quarta-feira, julho 25, 2012

O BLUES CLASSUDO E VIBRANTE DE JOHNNIE BASSETT, NUMA NOVA EMPREITADA IMPECÁVEL


Detroit fica bem longe do Rio Mississipi.

Mas só em termos geográficos.

Apesar de ficar localizada no Centro-Oeste dos Estados Unidos, à beira do Lago Michigan, Detroit recebeu tantos negros do Sul dos Estados Unidos desde os anos 1940, por conta da expansão das linhas de produção da Indústria Automobilística Americana, que muitos dos costumes dos Estados do Sul que desciam pelo Rio Mississipi rumo ao Mar do Caribe, passaram a subir até lá.

Para Detroit, isso foi ótimo, pois a cidade conseguiu, a partir daí, esboçar traços culturais próprios -- particularmente na música popular, dando origem a modalidades híbridas de blues, rhythm & blues e rock and roll muito interessantes e conservando tantas outras que deixavam de existir em outros centros urbanos como Chicago e San Francisco.



Johnnie Bassett é um dos caras que ajudou a fazer do "blues de Detroit" o que ele é hoje.

Nascido na Florida há 77 anos, e acostumado a ver Tampa Red e Arthur Big Boy Crudup tocando no quintal de sua casa, Johnnie seguiu para Detroit a reboque de sua família, que saiu em busca de trabalho nas montadoras de veículos instaladas lá, e logo se envolveu com uma banda teen de rhythm &blues chamada Joe Weaver & The Blecknotes.

Pouco a pouco, foi virando músico de estúdio profissional, passando a cantar e tocar guitarra em bandas de apoio de grandes músicos dos anos 50, tanto em estúdios quanto em excursões. Só de 1980 para cá, no entanto, é que Johnnie tomou coragem e engatou uma carreira solo à frente de sua banda, The Blues Insurgents.

Seu primeiro disco, "I Gave My Life To The Blues", de 1995, é uma aula preciosa de jump blues com diversas variaantes do ChIcago Blues. No entanto, "I Gave My LIfe To The Blues" convenceu a crítica mas não entusiasmou o público, e não emplacou.

Seu segundo disco, "Bassett Hound", tão bom quanto o primeiro, também não.

Só no terceiro e no quarto discos, "Cadillac Blues" e "Party My Blues Away", é que Bassett passou a ser visto como um dos últimos sobreviventes ativos de uma era muto importante na História do Blues, seguindo com o legado musical de T-Bone Walker.



"I Can Make That Happen", o mais novo trabalho de Johnnie Bassett & The Blues Insurgents, se, por um lado, não traz grandes novidades, em momento algum decepciona quem acompanha sua carreira há anos.

Johnnie segue alternando material próprio com clássicos do blues e do rhythm & blues -- como "Cry To Me", de Solomon Burke e "Reconsider Baby", de Lowell Fulsom --, e injetando swing em meio a ataques sempre certeiros na sua bela guitarra semi-acústica.

Sua voz permanece extremamente agradável, mesmo em números um pouco mais ardidos como "Proud to Be from Detroit" e "Motor City Blues", e a banda serve como um exemplo perfeito do melhor blues produzido naquela cidade.



O mais legal de ver artistas veteraníssimos como Johnnie Bassett na ativa com uma banda clássica como The Blues Insurgents, seguindo as velhas lições de mestres como T-Bone Walker e Robert Lockwood Jr, é ter a certeza de que esse idioma musical não morre tão cedo.

Não que o blues tenha que seguir obrigatoriamente a cartilha elaborada por esses mestrr es, muito pelo contrário.

Mas, na medida em que o blues-rock levou o idioma do blues para uma encruzilhada perigosa dos anos 80 para cá, nada sensato do que resgatar certos formatos que possam servir como via de escape enquanto eventuais encruzilhadas não se definam.

Com seu jeitão low-profile e sua música agradável, despretenciosa e dançante, Johnnie Bassett pode perfeitamente vir a ser um dos salvadores do blues clássico perante as novas gerações.

Torçamos para que ele permança vivo, ativo e suingado por muito tempo.



BIO-DISCOGRAFIA
 http://www.allmusic.com/artist/johnnie-bassett-mn0000241706

WEBSITE OFICIAL 
 http://www.mackavenue.com/artists/detail/johnnie_bassett/

AMOSTRAS GRÁTIS

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