os fraseados da guitarra slide de seu parceiro Richard Betts... bom, aquilo era totalmente novo para mim -- que até então só ouvia bandas de hard rock truculentas e pouco sutis como Led Zeppelin, Deep Purple e Grand Funk Railroad.

Foi ali, com a Allman Brothers Band, diante da primeira TV a cores que apareceu na casa dos meus pais, que rolou o meu batismo com o blues. Não sabia ao certo o que era aquilo, mas era intenso, arrebatador e irresistível.



No final de semana seguinte, descobri na casa da minha prima Silvana dois álbuns duplos da banda: “The Allman Brothers Band Live At The Fillmore East” e "Eat A Peach", e os gravei em dois cassetes BASF C-90.

Adorei.

Ouvia o dia inteiro.

Pouco tempo depois, chantageei na cara dura minha querida mãe, que odiava meus cabelos enormes e queria porque queria que eu o cortasse no cabeleireiro dela -- uma bicha argentina muito antipática chamada Nestor.

Topei fazer a tosa em troca do álbum “Brothers & Sisters“, que acabara de aportar no balcão da Tremendão Discos, loja que ficava logo abaixo do prédio de apartamentos onde morávamos.

Desde então, os Allmans nunca mais saíram da minha vida.



Conforme fui conhecendo melhor o trabalho da Allman Brothers Band, pude entender o que fazia deles uma banda única dentro da cena musical americana da época.

Primeiro, eles eram da Geórgia, um Estado meio fora das rotas principais do blues negro e da country music branca, mas que tinha uma tradição em combinar de forma muito peculiar todas essas tradições musicais quase seculares.

Segundo, eles estavam na ativa desde meados dos anos 60, chegaram a fazer algum sucesso na cena da Califórnia com o nome Hourglass -- em dois LPs muito bons, que resistiram bem ao teste do tempo --, e estavam habituados a fazer jams prolongadas em shows de abertura para medalhões do rock psicodélico como The Doors e Quicksilver Messenger Service.

Por último, a sintonia fina entre Gregg Allman – ótimo compositor e arranjador – e seu irmão Duane – o guitarrista branco mais requisitado nos estúdios do Sul dos Estados Unidos naqueles tempos – abriam horizontes musicais ilimitados para a banda, que sempre contou com excelentes músicos.



Os Allmans eram atrevidos a ponto de flertar abertamente com temas de jazz ao mesmo tempo em que mesclavam todos os elementos country, folk e blues que pegavam pela frente.

Apesar de serem musicalmente inigualáveis, tiveram seu formato musical copiado por inúmeras outras bandas que gravavam para a mesma Capricorn Records, da qual eram contratados -- mas nunca com o mesmo sucesso e com a mesma grandeza musical.

O caso é que por melhor que fosse o trabalho desenvolvido nos Anos 70 por bandas como Lynyrd Skynyrd, Marshall Tucker Band, Grinderswitch, Ozark Mountain Daredevils, Outlaws e Wet Willie, nenhuma delas tinha estofo musical para conseguir emparelhar com os Allmans, mesmo nos momentos menos expressivos de sua carreira.



Tragédias pessoais, como as mortes de Duane Allman e do baixista Berry Oakley em acidentes de motocicleta em 1971 e 1972,  – situaram a Allman Brothers Band naquele mesmo cenário sulista mítico e trágico dos romances de Williams Faulkner.

Se por um lado essas “baixas” dificultaram bastante as coisas para eles em termos musicais, por outro resultaram na melhor promoção que poderiam conquistar perante a opinião pública.

É sempre bom lembrar que, naquele momento histórico, a morte estava por toda parte: o saldo de jovens americanos mortos no Vietnam beirava o intolerável e a continuidade da Guerra era praticamente insustentável.

Isso tudo fez com, apesar de todas as adversidades, a resistência exercida pela Allman Brothers Band na cena musical refletisse o espírito da América combalida com a derrota no Vietnam tentando se reerguer.



Pois eles souberam aproveitar essa oportunidade.

A capa do LP ‘Brothers and Sisters” (1973), com fotos de crianças brincando num gramado e arborizado num belo dia de sol, além de uma bela foto central com todos os integrantes sobreviventes da banda reunidos com suas mulheres, seus filhos e seus amigos, reflete bem esse sentimento que era comum a inúmeras famílias americanas.

 As dificuldades em manter o astral alto durante a gravação foram muitas. Mas eles conseguiram chegar ao final.

E hoje ninguém questiona o fato de que "Brothers & Sisters" é o melhor disco de estúdio gravado pela banda.



Incrivelmente popular ao longo dos anos 70, a Allman Brothers Band entrou nos anos 80 com o pé esquerdo.

A falência inesperada da Capricorn Records – da qual eram mais do que meros contratados, eram quase sócios – coincidiu com a saturação do chamado “rock sulista”.

A Allman Brothers Band até tentou se adequar às novas regras do mercado promovendo alterações drásticas em sua identidade musical, mas quebraram a cara em dois discos muito fracos, que venderam muito pouco, e levaram a banda a sair de cena, hibernar por uns tempos, e dar lugar a carreiras solo de seus integrantes.

Mas como nem os trabalhos solo de Gregg Allman, e nem os de Richard Betts, conseguiram decolar, a Allman Brothers não teve outra alternativa senão voltar ao batente no final dos anos 80.

Em princípio, para pagar as dívidas contraídas ao longo de quase uma década.



E então, a Allman Brothers Band voltou.

E voltou renovada, com um vigor surpreendente, promovendo um LP extremamente bom intitulado “Seven Turns”, com o reforço do então jovem e talentoso guitarrista Warren Haynes, que vinha da banda do cantor country David Allan Coe.

Daí em diante, os Allmans nunca mais perderam o rumo artístico.

Nunca mais gravaram discos irrelevantes como aqueles dos Anos 80.

Resgataram pouco a pouco todo o prestígio que tinham nos anos 70.

E não se deixaram abalar quando tiveram que demitir o guitarrista Richard Betts, membro fundador da banda, por atitudes pouco ou nada profissionais, e o substituíram pelo jovem (18 anos) guitarrista Derek Trucks, sobrinho do baterista Butch Trucks.

Era como se a banda tivesse o corpo fechado depois de tantas adversidades, e nada mais conseguisse abalar seus alicerces.



Da virada dos Anos 2000 para cá, os Allmans viraram a jam-band definitiva.

O gosto da banda pelos palcos e a habilidade em reinventar os mesmos números do repertório de uma apresentação para outra, mais o inegável fato de que se tornaram grandes anfitriões para amigos músicos que eram convidados para jam-sessions, fez deles a banda mais querida da América, arrebatando diversas gerações diferentes para ver seus shows -- algo que, até então, só o Grateful Dead conseguia viabilizar.

Daí, quando a Allman Brothers Band encerrarou atividades em 2014 devido à saúde frágil de Gregg Allman, que impedia a banda de excursionar, os guitarristas Warren Haynes e Derek Trucks agradeceram a todos os fãs por todo o apoio ao longo de todos esses anos, e deixaram claro que o espírito da Allman Brothers Band permaneceria vivo em suas bandas paralelas: Gov't Mule (power-trio de Haynes) e Tedeschi-Trucks Band (superbanda de Trucks com seu mulherão, a guitarrista de blues Susan Tedeschi).



Desde então, como não poderia deixar de ser, todo ano surge no mercado algum novo álbum duplo ou triplo ao vivo resgatando algum momento glorioso do passado dos Allmans.

Mas dessa vez, a Peach Records, selo do qual os ex-integrantes da banda são sócios, resolveu chutar o balde.  

Acaba de lançar "The Fox Box”, uma caixa com 8 cds apresentando a íntegra dos 3 shows que a banda fez no Fox Theatre em Atlanta, em 2004, para celebrar o lançamento do ótimo "Hittin' The Note", o disco de estúdio derradeiro deles. 



Desnecessário dizer que o astral das performances em "The Fox Box" é altíssimo, que todos estão cantando e tocando extremamente bem, que o vasto repertório da banda se espalha de forma deliciosa por quase 10 anos de música, e que mesmo aqueles números que se repetem nos setlists de uma noite para outra, reaparecem sempre com roupagens bem diferentes. "Dreams", por exemplo, apresenta cada noite solos de um membro diferente da banda. Mas é assim mesmo: quando uma banda tem tesão pelo palco, esse tipo de coisa acontece naturalmente.

"The Fox Box" é uma excelente pedida para quem quiser guardar uma recordação bem legal da Allman Brothers Band ao vivo em seus últimos anos de vida, compondo com os excelentes álbuns clássicos "Live At The Fillmore East" (1971), "Wipe The Windows, Check The Oil, Dollar Gas" (1977), "Live At Great Woods" e os dois volumes de "An Evening With The Allman Brothers Band" (1994-1995).

Sem contar que é bem superior em termos de qualidade de performance aos festejados shows realizados no Beacon Theatre em Nova York.

Por mais que eles gostassem da Big Apple, aqui a velha banda está tocando em Atlanta, Georgia -- ponto de partida de toda a longa aventura que viveram juntos por quase 50 anos.

E, convenhamos: mesmo para uma banda dura na queda como os Allmans, não há lugar como o lar.




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quarta-feira, abril 26, 2017

DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE "FILLMORE: LAST 3 NITES", UMA CAIXA COM 4 CDS DELICIOSA E FUNDAMENTAL

por Chico Marques


No início do Século 20, mais precisamente a partir de 1912, o Fillmore foi inaugurado com o nome Majestic Hall na esquina das ruas Fillmore e Geary, em San Francisco, California.

Era um dos salões de dança mais frequentados da cidade, com bailes acontecendo praticamente todas as noites.

No segundo e no terceiro andares do edifício funcionava a Majestic Academy of Dancing, muito requisitada pelos dançarinos menos habilidosos que queriam poder frequentar o salão de danças do 1° andar sem fazer papelão.

Lembrem-se que, na primeira metade do Século XX, uma pessoa que não soubesse dançar estava condenada a ser um pária social, e ainda corria o risco de até não conseguir arrumar um parceiro (ou uma parceira) e jamais se casar.


Dos Anos 30 até os Anos 50, o Fillmore mudou de dono, de nome e de vocação diversas vezes.

Foi chamado Society e, Ambassador Dance Hall nos Anos 30.

Nos Anos 40, virou pista de patinação.

Mas a partir de 1952, quando o bairro ao redor se transformou no Harlem de San Francisco, alguns empresários se uniram e transformaram o Fillmore numa casa de shows para receber confortavelmente os artistas de blues e rhythm & blues de passagem pela cidade.

Gente como James Brown, 'Blue' Bobby Bland e Ike & Tina Turner fizeram grandes performances na casa, que, além do público afroamericano de praxe, atraiu os boêmios e e turma da beat generation, transformando a cidade pouco a pouco na "Comunidade Boemia #1 da América".


E então, nos Anos 60, San Francisco se transformou na Mecca da Contracultura, virando o refúgio da turma da beat generation e o berço do movimento hippie e também do movimento yippie.

E o Fillmore, claro, seguiu em frente se adequando a todas essas mudanças.


É quando entre em cena o promotor de eventos Bill Graham, um judeu berlinense naturalizado americano com um tino comercial aguçado e um talento inegável para criar ambientes culturais diferenciados.

O que tornava Graham tão diferrente dos outros empreendedores do meio é que para ele as energias criativas que faziam seus projetos funcionar eram sempre sua prioridade número um.

A grana decorrente de seus acertos era apenas consequência de um trabalho extremamente humano e bem realizado.


Ao fundar o Fillmore Auditorium, Bill reformou o velho prédio por completo e montou um dream team de colaboradores que aos poucos se transformou numa família, tamanho o alto astral do local.

Resultado: virou o cidadão de San Francisco que melhor representava para o resto do país a força emergente da cidade nos meios artísticos e comportamentais.


O Fillmore Auditorium abriu as portas no dia 10 de dezembro de 1965, com shows de novas bandas como Jefferson Airplane, Great Society (que tinha como cantora Grace Slick) e The Warlocks (que mais adiante mudaria seu nome para The Grateful Dead), deu início ao show.

Recebeu em seu palco artistas das mais diversas vertentes, que eram recebidos calorosamente pelos frequentadores habituais da casa.

Heróis locais como Santana, Quicksilver Messenger Service, Big Brother and the Holding Company, Moby Grape e Butterfield Blues Band eram tão bem recebidos na casa quanto artistas de fora de San Francisco.

E olha que o Fillmore recebeu forasteiros do naipe de Jimi Hendrix, Otis Redding, Cream, Howlin' Wolf, Captain Beefheart, Muddy Waters e até The Who...


Em 04 de julho de 1968, logo após a explosão do Summer Of Love, Bill Graham concluiu que o velho Fillmore havia ficado pequeno demais para acomodar o público que seus shows atraíam.

Daí, decidiu reabrir o Fillmore num local maior e melhor localizado, The Caroussel Ballroom, que passou a se chamar Fillmore West.

Sim, porque, paralelo a essa expansão negocial, Graham decidiu abrir também uma casa no mesmo formato na Costa Leste, em Nova York, que ganhou o nome Fillmore East.


Entre 1968 e 1971, o Fillmore East foi a casa de shows mais emblemática de Nova York, e seu astral era tão alto que passou a ser comum qualquer artista ou banda tocar lá e imediatamente querer lançar um disco ao vivo com a gravação do show, tamanha a qualidade das performances que rolavam por lá.

Na semana em que fechou as portas em definitivo, passaram pelo palco da casa nada menos toda a nata da música anglo-americana -- o bluesman Albert King, o folkie psicodélico Country Joe McDonald, o multinstrumentista Edgar Winter, o power trio Mountain e as eletrizantes e americaníssimas Allman Brothers Band e J Geils Band.

Pois os registros desses shows históricos -- levados ao ar ao vivo na época pela WNFW-FM --permaneciam inéditos em disco até há pouco, e agora finalmente vem à tona numa caixinha espectacular com 4 cds intitulada "Fillmore - Last 3 Nites"


Desnecessário dizer que todas as performances contidas nessa caixa honram a tradição do Fillmore East de favorecer performances inesquecíveis para quaisquer bandas ou artistas que subissem em seu palco.

Desnecessário dizer também que, apesar da gravação não ser lá uma maravilha em termos técnicos -- lembrem-se que estamos falando de gravações ao vivo realizadas 45 anos atrás --, dá para sentir claramente que a banda que está no palco está se divertindo tanto quanto, ou ainda mais de quem está na platéia.

Desnecessário dizer ainda que basta fechar os olhos ao ouvir "Fillmore - Last 3 Nites" para conseguir se imaginar naquele lugar mítico na Second Avenue em Nova York naquelas 3 noites históricas.

Encerrando: a caixa de 4 cds "Fillmore - Last 3 Nites" é fundamental.

Tente viver sem ela em sua discoteca se for capaz.



Confiram um pouco do belo legado
que Bill Graham deixou
para a música popular anglo-americana
no documentário FILLMORE,
lançado nos cinemas em 1973
e disponível na íntegra logo abaixo.











CHICO MARQUES
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quarta-feira, julho 02, 2014

PHISH UNE FORÇAS A BOB EZRIN E JÁ NÃO É MAIS UM PEIXE FORA D'ÁGUA NOS DISCOS DE ESTÚDIO.


Toda jam-band que se preze padece da mesma sina.

Seus discos de estúdio, por melhores que sejam, empalidecem sempre que equiparados a suas performances ao vivo.

Essa regra implacável vale tanto para bandas clássicas dos anos 60, como o Grateful Dead e a Allman Brothers Band quanto para jam-bands mais jovens, como o Phish, na estrada há "apenas" 31 anos.

Composto por músicos de altíssimo gabarito -- o guitarrista Trey Anastasio, o baterista John Fishman, o baixista Mike Gordon e o tecladista Page McConnell --, o Phish se afirmou rapidamente entre o público universitário desafiando definições musicais e fazendo nos palcos uma brincadeira na qual se revelaram imbatíveis:

Vira e mexe, sem aviso prévio, tocam discos clássicos de outros artistas na íntegra, seguindo a sequência original das faixas -- só que reinventando os arranjos à moda deles.






Pequenas legiões de fãs seguem p Phish em suas tournées na esperança de serem surpreendidos por setlists com a íntegra dos álbuns favoritos dos integrantes da banda -- como o "White Album" dos Beatles, "Remain In Light" dos Talking Heads, 'The Dark Side Of The Moon" do Pink Floyd ou "Quadrophenia" do Who.

Mas, independente disso, os 11 álbuns de estúdio da banda, apesar de muito bons, continuam sendo considerados tanto pela crítica quanto pelo público -- além, é claro, das mulheres e dos familiares mais próximos dos integrantes da banda -- como meros apêndices para suas performances ao vivo -- essas sim,  registradas em mais de 30 cds não menos que sensacionais.

Desanimados com essa situação, os rapazes do Phish passaram a direcionar as canções novas que compunham para seus álbuns solo, e com isso o Phish passou a entrar em estúdio para gravar discos com material inédito apenas de cinco em cinco anos, cumprindo sua cota de lançamentos anuais com álbuns gravados ao vivo.


Mas então, ano passado, numa conversa com o veterano produtor musical Bob Ezrin, veio a idéia de utilizar no próximo disco do Phish um processo inusitado de gravação bem diferente do "live in the studio" praticado por eles desde sempre.

E o resultado é esse "Fuego", que acaba de chegar às lojas.

É o disco de estúdio mais "vivo" de toda a história do Phish. E também o mais trabalhoso de todos eles, já que todos os instrumentos gravados separadamente por Ezrin, que conduziu o processo utilizando recursos comuns nos estúdios nos anos 70, mas que a maioria dos produtores e músicos mais jovens desconhecem por completo, ou então desistiram de usar por existirem soluções mais práticas e descomplicadas.

O resultado é uma vigorosa viagem musical do Phish, explorando combinações musicais sempre difíceis de definir em palavras, mas deliciosas de se ouvir.


Dizer mais o que desse grande LP?

Que a jam de 10 minutos que abre o disco é genial?

Que a homenagem que eles fazem ao Grateful Dead em "Devotion To A Dream" é emocionante?

Que "Halfway To The Moon" é uma das melhores canções que Lennon e McCartney não compuseram?

Que o Phish nunca gravou um repertório tão variado e ao mesmo tempo tão forte e coeso?

Ouçam "Fuego" e vocês vão entender o que eu estou tentando não dizer.


WEBSITE OFICIAL
http://phish.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/phish-mn0000333464/discography

AMOSTRA GRÁTIS 
PERFORMANCE ESPECIALÍSSIMA NO LIVE ON LETTERMAN 
CBS-TV 24 DE JUNHO DE 2014


quarta-feira, agosto 29, 2012

O CASAL SUSAN TEDESCHI E DEREK TRUCKS MOSTRA MAIS UMA VEZ A QUE VEIO





Susan Tedeschi e Derek Trucks já estão no ramo musical há mais de 20 anos.

Susan, 42 anos de idade, segue uma carreira bem sucedida desde que montou sua primeira banda de blues em 1991 em Boston, onde nasceu. Seu timbre vocal levemente rouco e meloso cai como uma pluma tanto para as baladas quanto para os números de rhythm & blues de seu repertório. Seu toque na guitarra -- em particular, sua técnica no uso do bottleneck -- lembra um pouco Bonnie Raitt, sua mentora musical, e suas habilidades como compositora nao são nem um pouco desprezíveis, muito pelo contrário.

Já seu marido Derek, 33 anos de idade, criado na Florida, é um caso à parte, Prodígio da guitarra desde os 12 anos e sobrinho do baterista Butch Trucks da Allman Brothers Band, Derek sempre conviveu com a banda e com os músicos veteranos que se habilitavam a participar de jams ao lado deles. Com isso, atingiu a maturidade musical muito jovem, e aos 18 já mostrava claramente em seu disco de estréia estar pronto para o que desse e viesse. A partir de 2001, substituiu Richard Betts na Allman Brothers Band, ajudando a banda a deixar de lado seu lado country-rock para se assumir de uma vez por todas como a jam-band número 1 da America. Mesmo ocupadíssimo, prosseguiu com uma carreira solo vitoriosa nos intervalos das tournées dos Allmans.

Desde que Derek e Susan se casaram, eles vêm excursionando juntos sempre que possível. Em diversas ocasiões, a banda de Susan uniu forças com a banda de Derek, formando um ensemble com mais de 10 integrantes no palco, e o resultado sempre foi muito satisfatório para todos os envolvidos.

E então, um belo dia, Derek propôs a Susan fazer das duas bandas uma única unidade, e acrescentar uma sessão de metais bem poderosa, mais ou menos nos moldes da lendária banda de rhythm & blues do final dos anos 60 Delaney & Bonnie & Friends, do casal Delaney & Bonnie Bramlett.

Susan topou no ato, e então surgiu em 2010 a Tedeschi-Trucks Band, com nada menos que onze integrantes, que caiu imediatamente na estrada testando repertório e, assim que sentiu que estava com tudo no seu devido lugar, entrou em estúdio e gravou sem demoras o seu primeiro disco, "Revelator" -- que faturou um Grammy, depois de marcar presença na maioria das listas de melhores discos do ano passado.


Para seu segundo disco, a Tedeschi-Trucks Band achou melhor nem entrar em estúdio. Optou por capturar o som da banda ao vivo em sua segunda tournée. O resultado foi esse álbum duplo fenomenal, "Everybody's Talkin'",onde a banda mostra definivamente a que veio.

Se antes, à frente de seu quarteto, Susan podia trafegar pelos mais diversos gêneros, aqui a coisa fica mais restrita aos blues ritmados e às baladas.Só que, no entanto, a maneira como Susan se posiciona perante esse repertório, e também perante a massa sonora disparada pela banda, é muito mais intensa e incisiva. Quase heróica, eu diria.

O ouvinte já é fisgado logo de cara por uma versão bem à moda de Memphis da clássica "Everybody's Talkin'", de Fred Neil, gravada por Harry Nilsson para a trilha sonora do filme "Midnight Cowboy", em 1969.

O que vem daí pra frente é nada menos que uma explosão de suingue e tesão de palco, que aparece intensamente tanto em canções delicadas como "Darling Be Home Soon", de John Sebastian, quanto em bluesaços como "Rollin' and Tumblin'", de Muddy Waters. .

As guitarras de Derek e Susan, sempre tinindo, estão perfeitamente integradas com a banda. Quando os dois solam prolongadamente, levando alguns números musicais a 10 ou 12 minutos de duração, fazem isso sempre dentro de um contexto em que todos os integrantes da banda participam de alguma maneira.

Em outras palavras: você jamais irá ver um músico ocioso ou fora de contexto nos impprovisos da Tedeschi-Trucks Band.


Por quanto tempo essa brincadeira suingada de big-band de rhythm and blues da Tedeschi-Trucks Band vai durar, é um mistério.

Pode ser que Susan e Derek cansem disso depois de algumas tournées e decidam retomar suas carreiras solo para desenvolver projetos pessoais.

Aconteça o que acontecer, o momento atual dos dois é simplesmente magnífico, portanto não deixem de acompanhar os vôos musicais deliciosos dessa banda implacável.

Tanto "Revelator" quanto "Everybody's Talkin'" merecem um lugar de destaque na sua discoteca.




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quinta-feira, abril 14, 2011

SENHORAS E SENHORES... WARREN HAYNES


“É sempre uma experiência fantástica para qualquer músico aprender a tocar nos mais diversos ambientes musicais e se sentir adequado a qualquer contexto musical. Se tiver algum improviso rolando e músicos de primeira envolvidos, melhor ainda. Sempre tive muito prazer em ser versátil.”


“Música mexeu comigo pela primeira vez quando ouvi gospels dos negros numa rádio em North Carolina, onde fui criado. Os pelos do meu braço ficaram completamente arrepiados. Foi como uma revelação para mim.”


“Toquei com Wilie Dixon, Albert Collins e John Lee Hooker pouco antes deles morrerem. Toquei também com Billy Gibbons, Leslie West, Mick Taylor, Dave Mason, Steve Winwood... e isso é apenas a ponta do iceberg. A lista é enorme, e foi um grande prazer para mim sempre que pude contracenar com artistas que eu cresci ouvindo e admirando.”


“Tive o maior prazer em tocar com muitos dos meus heróis de juventude que ainda estão circulando por aí. Mas ainda faltam alguns. Nunca toquei com B B King, Eric Clapton, Jimmy Page, Jeff Beck e Carlos Santana, apesar de conhecê-los todos. Questão de oportunidade. Com Santana, estamos combinando alguma coisa para muito em breve."


“A Allman Brothers Band nunca gostou de ser rotulada como “Rock Sulista”, mas nunca fez a menor objeção ao termo “Jam Band”, até porque sempre foi composta por músicos de mentalidade aberta que tocam para platéias que gostam de ver a banda improvisando. Para nós gêneros como blues, funk, reggae, bluegrass, jazz e rock sempre circularam na mesma vizinhança"



LPs SOLO
Tales Of Ordinary Madness (1993)
The Benefit Concert (2004)
The Benefit Concert Vol. 2 (2007)
The Benefit Concert Vol. 3 (2010)
Man In Motion (2011)

LPs COM O GOV´T MULE
Gov´t Mule (1995)
Live At Roseland Ballroom (1996)
Dose (1998)
Live With A Little Help From Our Friends Vol. 1 (1999)
Live Before Insanity (2000)
The Deep End Vol 1 (2001)
Live With A Little Help From Our Friends Vol. 2 (2002)
The Deep End Vol 2 (2002)
The Deepest End Live In Concert (2003)
Déjà Voodoo (2004)
High And Mighty (2006)
Mighty High (2007)
By A Thread (2009)

LPS COM A ALLMAN BROTHERS BAND
Seven Turns (1990)
Shades Of Two Worlds (1991)
An Evening With The Allmans – First Set (1992)
Where It All Begins (1994)
An Evening With The Allmans – Second Set (1995)
Live - Peakin´At The Beacon Theather (2000)]
Hittin´ The Note (2003)
Live - One Way Out (2004)


WEBSITES OFICIAIS

http://www.warrenhaynes.com/
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