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quarta-feira, julho 26, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA QUARTA E NINGUÉM MENOS QUE O PAI DO LUCAS


SUA MAJESTADE SATÂNICA BRENDA
(apelido dado por Keith Richards)
ACABA DE COMPLETAR 74 ANOS
E NÓS AQUI COMEMORAMOS
RESGATANDO OS TAPES PERDIDOS
DA APRESENTAÇÃO DOS ROLLING STONES
NO FESTIVAL DE MONTREUX,
NA SUÍÇA, EM 1972.

ENJOY...














sexta-feira, outubro 30, 2015

2 OU 3 COISAS SOBRE "CROSSEYED HEART", NOVO LP SOLO DO SOUL SURVIVOR KEITH RICHARDS

por Chico Marques


Depois de um mês escutando quase diariamente o novo disco de Keith Richards, "Crosseyed Heart", e já sabendo de antemão que seria impossível para mim escrever uma resenha empírica sobre ele, decidi partir para a louvação mesmo. 

A verdade é que eu adorei "Crosseyed Heart". Presumo que todos os que conheçam bem o trabalho de Keith tenham adorado o disco também. Tudo é completamente familiar da primeira à última faixa. O surpreendente aqui não é o conteúdo do disco. E sim a atitude na hora de executar as canções. 

É uma pena que os Rolling Stones não tenham mais saco nem para gravar novos discos de estúdio -- o último, "A Bigger Bang", já tem onze anos de idade --, nem para trabalhar de forma tão francamente descomplicada quanto a escolhida por Keith nesse disco.



Quando Keith Richards brigou feio com Mick Jagger 30 anos atrás, na ocasião da gravação do LP "Dirty Work", alegando que os Stones precisavam urgentemente cair na estrada para continuar sendo relevantes como banda -- e Mick bateu o pé e discordou --, não havia mais futuro possível para os Rolling Stones naquele momento. 

Havia uma clara situação de rompimento entre os dois. Tanto que gravaram suas partes em "Dirty Work" em horários alternados, sem olhar na cara um do outro. Só não se separaram porque a banda é, antes de mais nada, uma empresa muito rentável, e desmontá-la naquele momento seria uma operação muito complicada. 

Foi quando Keith decidiu dar um tapa na cara com luvas de pelica em Mick, reunindo um grupo de artistas que admirava e montando uma banda com eles, The X-Pensive Winos, para em seguida cair na estrada e -- heresia das heresias! -- gravar dois discos -- "Talk Is Cheap" (1988) e "Main Offender" (1992) -- que, apesar de serem tecnicamente discos solo, eram nitidamente discos de banda.

E essa banda não era The Rolling Stones.



Mick Jagger já tinha três discos solo até então. 

Todos eles meio frios, orientados por produtores, e gravados com o apoio de músicos de estúdio altamente profissionais, mas que em momento algum suam a camisa. 

Não havia nesses discos o menor vestígio daquele vigor que só o trabalho de uma banda de verdade pode proporcionar, e Jagger sabia bem disso, tanto que morreu de ciúmes da atitude de Keith. 

No final das contas, teve que dar o braço a torcer. 

E então, os Rolling Stones voltaram com um disco sensacional em 1989 -- "Steel Wheels" -- e uma tournée espetacular a reboque do disco. 

Foi a última com Bill Wyman no baixo, que deixou a banda por ter desenvolvido pânico de aviões, mas preferiu alegar não suportar mais o estilo de vida de seus velhos parceiros.



Apesar de Keith Richards contar com o apoio de vários X-Pensive Winos -- Steve Jordan, Waddy Wachtel, Ivan Neville, Sarah Dash -- na maioria da faixas de "Crosseyed Heart", não estamos diante de um disco de banda como nas duas vezes anteriores. 

De certa forma, esse talvez seja o primeiro disco solo de verdade de Keith. 

Ao invés de uma banda, dessa vez ele está cercado de músicos amigos. 

Os sopros derradeiros de seu velho comparsa Bobby Keys, por exemplo, estão registrados aqui, em "Crosseyed Heart".

A sempre adorável Norah Jones também faz uma participação muito delicada nessas sessões de gravação.



O momento atual é completamente diferente do vivido por Keith Richards nos Anos 80. 

O futuro dos Stones não parece ser mais uma preocupação em sua vida. 

As tournées que antes promoviam discos novos agora promovem o programa de relançamento da discografia original dos Stones, repletas de bonus tracks e com remasterização supervisionada por Keith e Mick. 

Dizem as boas e as más línguas que vários supostos leftovers da banda da década de 1970 incluídos nestes relançamentos foram na verdade compostos recentemente e fajutados como canções clássicas.

Mick e Keith não dizem que sim, nem que não.



Enfim, "Crosseyed Heart" é um disco com a cara de Keith Richards. 

Que revela um artista multifacetado em toda a sua plenitude, mas que sempre usou -- e, pelo visto, sempre vai usar --  o blues como via de acesso a todas as linguagens musicais que lhe interessam. 

Melhor indicativo disso do que o repertório absolutamente eclético desse disco, impossível. 

Tem desde uma releitura linda de "Goodnight Irene" de Leadbelly até uma curiosa gravação do reggae "Love Overdue" de Gregory Isaacs, passando por baladas magníficas -- “Suspicious”, “Just a Gift”, “Illusion” -- e por rocks impecáveis -- “Trouble”, “Amnesia”, “Something for Nothing”, “Substantial Damage”, “Heartstopper” --, além de alguns blues e outros números que, de tão híbridos, chegam a ser difíceis de classificar. 

Rola de tudo nas 15 faixas de "Crosseyed Heart". E é tudo um imenso prazer. E não poderia ser diferente em se tratando de um soul survivor como Keith Richards. 

Acreditem: ninguém ostenta um coração vesgo assim, à toa.



WEBSITE PESSOAL 

DISCOGRAFIA COMENTADA

AMOSTRAS GRÁTIS










quarta-feira, novembro 05, 2014

MARIANNE FAITHFULL DÁ ADEUS À AMARGURA EM SEU NOVO LP "GIVE MY LOVE TO LONDON"


Marianne Faithfull é um caso complicado.

Linda e muito popular em 1964, quando ganhou o mundo com o compacto “As Tears Go By”, de Mick Jagger & Keith Richards, ela conseguiu impor através de sua voz frágil e docemente ríspida um padrão novo e original que, de tão pessoal, poucas cantoras ousaram tentar seguir na época.

Extremamente bem sucedida a princípio, foi terrivelmente prejudicada por seu casamento turbulento com Mick Jagger, por suas pretensões como atriz e, last but not least, pela dependência de heroína e pelas constantes tentativas de suicídio.

Demorou muito para Marianne perceber que nada daquilo tudo apontava para lugar algum.

Foi quando tentou retomar sua carreira musical.

Em vão.


Passou a primeira metade dos anos 1970 num limbo artístico muito cruel.

Só conseguiu achar foco para seu carreira ao se reinventar por completo, já em plena era punk, com o LP “Broken English” -- certamente o trabalho mais contundente de uma cantora-compositora inglesa naquela período.

Daí em diante, encontrou um público fedelíssimo que nunca mais iria abandoná-la.

Mergulhou de cabeça no repertório de Kurt Weill em “20th Century Blues”, e gravou vários LPs alternando canções próprias com outras de seus amigos Tom Waits e Nick Cave.

Seis anos atrás, recuperada de uma mastectomia, topou fazer “Easy Come Easy Go”, um álbum de covers com duetos para acabar com todos os outros álbuns de covers com duetos -- onde contracenou com amigos como Antony, Rufus Wainwright, Nick Cave, e até Keith Richards.

Ano retrasado, voltou, com um LP mais inusitado ainda. “Horses & High Heels” inteiramente gravado em New Orleans com os jovens músicos do excelente grupo Lower 911, e o resultado foi desconcertante e inusitado, contrapondo a abordagem musical sombria de Marianne com o frescor musical desses jovens músicos.


Agora, ela está de volta com "Give My Love To London", uma álbum de extremos emocionais, segundo ela própria, produzido brilhantemente por Rob Ellis e Dimitri Tikovo e mixado por Flood, produtor do U2.

E mais uma vez, Marianne reúne em torno dela convidados estelares com canções escritas especialmente para ela: Nick Cave, Brian Eno, Roger Waters, Anna Calvi, Steve Earle e Tom McRae, todas perefeitamente adequadas a ela.

É um LP belíssimo, de uma delicadeza absoluta.

Se no seu disco anterior Marianne nos brindou com uma releitura lindíssima de "Going Back", de Carole King e Gerry Goffin, aqui ela reinventa de forma magnífica o clássico dos Everly Brothers "The Price Of Love", acrescentando à canção uma densidade existencial que ela nunca sonhou ter antes.

E tem uma versão tão dilacerada e contundente de "I Get Along Without You Very Well" de Hoagy Carmichael que deixa a versão clássica de Billie Holiday no chinelo.

Para completar, suas novas composições são todas ótimas, provas irrefutáveis de que ela, com o passar dos anos, conseguiu tornar-se uma compositora de mão cheia.

Em praticamente todas elas, Marianne promove um resgate emocional intenso e extremamente verdadeiro.


Marianne Faithfull está com 68 anos de idade.

A cada disco que lança, ela não cansa de nos surpreender positivamente.

Já foi ao Inferno e voltou algumas vezes, sempre encarnando uma Ofélia junkie que possui todas as características de uma personagem trágica,

Menos uma:

Insiste em permanecer viva, ativa, e bem.


WEBSITE OFICIAL
http://mariannefaithfullofficial.tumblr.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/marianne-faithfull-mn0000651107/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

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quinta-feira, maio 03, 2012

TOM WAITS DEIXA OS TRABALHOS CONCEITUAIS DE LADO E VOLTA COM UM ALBUM FULMINANTE




Confesso que cansei dos excessos que Tom Waits andou cometendo em seus muitos discos conceituais lançados nos últimos 25 anos.

Não que não fossem bons discos.

Pelo contrário: eram trabalhos audaciosos, cada um à sua maneira.

Densos e complexos. e sempre de digestão bastante difícil.

Como se isso não bastasse, seus lançamentos mais recentes – a antologia tripla “Orphans: Brawlers, Bawlers and Bastards” e o álbum duplo ao vivo “Glitter And Doom” – submetiam seus fãs a verdadeiras provas de resistência, com horas e mais horas de música corrida de alto gabarito, mas um tanto quanto cansativa.

Convenhamos: até o fã mais diehard de Waits deve ter fugido dele nesses últimos tempos, assustado com o tom cada mais vez mais idiossincrático de sua produção

E o pior é que quanto mais ele se afastava de sua persona clássica, esboçada em álbuns nunca menos que espetaculares para a Asylum Records nos anos 70, mais ele deixava saudades – ainda mais por nunca ter saído de cena ao longo de todos esses anos.

Pois não é que, no finalzinho do ano passado, atendendo às preces de seus velhos fãs, Tom Waits apareceu com um novo disco nada conceitual, repleto de canções novas e muito intensas, onde resgata toda uma musicalidade bem variada que havia deixado para trás em troca daquele estranho mix de blues com Kurt Weill que tomou conta de seu trabalho de “Frank´s Wild Years” para cá?


“Bad As Me” é uma bênção.

Uma coleção de canções curtas, muito divertidas, onde Waits incorpora diversas personas diferentes, reinventando sua voz das mais diversas maneiras.

A desconcertante faixa de abertura, “Chicago” -- com trumpetes e harmônicas cuspindo fogo sobre uma percussão violenta e uma base de banjos e guitarras bem distorcidas -- já dá uma noção bem clara da doideira que vem pela frente.

Daí em diante, tem de tudo: desde números de rockabilly como “Get Lost” e baladas folk como “Face To The Highway”, até blues rasgados como “Raised Right Man” e coisas inclassificáveis como a faixa título, onde resgata sua paixão musical por Screamin´ Jay Hawkins.

“Bad As Me” traz de volta todo o elenco habitual dos discos recentes de Waits, com destaque para os amigos Keith Richards – com quem faz um belo dueto em “Last Leaf” -- e Charlie Musselwhite, que passeia com sua harmonica poderosíssima por todo o LP.


É um trabalho incomum, deliberadamente fragmentado, mas com uma coesão que remete a clássicos de sua discografia como “Heartattack And Vine”, “Foreign Affairs” e “Small Change”.

Verdade seja dita: desde “Mule Variations” (1999) ele não surgia com um album tão bom e tão acessível.

Querem um conselho? Ouçam logo “Bad As Me”, essa nova viagem musical pelos becos e inferninhos da América promovida por Tom Waits.

Não façam como eu, que levei três meses para tomar coragem para ouvir este ótimo disco.


INFO:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/biography

DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/discography

WEBSITE OFICIAL:
http://www.tomwaits.com/

AMOSTRAS GRÁTIS:

quinta-feira, maio 26, 2011

SENHORAS E SENHORES... MARIANNE FAITHFULL


“Meu pai foi um espião inglês na Segunda Guerra e nunca foi pego pelos alemães. Eu o vi pela última vez aos 6 anos de idade. Depois disso, nunca mais tive notícias dele, mudou de identidade e desapareceu pelo mundo. Dizem que meu filho é muito parecido com ele. Mesmo não tendo podido conviver muito com meu pai, torço para que tenha tido uma vida boa.”


“Viver com Mick Jagger era muito movimentado. Ele costumava dirigir um Bentley comigo ao lado e levava o fotógrafo Michael Cooper no banco de trás. Michael era uma espécie de fotógrafo da corte dos Rolling Stones. Tenho muitas fotos desses passeios. Mick e eu não éramos pessoas muito divertidas um com o outro, mas até que tivemos momentos bem legais. Foi uma parceria bastante criativa.”


“É verdade que Keith Richards e eu passamos uma noite juntos quando soubemos que Mick Jagger e Anita Pallenberg estavam tendo um romance às escondidas. Foi uma atitude de retaliação. Mais adiante, descobrimos que estávamos apaixonados e aí tivemos um romance de verdade, mas não durou muito, éramos todos muito selvagens naquela época. Eu amo muito Keith até hoje e fiquei feliz em ler na sua autobiografia as coisas carinhosas que disse a meu respeito. Somos grandes amigos.”


“Minha vida mudou completamente desde que deixei de beber e usar drogas. Felizmente meu instinto de auto-sabotagem parece estar desativado há já uns bons anos.”


“Eu consegui chegar a bons termos com meu passado turbulento. Tudo o que acontecia ao meu redor eu levava de forma pessoal, e acabava me machucando com isso. Era muito insegura. Vivia na defensiva. Hoje eu não me importo mais com nada disso. Depois de ter ficado face a face com a morte, descobri que a vida é uma dádiva.”



LPS MARIANNE FAITHFULL
Come My Way (1964)
Marianne Faithfull (1965)
Go Away From My World (1965)
North Country Maid (1966)
Faithfull Forever (1966)
Love In A Mist (1967)
Dreaming My Dreams (1969)
Faithless (1978)
Broken English (1979)
Dangerous Acquaintances (1981)
A Child´s Adventure (1983)
Summer Nights (1984)
Music For The Millions (1985)
Strange Weather (1987)
Blazing Away (1990)
A Secret Life (1995)
20th Century Blues (1997)
Weill: The Seven Deadly Sins (1998)
Vagabond Ways (1999)
Kissin' Time (2002)
Before The Poison (2005)
Easy Come Easy Go (2008)
Horses and High Heels (2011)

WEBSITE OFICIAL
http://www.mariannefaithfull.org.uk/