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quarta-feira, março 14, 2018

QUINCY JONES: GRANDE ARRANJADOR, GRANDE PRODUTOR, E UM DOS ARTISTAS MAIS ECLÉTICOS DOS ÚLTIMOS... 85 ANOS




PARA CELEBRAR O ANIVERSÁRIO DE 85 ANOS
DO FABULOSO COMPOSITOR, ARRANJADOR E PRODUTOR
QUINCY DELIGHT JONES JR,
RESGATAMOS UM DOCUMENTÁRIO SOBRE ELE
RODADO EM 1990 PARA A HBO
INTITULADO "LISTEN UP - THE LIVES OF QUINCY JONES"
QUE É SIMPLESMENTE SENSACIONAL.

ENJOY...





sexta-feira, maio 26, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTE SEXTA É SIMPLESMENTE O MAIOR JAZZMAN DE TODOS OS TEMPOS NO PLANETA TERRA


CELEBRAMOS O ANIVERSÁRIO
DO MAIOR ARTISTA DE JAZZ
EM TODOS OS TEMPOS
RESGATANDO PERFORMANCES AO VIVO
DE CINCO MOMENTOS BEM DISTINTOS
DE SUA LONGA CARREIRA
GRAVADOS ENTRE 1964 E 1991

ENJOY...










segunda-feira, março 16, 2015

ARETHA FRANKLIN E CLIVE DAVIS SE REÚNEM EM MAIS UM DISCO COMERCIALMENTE CERTEIRO E ARTISTICAMENTE DUVIDOSO


Sempre que Clive Davis e Aretha Franklin se encontram, é tiro e queda: a carreira dela imediatamente volta a ser rentável financeiramente.

Claro que o custo artístico desse resgate é sempre bastante alto, mas isso faz parte do jogo -- e é sempre o reflexo de um primeiro momento, pois logo mais adiante qualidade artística e orientação mercadológica acabam se encontrando e chegando a um acordo.

A primeira vez que Clive e Aretha se encontraram foi no início dos anos 1980.

Aretha estava em baixa. 

Vinha de uma série de LPs com vendagem muito baixa na Atlantic, que, por sua vez, se negou a renovar seu contrato. 

A gota d'água havia sido um disco chamado "La Diva" (1979), produzido por Van McCoy, que tentava situá-la, sem sucesso, na cena disco.


Na ocasião, Clive Davis era proprietário da Arista Records. 

Pois ele a contratou em 1982 na bacia das almas -- ela estava há quase dois anos sem contrato -- e passou a supervisionar sua carreira bem de perto.

Chamou Luther Vandross para assumir como produtor de um disco novo para Aretha, com a missão de deixar tirá-la da década de 1970 e fazer com que sua música encontrasse o tom dos Anos 1980. 

Injetou uma verba considerável na produção, e dessa brincadeira nasceu "Jump To It", um disco mais eficaz do que propriamente bom, que emplacou forte nas paradas da época.

Deu no que deu: a carreira de Aretha renasceu nos Anos 80.

E ela voltou a faturar milhões, ainda que em discos de qualidade meio duvidosa, com repertório sempre irregular e produção quase sempre inadequada -- culpa do escandaloso Narada Michael Walden --, um milhão de milhas distante dos grandes discos que ela gravou na Atlantic sob a batuta de Jerry Wexler, Arif Mardin, Tom Dowd e Quincy Jones nos Anos 1960 e 1970.

Mas ao menos essa virada serviu para sintonizar Aretha com o que acontecia de mais moderno na cena rhythm and blues.

O ápice dessa série de discos foi, sem dúvida, "A Rose Is Still A Rose", de 1997, um trabalho moderno e ousado onde ela se afirmou em definitivo como a Diva Absoluta da cena R&B do Fim de Século, com o repertório e os produtores certos pela primeira vez em muitos anos.


Só que de lá para cá, muita coisa desandou em sua carreira.

Aretha se envolveu em processos judiciais complicados.

Depois teve problemas de saúde bastante complicados.

Por último, sua carreira entrou num declive perigoso e ela acabou ficando à deriva do mercado. 

Quando voltou, tentou virar artista independente, e quebrou a cara em dois discos que só seus fãs mais ferrenhos sabem que existem.

Daí, o jeito foi recorrer novamente a Clive Davis para resgatar sua carreira.



"Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics" é seu 38 LP de estúdio, e marca sua volta triunfal à Arista Records.

É uma superprodução concebida como uma homenagem a outras Divas, veteranas ou não, que sejam dignas de uma reverência prestada pela Primeira Dama da Soul Music.

Entre as Divas homenageadas, temos tanto as veteranas Barbra Streisand, Etta James, Dinah Washington, Chaka Khan e Gladys Knight quanto novas Divas que ela considera relevantes, como Alicia Keys, Adele e Sinead O'Connor.

Não é um disco à altura do que Aretha já produziu de melhor.

Na verdade, é mais um daqueles discos criados a partir de uma reunião no Departamento de Projetos Especiais da gravadora, empacotados na medida certa para faturar e à prova de riscos.

Apesar da voz de Aretha já não ter mais o mesmo alcance de antes -- convenhamos, ninguém chega aos 70 anos impunemente --, ela tira o repertório de letra.

Infelizmente, suas releituras de clássicos como "Midnight Train To Georgia", de Gladys Knight, ou "I'm Every Woman", de Chaka Khan, soam redundantes e desnecessárias.

Em baladas lentas como "At Last", de Etta James, ou "People", de Barbra Streisand, os resultados são um pouco melhores, mas, mesmo assim, essas releituras estão longe de ser relevantes".

Para ser franco, existem apenas duas releituras relevantes em 
"Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics".

A primeira é de "At Night", de Alicia Keys, que virou um reggae perigosíssimo, onde Aretha mostra toda a exuberância de sua voz e todo o perigo que ainda existe por trás de suas investidas vocais.

E a segunda é "Nothing Compares 2U", de Sinead O'Connor, que virou um tema jazz em uptempo irreconhecível. mas intenso, cativante e brilhante...

Se você achar que duas grandes gravações justificam a compra desse novo disco de Aretha Franklin, vá em frente.



"Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics" é seu primeiro álbum em 15 anos a ser produzido por Clive Davis, que o considera "pura e simplesmente sensacional", insistindo que Aretha "está pegando fogo e no topo de seus poderes como cantora".

Clive disse ainda que "é emocionante ver uma artista como ela ainda mostrando o caminho, ainda provocando arrepios na espinha, ainda demonstrando que o que a música contemporânea precisa agora ainda é a voz... e que voz!

Exageros à parte, dá para se divertir com "Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics"

Não é o canto do cisne de Lady Soul -- que provavelmente tenha sido "A Rose Is Still A Rose" -- mas é um trabalho simpático.

Eu, que evitei ouvir o disco nos 4 ou 5 meses que separam esse comentário do seu lançamento -- com medo de me decepcionar, pois gosto muito de Aretha Franklin --, confesso que estou aliviado.








AMOSTRAS GRÁTIS

terça-feira, setembro 25, 2012

TOOTS THIELEMANS COMPLETA 90 ANOS COM PLENOS PODERES SOBRE SUA ARTE


Toots Thielemans completou 90 anos este ano de gloriosos serviços prestados ao jazz, e, acreditem ou não, segue em plena atividade artística, em tournée pelo mundo.

Esse belga admirável, que nunca pretendeu ser músico -- mas que, a partir da Segunda Guerra Mundial, acabou virando um dos maiores jazzistas que a Europa já produziu --, começou na guitarra, alternando o estilo mamouche de Django Reinhardt com a guitarra eletrificada de Charlie Christian, e vez ou outra acrescentando a seus temas solos de assovio sensacionais, absolutamente inimitáveis.

Quando a Guerra acabou, saiu procurando trabalho nos clubes noturnos de Paris, e logo encontrou. Pouco a pouco, foi conhecendo músicos de bebop americanos e europeus de passagem pela cidade, e participando de jams e gigs variadas. Até que um dia foi convidado para integrar a banda de Benny Goodman, onde trabalhou lado a lado com o grande saxofonista tenor Zoot Sims. Juntos, os dois iriam integrar no ano seguinte o Charlie Parker's All Stars, com Milt Jackson e o jovem Miles Davis.

Seu maior sucesso solo foi "Bluesette", de 1962, um número de guitarra e assovio magnífico, que quase todo mundo conhece, mas não imagina que seja dele. Por uma razão muito simples|: o Toots Thielemans que conhecemos é o fantástico gaitista, que conseguiu transformar a harmonica num instrumento de jazz por excelência.

São raros os músicos brasileiros que não tenham tido o privilégio de contracenar com Toots Thielemans nesses últimos 40 anos.

Toots já é uma espécie de brasileiro honorário, com parcerias constantes com Sivuca, Ivan Lins e muitos outros que resultaram numa simbiose musical com o Velho Continente que começou em 1970, num disco muito bonito gravado ao lado de Elis Regina, pouco conhecido por aqui, mas que serviu para apresentá-la ao mercado europeu na época.

Sua carreira como gaitista nunca seguiu qualquer padrão de linearidade.

Deixou o jazz por alguns anos para se dedicar a compor jingles, depois passou a compor trilhas sonoras para filmes, e retomou sua carreira somo jazzista por um viés mais pop, através de participações em LPs crossover de Quincy Jones.

Desde então, tem-se mantido exemplarmente ativo, tanto em discos de jazz quanto fazendo participações em discos de artistas pop, e ainda partindo para experiências musicais inusitadas, como o duo Word Of Mouth, onde contracenou com o saudoso baixista Jaco Pastorious.



Neste ano, várias antologias dos mais de 60 anos de carreira de Toots Thielemans estão chegando ao mercado, todas impecáveis e irresistíveis. Mas nenhuma delas tem o apelo de "90 Yrs",  cd e dvd ao vivo recém-lançados, onde contracena com seu chiquérrimo European Quartet.

Aqui, Toots está completamente à vontade, passeando por vários gêneros musicais, com uma delicadeza assombrosa e um bom gosto musical que chega a assustar. Não há grandes surpresas no repertório. Mas suas reinterpretações altamente climáticas de números que há muitos anos compõem seu repertório, apresentadas dessa vez sem virtuosismos, são no mínimo desconcertantes, de tão lindas.

Desde a abertura com 'Waltz For Sonny", até o encerramento com a adorável "Old Friends", Toots passeia com sua harmonica por um repertório transcontinental, onde há espaço tanto para Tom Jobim ("Wave", "One Note Samba") quanto para Paul Simon ("I Do It For Your Love") e Louis Armstrong ("What A Wonderful World").

É difícil definir até onde vai o ecletismo musical de Toots nesse "90 Yrs", mas o caso é que, a essa altura do campeonato, isso não tem mais a a menor importância.

Bem vindos a um recital espetacular de um artista inigualável.



BIO-DISCOGRAFIA

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AMOSTRAS GRÁTIS

terça-feira, maio 17, 2011

QUANDO COMPOSITORES VIRAM ARRANJADORES, QUE SE TRANSFORMAM EM PRODUTORES, E DEPOIS SE TORNAM ARTISTAS SOLO (por Chico Marques)


Semana passada, Burt Bacharach completou 83 anos de idade.

Para quem não sabe, foi ele quem inaugurou bem no início dos anos 1960 a tendência (hoje vista com naturalidade) do compositor pop ser também o arranjador e às vezes até o produtor dos artistas que cantam suas canções. Antes de Bacharach, os compositores trabalhavam horas e horas em novas canções e as entregavam às editoras musicais das gravadoras, que, por sua vez, faziam o que bem entendiam com elas, sem jamais consultar o compositor sobre o destino de sua obra.

Bacharach foi tão bem sucedido no comando dessas múltiplas funções que a tendência virou febre. De uma hora para outra, todos os segmentos musicais populares nos Estados Unidos concluíram que, para manter a cena da música gravada sempre revitalizada, a salvação da lavoura seria incentivar constantemente a ascensão desses jovens candidatos a gênios pop aos postos de comando na produção dos artistas contratados pelas gravadoras.


Por alguns poucos anos, isso funcionou dentro das regras estipuladas pelos Capitães da Indústria Fonográfica. Mas então, quando perceberam que estavam com a faca e o queijo na mão, esses jovens artistas que nunca se sentiram confortáveis como funcionários de gravadoras, resolveram que estava na hora de virar a mesa, chutar o pau da barraca e tornarem-se produtores independentes.

Burt Bacharach mais uma vez saiu na frente de todos os outros. Por volta de 1966, ele se desvinculou dos compromissos do dia a dia e passou a escolher com quem queria trabalhar. É dessa época sua parceria vitoriosa com Dionne Warwicke, numa seqüência memorável de singles vitoriosos. Paralelo a isso, passou a escrever música para o cinema e para a Broadway, e a gravar seus próprios discos para a independente A&M Records, do amigo Herb Alpert e Jerry Moss, trabalhando com cantores convidados e controle criativo total. Direto para o Olimpo Pop, sem escalas.


Pois bem: Booker T. Jones e Todd Rundgren não tiveram o prazer de pertencer a essa aristogracia de compositores, arranjadores, maestros e produtores pop como Burt Bacharach, Jimmy Webb e Quincy Jones. Mas conseguiram – Booker na soul music e Todd no pop e no rock experimental – imprimir suas personalidades musicais em praticamente todos os projetos em que se envolveram aos longo dos últimos 45, 50 anos. Seja como artistas solo ou como arranjadores e produtores.


Booker T Jones nasceu num ghetto em Memphis, Tennessee, em 1943. Pianista e organista de talento natural, conseguiu a duras penas estudar música na Universidade de Indiana. Mas não aguentou ficar muito tempo por lá, pois era arrimo de família. Bem no início dos anos 1960, voltou para Memphis e aceitou um emprego nos pequenos Estúdios Stax como arranjador e músico. Rapidamente ganhou reconhecimento internacional à frente da banda da casa Booker T & The MG´s com singles instrumentais como “Green Onions” e "Soul Limbo".

O sucesso estrondoso do Booker T & The MG´s foi emblemático naqueles tempos de luta pelos direitos civis. Composta por dois negros – Booker T no órgão e Al Jackson na bateria – e dois brancos – Steve Cropper na guitarra e Donald “Duck” Dunn no baixo –, o Booker T & The MG´s não só reinventou a música instrumental dançante do sul dos Estados Unidos como também forneceu a moldura musical para a recém-nascida soul music de Memphis, nos discos seminais de Wilson Pickett, Otis Redding, Carla Thomas e vários outros. Era difícil acreditar que toda aquela genialidade musical do time de músicos da Stax brotasse a toque de caixa e em horário comercial, mas era a pura verdade.


Booker T & The MG´s permaneceu ativo e frequentando o topo das paradas ao longo dos anos 60, enquanto Booker T. Jones e Steve Cropper se escolavam como produtores. No início dos anos 1970, no entanto, cada um foi cuidar de sua vida. Booker T Jones encerrou sua longa associação com a Stax e assinou como artista solo com a A&M Records, onde iniciou uma parceria com sua então mulher, Priscilla Coolidge. Paralelo a isso, passou a atuar como produtor independente com bastante frequência. Foi o responsável, entre muitas outras coisas, pela sonoridade crossover dos discos de standards de Willie Nelson, na série iniciada com “Stardust”. De tempos em tempos, só para sentir o gostinho da estrada, Booker T Jones convocava seus velhos perceiros Cropper & Dunn para atualizar o som do Booker T & The MGs e saíam por aí atuando como banda de apoio de Bob Dylan e de Neil Young. Seus discos solo -- todos muito bons, alguns deles vencedores de Grammies -- revelaram algo insuspeito: além de ser o organista mais festejado da cena pop da América, ele também sabia cantar. E bem.


“The Road From Memphis” é seu LP mais recente. É um trabalho impecável, onde as sonoridades e o swing pedestre de Memphis se integram a todas as vertentes musicais da música negra americana com uma organicidade impressionante. Abrilhantado por participações especiais de Sharon Jones, Matt Berninger (The National) e Yim Yames (My Morning Jacket), “The Road From Memphis” é uma aula de maturidade musical e um atestado de 50 anos de excelentes serviços prestados à música popular. O destaque vai para “The Bronx”, a faixa de encerramento -- uma parceria brilhante com Lou Reed que desperta uma vontade insuspeita de ouvir o LP inteiro novamente. Parafraseando o saudoso Ezequiel Neves, é um disco perfeito para ouvir enquanto se faz faxina na casa. Embala na medida certa, oscilando entre o soul modernoso e o soul atemporal. Se isso não é maturidade musical, eu não sei mais o que é.


Já Todd Rundgren é um caso semelhante, ainda que num universo musical totalmente diferente. Nascido em 1948 na Philadelphia, ele apareceu em 1968 à frente do curioso grupo Nazz, que mesclava sunshine pop, rock psicodélico de San Francisco e uma atitude londrina. Seria apenas uma banda a mais tentando um lugar ao sol se não fosse pela excelência das composições de Todd – em particular, “Hello It´s Me”, sucesso na época, que chamou a atenção do empresário de Bob Dylan, Albert Grossman. Grossman contratou Todd para seu recém-nascido selo Bearsville mesmo sem saber como fazer com que seus múltiplos talentos coubessem num disco. Na dúvida, permitia que ele experimentasse todas as idéias musicais que viesse na sua cabeça, e depois os dois definiam em comum acordo como montar os LPs..

Dessa brincadeira saíram álbuns estranhos e multifacetados como “The Ballad Of Todd Rundgren”, “Something Anything” e “A Wizard, A True Star”, que, mesmo desafiando definições e classificações de mercado, eram aclamados pelo público, em parte pelo sucesso estrondoso de singles como “I Saw The Light”, “It Couldn´t Have Made Any Difference” e “We Gotta Get You a Woman”. Ninguém sabia dizer se Todd Rundgren era um artista de rock, de pop ou de música progressiva. Mas, por outro lado, ninguém se importava muito com essas definições. E ele seguiu em frente, sempre experimentando sonoridades diferentes, em discos que nunca custavam muito caro e eram sempre rentáveis. Paralelamente a isso, Todd fazia parte do grupo pop progressivo Utopia, e ainda deixou sua marca como produtor em discos que marcaram época, como “We´re An American Band” e “Shinin On” do Grand Funk Railroad e, claro, o inesquecível álbum de estréia dos New York Dolls.


Mas então chegaram os anos 1980, que exigiam definição de mercado para todo tipo de música o que era lançada, e Todd Rundgren se viu numa encruzilhada. Entre tornar sua música previsível e se render às armadilhas da Indústria Fonográfica e seguir adiante com seus experimentos musicais numa cena independente ainda bastante insipiente, ele optou pela segunda alternativa. Montou um estúdio no Hawaii, onde sobreviveu confortavelmente como produtor, e, de tempos em tempos, gravava algum disco, sempre fora dos padrões habituais, apresentando sua produção mais recente. Suas tournées continuaram concorridas e seus LPs clássicos foram reeditados pela Rhino e nunca deixaram de vender bem.


E agora, para surpresa geral, ele está de volta com um LP curioso: “Johnson”, uma homenagem ao centenário de nascimento de Robert Johnson, com 12 releituras pouco ou nada reverentes de algumas de suas canções mais emblemáticas. Convenhamos: um disco de Todd Rundgren homenageando Robert Johnson soa em princípio tão inadequado quanto um disco de Lulu Santos cantando Cartola. Mas, estranhamente, "Johnson" funciona bem. Foi feito por encomenda para a gravadora e editora que detém atualmente a exclusividade dos direitos da obra de Robert Johnson, mas estranhamente não possui fonogramas com esse material gravado -- e Todd providenciou para que tivesse. Com certeza, não vai agradar aos fãs mais ardorosos do legado musical de Robert Johnson. Mas, vencida a resistência inicial, confesso que não vi nada de errado com a homenagem de Todd. Pelo contrário: são versões muito enxutas e urgentes, com uma sonoridade muito clara e muito pesada, e uma carga dramática sempre muito intensa. É um projeto bem realizado, ocasionalmente brilhante, e que não ofende a memória de Robert Johnson. Para quem está acostumado com as idiossincrasias de Todd Rundgren, nada disso é motivo de espanto.


Booker T Jones e Todd Rundgren são artistas populares e produtores musicais de linhagens muito diferentes. Booker é sério até demais. Todd é completamente maluco. Ambos guardam em comum o mesmo senso aventuresco, o mesmo inconformismo com regras mercadológicas que sufocam a criatividade dos artistas, e a mesma autosuficiência de quem está em cena há quase 50 anos.

Nunca fizeram questão de ser aristocratas pop como Burt Bacharach e Jimmy Webb. Mas também nunca apostaram baixo. Nunca apostaram no certo. E nunca fizeram cara feia quando tiveram que correr riscos.

Até porque Booker T Jones, lá em Memphis, e Todd Rundgren, no Hawaii, sabem muito bem que no dia em que não houver mais risco algum a correr no seu métier, é sinal de que o jogo acabou para eles.

Convenhamos: a julgar por seus novos Lps, ainda é cedo pra vestir o pijama e ir pra cama.

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BOOKER T JONES
DISCOGRAFIA, FOTOS E ENTREVISTAS

http://altoeclaro.blogspot.com/2011/05/senhoras-e-senhores-booker-t-jones.html

TODD RUNDGREN
DISCOGRAFIA, FOTOS E ENTREVISTAS

http://altoeclaro.blogspot.com/2011/05/senhoras-e-senhores-todd-rundgren.html

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HIGHLIGHTS
BOOKER T JONES - "The Road From Memphis"








HIGHLIGHTS
TODD RUNDGREN - "Johnson"