Pelo visto, 2015 vai ser o ano de Brian Wilson.
Em Junho próximo, pouco antes do início oficial do Verão, estréia nos cinemas americanos sua cinebiografia: "Love & Mercy".
Quem interpreta Brian jovem nos Anos 60, à frente dos Beach Boys, é Paul Dano.
Já John Cusack será o Brian inchado de remédios e esquizofrênico dos Anos 70 e 80, dominado por seu psiquiatra, o pilantra Dr. Eugene Landy -- interpretado no filme pelo fabuloso Paul Giamatti.
A julgar pela recepção calorosa que teve no Festival de Toronto e no Festival de Berlin, "Love & Mercy" tem grandes chances de tornar o filme adulto mais interessante do próximo verão americano.
Chega num momento em que Brian Wilson parece estar totalmente recomposto em termos artísticos e criativos do mau estar que vitimou sua carreira por quase 20 anos -- desde o malogro do projeto "Smile", de 1967, quando ele pirou, até seu ressurgimento artístico como artista solo, em 1988.
O retorno de Brian foi lento e doloroso.
O retorno de Brian foi lento e doloroso.
Em seu primeiro disco, "Brian Wilson", gravado para a Sire Records com um orçamento avantajado, onde se viu cercado de amigos e admiradores por todos os lados -- mas sob a rédea curta de seu psiquiatra o tempo todo --, Brian revelou tantas inseguranças e tamanha fragilidade em suas canções que chega a ser difícil escutá-las com prazer, apesar de serem quase todas ótimas.
Seus trabalhos seguintes, mais casuais, e já sem o Dr. Landy bufando em seu cangote, podem até ser menos expressivos. Mas são mais agradáveis aos ouvintes. Em compensação, parecem ter uma importância mais terapêutica do que artística.
Enquanto Brian melhorava, ele seguia trabalhando. Embarcou em tournées internacionais, apresentando "Pet Sounds" na íntegra com uma banda enorme. Parecia feliz. Mas só era feliz mesmo dentro de uma Zona de Conforto que ele administrava de uma maneira meio confusa. Buscava refúgio nas "sonoridades de estimação" que sempre o acolheram bem, e às quais estava acomodado.
Enquanto Brian melhorava, ele seguia trabalhando. Embarcou em tournées internacionais, apresentando "Pet Sounds" na íntegra com uma banda enorme. Parecia feliz. Mas só era feliz mesmo dentro de uma Zona de Conforto que ele administrava de uma maneira meio confusa. Buscava refúgio nas "sonoridades de estimação" que sempre o acolheram bem, e às quais estava acomodado.
Aparentemente, uma coisa vital parecia ter-se perdido de forma irremediável naquele longo processo: a capacidade de Brian Wilson ousar.
Mas, de uma hora pra outra, Brian Wilson topou voltar a trabalhar com o maestro e arranjador Van Dyke Parks, seu parceiro em "Smile", o disco de 1967 causador de todo esse trauma, o grande álbum que nunca aconteceu, sua obra prima inacabada.
Depois de brincaram em torno de vários temas novos com jeitão atemporal, a idéia de retomar "Smile" acabou surgindo naturalmente.
E então, em 2004, os dois finalmente finalizaram "Smile". Lançaram o disco. E o trauma acabou. A partir daí, a vida de Brian começou a andar para a frente novamente. E ele deu início a um ciclo de discos excelentes como "That Lucky Old Sun", seu retorno à Capitol Records depois de muitos e muitos anos de litígio, e suas homenagens "Brian Wilson Reimagines Gershwin" e "Brian Wilson In The Key Of Disney".
Até que, alguns anos adiante, em 2012, aconteceu o belíssimo retorno dos Beach Boys originais em 2002, comemorando em grande estilo os 50 anos de carreira da banda. Brian Wilson e Al Jardine voltaram a falar com Mike Love e Bruce Johnston, com quem estavam rompidos há muitos anos, e com o guitarrista Dean Marks, que havia tocado com a banda bem no início dos Anos 1960.
O disco de retorno dos Beach Boys, magnífico, se chamou "That's Why God Made The Radio". Concebido por Brian como uma espécie de Canto do Cisne para a banda, foi recebido como uma espécie de epílogo criativo para a banda, repleto de lindas novas canções de Brian e performances muito inspiradas de todos os envolvidos.
Para promovê-lo, os Beach Boys programaram uma tournée que, infelizmente, não foi muito longe, pois em pouco tempo as velhas diferenças afloraram novamente e as relações voltaram a ficar insustentáveis entre eles. Mike Love discordava do uso ostensivo do repertório do disco novo, insistia num "arroz com feijão nostálgico". Brian achava a idéia um horror, ridiculamente pequena para um projeto daquela magnitude. Ao final da primeira etapa da tournée, Brian desistiu de brigar e pediu para sair. Até porque, na sua cabeça, estava mais do que na hora de devolver os Beach Boys ao passado.
O caso é que, apesar de todas as rusgas, Brian Wilson, Al Jardine e Dean Marks, além de Blondie Champlin e Ricky Fataar, mantiveram a proximidade, e, de alguma maneira, deram continuidade ao que haviam iniciado em "That's Why God Made The Radio".
Várias dessas colaborações aparecem agora nesse surpreendente novo álbum de Brian Wilson, "No Pier Pressure", um lançamento Capitol.
Várias dessas colaborações aparecem agora nesse surpreendente novo álbum de Brian Wilson, "No Pier Pressure", um lançamento Capitol.
Don Was, de certa forma, facilitou bastante as coisas, pois estava produzindo um projeto meio maluco que envolvia Brian Wilson e Jeff Beck, entre outros artistas. Beck caiu fora, o projeto desandou e ainda havia muito tempo de estúdio disponível. Foi quando ele e Brian, além do letrista Joe Thomas, mergulharam de cabeça e finalizaram a maioria dessas canções de "No Pier Pressure".
Tem tanto canções lindíssimas quanto canções desprezíveis aqui, como de hábito nos discos de Brian -- todas emolduradas por um singelo tema de abertura (This Beautiful Day) e um tema de encerramento curioso e divertido (The Last Song).
Das cinco belas canções em que divide a cena com Al Jardine, ao menos uma delas é seguramente uma obra-prima (Whatever Happened). Tem uma segunda que chega bem perto disso, em que dividem a cena com a talentosa caipirinha Kacey Musgraves (Guess You Had To Be There).
Das cinco belas canções em que divide a cena com Al Jardine, ao menos uma delas é seguramente uma obra-prima (Whatever Happened). Tem uma segunda que chega bem perto disso, em que dividem a cena com a talentosa caipirinha Kacey Musgraves (Guess You Had To Be There).
Já o encontro de Brian com o She & Him de Zooey Deschanel e M. Ward (On The Island) é muito, muito divertido. Tente imaginar Karen Carpenter meio bêbada depois de alguns drinks coloridos num resort caribenho? É por aí...
Já a associação com o estranhíssimo Nate Ruess simplesmente não funcionou. "Saturday Night" parece um descarte daqueles álbuns bem fraquinhos que os Beach Boys gravaram nos Anos 1980 que caíram rapidamente no esquecimento -- como "Getcha Back".
Apesar de todos esses altos e baixos, é muito importante que, nesse momento em que está em plena evidência, Brian renasça artisticamente num flerte aberto com artistas de gerações mais jovens.
Apesar de todos esses altos e baixos, é muito importante que, nesse momento em que está em plena evidência, Brian renasça artisticamente num flerte aberto com artistas de gerações mais jovens.
Quem o conhecer no cinema através em "Love & Mercy", vai gostar de vê-lo assim tão jovial, modernoso e cheio de atitude nesse "No Pier Pressure"
Tudo bem que Brian sofre de Síndrome de Peter Pan desde sempre, mas nunca podemos esquecer que -- ao menos fisicamente -- ele um senhor de 73 anos de idade.
O grande valor de Brian, além de seu talento e sua força de vontade, é justamente essa sua recusa de virar um ítem de Nostalgia qualquer, como tantos outros colegas de geração.
Brian Wilson é a personificação do Endless Summer.
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AMOSTRAS GRÁTIS
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