São Paulo, para quem não sabe, tem mais judeus de origem italiana que a própria Itália.
Os judeus italianos que conseguiram escapar de Benito Mussolini e dos Campos de Concentração na Segunda Guerra Mundial, vieram para o Brasil e se estabeleceram.
Sabiam que, em São Paulo, não só teriam uma boa chance para recomeçar suas vidas como poderiam tentar trabalhar com os muitos imigrantes italianos bem estabelecidos na cidade.
Com o passar do tempo, eles foram se misturando com judeus vindos de vãrios outros países europeus e também com os italianos que ajudaram a formar o DNA da cidade de São Paulo.
Resultado prático disso: viraram brasileiros.
Ao que consta, poucos judeus italianos voltaram para a Itália depois desse exôdo, e preferiram permanecer aqui.
Pois bem: Morris Picciotto é filho de um desses judeus italianos radicados em São Paulo, que, ao chegar aqui, conheceu uma bela moça síria, casou e constituiu família.
Nascido em Maio de 1968, em pleno apogeu da Tropicália, Morris não sabia ainda que sua vida estaria fortemente conectada com esse movimento musical por muitos e muitos anos.
Aos poucos, descobriu que ninguém nasce em Maio de 1968 impunemente.
Tentou de tudo na sua juventude, mas nada deu muito certo. Vagou pelo Brasil e gostou muito do que viu, mas não achou nenhuma direção muito clara para sua vida.
Um belo dia, depois de sair à francesa de um kibutz em Israel para circular livre, leve e solto pela Europa, encanou que seria músico. E decidiu começar a estudar violão.
Alguns anos mais tarde, já músico profissional, Morris criou trilhas para vários espetáculos teatrais e filmes, e passou a ser muito requisitado nesses segmentos.
Nas horas vagas, participou da Urbanda, um projeto musical que promovia retrospectivas nas obras de compositores brasileiros.
Mais adiante, começou a esboçar o que ele mesmo chama de "Tropicalismo Paulista de Imigrante", mesclando sopros, cordas e levadas de percussão em baladas, sambinhas, skas e outros ritmos em composições próprias que remetem tanto a Tom Zé e Jorge Mautner quanto à Isca de Polícia e ao Karnak.
E assim, em meio a essa brincadeira, foi nascendo o Dr. Morris e Os Vivos, com uma sonoridade muito peculiar, a partir de uma formação básica de cinco músicos -- que pode se expandir a nove, dependendo da ocasião.
Mesclando samba e ritmos do Nordeste com música suingada de vários cantos do planeta, eles testaram o formato da banda em várias casas noturnas de São Paulo até se sentirem seguros para entrar em estúdio e gravar um disco -- bem rapidinho, quase ao vivo no estúdio, para que o orçamento do projeto não estourasse.
E então, em 2009, chegou às melhores lojas do ramo o cd "5", muito elogiado pela crítica e bem recebido por certos segmentos de público -- tanto aqui quanto na Argentina, onde o Dr. Morris e Os Vivos conquistou um público fiel depois de algumas gigs muito aplaudidas.
"5" é uma carta de intenções muito interessante, onde uma infinidade de gêneros musicais se mistura numa brincadeira que começa bem suingada e, aos poucos, vai ficando mais e mais cerebral, sem jamais perder o bom humor.
A herança tropicalista, claro, está toda lá, em números geniais como "Looping" e "Uma Tarde no Shopping Iguatemi". Muito da busca de Morris por uma identidade artística, também.
"5" é um disco estranhamente pop. Envolvente e cativante. Vibrante e arejado. Nada a ver com a cena underground paulista, como andaram dizendo por aí.
Todas as canções do disco -- com excessão, claro, de "Norwegian Wood", de Lennon & McCartney -- são de autoria de Morris e sua mulher, Eloísa Elena, e são muito bem resolvidas.
Fazendo (bom) uso de um velho clichê, eu diria que Dr. Morris e Os Vivos é a cara de São Paulo.
Vale uma conferida, é um trabalho bastante original.
No momento, Dr. Morris e Os Vivos estão correndo atrás de patrocinadores para viabilizar a gravação de um projeto bem mais arrojado, com 33 contos do escritor mineiro Murilo Rubião musicados.
Vários desses "contos musicados", além de números de "5", serão apresentados nessa quinta, dia 12, às 21:30 horas, na Comedoria do SESC-Santos, onde farão uma apresentação que promete ser bem inusitada, e bem dançante também.
Apareçam lá.
O ingresso mais caro custa apenas 8 reais.
Às 20 horas, uma hora antes da abertura do show, os DJs do Futuráfrica Luis Dias Lufer, Stéfanis Caiaffo e Wagner Parra cuidam das preliminares, promovendo um mini-baile afrojazzlatino.
Aliás, os primeiros que passarem na Disqueria Santos na tarde dessa quinta-feira e comprarem alguma coisa levam um par de ingressos para o show.
WEBSITE OFICIAL
http://drmorris.com.br/
ONDE COMPRAR
ONDE COMPRAR
Av Conselheiro Nébias 850, quase em frente ao Presidente
Telefone: 3232-4767
AMOSTRAS GRÁTIS
Um comentário:
Adorei sua postagem! Adorei a carteirnha da Hebraica!
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