John David Souther é um príncipe da cena do bittersweet country rock californiano.
Nunca teve a projeção de seus amigos Jackson Browne e James Taylor. Não quis permanecer coadjuvante de Linda Ronstadt, sua ex-namorada e melhor intérprete, com quem gravou duetos lindíssimos. Podia ter sido um dos Eagles, mas permaneceu aguardando seu momento, que quase chegou em 1972. E quase chegou novamente em 1974. E quase chegou em 1978 e 1984, até que, endividado com gravadoras, ele cansou, e seguiu por outros caminhos.
Sumiu do mapa musical pop americano por nada menos que 25 anos.
Voltou oito anos atrás, já sessentão, com um trabalho classudo e jazzificado, totalmente diferente do que fazia antes, onde além de se reinventar como compositor, passou a explorar seu belo timbre vocal de forma ampla e inusitada, deixando no ar a pergunta:
Será que é dessa vez que a carreira musical de J. D. Souther vai finalmente deslanchar para valer?
A julgar por seu novo disco, "Tenderness" (um lançamento Sony Masterworks), credenciais não faltam para isso.
Dessa vez ele uniu forças ao grande produtor Larry Klein -- parceiro de Joni Mitchell em seus discos derradeiros --, que montou uma banda impecável com Dean Parks (guitarras), David Pilch (baixo), Jay Bellerose (bateria), Patrick Warren (teclados) e Till Bronner (trompete) para por a prova os arranjos que preparou para as novas canções de Mr. Souther.
Canções ótimas, diga-se de passagem. Algumas com um sotaque mais jazzístico, outras com um sotaque mais folk, outras mais pop -- gêneros musicais pelos quais ele trafega tranquila e delicadamente desde sempre.
O conceito do "Tenderness", que batiza o disco, vem da canção "Dance Real Slow", uma balada lindíssima, de partir o coração.
Igualmente linda é "This House", só que ainda mais intimista, e mais em sintonia com o trabalho que ele desenvolvia nos anos 1970.
"Horses In Blue" vai pelo mesmo caminho, e lembra suas inspiradíssimas colaborações com Linda Ronstadt.
E o que dizer de "Come What May", um número que já nasce com jeitão de stardard para qualquer cantor ou cantora que se habilite?
É bom lembrar que o jazz dá a luz de sua graça em várias faixas do disco. "Downtown (Before The War)" é um número intrincadíssimo, desde a composição ao arranjo.
E "Show Me What You Mean", num uptempo extremamente perigoso, como o próprio título já indica, traz a voz de Mr. Souther se entrelaçando com uma trama de piano e trompete propositadamente desalinhados, proporcionando resultados sensacionais.
E "Show Me What You Mean", num uptempo extremamente perigoso, como o próprio título já indica, traz a voz de Mr. Souther se entrelaçando com uma trama de piano e trompete propositadamente desalinhados, proporcionando resultados sensacionais.
Eu, se tiver que escolher um número favorito, fico com "Need Somebody", uma balada adoravelmente melancólica, que lembra vagamente "The Sad Cafe", dos Eagles -- mas infinitamente superior.
Como eu disse lá atrás, credenciais não faltam a John David Souther para que sua carreira decole afinal, e ele deixe de ser exclusividade de uns poucos que ainda lembram de seu início de carreira nos anos 1970, à frente do Lonesome Pennywhistle e da Souther Hillman Furay Band, e de seus notáveis primeiros discos solo.
Só nos resta torcer para que, aos 69 anos de idade, o tão esperado reconhecimento ao trabalho deste californiano da gema, requintado e talentoso, venha finalmente dessa vez.
"Tenderness" merece a sua atenção.
Não deixe esse belo disco passar desapercebido em sua vida.
Não deixe esse belo disco passar desapercebido em sua vida.
AMOSTRAS GRÁTIS
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