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sábado, agosto 12, 2017

O ANIVERSARIANTE DESTA SEXTA É O GRANDE CANTOR E PIANISTA INGLÊS JOE JACKSON



ASSISTA LOGO ABAIXO UMA PERFORMANCE ESPETACULAR
GRAVADA NO OLYMPIA, EM PARIS, 2012,
DE JOE JACKSON E SUA GRANDE BANDA
PASSEANDO POR CLÁSSICOS
DO REPERTÓRIO DE DUKE ELLINGTON,
ALÉM DE SUCESSOS SEUS DOS ANOS 80
COMO "STEPPING OUT" E "IT'S DIFFERENT FOR GIRLS"

ENJOY...













sexta-feira, fevereiro 13, 2015

DR. JOHN VIAJA "DE VOLTA PARA O FUTURO" COM LOUIS ARMSTRONG NUMA BRINCADEIRA GENIAL


Desde que iniciou sua carreira solo no final dos Anos 60 com o estranhíssimo LP "Gris-Gris", em que misturava sonoridades primitivas de New Orleans com rock psicodélico, Dr. John nunca gravou um disco semelhante ao anterior e sempre fez de suas apostas no incerto uma espécie de profissão de fé.

Avesso a revisionismos -- e, ao mesmo tempo, um defensor feroz das tradições musicais de New Orleans --, esse pianista, arranjador, guitarrista, produtor, compositor e dublê de cantor de 73 anos de idade conseguiu criar uma obra musical extensa e completamente multifacetada, sempre desafiando classificações de qualquer espécie.


De uns anos para cá, Dr. John passou a homenagear de tempos em tempos grandes figuras do passado do jazz com discos temáticos onde temas clássicos ganham roupagens inusitadas.

Fez isso em 1999 em 'Duke Elegant", uma abordagem modernosa e eloquente ao universo musical de Duke Ellington. 

Repetiu a dose em 2006 com o grande compositor Johnny Mercer num passeio nada convencional por algumas de suas canções em 'Mercenary".

E agora, eis que Dr. John decide homenagear Louis Armstrong, ressaltando tudo o que sua música tem de moderno e atual.

O resultado é simplesmente magnífico.


"Ske Dat De Dat: The Spirit Of Satch" (um lançamento Concord Records) é exatamente isso que diz o subtítulo: fiel ao espírito sempre inovador e popular da música de Louis Armstrong.

Partindo desse enfoque, Dr. John mergulha de cabeça no repertório clássico de Satchmo prestando reverência apenas ao que ele tem de grandioso, sempre buscando para essas velhas canções roupagens atemporais em abordagens musicais de extremo bom gosto.

Parte do sucesso dessa empreitada artística pode ser creditada à maneira absolutamente criativa com que ele combinou músicos de jazz da Cidade de New Orleans com artistas de gospel, blues e pop.

Logo na abertura levamos um tapa na cara com uma versão uptempo suingadíssima para "What A Wonderful World" em que ele divide a cena com o grupo vocal The Blind Boys Of Alabama. 

Daí em diante, é uma surpresa atrás da outra.

"Mack The Knife" vira um groove espetacular, lembrando um pouco as gravações clássicas dos Meters, mas incluindo no pacote elementos díspares como o saxofone de Terence Blanchard e um rap de Mike Ladd que fala sobre a "Opera dos Três Vinténs" de Bertold Brecht e Kurt Weill, da qual ela faz parte -- e o mais impressionante é que Dr. John consegue fazer com que essas peças todas se encaixem com perfeição.

"Tight Like This", que vem logo a seguir, está quase irreconhecível: ganhou elementos musicais Afro-Cuban deliciosos,  contrapondo de forma brilhante o trumpete de Arturo Sandoval com as intervenções da rapper cubana Telmary Diaz.

Mas então, entra "I've Got The World On A String" numa levada bem bluesy, com ele e Bonnie Raitt dividindo os vocais -- e partir daí não há mais estranhamento nenhum: pode vir o que vier, pois já estamos completamente rendidos e embalados pelo pluralismo musical irresistível desse grande Mestre da Música do Deep South americano.


Dr. John fez questão de chamar para participar desse LP alguns dos maiores trumpetistas da cena atual: James Andrews, Nicholas Payton, Wendell Brunious, além dos já mencionados Terrence Blanchard e Arturo Sandoval. 

Fez isso na esperança de que eles conseguissem imprimir no disco meio que pela contramão, um pouco da influência que Louis Armstrong possa ter exercido no desenvolvimento de seus estilos -- e acertou na mosca.

"Ske Dat De Dat: The Spirit Of Satch" é um trabalho superlativo em todos os sentidos, prova inquestionável da grandeza musical avassaladora de Dr. John Mac Rebbaneck.

Eu confesso que nunca imaginei ouvir uma releitura tão ousada e tão contagiante para "Sometimes I Feel Like A Motherless Child" quanto a que o cantor Anthony Hamilton preparou para esse disco.

E que maneira deliciosa de encerrar com 'When You're Smiling", reunindo todos os trumpetistas convidados para soprar forte, todos juntos. 

Dá até para imaginar o velho Satchmo com seu sorrido largo em algum canto do estúdio se deliciando com tanta farra e tanto carinho.

Doutor, parabéns mais uma vez. 

Você é demais!




AMOSTRAS GRÁTIS

terça-feira, julho 17, 2012

O NOVO DISCO DE JOE JACKSON REDIMENSIONA O FABULOSO LEGADO DE DUKE ELLINGTON


Nos dias de hoje, quem vê Elvis Costello se desdobrando em diversas frentes musicais -- ora gravando um disco de jazz para a Verve Records, ora gravando música erudita para a Deutsche Grammophon, ou então simplesmente oscilando entre o pop classudo de Burt Bacharach, o rock rasgado de sua banda, The Imposters, e flertes com country music ao lado de T-Bone Burnett -- não imagina que, muito antes dele, e fazendo muito menos barulho que ele, um outro artista de sua geração já havia percorrido todos esses caminhos -- de forma muito mais inusitada.

Esse artista é o cantor, pianista e saxofonista inglês Joe Jackson.

Jackson, para quem não lembra direito, foi uma das forças emergentes mais vitais da cena pós-punk inglesa, ao lado de Costello, Graham Parker, Dave Edmunds, Nick Lowe, The Clash e The Pretenders. À frente de um quarteto rápido e rasteiro, ele brilhou em uma sequência impecável de LPs bem desaforados e até hoje muito divertidos de se ouvir: "Look Sharp", "I´m The Man" e "Beat Crazy"

Mas assim que sentiu que a efervecência do pós-punk estava se dissipando, Joe Jackson deixou sua banda de lado e passou a perseguir um projeto musical pop muito requintado, com raízes no cancioneiro clássico americano e no jazz, mas também com um pé nos conceitos pop de seu amigo Thomas Dolby.

Nessa brincadeira, surgiram "Night & Day" e "Body & Soul", dois discos deliciosos e extremamente bem sucedidos comercialmente, onde Joe Jackson explora todas as vocações musicais que tinha até então, e mais algumas.



Pois bem: quase 30 anos se passaram desde então.

De lá para cá, Jackson seguiu explorando novas vocações musicais, criando trilhas sonoras para filmes, sinfonias jazzísticas e peças um tanto quanto idiossincráticas, sem jamais fazer concessões e seguindo firme num projeto artístico que cada vez mais se distanciava de seu trabalho mais consagrado, cujo valor -- tudo indicava a essa altura do campeonato --só iria ser devidamente reconhecido depois que ele morresse ou se aposentasse.

Mas nada disso foi necessário, felizmente.

Depois do retorno triunfal de seu quarteto original dos anos 70 para gravar um ótimo disco de estúdio e uma tournée que resultou num álbum ao vivo espetacular, Jackson parece estar empenhado em não permitir mais que seus projetos musical falem línguas diferentes das que ele já testou no passado, e menos ainda que sejam esnobados por seus velhos fãs.



"For Duke", seu novo trabalho, é um triunfo artístico assombroso.

Partindo do pressuposto de que Duke Ellington nunca teve uma atitude reverente em relação aos arranjos mais conhecidos de seus números clássicos, e sempre tratou de reinventar esse repertório das mais diversas maneiras possíveis, Joe saiu em busca de uma maneira original e pessoal para abordar o universo ellingtoniano.

E achou, sem dificuldades.

Sua primeira providência foi retirar todos os metais dos arranjos de Ellington e substituí-los por teclados e guitarras, para depois reinventar os andamentos e dar ao repertório um toque bem "lush", com climas musicais oscilando entre o cocktail bar, clubes de jazz e cabarets pós-modernos -- tudo isso sem jamais diluir os originais, ou sufocá-los com arranjos mal dimensionados.

Muitos jazzófilos mais tradicionalistas torceram o nariz para "For Duke".

Acharam o que Jackson fez uma heresia musical, e um desrespeito pára com Ellington.

Mas não é não.

É um trabalho ousado, corajoso, extremamente intrincado, que reúne num mesmo conceito musical músicos de naturezas muito diferentes -- como Iggy Pop e Sharon Jones, o guitarrista Steve Vai, o contrabaixista Christian McBride, a violinista Regina Carter e até a cantora brasileira Lilian Vieira, que faz uma releitura para "Perdido" que é quase um sambinha.

E, cá entre nós, eu que achava a versão que os Neville Brothers fizeram 20 e poucos anos atrás para "Caravan" um achado musical, fiquei completamente boquiaberto com a diversidade de idiomas culturais e musicais que Joe Jackson conseguiu afluir para sua releitura desse clássico ellingtoniano.

"For Duke" é um triunfo que é porque Joe Jackson partiu do presuposto de que Ellington jamais se importaria que a essência de sua música servisse de ponto de partida para investigações pessoais de outros artistas de naturezas diferentes da dele, e mergulhou fundo.

Ouça com carinho e deixe-se envolver, pois vale a pena.

Você provavelmente ficará espantado não só com as possibilidades que o universo ellingtoniano oferece, mas também com o altíssimo gabarito dos arranjos e das investidas musicais regidas por Jackson.

A este bravo príncipe punk que perdeu deliberadamente o caminho de casa e vagou sem rumo muito claro por exílios os mais diversos por tantos anos -- mas jamais irá admitir isso, até porque "angry young men" como ele não costumam ter vocação para filho pródigo --, minhas saudações:

Benvindo de volta, Mr. Jackson, estávamos com saudades.



BIO-DISCOGRAFIA
 http://www.allmusic.com/artist/joe-jackson-mn0000784732

WEBSITE OFICIAL
 http://joejackson.com/

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