por Chico Marques
Não sei se é o caso de dizer que os Pretty Things são uma das bandas mais pé frio da história do rock britânico. Mas é inegável que desde que surgiram em meados dos Anos 60, em discos muito bons gravados para a DECCA Records -- que, diga-se de passagem, os contratou por recomendação de Mick Jagger e Keith Richards --, seus integrantes nunca receberam o reconhecimento merecido e, estranhamente, perderam o bonde da British Invasion, permanecendo ilustres desconhecidos para o público americano enquanto bandas inexpressivas como Gerry and the Pacemakers e The Merseybeats emplacavam um single atrás do outro nas paradas da Billboard e na Cash Box.
Não sei se é o caso de dizer que os Pretty Things são uma das bandas mais pé frio da história do rock britânico. Mas é inegável que desde que surgiram em meados dos Anos 60, em discos muito bons gravados para a DECCA Records -- que, diga-se de passagem, os contratou por recomendação de Mick Jagger e Keith Richards --, seus integrantes nunca receberam o reconhecimento merecido e, estranhamente, perderam o bonde da British Invasion, permanecendo ilustres desconhecidos para o público americano enquanto bandas inexpressivas como Gerry and the Pacemakers e The Merseybeats emplacavam um single atrás do outro nas paradas da Billboard e na Cash Box.
Sempre sob o comando da dupla Phil May e Dick Taylor, o som dos Pretty Things era meio truculento no início, calcado nos blues mais ou menos como os Rolling Stones, mais muito mais rude e autosuficientes do que Jagger e Richards conseguiam ser então. O marketing pessoal da banda era muito estranho, parecia apostar na contramão de tudo o que dava certo naquele momento. Os cabelos dos integrantes dos Pretty Things tinham que ser obrigatoriamente mais longos que os das bandas concorrentes, e a aparência deles todos nas fotos enviadas para a Imprensa era cuidadosamente desleixada.
Apesar de venderem pouco, os discos dos Pretty Things eram bons demais para ser ignorados. Daí, acabaram abraçados por segmentos do público europeu, o que fez deles uma das primeiras cult-bands de que se tem notícia. Com público cativo, ganharam autonomia artística das gravadoras por onde passaram, que -- talvez por não se interessarem muito no trabalho deles, permitiram que eles apostassem em conceitos complicados em LPs como 'Emotions" -- que trazia canções com uma levada mais R&B, onde a banda vinha acompanhada por uma orquestra --, passando pelo emblemático "S F Sorrow" -- um disco conceitual psicodélico que é considerado por alguns críticos como a "primeira ópera rock", já que foi gravado dois anos antes das investidas dos Kinks e do Who neste sub-gênero -- até chegar á obra-prima "Parachutes", um dosmelhores e mais vitais discos gravados por uma banda de rock britânico em todos os tempos.
Apesar de venderem pouco, os discos dos Pretty Things eram bons demais para ser ignorados. Daí, acabaram abraçados por segmentos do público europeu, o que fez deles uma das primeiras cult-bands de que se tem notícia. Com público cativo, ganharam autonomia artística das gravadoras por onde passaram, que -- talvez por não se interessarem muito no trabalho deles, permitiram que eles apostassem em conceitos complicados em LPs como 'Emotions" -- que trazia canções com uma levada mais R&B, onde a banda vinha acompanhada por uma orquestra --, passando pelo emblemático "S F Sorrow" -- um disco conceitual psicodélico que é considerado por alguns críticos como a "primeira ópera rock", já que foi gravado dois anos antes das investidas dos Kinks e do Who neste sub-gênero -- até chegar á obra-prima "Parachutes", um dosmelhores e mais vitais discos gravados por uma banda de rock britânico em todos os tempos.
A falta de reconhecimento de um público mais amplo, que não incomodava aos Pretty Things até a virada dos Anos 60 para os Anos 70, de repente passou a incomodar. Até os Kinks, que eram a banda mais inglesa de todas da cena da época, conseguira emplacar nos Estados Unidos. Bandas novas de heavy rock como o Led Zeppelin, o Black Sabbath e o Deep Purple saíam do anonimato direto para o estrelato internacional depois de tournées pelos Estados Unidos. Só eles, mais uma vez, estavam de fora da jogada.
Foi quando começaram a simplificar as coisas e a gravar discos menos conceituais e de apelo mais imediato, como "Freeway Madness". Resultado: acabaram contratados pelo selo Swan Song, do Led Zeppelin, juntamente com a recém-formada superbanda Bad Company, dispondo de todo o poder de fogo promocional da WEA. E então, através dos ótimos "Silk Torpedo" e "Savage Eye", a América -- e de quebra o resto do Planeta Terra -- finalmente tomou conhecimento da existência do ótimo trabalho dos já veteranos -- com dez anos de carreira nas costas -- The Pretty Things.
Foi quando começaram a simplificar as coisas e a gravar discos menos conceituais e de apelo mais imediato, como "Freeway Madness". Resultado: acabaram contratados pelo selo Swan Song, do Led Zeppelin, juntamente com a recém-formada superbanda Bad Company, dispondo de todo o poder de fogo promocional da WEA. E então, através dos ótimos "Silk Torpedo" e "Savage Eye", a América -- e de quebra o resto do Planeta Terra -- finalmente tomou conhecimento da existência do ótimo trabalho dos já veteranos -- com dez anos de carreira nas costas -- The Pretty Things.
Mas com o estrelato vieram os desentendimentos cada vez mais intensos e frequentes. Então, na virada para os Anos 80, depois de um disco de triste memória onde tentam se situar na new wave, sem sucesso, os Pretty Things encerraram atividades. Seus integrantes sumiram do mapa e permaneceram distantes da cena musical por mais de 25 anos.
Só em 2005 eles peitaram um retorno para uma tournée comemorativa de 40 anos de surgimento da banda, que tinha como função inicial apenas dar um reforço no caixa dos integrantes da banda, mas acabou crescendo muito além disso. Foi quando descobriram que o trabalho dos Pretty Things continuava relevante, e que ainda havia fogo sob as cinzas.
Daí, gravaram um bom disco de retorno, "Balboa Island", mesclando novas canções com covers de favoritos da banda. Não foi exatamente um sucesso -- nem de crítica, nem de público. Agradou aos fãs de sempre. Mas serviu para apresentar o som da banda a um novo público que era jovem demais para tê-los conhecido nos Anos 60 ou nos Anos 70.
Pois bem: este ano os Pretty Things comemoram 50 anos de carreira com uma nova tournée e um novo disco. A tournée vai ser curta, até porque a saúde de Phil May inspira cuidados. Ele sofre de complicações pulmonares seríssimas, consequência de muitos e muitos anos de "heavy smoking" e de uma vida descuidada demais.
Mas no disco novo, os Pretty Things definitivamente não negam fogo em momento algum, e brindam seus admiradores com 10 novas canções gravadas ao vivo no 811 Studios em Londres, usando equipamento analógico desde a gravação até a mixagem, e dispensando overdubs e outros truques de pós-produção cada vez mais comuns e ao alcance do orçamento de qualquer produção fonográfica.
O nome do disco é muito divertido: "The Sweet Pretty Things (Are In Bed Now, Of Course)".
É o 12º álbum de carreira da banda.
Soa um pouco como os Pretty Things nos Anos 6O e um pouco como os Pretty Things nos Anos 70. Mas a personalidade musical da banda se impõe no trabalho, fazendo com que o disco soe absolutamente moderno e absolutamente atemporal do início ao fim.
É um disco muito bem concebido e muito bem realizado. Contém 9 inéditas e um ótimo cover dos Byrds, "Renaissance Fair", numa releitura mais suja, mas com vocais tão harmoniosos quanto a versão original. É um prazer ver uma banda veterana tocando e cantando com tanto "gusto".
A única coisa que realmente incomoda um pouco em "The Sweet Pretty Things (Are In Bed Now, Of Course)" é a sensação de que este é um trabalho de despedida.
Se isso realmente proceder, vai ser uma pena.
Mas, por outro lado, ninguém vai poder acusar os Pretty Things de não terem sido relevantes, criativos e cheio de energia até o final.
Desde já, um dos melhores e mais dignos discos lançados este ano
WEBSITE OFICIAL
DISCOGRAFIA COMENTADA
AMOSTRAS GRÁTIS
Só em 2005 eles peitaram um retorno para uma tournée comemorativa de 40 anos de surgimento da banda, que tinha como função inicial apenas dar um reforço no caixa dos integrantes da banda, mas acabou crescendo muito além disso. Foi quando descobriram que o trabalho dos Pretty Things continuava relevante, e que ainda havia fogo sob as cinzas.
Daí, gravaram um bom disco de retorno, "Balboa Island", mesclando novas canções com covers de favoritos da banda. Não foi exatamente um sucesso -- nem de crítica, nem de público. Agradou aos fãs de sempre. Mas serviu para apresentar o som da banda a um novo público que era jovem demais para tê-los conhecido nos Anos 60 ou nos Anos 70.
Pois bem: este ano os Pretty Things comemoram 50 anos de carreira com uma nova tournée e um novo disco. A tournée vai ser curta, até porque a saúde de Phil May inspira cuidados. Ele sofre de complicações pulmonares seríssimas, consequência de muitos e muitos anos de "heavy smoking" e de uma vida descuidada demais.
Mas no disco novo, os Pretty Things definitivamente não negam fogo em momento algum, e brindam seus admiradores com 10 novas canções gravadas ao vivo no 811 Studios em Londres, usando equipamento analógico desde a gravação até a mixagem, e dispensando overdubs e outros truques de pós-produção cada vez mais comuns e ao alcance do orçamento de qualquer produção fonográfica.
O nome do disco é muito divertido: "The Sweet Pretty Things (Are In Bed Now, Of Course)".
É o 12º álbum de carreira da banda.
Soa um pouco como os Pretty Things nos Anos 6O e um pouco como os Pretty Things nos Anos 70. Mas a personalidade musical da banda se impõe no trabalho, fazendo com que o disco soe absolutamente moderno e absolutamente atemporal do início ao fim.
É um disco muito bem concebido e muito bem realizado. Contém 9 inéditas e um ótimo cover dos Byrds, "Renaissance Fair", numa releitura mais suja, mas com vocais tão harmoniosos quanto a versão original. É um prazer ver uma banda veterana tocando e cantando com tanto "gusto".
A única coisa que realmente incomoda um pouco em "The Sweet Pretty Things (Are In Bed Now, Of Course)" é a sensação de que este é um trabalho de despedida.
Se isso realmente proceder, vai ser uma pena.
Mas, por outro lado, ninguém vai poder acusar os Pretty Things de não terem sido relevantes, criativos e cheio de energia até o final.
Desde já, um dos melhores e mais dignos discos lançados este ano
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