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quinta-feira, julho 23, 2015

RICKIE LEE JONES ACERTA AS CONTAS COM O PASSADO EM "THE OTHER SIDE OF DESIRE"


Quando Rickie Lee Jones surgiu, bem no finalzinho do Segundo Tempo da década de 70, foi um acontecimento e tanto no meio musical americano. 

A Indústria Fonográfica anunciava o ocaso da Era dos Cantores-Compositores -- que Elvis Costello maldosamente chamava de "The Fuck-Me-I'm-So-Sensitive School Of Songwriting" -- em que artistas homens como Jackson Browne, James Taylor, John-David Souther, Gram Parsons, Eric Kaz e Jack Tempchin, entre outros, brilharam intensamente na Cena de Los Angeles, ofuscando Carole King, Carly Simon, Karla Bonoff, Wendy Waldman, Valerie Carter...

Foi uma época estranha, em que surgia uma nova cantora a cada semana no mercado musical. Essas cantoras, curiosamente, preferiam se abastecer de canções de compositores do que de compositoras. Uma olhada rápida nos "fornecedores" de Linda Ronstadt, Bonnie Raitt e Emmylou Harris já deixa isso bem claro. O tom era o do "bittersweet", que acabou virando nomenclatura para a música produzida na época, como se fosse uma espécie de ressaca do Sunshine Pop da segunda metade dos Anos 60.
Rickie Lee Jones chegou atropelando tudo isso. E chegou forte, abençoada pela então dupla de produtores Lenny Waronker e Russ Titelman, que davam as cartas no Departamento Artístico da Warner Bros Records, e que não mediram esforços para rechear seu disco de estréia com a nata da nata da cena musical americana sob contrato com a gravadora. 

Suas credenciais pareciam meio duvidosas, já que ela era namorada de Tom Waits na época -- e ninguém jamais namora com Tom Waits impunemente. Mas bastou seu disco chegar às lojas em 1979 e as pessoas começarem a prestar atenção no que havia naqueles sulcos para ficar claro que desde Joni Mitchell e Laura Nyro não se via uma cantora-compositora tão talentosa e tão original.

Em suas canções, Rickie Lee Jones alternava um jeitão bem moleque de rua com uma femininidade cheia de atitude, uma combinação que nenhuma compositora havia tentado antes. Em números suingados como "Chuck E's In Love", "Weasel and The White Boys Cool", "Danny's All-Star Joint", "Easy Money" e "Coolsville", ela sempre se coloca como "um dos rapazes", em aventuras com apelo literário beat fortíssimo. Já nas baladas ela alterna uma melancolia intensa -- "Company", "On Saturday Afternoons in 1963" -- com um instinto de fêmea avassalador na road-song feminina definitiva "The Last Chance Texaco" -- com metáforas sexuais tão truculentas que Emmylou Harris adorou mas não teve coragem de gravar na época -- ou na intensa "Night Train".
Então, em 1981, no lançamento do segundo disco, "Pirates", quando todos imaginavam que Rickie Lee não iria ter fôlego artístico para repetir a dose do disco de estréia, eis que ela surpreende com um disco melhor e mais intenso ainda que o primeiro: mais focado nas relações amorosas, menos moleque, além de musicalmente mais coeso, já que conta com uma mesma banda, comandada por seu marido, o guitarrista Sal Bernardi, em todas as faixas. 

As duas canções que abrem o disco -- "We Belong Together" e "Living It Up" -- são crônicas bem dramáticas de amores boêmios, e mesclam elementos de toda a tradição literária, cinematográfica e musical das artes americanas, com resultados magníficos. A seguir, vem 'Skeletons", uma pequena obra-prima pop que conta a história trágica de Bird, um cara do bem que é morto acidentalmente pela polícia enquanto leva a mulher grávida para o Hospital em alta velocidade. Uma canção lindíssima. Triste ao extremo. Tudo isso remete ao mesmo universo temático de Tom Waits. Mas, visto pela ótica de uma mulher, esse universo temático fica ainda maior e mais interessante.

E então, no terceiro disco, "Magazine" (1984), Rickie Lee volta com uma musicalidade mais "slick", sem a dramaticidade de "Pirates", e surpreende mais uma vez com uma nova sequência de grandes canções. Para então, em seu quarto disco, "Flying Cowboys", embarcar numa aventura musical bem mais complexa, com o suporte do amigo Walter Becker, do Steely Dan. 

Desde então, seus discos com material próprio começaram a ficar mais e mais experimentais, com flertes abertos com música eletrônica e temas pouco comuns a seu universo musical. Ficaram mais cerebrais, e perderam o frescor moleque que Rickie Lee ostentava em seu início de carreira. Para manter o interesse das gravadoras por onde passou, ela tratou de alternar seus discos de inéditas com discos de covers que tinham apelo mais imediato perante seu público. 

Só que cinco anos atrás, ele teve que enfrentar a dura realidade: estava diante de um beco sem saída artístico. 

Não conseguia mais compor. 

Não sabia que rumo dar a sua carreira. 

E, pior de tudo, não sabia como voltar ao que era antes..  
"The Other Side Of Desire" (um lançamento Thirty Tigers) é seu primeiro disco de inéditas em seis anos, e o primeiro desde que mudou de mala e cuia para New Orleans em 2012. Essa mudança foi providencial, pois, na tentativa de absorver um pouco da musicalidade e da herança cultural da cidade, Rickie Lee reencontrou consigo própria, num repertório novo repleto de canções delicadas e extremamente melodiosas inspiradas em sua filha, que já é uma mulher, e em seu falecido pai, com quem ela tinha uma relação meio atrapalhada. 

Não são canções confessionais. Longe disso. São exercícios de imaginação livre, sem as pretenções literárias de seu trabalho anterior, "Balm Of Gilead", mas nem por isso menos densos. Sua aparente leveza é mais um disfarce que qualquer outra coisa.

Um detalhe interessante em "The Other Side of Desire" é que ela voltou a trabalhar com uma banda de verdade, deixando samplers e drum loops um pouco de lado. Muito da leveza musical do disco é consequência direta disso. Com Doug Belote na bateria e Lenny Castro na percussão, mais o baixo acústico de James Singleton, tanto o Hammond B3 de Jon Cleary quanto o piano Wurlitzer de David Torkanowsky ganham relevo todo especial nos arranjos, promovendo molduras adequadíssimas para essas canções. 

Não deixa de ser curioso Rickie Lee Jones conseguir reaver todo o frescor musical que marcou seu início de carreira, devidamente amadurecido pelo tempo, justo agora que acaba de comemorar 60 anos de idade. 

Sintomaticamente, ela parece hoje mais jovial do que nos últimos 25 anos.
O título do disco "The Other Side Of Desire" remete diretamente a "Christmas In New Orleans", uma das canções do disco, em que Rickie Lee convoca, à moda de Charles Dickens, os fantasmas de sua vida para que se reúnam ao redor de uma lareira para esquentar as mãos e usufruir do calor que emana "do outro lado do desejo".

Desnecessário lembrar que Desire é também o nome de um bairro de New Orleans, onde se passa a famosa peça de Tennessee Williams, cuja personagem principal, Blanche Dubois, parece passear por várias faixas desse novo disco de Rickie Lee Jones.

Sendo assim, sejam bem-vindos ao outro lado do desejo em companhia dessa anfitriã adorável que, aos sessenta anos de idade, continua com a mesma cara de menina levada.

Rickie Lee, voce é irresistível.
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terça-feira, novembro 06, 2012

RICKIE LEE JONES PASSEIA POR CANÇÕES ALHEIAS E SE REINVENTA MAIS UMA VEZ


É comum ver cantores e compositores lançando discos de covers de tempos em tempos por motivos estratégicos e oportunistas.

Convenhamos: é sempre muito mais fácil vender um disco assim. A maioria das canções escolhidas já são conhecidas, e essas releituras tem entrada facilitada nas programações das rádios adultas.

Além do mais, discos de covers são sempre saídas honrosas para qualquer artista em crise criativa ou em final de contrato com uma gravadora, pois a gravadora raramente reclama desse tipo de disco e o artista não pode guardar suas novas canções para seu disco de estréia na sua próxima gravadora.

Nenhuma dessas regras oportunistas, no entanto, se aplica a Rickie Lee Jones,. garota de Chicago que circulou por toda a América até aparecer ao lado do namorado Tom Waits no disco "Foreign Affairs" (1977) a convite de seus amigos de infância Lenny Waronker e Russ Titelman.



Desde o momento em que apareceu com seu disco de estréia em 1979, Rickie Lee causou um frisson impressionante na cena musical. O que dizer de uma cantora e compositora com a sensibilidade de Joni Mitchell e a atitude de um moleque de rua? Ela era inclassificável, e tirou proveito disso emplacando discos originalíssimos na sequência de seu trabalho de estréia, sem jamais se deixar engolir pelo mainstream -- mas tirando, sempre que possível, bom proveito dele.

Bom, mas como estava dizendo, Rickie Lee vem gravando há quase 30 anos discos de covers, um a cada dez anos, e nenhum deles tem perfil.oportunista. Muito pelo contrário, são discos em que ela mergulha fundo em suas lembranças, seus anos de formação artística e sua alma inquiete.

O primeiro disco de covers que ela gravou, "Girl At Her Volcano" (1983) é de uma delicadeza aterradora. Uma combinação eclética de canções de várias épocas, num contexto dramático e que dava uma nova dimensão á sua persona artística.

O segundo, "Pop Pop" (1991), já tem um tom mais jazzístico e uma seleção de canções que alterna canções dos anos 40 e 50 com clássicos da psicodelia como "Up From The Skies", de Jimi Hendrix.

Já o terceiro, "It´s Like This", tem uma sonoridade um pouco mais soul que o habitual, mas a origem do repertório é novamente muito eclética. o resultado final, no entanto, é extremamente coeso.


E agora, eis que Rickie Lee retorna com mais uma aventura musical muito pessoal com repertório alheio.

Em "The Devil You Know", ela volta a trabalhar com Ben Harper como produtor, e juntos eles desenvolveram arranjos bem "no osso" -- piano e baixo, violão e baixo, coisas assim -- sobre um repertório bastante conhecido, que ganhou feições inteiramente novas em releituras muito inusitadas.

O disco abre com uma versão intimista, quase uterina, para Sympathy For The Devil" -- sem percussão, sem explosões, trabalhando uma espécie de catarse interna. Segue com a versão mais delicada e inocente já gravada para "Only Love Can Break Your Heart", de Neil Young. Um pouco adiante, temos uma versão voz e piano quase inacreditável para "The Weight", clássico de Ronnie Robertson e do The Band, E por aí vai. Tudo muito simples, e muito incomum.

Eu confesso que fiquei completamente cativado pela sua interpretação de "Play With Fire", dos Stones, com um tom desamparado e, ao mesmo tempo, perigosíssimo, que dá a dimensão exata do poder de fogo de Rickie Lee como intérprete.

Além disso, ela escolheu duas canções que fazem parte do disco 'Every Picture Tells A Story", de Rod Stewart: "Reason To Believe", de Tm hardin, e "Seems Like A Long Time" de Ted Anderson. Tanto uma quanto a outra seguem leituras bem menos vibrantes que as de Rod, mas são muito mais eloquentes e verdadeiras.

E não pára por aí. "The Devil You Know" tem algumas outras surpresas a ser descobertas. Canções de Donovan, Van Morrison, Ben Harper, etc.

Eu, no entanto, prefiro encerrar por aqui.



Apesar de ser um disco de covers, "The Devil You Know" está longe de ser um disco de apelo fácil.

Nenhum disco de Rickie Lee Jones gravado nos últimos 20 anos tem apelo fácil.

Muita gente vai chegar com as reclamações de sempre: de que seu trabalho está cerebral demais, jovial de menos, climático demais, urgente de menos...

Eu, na condição de admirador quase incondicional do trabalho de Rickie Lee Jones, não tenho nenhuma observação a fazer. Achei o disco ótimo, intenso, certamente o melhor dos 4 discos de covers que ela já gravou. Torço sinceramente para que venham outros.

Quanto ao fato dela insistir em trabalhos que não possuem apelo imediato ao longo desses últimos 20 anos, não há muito o que dizer. Joni Mitchell e Laura Nyro também promoveram viradas radicais em determinados pontos de suas carreiras, e o tempo provou que elas estavam no rumo certo. As chances de Rickie Lee estar também na rota certa não são pequenas.

Enfim, nada melhor que o passar do tempo para dar as perspectivas histórica e artística certas para essas coisas que nem sempre estão estampadas bem na cara da gente.


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terça-feira, maio 22, 2012

LADIES AND GENTLEMEN, THIS IS TOM JONES!


Eu admiro Tom Jones desde menino.

Adorava seu programa de TV “This Is Tom Jones”, cheio de convidados muito especiais, que ia ao ar pela TV Record por volta de 1970. Não perdia um. Lembro bem do dia em que vi Ray Charles cantando lá. Se bem que lembro também de uns cantores bem cafonas -- como Engelbert Humperdinck e Caterina Valente -- que batiam o ponto por lá.

Os anos foram passando e, conforme fui crescendo, fui percebendo que, apesar de seu talento, Tom Jones era quase tão cafona quanto a maioria dos seus convidados, e que os arranjos da orquestra que o acompanhava eram de gosto altamente dicutível.

Custei a entender como alguém com uma voz tão espetacular quanto a dele podia escolher tão mal seu repertório, alternando verdadeiras aberrações como “Delilah” e “Help Yourself” com números espetaculares como “She´s a Lady” e “It´s Not Unusual”.

Mais alguns anos se passaram, e vi Tom Jones indo direto para o fundo do poço, virando cantor country em discos deploráveis e cada vez mais prisioneiro da cena artística decadente de Las Vegas.


A partir dos anos 90, no entanto, Tom Jones cansou daquilo tudo, voltou para a Inglaterra e começou a flertar com o pop mais modernoso feito por lá, saindo em em busca do lugar ao sol na cena musical que, até palavra em contrário, era seu por direito. 

Primeiro com aquela gravação espetacular de "Kiss", de Prince, com o pessoal do Art Of Noise, que sacodiu as pistas de dança do mundo inteiro. 

E depois, com o magnífico álbum de duetos "Reload!", onde desfila um repertório bem moderno e contracena com grandes estrelas do rock e do pop, num verdadeiro triunfo artístico.

De lá para cá, ele vem gravando um disco melhor que o outro, sempre agradando crítica e público, e resgatando a dignidade de sua carreira a olhos vistos.


“Spirit In the Room”, recém-lançado, é o disco mais despojado de Tom Jones em toda a sua carreira.

Produzido por Ethan Johns, oscila entre o folk e o gospel em números sempre levados no violão ou na guitarra com uma base rítmica bem simplificada.

É curioso constatar o quanto Tom Jones demonstra estar à vontade nesse contexto -- justo ele, habituado a disparar seu vozeirão sobre instrumentações exageradas.

“Spirit In the Room” abre com uma versão delicadíssima para “Tower Of Song”, de Leonard Cohen, simplesmente de arrepiar, 

E o que vem a seguir é impressionante: canções nada óbvias -- e escolhidas a dedo -- dos songbooks de Paul McCartney, Paul Simon, Richard Thompson, Joe Henry e Tom Waits, uma mais linda e sob medida para sua voz que a outra.

Tom Jones está atualmente com 72 anos de idade, e a 2 anos de completar 50 anos de carreira. Continua cantando muito bem, e sua voz não parece dar sinais de cansaço -- se bem que muito do exibicionismo vocal que ele ostentava em sua juventude parece estar totalmente fora de questão no seu trabalho atual, sempre pautado com muita sensatez pelo "menos é mais".

"Spirit In The Room" faz para a carreira de Tom Jones algo semelhante ao que a série "American Recordings" -- produzida "no osso" por Rick Rubin -- fez por Johnny Cash. Não é um projeto tão radical -- mas é tão intenso quanto, e fornece a dimensão real da sua grandeza artística.

Escutem a gravação que ele fez para o blues "Soul Of A Man", de Blind Willie Johnson, e me digam se esse bravo senhor galês de um metro e meio de altura não canta como um gigante?

Vida longa a Mr. Tom Jones!



INFO:
http://www.allmusic.com/artist/tom-jones-p13357/biography

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quinta-feira, maio 03, 2012

TOM WAITS DEIXA OS TRABALHOS CONCEITUAIS DE LADO E VOLTA COM UM ALBUM FULMINANTE




Confesso que cansei dos excessos que Tom Waits andou cometendo em seus muitos discos conceituais lançados nos últimos 25 anos.

Não que não fossem bons discos.

Pelo contrário: eram trabalhos audaciosos, cada um à sua maneira.

Densos e complexos. e sempre de digestão bastante difícil.

Como se isso não bastasse, seus lançamentos mais recentes – a antologia tripla “Orphans: Brawlers, Bawlers and Bastards” e o álbum duplo ao vivo “Glitter And Doom” – submetiam seus fãs a verdadeiras provas de resistência, com horas e mais horas de música corrida de alto gabarito, mas um tanto quanto cansativa.

Convenhamos: até o fã mais diehard de Waits deve ter fugido dele nesses últimos tempos, assustado com o tom cada mais vez mais idiossincrático de sua produção

E o pior é que quanto mais ele se afastava de sua persona clássica, esboçada em álbuns nunca menos que espetaculares para a Asylum Records nos anos 70, mais ele deixava saudades – ainda mais por nunca ter saído de cena ao longo de todos esses anos.

Pois não é que, no finalzinho do ano passado, atendendo às preces de seus velhos fãs, Tom Waits apareceu com um novo disco nada conceitual, repleto de canções novas e muito intensas, onde resgata toda uma musicalidade bem variada que havia deixado para trás em troca daquele estranho mix de blues com Kurt Weill que tomou conta de seu trabalho de “Frank´s Wild Years” para cá?


“Bad As Me” é uma bênção.

Uma coleção de canções curtas, muito divertidas, onde Waits incorpora diversas personas diferentes, reinventando sua voz das mais diversas maneiras.

A desconcertante faixa de abertura, “Chicago” -- com trumpetes e harmônicas cuspindo fogo sobre uma percussão violenta e uma base de banjos e guitarras bem distorcidas -- já dá uma noção bem clara da doideira que vem pela frente.

Daí em diante, tem de tudo: desde números de rockabilly como “Get Lost” e baladas folk como “Face To The Highway”, até blues rasgados como “Raised Right Man” e coisas inclassificáveis como a faixa título, onde resgata sua paixão musical por Screamin´ Jay Hawkins.

“Bad As Me” traz de volta todo o elenco habitual dos discos recentes de Waits, com destaque para os amigos Keith Richards – com quem faz um belo dueto em “Last Leaf” -- e Charlie Musselwhite, que passeia com sua harmonica poderosíssima por todo o LP.


É um trabalho incomum, deliberadamente fragmentado, mas com uma coesão que remete a clássicos de sua discografia como “Heartattack And Vine”, “Foreign Affairs” e “Small Change”.

Verdade seja dita: desde “Mule Variations” (1999) ele não surgia com um album tão bom e tão acessível.

Querem um conselho? Ouçam logo “Bad As Me”, essa nova viagem musical pelos becos e inferninhos da América promovida por Tom Waits.

Não façam como eu, que levei três meses para tomar coragem para ouvir este ótimo disco.


INFO:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/biography

DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/discography

WEBSITE OFICIAL:
http://www.tomwaits.com/

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