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segunda-feira, dezembro 21, 2015

2 OU 3 COISAS SOBRE "THROUGH THE CRACKS" E "NOBODY'S CHILDREN", DUAS COLETÂNEAS DE FAIXAS RARAS DE TOM PETTY & THE HEARTBREAKERS

por Chico Marques


Em 1996, Tom Petty & the Heartbreakers estavam no auge de suas carreiras.

Formados em Gainesville, na Flórida, eles conseguiram uma proeza única na cena musical americana: foram abraçados pelo Estado da California por terem conseguido resgatar em plenos Anos 70 as sonoridades meio esquecidas -- devidamente repaginadas, diga-se de passagem -- de bandas clássicas de Los Angeles nos Anos 60 como The Byrds e Buffalo Springfield.

Depois de 20 anos de intensa popularidade e 8 festejadíssimos LPs de estúdio para a MCA Records -- 10 se contarmos "Full Moon Fever" e "Wildflowers", assinados apenas por Petty, mas com quase todos os Heartbreakers no suporte --, nossos bravos rapazes estavam prontos para encarar uma nova etapa de suas carreiras na Warner Bros Records.


Mas havia uma pendência contratual de Tom Petty & the Heartbreakers com a MCA que ainda precisava ser saldada, e que impedia que a banda lançasse um novo disco de inéditas pela sua nova casa. Foi quando Petty decidiu chutar para o alto e ofereceu à MCA um projeto de uma caixa retrospectiva de 20 anos de carreira com nada menos que seis CDs: três fazendo uma retrospectiva cronológica da tragetória da banda e outros três com demos, outtakes e covers, além de gravações do Mudcrutch -- banda que Tom Petty e Mike Campbell tiveram nos dois anos que antecederam a estreia oficial dos Heartbreakers. Era pegar ou largar. 

A MCA pegou. E lançou a caixa, luxuosíssima, com o título "Playback", e títulos específicos para cada um dos 6 cds do pacote. Não foi exatamente um sucesso de vendas por ser um pacote caro e ambicioso demais, de interesse exclusivo dos fãs mais ardorosos, mas serviu como um rito de passagem para Petty e seus comparsas rumo aos 20 anos seguintes de vida da banda.


Mas, como todos sabemos, de uns anos para cá essas caixas retrospectivas mais ambiciosas, com muitos cds, começaram a deixar de interessar aos fãs das bandas, que passaram a preferir caixas ainda mais extensas com sessões completas de gravação. Como as recentes "The Cutting Edge", que reúne tudo o que Bob Dylan gravou em estúdio entre 1965 e 1966, e "The Ties That Bind", que agrupa em 4 cds e 3 dvds todas as gravações de estúdio feitas por Bruce Springsteen entre 1979 e 1980, além de um show inédito, um documentário e gravações realizadas na longa tournée que veio a reboque do álbum duplo "The River".

Por conta disso, quando Tom Petty começou a gerenciar o lançamento de toda a sua discografia para venda através de downloads digitais, ficou na dúvida se fazia sentido lançar "Playback" digitalmente no formato original. E então, depois de consultar seu staff para definir a melhor saída para comercializar "Playback", ficou decidido que os discos 5 e 6 da caixa -- "Through The Cracks" e "Nobody's Children" -- seriam comercializados individualmente em versões digitais neste final de 2015, um ano em que a banda optou por tirar uma licença sabática e não excursionou.


Não há muito o que dizer sobre esses dois discos, a não ser que são ótimos complementos aos LPs de carreira de Tom Petty & The Heartbreakers, resgatando ítens meio esquecidos que, de tão bons, não mereciam ter sido excluídos por tanto tempo.

 "Through The Cracks" traz gravações que remontam ao Mudcrutch e seguem pelos primeiros 10 anos de carreira da banda, revelando canções fantásticas que ficaram de fora dos discos oficiais e covers tão inusitados quanto deliciosos.

 Já "Nobody's Children" foca nos demos, inéditas e covers gravados nos anos seguintes, entre 1983 e 1992, resgatando pérolas como "Ways To Be Wicked" -- que Petty e Campbell entregaram para Maria McKee gravar com o Lone Justice -- e "Waiting For Tonight" -- gravada com backing vocals das adoráveis The Bangles, e que permanecia inédita.


Se você é fã de Tom Petty & The Heartbreakers e não possuí a caixa "Playback" na sua coleção, não perca esta chance de conhecer melhor esse material surpreendente da banda.

Acredite: não há maneira melhor do que aguardar até meados de 2016, quando Tom Petty & The Heartbreakers devem sair em tournée mais uma vez, promovendo o lançamento do novo LP que será gravado ao longo deste Inverno que está começando no Hemisfério Norte.   

Cada um dos álbuns tem um custo de US$ 9,99 via iTunes Music Store, Amazon MP3 e Spotify, e podem ser adquiridos através do website oficial de Tom Petty com um cartão de crédito internacional.


WEBSITE OFICIAL

DISCOGRAFIA COMENTADA

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terça-feira, agosto 12, 2014

TOM PETTY AND THE HEARTBREAKERS RETOMAM SEU IMAGINÁRIO PSICODÉLICO EM PLENO 2014.



Taí uma banda que sempre enganou todo mundo com uma atitude aparentemente despretensiosa e um sorriso nos lábios indicando que só queriam mesmo é fazer "good time music".

Tudo conversa mole.

Logo no terceiro disco, "Damn The Torpedos" (1979), já não havia mais a menor dúvida de que Petty era um cantor com um timbre único e um compositor de primeira grandeza, e ao menos dois de seus escudeiros nos Heartbreakers -- o guitarrista Mike Campbell e o tecladista Benmont Tench -- eram músicos extremamente criativos que, bem aproveitados, levariam a banda muito longe.


Pois foi o que aconteceu.

A carreira espetacular de Tom Petty & The Heartbreakers fala por si própria.

Agora, 38 anos depois de estrearem na lendária Shelter Records de Leon Russell com um disco repleto de sonoridades psicodélicas envolventes, ainda que meio fora de época, eis que nossos bravos rapazes retornam mais uma vez com uma nova coleção de canções naquele mesmo tom de seu distante LP de estréia.


"Hypnotic Eye" é um álbum denso, envolvente, com melodias inusitadas e saídas musicais extremamente criativas que se por um lado remetem ao passado da banda, por outro demonstram uma atitude musical madura e atual.

É menos bluesy e menos truculento que o anterior "Mojo", mas é tão vigoroso quanto.

Canções como "American Dream Plan B", que abre o disco de forma inusitada, e "All You Can Carry" e "Shadow People" estão entre os números mais marcantes de toda a carreira do grupo.

E é tão bem tocado que engana mais uma vez o ouvinte desavisado que não conseguir perceber a sintonia fina dos músicos enquanto alinhavam o formato derradeiro dessas novas canções.


Quando dizem que Tom Petty & The Heartbreakers vem na mesma tradição musical de The Band, acreditem: não há exagero.

Apenas a constatação de que a soma dos fatores às vezes multiplica o produto final.

Com certeza foi isso que Bob Dylan viu neles quando os convidou para ser sua banda de estrada nos Anos 80.

E com certeza é isso que -- curiosamente -- faz desses velhos rapazes da Florida a melhor banda californiana dos últimos... vai, 38 anos!


Moral da história: não se deixe enganar pelo "low profile" do Tom Petty & The Heartbreakers.

Eles sempre produziram música de primeira. Música intrincada, rock and roll extremamente vertebrado.

E continuam produzindo. Em grande estilo.

Só que sem dar bandeira.






WEBSITE OFICIAL
http://www.tompetty.com/?frontpage=true

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/tom-petty-the-heartbreakers-mn0000614137/discography

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