O Coração da América esconde manifestações que às vezes a própria América duvida.
Que o diga The Pernice Brothers, grande banda Power Pop do interior de Massachussets, que há quase 20 anos briga por um lugar ao sol na cena mainstream, e que, mesmo com uma legião de fiéis seguidores, consegue ser mais conhecida em Londres e em Berlin do que em Nova York.
Que o diga também The Felice Brothers, grande banda do Brooklyn, NY, que mergulha com destreza e irreverência nas raízes musicais americanas, e que, mesmo já tendo gravado uma dezena de discos, e mesmo sendo considerada o equivalente atual ao clássico quinteto The Band, continua completamente desconhecida para a imensa maioria dos americanos adultos.
Tudo bem, todos sabemos que não é fácil ser independente em lugar algum.
Quem opta por esse caminho já sabe de antemão que vai enfrentar sérias dificuldades para alcançar um reconhecimento mais amplo -- e esse reconhecimento, se vier, será a longo prazo.
Pois bem: The Legal Matters é um trio de Bay City, Michigan, muito pouco conhecido fora das fronteiras de seu Estado, mas que está na chuva para se molhar.
É uma banda Power Pop clássica e classuda, com uma atitude bem menos roqueira que a de grupos como os Posies e o Superdrag, que tentam compatibilizar harmonias musicais com guitarras distorcidas.
Muito influenciados tanto pelo Teenage Fanclub quanto pelos Pernice Brothers, a musicalidade deles é deliciosamente atemporal: poderia ter sido produzida tanto em 1972 quanto em 2014, e não faria a menor diferença.
Lembram às vezes o America, outras vezes o Stealers Wheel, -- e, claro, lembram também The Pernice Brothers, uma referência quase inevitável para bandas pop americanas hoje em dia.
The Legal Matters é quase uma superbanda Power Pop, na medida em que todos os seus integrantes vem de bandas bem conhecidas na cena de Michigan.
O guitarrista Chris Richards vem do Chris Richards and the Subtractions.
O baixista Andy Reed, do grupo An American Underdog.
E o segundo guitarrista Keith Klingensmith vem dos Phenomenal Cats.
Trabalham sempre com bateristas convidados, e se autoproduzem com um senso de objetividade bastante incomum.
A média de idade dos integrantes do The Legal Matters é 45 anos, e um deles, Keith Klingensmith, é um dos pesquisadores pop mais respeitados da América -- é dono do selo Futureman Records, especializado em relançamentos de LPs pop clássicos e, claro, selo desse disco de estréia.
Todas as canções são delicadas e envolventes, e tudo soa tranquilo e extremamente bem resolvido nas composições e nas performances da banda.
Não tenho a menor dúvida de que esse álbum de estréia do The Real Matters vai, se muito, fazer alguns bons amigos e admiradores.
Mas é assim mesmo. O próximo vai fazer mais amigos. E o seguinte, mais ainda.
Anotem bem esse nome: The Legal Matters.
Não os percam de vista.
E lembrem-se: vocês ouviram aqui primeiro.
WEBSITE OFICIAL
http://www.thelegalmattersband.com/
DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/the-legal-matters-mn0003263088/discography
AMOSTRAS GRÁTIS
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