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sexta-feira, setembro 15, 2017

PACOTEIRA MUSICAL DE FIM DE SEMANA: WILLIE NELSON + LUKAS NELSON, STEVE EARLE + JUSTIN TOWNES EARLE, E JEFF TWEEDY - SEU FILHO SPENCER TWEEDY

por Chico Marques


Muita gente acha que é fácil para filhos de artistas populares famosos seguir a mesma carreira dos pais.

Isso é um engano.

Se por um lado, um sobrenome famoso ajuda numa primeira investida no mercado, por outro lado a cobrança do público é sempre muito mais intensa sobre artistas que vem na esteira dos pais.

São raros os que conseguem virar figuras relevantes na cena artística, e mais raros ainda os que conseguem terminar ainda mais respeitados que seus próprios pais.

Nesta semana, escolhemos discos de pais muito conhecidos e filhos muito talentosos que seguem em busca de um lugar ao sol na cena musical.

De quebra, trazemos também um álbum solo e acústico de um band-leader famoso que trabalha frequentemente com seu filho -- que no momento prepara sua estreia solo --, mas que dessa vez optou por dispensá-lo.

Vamos a eles:


WILLIE NELSON
GOD'S PROBLEM CHILD
(Sony Legacy)

Willie Nelson é um homem de 84 anos de idade que insiste em seguir desafiando as limitações que a idade e o tempo imprimem na vida da gente. Permanece na estrada por todos os cantos da América com sua road-band The Family, segue gravando dois ou três discos por ano, continua fumando maconha constantemente e faz questão de não negar fogo sempre que é assediado por alguma fã bonitona e carinhosa -- afinal, estar com 84 anos não é sinônimo de estar morto. Mas Willie também flerta constantemente com sua própria mortalidade, e embarca neste flerte sempre com uma ironia fina e um senso de humor implacável. É bem isso que rola nas sete canções assinadas por ele nesse seu estupendo novo trabalho "God's Problem Child", certamente seu melhor LP desde "Heartland" (1993). Tem jeitão de disco de despedida, como se fosse morrer amanhã, pois além de passar a limpo uma vida inteira de aventuras errantes e malcriações eventuais, ainda tenta negociar uma prorrogação para o jogo que ainda segue rolando. Mas o astral da empreitada está longe de ser baixo. As canções de terceiros escolhidas por Willie para completar o repertório do disco se encaixam perfeitamente no tema principal e ainda recebe participações-surpresa de amigos de uma vida inteira como o roqueiro dos pântanos Tony Joe White e o já saudoso Duque de Oklahoma Leon Russell em sua derradeira gravação. Com mais de 60 anos de carreira pelas costas, Willie Nelson continua o mesmo "cowboy fora da lei". Sua cabeleira ruiva ficou completamente branca, sua voz está um pouco mais cansada que nos anos anteriores e sua agenda de estrada está menos tumultuada e mais confortável do que era antes. Fora isso, Willie segue fazendo o que quer, do jeito que quer e quando quer, sempre guiado por sua até agora infalível "sabedoria cósmica". É um verdadeiro original americano. Merecia um cantinho só para ele, Bob Dylan, John Lee Hooker e Muddy Waters no Monte Rushmore.







LUKAS NELSON AND PROMISE OF THE REAL
LUKAS NELSON AND PROMISE OF THE REAL
(Fantasy)

Lukas Nelson tem muito mais a ver com seu pai Willie Nelson do que aparenta à primeira vista e à primeira audição. As vozes dos dois são parecidas, as canções despachadas de Lukas lembram alguns clássicos de seu pai, e o jeito de vida cigano dois dois é muito semelhante. E mesmo não sendo um intérprete e um compositor com personalidade musical tão bem definida e tão marcante quanto seu pai, Lukas está longe de fazer feio. Sem contar que é um anfitrião musical impecável à frente do Promise Of The Real, uma banda preguiçosa e cativante que passeia por vários gêneros musicais ignorando fronteiras musicais. Não é à toa que qualquer músico, de qualquer gênero, fica rapidamente à vontade no palco ao lado deles. Com mais de 10 LPs lançados -- contando com os dois gravados com Neil Young --, este aqui é o primeiro disco de Lukas Nelson & Promise Of the Real com um padrão de produção superior. Pode parecer bobagem, mas para uma banda com o perfil musical deles seria muito fácil naufragar nas mãos de um produtor inadequado. Felizmente, eles se saem bem nessa prova de fogo, deitando e rolando em 12 canções deliciosas e muito divertidas, numa levada musical descompromissada que alguns chamam de "psychedelic americana". Seja como for, é um disco delicioso, papai está orgulhoso -- ele toca guitarra na balada "Just Outside of Austin" -- e, no final das contas, é isso o que realmente importa. Em outras palavras: divirtam-se!






STEVE EARLE AND THE DUKES
SO YOU WANNABE AN OUTLAW
(Warner Bros)

Quando Steve Earle estreou em 1986 com "Guitar Town", o movimento “outlaw”  criado por insatisfeitos de Nashville -- Waylon Jennings, Willie Nelson, Jessie Colter, Billy Joe Shaver, e ainda Johnny Cash e Kris Kristofferson -- que foram buscar base em Austin, no Texas, já estava em declínio, até porque Nashville havia se rendido a seu anti-conservadorismo. Mas seu legado híbrido, iconoclasta e inortodoxo está presente em praticamente todas as faixas de "Guitar Town". Pois bem: agora chegou a vez de Steve Earle prestar uma homenagem ainda mais explícita a eles. Reativou sua velha banda de country-rock The Dukes e preparou 12 números originais deliciosos, que remetem diretamente aos ideais dos "Insurgentes de Nashville" e também ao som urgente e rasgado de seu início de carreira. O resultado é simplesmente. Traz Steve Earle devidamente rejuvenecido, rapaginado e com o vigor de um menino. Vista seu chapéu de cowboy, xingue seu vizinho e divirta-se com "So You Wannabe An Outlaw" como trilha sonora. 







JUSTIN TOWNES EARLE
KIDS IN THE STREET
(New West)

O tempo passa, o tempo voa, e Justin Townes Earle, filho do grande Steve Earle, já está completando 10 anos de carreira e talvez já possa ser considerado um veterano. "Kids In The Street" é seu 8º Lp e forma uma espécie de trilogia  com "Single Mothers" (2014) e "Absent Fathers" (2015). Numa parceria musical com Mike Mogis, do excelente grupo Bright Eyes, Justin segue por uma trilha cada vez mais distante do alt-folk e do country-rock praticados por seu pai, explorando as mais diversas sonoridades americanas sem se preocupar em ficar inserido em algum gênero que facilite sua classificação perante os classificadores da Billboard. É um belo disco sobre o início da vida adulta, que chega no momento certo de sua vida e com o distanciamento necessário para gerar um tom levemente nostalgico. Um belo trabalho. Se você ainda não conhece o trabalho de Justin Townes Earle, "Kids In The Street" é uma excelente porta de entrada. Sejam bem-vindos.







JEFF TWEEDY
TOGETHER AT LAST
(BbPM)

Lá se vão 30 anos desde que Jeff Tweedy estreou no grupo Uncle Tupelo ao lado do grande Jay Farrar. Nos 7 anos em que permaneceram juntos, os dois criaram um vasto repertório de rocks com um leve sotaque country que levaram a banda a ser comparada a grupos clássicos como The Flying Burrito Brothers e Poco. Mas então, em 1994, o Uncle Tupelo debandou: Farrar montou o grupo alt-country Son Volt enquanto Tweedy criou o grupo alt-rock Wilco -- e, mesmo separados, os seguiram escrevendo páginas importantes da música popular americana moderna. Pois bem: Tweedy vive ameaçando engatar uma carreira solo há tempos, mas esses "discos solo" acabam sendo sempre projetos caseiros e despretensiosos gravados em seu estúdio pessoal nas férias do Wilco. Esse "Together At Last" é mais um desses discos. Traz versões solo-acústicas para canções que se encontram espalhadas pelos álbuns do Uncle Tupelo e do Wilco, e também de duas bandas de quais ele participa como convidado: Loose Fur e Golden Smog. Para os fãs de Tweedy, algumas dessas regravações são surpreendentes. Resgatam uma delicadeza que havia se perdido nas investidas mais pesadas nas gravações originais. Mas para quem não é fã de Tweedy, "Together At Last" pode soar meio sonolento. Não é um bom ponto de partida para esses recém-chegados conhecerem sua obra. Para eles, recomendo os discos originais do Uncle Tupelo e do Wilco, e também os do Loose Fur e do Golden Smog.






CHICO MARQUES
é comentarista,
produtor musical
e radialista
há mais de 30 anos,
e edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
e o blog musical
ALTO & CLARO 

quarta-feira, novembro 05, 2014

MARIANNE FAITHFULL DÁ ADEUS À AMARGURA EM SEU NOVO LP "GIVE MY LOVE TO LONDON"


Marianne Faithfull é um caso complicado.

Linda e muito popular em 1964, quando ganhou o mundo com o compacto “As Tears Go By”, de Mick Jagger & Keith Richards, ela conseguiu impor através de sua voz frágil e docemente ríspida um padrão novo e original que, de tão pessoal, poucas cantoras ousaram tentar seguir na época.

Extremamente bem sucedida a princípio, foi terrivelmente prejudicada por seu casamento turbulento com Mick Jagger, por suas pretensões como atriz e, last but not least, pela dependência de heroína e pelas constantes tentativas de suicídio.

Demorou muito para Marianne perceber que nada daquilo tudo apontava para lugar algum.

Foi quando tentou retomar sua carreira musical.

Em vão.


Passou a primeira metade dos anos 1970 num limbo artístico muito cruel.

Só conseguiu achar foco para seu carreira ao se reinventar por completo, já em plena era punk, com o LP “Broken English” -- certamente o trabalho mais contundente de uma cantora-compositora inglesa naquela período.

Daí em diante, encontrou um público fedelíssimo que nunca mais iria abandoná-la.

Mergulhou de cabeça no repertório de Kurt Weill em “20th Century Blues”, e gravou vários LPs alternando canções próprias com outras de seus amigos Tom Waits e Nick Cave.

Seis anos atrás, recuperada de uma mastectomia, topou fazer “Easy Come Easy Go”, um álbum de covers com duetos para acabar com todos os outros álbuns de covers com duetos -- onde contracenou com amigos como Antony, Rufus Wainwright, Nick Cave, e até Keith Richards.

Ano retrasado, voltou, com um LP mais inusitado ainda. “Horses & High Heels” inteiramente gravado em New Orleans com os jovens músicos do excelente grupo Lower 911, e o resultado foi desconcertante e inusitado, contrapondo a abordagem musical sombria de Marianne com o frescor musical desses jovens músicos.


Agora, ela está de volta com "Give My Love To London", uma álbum de extremos emocionais, segundo ela própria, produzido brilhantemente por Rob Ellis e Dimitri Tikovo e mixado por Flood, produtor do U2.

E mais uma vez, Marianne reúne em torno dela convidados estelares com canções escritas especialmente para ela: Nick Cave, Brian Eno, Roger Waters, Anna Calvi, Steve Earle e Tom McRae, todas perefeitamente adequadas a ela.

É um LP belíssimo, de uma delicadeza absoluta.

Se no seu disco anterior Marianne nos brindou com uma releitura lindíssima de "Going Back", de Carole King e Gerry Goffin, aqui ela reinventa de forma magnífica o clássico dos Everly Brothers "The Price Of Love", acrescentando à canção uma densidade existencial que ela nunca sonhou ter antes.

E tem uma versão tão dilacerada e contundente de "I Get Along Without You Very Well" de Hoagy Carmichael que deixa a versão clássica de Billie Holiday no chinelo.

Para completar, suas novas composições são todas ótimas, provas irrefutáveis de que ela, com o passar dos anos, conseguiu tornar-se uma compositora de mão cheia.

Em praticamente todas elas, Marianne promove um resgate emocional intenso e extremamente verdadeiro.


Marianne Faithfull está com 68 anos de idade.

A cada disco que lança, ela não cansa de nos surpreender positivamente.

Já foi ao Inferno e voltou algumas vezes, sempre encarnando uma Ofélia junkie que possui todas as características de uma personagem trágica,

Menos uma:

Insiste em permanecer viva, ativa, e bem.


WEBSITE OFICIAL
http://mariannefaithfullofficial.tumblr.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/marianne-faithfull-mn0000651107/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

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sexta-feira, maio 06, 2011

PETER CASE E STEVE EARLE: OUTSIDERS, GRAÇAS A DEUS! (por Chico Marques)



Até meados dos anos 60, o mundo da música funcionava assim: cantor cantava e compositor compunha.

Os compositores trabalhavam nos escritórios das editoras que publicavam suas canções. Davam duro para abastecer os cantores contratados pelas gravadoras. Ao contrário de Nashville ou Los Angeles, onde compositores trabalham em casa, havia em Nova York um lugar mítico chamado Tin Pan Alley, próximo ao Brill Building da CBS, que reunia a maioria desses escritórios – que, por sinal, desapareceram quase por completo no final dos anos 1960, quando compositores dos mais diversos gêneros se rebelaram e decidiram que podiam muito bem cantar e gravar suas próprias canções. E foi aí que todo mundo descobriu como eram as caras de John Prine, Kris Kristofferson, Carole King, Barry Mann, James Taylor, Jackson Browne, Warren Zevon e tantos outros que sempre tiveram seus nomes escritos em letras bem pequenas nos discos, logo abaixo dos títulos das canções.

Com o passar do tempo, as novas gerações de cantores-compositores perceberam que tinham uma condição privilegiada dentro da Indústria Fonográfica -- que sempre precisava deles para eventualmente abastecer um ou outro artista recém-inventado na sala de algum executivo. Para muitos jovens cantores-compositores que participavam de bandas, essa era a garantia de que, caso a banda falhasse e fosse dispensada da gravadora, haveria a chance de permanecer contratado como artista solo.


É o caso de Peter Case, e também o de Steve Earle, dois dos cantores-compositores mais admiráveis da cena americana dos últimos 25 anos. Apesar de musicalmente muito diferentes, possuem muito mais em comum do que aparentam. Ambos nasceram em 1954. Ambos são meio folk singers, meio rock and rollers. Ambos estrearam solo em 1986 com LPs sensacionais que constam da maioria das listas dos melhores da década de 1980 nos Estados Unidos. Ambos foram alvo de grandes apostas da parte de Indústria Fonográfica e acabaram descartados por ela -- para depois ressurgir na cena alternativa, onde permanecem firmes e fortes até hoje. Ambos são cristãos fervorosos. E, para completar o quadro, são também romancistas e possuem vários livros publicados.


Peter Case sabia desde cedo que queria ser cantor e compositor. Teve várias bandas nas escolas que frequentou, em Buffalo, New York. e sempre que podia dava um jeito de subir com seu violão nos palcos dos clubes folk da cidade. Assim que se emancipou, mudou de mala e cuia para a Califórnia, onde virou músico itinerante, circulando entre San Francisco e San Diego e participando de várias bandas. Uma das canções que gravou com o grupo The Nerves, “Hanging On the Telephone”, recebeu um cover do Blondie, e estourou nas paradas americanas. Infelizmente, The Nerves implodiu antes de poder tirar proveito do feito, mas Case conseguiu capitalizar isso a favor de sua banda seguinte, The Plimsouls, que rapidamente se transformou num dos atos mais disputados na cena de Los Angeles do início dos anos 1980 -- e acabou abençoado pelo produtor Richard Perry em dois ótimos LPs de estúdio e um ao vivo melhor ainda.


Sua carreira solo conseguiu superar ainda mais essas espectativas iniciais, numa seqüência de álbuns brilhantes e sempre inusitados, primeiro para a Geffen e depois para a independente Vanguard, onde deixou claro para todos que era um dos melhores compositores americanos, assim como um excelente cantor, um bom guitarrista e um tremendo gaitista. Gosta de definir sua música como “folk tribal”. Entre seus fãs confessos, nada menos que Allen Ginsberg, T-Bone Burnett e Bruce Springsteen.


Seu novo trabalho, “Wig!”, é surpreendente. É o primeiro LP que ele grava depois de uma delicadíssima cirurgia do coração, onde tinha poucas chances de sobreviver. Quem esperava música tranqüila e sossegada, quebrou a cara. Case voltou mais roqueiro e mais elétrico do que nunca, em blues e rocks bem sujos, sem marcação de contrabaixo, acompanhado apenas pelo guitarrista Ron Franklin e pelo baterista D J Bonebreak, do lendário grupo X. O resultado final é brilhante, cru ao extremo, e muito divertido – tem até uma releitura bem palhaça para “Old Blue Car”, single de sucesso de seu primeiro ábum solo, gravado 25 anos atrás. Totalmente gravado ao vivo em estúdio, “Wig!” é cativante da primeira à última faixa, e possui uma urgência típica de quem andou brigando pela vida e quase a viu escapar pelas suas mãos de bobeira. Uma aula exemplar de rock and roll, blues, jogo de cintura, bom humor e tudo mais que vocês quiserem...


Steve Earle também sabia desde cedo que queria ser cantor e compositor. Nascido em Vancouver, mas criado em San Antonio, no Texas, era fascinado pelo trabalho de Townes Van Zant, e iniciou sua carreira aos 16 anos nos clubes de Houston. A conselho do próprio Townes, que acabou virando seu amigo, Steve foi tentar a sorte em Nashville, e teve boa acolhida na banda de Guy Clark, tanto como guitarrista quanto como compositor. Estreou solo com “Guitar Town”, um disco de rockabilly que foi execrado pela comunidade musical de Nashville mas ganhou fãs incondicionais na cena roqueira americana, na época entusiasmada com artistas country desalinhados como Dwight Yoakam e Lyle Lovett. Oscilou anos e anos entre essas duas cenas musicais. Casou uma dezena de vezes, foi em cana outra dezena de vezes – por posse de heroína, por bater em seus próprios seguranças e por não pagar várias pensões alimentícias --, mas desde 1995 tomou vergonha na cara. Largou as drogas, casou (e sossegou) com a cantora Allison Moorer, e está totalmente dedicado à sua carreira artística, gravando um disco a cada dois anos, escrevendo romances e até trabalhando como ator na premiada série “Treme”, da HBO.


Seu novo trabalho, ‘I´ll Never Get Out Of This World Alive”, é uma homenagem a Hank Williams, que costumava dizer essa frase. Reúne a sua produção dos últimos 4 anos, incluindo duas canções que deu para Joan Baez gravar – “God Is God” e “I Am A Wanderer” – e também “This City”, sobre New Orleans, tema da série “Treme”, com um belo arranjo de metais de Allen Toussaint. Aqui, mais uma vez, Steve une forças ao amigo e produtor T-Bone Burnett, que busca as texturas musicais ideais para a alma texana dessas novas canções – todas compostas em Nova York, onde vive atualmente, bem longe do Estado da Estrela Solitária, e talvez por isso mesmo mais texanas do que nunca. Seu belo dueto com Allison Moorer em “Heaven Or Hell” é simplesmente estupendo, uma das baladas country mais desconcertantes já compostas. Enfim, ‘I´ll Never Get Out Of This World Alive” é um LP tão superlativo e fundamental quanto os anteriores “Transcendental Blues” e “I Feel Alright”. Mesmo quem não gosta de country music não vai conseguir torcer o nariz para mais essa pequena obra prima de Steve Earle.


Cantores-compositores como Steve Earle e Peter Case são mais que menestréis modernos. Eles são o Sal da Terra de qualquer modalidade de Música Popular. Os gêneros e subgêneros musicais passam. Eles permanecem. Sempre possuem a cara do seu tempo. E, vez ou outra, deixam legados que as gerações seguintes não cansam de redescobrir.

Agora, privilégio mesmo é ser contemporâneo desses caras...



HIGHLIGHTS
PETER CASE - "WIG!"








HIGHLIGHTS
STEVE EARLE - "I´LL NEVER GET OUT OF THIS WORLD ALIVE"