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terça-feira, dezembro 02, 2014

NEIL YOUNG ESTÁ LOUCAMENTE APAIXONADO. DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES...



Nenhum artista de rock and roll -- nem mesmo Bob Dylan -- coleciona tantas idiossincrasias quanto Neil Young.

São esquisitices que sempre existiram no trabalho dele, mas que ganharam uma força adicional na virada dos anos 1970 para os 1980, em pleno período pós-punk, com um álbum estranho e disforme chamado "Re.act.or", que deixou a Reprise Records bastante irritada na ocasião.

De lá para cá, excentricidades as mais variadas ressurgem pontualmente em seus discos de tempos em tempos.

Neil Young já pagou caro por essas idiossincrasias, mas não adianta: ele não aprende.

Nos Anos 80, foi processado por David Geffen -- seu patrão na Geffen Records, que, ingenuamente, havia concedido a ele liberdade criativa total na elaboração de seus projetos -- sob a alegação de que, de um contrato de cinco álbuns, sua gravadora recebeu de Neil Young quatro LPs estranhíssimos e de difícil comercialização.


De volta à Reprise Records no final dos Anos 80, ainda meio assustado com o processo que perdeu para David Geffen, Neil sossegou por uns tempos, e brindou seu público e sua gravadora com discos às vezes elétricos, às vezes acústicos, sem excentricidades exageradas e sempre com um alto gabarito artístico.

Mas com a virada do milênio, alguma coisa estranha aconteceu.

Provavelmente, alguns parafusos de Neil afrouxaram, e ele pouco a pouco foi retomando sua velha rotina idiossincrática de produzir discos conceituais e experimentais cada vez mais estranhos e voltados para um público cada vez mais dirigido.

A sorte dele é que, a essa altura da vida, sua gravadora não nutria mais grandes expectativas nele, seus projetos passaram a ter um custo relativamente baixo e seu público permaneceu grande e fiel o suficiente para garantir vendagens expressivas para os padrões minguados da Indústria Fonográfica nos dias de hoje.



Pois bem: a nova idiossincrasia musical de Neil Young se chama "Storytone".

É um disco bastante incômodo e pouco satisfatório.

São dez canções novas com o tom minimalista habitual, sempre muito delicadas -- metade delas composta para sua atual namorada, a ex-sereia (e ex-Senhora Jackson Browne) Daryl Hannah --, gravadas ao vivo diante de uma orquestra de cordas arranjada e regida por Michael Bearden, ou de uma Big Band comandada por Chris Walden, parceiro musical de Michael Bublé.

Até aí, nada demais.

O problema é que as baladas dessa sua nova lavra são muito frágeis melodicamente, simples e despojadas demais, e os arranjos de cordas encomendados caem feito bigornas em cima delas, inviabilizando qualquer interação entre Neil -- o crooner mais improvável do mundo -- e o tsunami de cordas que afoga, sufoca e ridiculariza essas canções.

Lembra um pouco aqueles arranjos exagerados que Neil encomendou para a London Symphony Orchestra 42 anos atrás, em canções como "Words" e "A Man Needs A Maid", na época duramente criticados.

Verdade seja dita: o que 42 anos atrás era apenas inadequado, agora chega a ser embaraçoso.

Nas faixas em que Neil vem acompanhado pela Big Band de Rhythm & Blues, o resultado final é bem melhor -- até lembra um pouco "This Note's For You" (1989) --, mas peca vez ou outra por imprimir às canções um registro de swing jazzístico sofisticado demais para o jeitão gauche meio bronco de Neil Young.

"Storytone" não chega a ser uma decepção, mas irrita, e muito.

É um grande equívoco artístico -- bem intencionado, claro, mas um grande equívoco artístico sem sombra de dúvida.



Okay (1), sejamos tolerantes: Neil Young está apaixonado, e todo ser apaixonado perde o senso do ridículo, o que é perfeitamente natural.

Okay (2), Daryl Hannah é bem melhor apessoada do que Pegi Young, com quem ele foi casado por mais de 35 anos.

Okay (3), é inegável que o cd bonus que acompanha "Storytone", com as mesmas canções tocadas "no osso" -- sem esses arranjos estapafúrdios, e na sequência original das canções -- não só é bastante satisfatório, como mostra que ele continua um mestre em compor canções curtas e emocionantes.

O que realmente chateia nessa nova empreitada amalucada de Neil Young é que, dessa vez, ele chegou bem perto de produzir um daqueles "pequenos grandes álbums" que antes pontuavam sua carreira a cada cinco anos -- e que, desde "Silver And Gold", de 2000, simplesmente deixaram de chegar.

Quem sabe no próximo disco -- isso se esse romance durar, ou se conseguir sobreviver a esse "late bloom" fulminante  --, Neil acerta a mão novamente.



WEBSITE OFICIAL
http://www.neilyoung.com/index2.html

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/neil-young-mn0000379125/discography

AMOSTRAS GRÁTIS 

quinta-feira, junho 07, 2012

NEIL YOUNG AND CRAZY HORSE RESGATAM CANÇÕES DE ESCOLA E CAEM NO ROCK RASGADO


Para quem não sabe, Neil Young é epilético.

E sempre usa esse álibi meio furado para tentar justificar porque seus projetos são tão disparatados -- como se isso fosse uma explicação para essa mania de alternar coleções de rocks rasgados com discos totalmente solo, ou com bandas acústicas, ou meio eletrônicos, ou então simplesmente conceituais como os recentes 'Glendale", "Fork On The Road" e "Le Noise".

Na verdade, Neil Young é genial.

E é completamente maluco também.

Quando acerta, vai ao Nirvana sem escalas -- como nos clássicos "After The Golrush", "Zuma", "Comes A Time" e "Ragged Glory".

Quando erra, a gente faz de conta que não ouviu, e nem comenta nada.

Mais de 40 anos de carreira ininterrupta fornecem esse handicap a qualquer artista popular.

Que o digam Bob Dylan, Paul Simon e Paul McCartney, que gozam dessas mesmas regalias por parte de setores mais generosos da opinião pública.



Sua tão aguardada volta com o Crazy Horse depois de 8 anos é surpreendente.

"Americana" traz Young e os fabulosos Frank SanPedro (guitarra), Billy Talbot (baixo) e Ralph Molina (bateria) numa empreitada absolutamente despretenciosa, desfilando um repertório de covers meio sem pé sem cabeça, onde velhas canções folk ganham arranjos de rock rasgado, e números clássicos de rhythm and blues como "Get A Job" acabam virando brincadeiras inclassificáveis, mas muito divertidas.

Verdade seja dita: ninguém esperava a essa altura da carreira de Neil Young um disco de covers, até porque seu registro vocal faz dele um intérprete totalmente improvável.

Mas ele fez um mesmo assim -- e deve ter sido muito divertido fazê-lo, pois a banda toda ri bastante sempre que encerra cada número.

Teve gente que torceu o nariz para "Americana", e é compreensível.

Afinal, depois de 8 anos sem um disco novo de Neil Young & Crazy Horse, esperava-se algo mais consistente do que um disco casual e desencanado como esse.

Mas "Americana" é muito legal. Abre com duas velhas baladas de cowboy -- "Oh Suzannah" e "Clementine" -- em releituras roqueiras e irreverentes, com as letras originais bastante alteradas, e segue nessa mesma levada virando do avesso baladas folk tradicionais como "Tom Dula", "Gallow´s Pole", "Travel On", "Jesus Chariot" e "Wayfarin'  Stranger".

O mais engraçado de tudo é Neil ter escolhido para fechar o disco "God Save The Queen" -- não a dos Sex Pistols, e sim a original, que ele certamente tinha que cantar na escola onde estudava no Canadá quando era criança.

Aliás, todo o repertório do disco é composto de canções que eram cantadas nas escolas americanas e canadenses dos anos 50 e 60 -- o que explica muito da irritação da crítica.

A sonoridade peculiar e bem festiva do Crazy Horse dá o envolvimento adequado para a brincadeira, e lembra bastante a levada country rock que a banda praticava em meados dos anos 70 -- nada a ver, portanto, com os heroísmos vistos aqui no Brasil, quando eles tocaram nos palcos do Rock In Rio.



Não adianta: ninguém vai conseguir enquadrar Neil Young em qualquer formato que a ele não interesse aos 67 anos de idade.

Há muito tempo ele faz o que quer, e não está nem aí se o disco novo vai vender menos que o anterior, ou se existem metas de vendas a ser alcançadas.

E ai de quem ousar encher a sua paciência com detalhes desagradáveis como esses.


Portanto, quem não quiser se aborrecer como os críticos que mencionei há pouco, recomendo nem chegar perto de "Americana" num dia de mau humor.

Pode estragar a audição de um dos discos mais simpáticos e inusitados lançados este ano.

Divirtam-se bastante ouvindo -- como eles se divertiram fazendo.




BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/neil-young-mn0000379125

WEBSITE OFICIAL
http://www.neilyoung.com/

AMOSTRAS GRÁTIS

 

terça-feira, maio 08, 2012

ANDERS OSBORNE SE AFASTA UM POUCO DO BLUES PARA REENCONTRAR A SI PRÓPRIO



O sueco Anders Osborne é uma figuraça.

Há 27 anos vivendo em New Orleans, esse cantor, compositor e guitarrista estranhamente talentoso não cansa de nos surpreender com seu blend único de blues, soul, folk e rock and roll.

Anders Osborne conhece como ninguém a música dos Estados Unidos. Fascinado pelos cantores e compositores dos anos 70, com Neil Young e Jackson Browne, ele acidentalmente descobriu o blues e se apaixonou. Viajou pela América aos 16 anos de idade incentivado por seu pai, que é músico de jazz na Suécia, e desde então mergulha cada vez mais fundo nas raízes musicais do país que o adotou.

Não demorou muito a concluir que New Orleans era onde ele queria viver, e desde seu disco de estréia, de 1995, vem participando da cena musical local com um trabalho híbrido e vigoroso.

Em 2007, decidiu deixar seu lado performer fulminante um pouco de lado para apostar em seu lado compositor.

Suas belas canções sobre a New Orleans pós-Katrina deram origem a um lindo disco chamado "Coming Down", que só serviu para elevar seu prestígio no meio musical.

Agora, já consagrado como uma das figuras emergentes mais vitais da cena blueseira americana, Anders assinou com a Alligator Records, de Chicago, e partiu para um trabalho voltado para um público mais amplo.

Com LPs ainda mais híbridos e aventurescos do que os que desenvolvia antes.
Estreou na Alligator em 2009 com “American Patchwork”, um disco com um conceito essencialmente hendrixiano, muito bem recebido por crítica e público.

E agora ele retorna com esse “Black Eye Galaxy”, onde que segue uma rota musical que tem mais a ver com Neil Young e seu Crazy Horse, mesclando o som e a fúria de suas guitarradas com devaneios musicais acústicos muito reveladores de seu momento de vida atual.

As duas primeiras faixas do disco -- "Send Me A Friend" e "Mind Of A Junkie" -- falam sobre dependência química, e tentam colocar em termos musicais o desespero e a dificuldade em lidar com a abstinência.

E conforme “Black Eye Galaxy” vai avançando, Anders segue rumo a um resgate pessoal em números como “Tracking My Roots” e “Louisiana Gold”, onde reavalia sua vida e suas opções existenciais. 

Mais adiante, na faixa título, ele não deixa por menos e embarca numa viagem musical surpreendente serena e completamente inusitada.

E tudo culmina em “Higher Ground”, um gospel muito delicado, onde mulher e filha se unem a ele e todos cantam juntos, num desfecho comovente para essa sequência contundente de canções.


A sensação que fica após ouvir esse “Black Eye Galaxy” é que Anders Osborne está fechando a conta da primeira metade de sua carreira, e abrindo alas para o que vem de agora em diante.

Aos 46 anos de idade, ele parece estar se preparando para um passo ainda maior muito em breve. 

Portanto, se você ainda não conhece o trabalho desse sueco naturalizado americano, o disco que vai fazer as devidas apresentações é esse aqui mesmo.

Acreditem: Anders Osborne é o cara.


INFO:
 http://www.allmusic.com/artist/anders-osborne-p169518/biography

DISCOGRAFIA:
 http://www.allmusic.com/artist/anders-osborne-p169518/discography

WEBSITE OFICIAL:
http://www.andersosborne.com/

AMOSTRAS GRÁTIS:

quinta-feira, maio 26, 2011

SENHORAS E SENHORES... K D LANG


“Sou uma espécie de nômade musical. Gosto muito de mudar. Fico intrigada com sonoridades e instrumentos diferentes e saio experimentando tudo.”


“Gosto de ser canadense, de me sentir ensanduichada entre as culturas dos Estados Unidos e da Europa. É um privilégio ser cantora e compositora num país que ofereceu ao mundo talentos gigantescos como os de Joni Mitchell, Leonard Cohen e Neil Young.”


“Não tenha dúvidas de que eu adoraria que alguma canção desse novo disco emplacasse nas paradas e se tornasse uma nova Constant Craving. Mas não adianta. Não é assim que as coisas acontecem, isso quando acontecem.”


“Para mim, música é apenas música. Os ingredientes básicos são sempre os mesmos. A maneira como combinamos os temperos é que acaba determinando os gêneros. Eu tento às vezes desabilitar o dispositivo que me mantém presa por algum tempo a um determinado gênero, mas nem sempre é tarefa das mais fáceis.”


“Minha carreira andou em baixa nos últimos 15 anos, mas agora parece estar indo bem. Tem um monte de fotógrafos me seguindo por todos os lugares onde vou e me deixando bastante irritada. Isso é sinal que devo estar em alta novamente.”



LPS K D LANG
A Truly Western Experience (1984)
Angel With A Lariat (1987)
Shadowland (1988)
Absolute Torch & Twang (1989)
Ingénue (1992)
Even Cowgirls Get The Blues (1993)
All You Can Eat (1995)
Drag (1997)
Invincible Summer (2000)
Live By Request (2001)
Hyms Of The 49th Parallel (2004)
Watershed (2008)
Sing It Loud (2011)

WEBSITE OFICIAL
http://www.kdlang.com/