Mike "Junior" Watson é uma das figuras mais conhecidas da cena blueseira de Los Angeles, e um dos guitarristas mais respeitados dentro do que se convencionou chamar "Wesr Coast Blues" -- um mix bem dosado do Swing do Texas com o Jump Blues de Kansas City e o Blues de Chicago.
Herdeiro musical de T-Bone Walker e Luther Tucker, Junior surgiu na cena impulsionado por seu amigo e professor Mike "Hollywood Fats" Mann, e logo se revelou um ás da guitarra capaz de passear por qualquer gênero musical, sempre com bom humor e uma levada implacável.
Foi parceiro do grande gaitista Rod Piazza durante dez anos, na primeira encarnação de sua banda, The Mighty Flyers.
Mais adiante, uniu forças ao baixista Larry Taylor e ao baterista Fito de la Parra, últimos remanescentes da formação original do Canned Heat, e juntos cunharam uma expressão sofisticada e pluralista para o tradicional boogie frenético da banda.
Atuou como sideman de bandas de amigos gaitistas como James Harman, William Clarke, Kim Wilson, Lynwood Slim, John Nemeth e Mitch Kashmar, e vem desenvolvendo um belo trabalho ao lado do excelente pianista Fred Kaplan, com quem divide a cena tanto em discos quanto gigs sempre muito elogiadas.
Como artista solo, no entanto, Junior Watson sempre deixou a desejar.
Por melhores que fossem seus discos solo, eles tinham um defeito grave: eram esporádicos demais.
Seu primeiro LP, "Long Overdue", foi gravado em 1987 para a Black Top Records, é predominantemente instrumental e funciona como um showcase impecável para o estilo de Watson, sempre econômico e espirituoso, privilegiando sua interação com seus companheiros de banda em detrimento de arrombos virtuosísticos inócuos e inoportunos.
Seu segundo disco solo só foi surgir quinze anos mais tarde, em 2002: "If I Had A Genie", gravado em parceria com o pianista Gene Taylor, tem uma levada bem diferente, é completamente descontraído, e foi gravado ao vivo no estúdio sem maiores requintes de produção.
Só agora, dez anos mais tarde, é que Junior Watson tomou coragem e achou uma brecha na sua agenda de sideman para arriscar uma terceira investida solo.
"Jumpin´ Wit Junior" reprisa, de certa forma, a parceria com seu velho parceiro Fred Kaplan, que vem desde o tempo em que tocavam nas bandas de Hollywood Fats.
Mas é um disco mais rude e mais ligeiro que "Long Overdue", gravado 25 anos atrás.
Primeiro porque os dois foram atrás daquela sonoridade clássica dos estúdios de Chicago dos anos 50 que Fred Kaplan já haviam expermentado em vários discos anteriormente -- seus e de amigos como Kim Wilson --, deixando inclusive o mix final em mono.
Segundo porque eles novamente gravaram tudo ao vivo no estúdio, sem overdubs e sem perder tempo, como se fazia antigamente, e o resultado final é deliciosamente expontâneo.
O repertório de "Jumpin´ Wit Junior" é bem suingado e segue em ritmo de festa, alternando clássicos do blues com números originais de Watson e Kaplan, e mais algumas pequenas excentricidades, como uma versão divertidíssima para o tema do seriado "Bonanza".
Enfim, que já viu Junior Watson num palco -- e ele já tocou duas vezes aqui no Brasil --, sabe perfeitamente bem do que ele é capaz.
Sabe também que ele é, ao lado de Little Charlie Baty, Jimmie Vaughan e Kid Ramos, um dos guitarristas mais safos e mais divertidos do Oeste Americano.
Sim, porque erra quem pensa que, no blues, rapidez é documento.
Não é mesmo.
Quem é rápido demais, normalmente não tem tempo de ser malicioso com seu instrumento, não consegue interagir com sua banda e passa ao largo do verdadeiro prazer de tocar esse tipo de música.
Ouçam "Jumpin´ Wit Junior" de Junior Watson e vocês vão entender o que estou falando.
Acreditem: um "twang" na sua Harmony Stratotone modelo 1963 vale mais que mil palavras.
BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/junior-watson-mn0000304962
WEBSITE PESSOAL
http://juniorwatson.com
AMOSTRAS GRÁTIS
Nenhum comentário:
Postar um comentário