É muito difícil tentar entender como um artista do quilate de Ron Sexsmith permanece atrelado à cena independente.
Mais difícil ainda é conseguir explicar.
Ron é um gênio pop, mestre absoluto em criar melodias marcantes, mais ou menos do mesmo naipe de Paul McCartney, Brian Wilson e Elton John.
Canadense de Toronto, já era para ele ter-se tranformado em cidadão do mundo.
Mas, misteriosamente, ele continua sendo "o cantor e compositor canadense Ron Sexsmith" para os formadores de opinião, que insistem em não ressaltar suas inúmeras virtudes artísticas, sabe-se lá porque.
De nada adiantou Elvis Costello espalhar aos quatro ventos, no início dos Anos 1990, que não havia melhor "tunesmith" no ramo do que Ron.
O fato é que, aos 30 anos de carreira, Ron permanece um ilustre desconhecido perante o grande público.
Pois Ron Sexmith está de volta com mais um disco impecável -- o 14° de sua carreira.
"Carousel One", um lançamento Compass Records, traz 16 novas canções desse mestre pop, e, acredite ou não, pelo menos metade delas ficam grudadas na nossa cabeça logo após a primeira audição.
Chega a ser impressionante que Ron consiga ser tão melódico compondo da guitarra, e não no piano -- suas canções são quentes, acolhedoras, delicadas e, ao mesmo tempo, intensas e emocionalmente inteligentes.
Ron é um storyteller que consegue combinar em suas canções influências tão diversas quanto Harry Nilsson, Tim Hardin e Ray Davies, e ainda assim soar absolutamente pessoal.
Chamar seu repertório de "silly love songs", como faziam com Paul McCartney, é quase um absurdo, tamanha a densidade de suas canções. Alguns críticos andaram fazendo isso nos últimos anos. Injustamente.
Algumas dessas novas canções de Ron Sexsmith são alegres, outras melancólicas, e outras apenas reflexivas -- sem contar que "Carousel One" traz pelo menos dois rocks bem interessantes.
O importante é que, no conjunto, essas 16 canções formam mais uma coleção de canções excepcional de Ron Sexsmith, que não vai desagradar a nenhum iniciado em sua obra e deve certamente conquistar novos aficcionados.
A produção é do especialista Jim Scott, que mantém a sonoridade de "Carousel One" despojada o suficiente para poder ressaltar todas as virtudes das canções sem recorrer a excessos nos arranjos.
Provavelmente, ainda não será ainda dessa vez que Ron Sexsmith será descoberto pelo grande público.
Mas talvez seja melhor assim.
Ron zela por seu público, não tem mais paciência para dar murros em ponta de faca e é bem-sucedido à sua maneira.
Quem precisa mais do que isso?
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