Nossa história começa em 1967, numa sessão de "A Hard Day's Night" em Tulsa, Oklahoma.
Dwight Twilley, um jovem guitarrista de 16 anos, conhece na saída do cinema Phil Seymour, também guitarrista e também com 16 anos, e os dois decidem montar uma banda chamada Oyster.
Começam a compor canções inspiradas nos Beatles, e a gravá-las num estúdio improvisado no porão da casa de Twilley, além de tocá-las nas casas noturnas e nos bailes da região -- e dessa parceria surge um repertório magnífico, conhecido por poucos na ocasião, mas com todos os pré-requisitos para cair no gosto do grande público.
Então, surgiu uma chance de gravar essas canções em Memphis, com técnicos profissionais, no lendário Sun Studios, e isso acaba acrescentando ao som do Oyster um tom mais roqueiro, acentuando as guitarras e estabelecendo, meio que por acidente, a pedra fundamental do que viria a ser classificado nos anos seguintes como Power Pop.
Mas o caso é que nada aconteceu com o Oyster até que Leon Russell -- também de Tulsa, Oklahoma -- resolveu contratá-los para sua Shelter Records em 1974, onde lançaram apenas um compacto -- e onde também gravaram dois LPs sensacionais, que permaneceram inéditos por vários anos em decorrência da falência abrupta da Shelter e só viram a luz do dia quando a massa falida pode ser finalmente negociada com outras companhias.
E então, finalmente, em 1976, a Dwight Twilley Band estreou num LP sensacional, bem urgente, chamado "Sincerely", gravado inteiramente em Tulsa, com orçamento baixíssimo, e que veio seguido de "Twilley Don't Mind", baseado na mesma fórmula de sucesso.
O motivo pelo qual esses discos eram -- e são -- tão bons é que o repertório deles, composto de Twilley e Seymour ao longo dos dez anos de parceria, estava mais do que testado na estrada e aprovado pela pequena legião de fãs da banda. Não havia o que temer, bastava entrar no estúdio e tocar direito.
Mas o caso é que esse anos todos de contratempos com gravadoras e discos que não eram lançados dificultaram muito o deslanchar de carreira deles, gerando muitos atritos internos e um desgaste pessoal enorme.
Outras bandas com ambições musicais semelhantes -- como Badfinger, Raspberries e Big Star -- se lançaram na frente e tiveram melhor sorte, apesar de Twilley e Seymour serem, sem sombra de dúvidas, juntamente com Alex Chilton, os grandes pioneiros do Power Pop.
Todo esse desgaste acabou separando Dwight Twilley de Phil Seymour na virada dos anos 1970 para os 1989.
E os dois seguiram carreiras distintas.
Twilley conseguiu se virar melhor, gravando vários discos para a Arista e para a EMI, e tentando adequar sua musicalidade aos Anos 80.
Mas na virada da década seguinte, quando tentou acertar um acordo de distribuição para seu trabalho conceitual "Tulsa", ele viu as portas das grandes gravadoras começarem a se fechar para ele, e o jeito foi lançá-lo por um selo independente.
Desde então, ele brilha na cena indie, grava com relativa regularidade e mantém seu séquito de admiradores com shows constantes pelos EUA e Canadá.
"Always", seu novo trabalho, um lançamento Big Oak Records, não é um trabalho de ruptura com o que Dwight realizou ao longo de seus mais de 40 anos de carreira.
Também não é um disco conceitual.
É apenas uma coleção de canções compostas nos últimos 3 anos, onde ele mostra claramente que continua em excelente forma, tanto como cantor quanto como compositor.
Dwight aproveitou a deixa para chamar vários amigos da cena power pop para participar de "Always", e eles vieram em peso: Mitch Easter, Susan Cowsill, Ron Flynt, Steve Allen, Leland Sklar, Ken Stringfellow, Tommy Keene e até o componente da formação original da Twilley Band, Bill Pitcock IV.
Desnecessário dizer que o astral do disco é altíssimo, e que suas novas canções continuam grudando nos nossos ouvidos -- no bom sentido, claro! -- como grudavam as que ele compôs 40... 30... 20... 10 anos atrás.
São canções que nasceram prontas para virar singles, prontas para tocar no rádio, prontas para ser assoviadas por todos -- e que só não são porque não chegam mais ao grande público, circulam apenas por um círculo não muito pequeno, mas também não muito grande, de iniciados.
O dado curioso é que, apesar de Dwight ter hoje 64 anos de idade, o frescor juvenul de suas canções permanece intacto em números como "Happy Birthday", dedicado a uma "sweet sixteen" que está completando 17 anos, e "Everyday", um delicioso rito de passagem para a vida adulta que não se completa porque quem canta não consegue esquecer uma garota que ainda é muito importante para ele, e na qual pensa todos os dias.
Algumas faixas são mais roqueiras -- "Into The Flame", "Til The Jukebox Dies" --, outras são baladas com um sotaque beatle -- "I See It Your Eyes", "We Were Scared", "Lovers" --, e tem ainda a faixa título, "Always", que tem o mesmo DNA e a mesma urgência de "I'm On Fire", que abre seu disco de estreia de 1976.
"Always" é um disco agradabilíssimo -- que parece simples, mas não é.
Primeiro, porque não é nada fácil escrever "silly love songs" tão boas quanto essas que temos aqui.
Segundo, porque não é nada simples tocar no "padrão de simplicidade" -- que de simples não tem absolutamente nada -- adotado nos arranjos de suas canções.
E terceiro, porque não deve ser nada fácil para Dwight manter viva essa Síndrome de Peter Pan aos 64 anos -- mas ele faz o possível para não perder de vista o meninão que mora dentro dele até hoje.
Dwight Twilley é um artista admirável e um verdadeiro original americano.
Que continue com seu "mojo" funcionando por muitos e muitos anos.
AMOSTRAS GRÁTIS
Um comentário:
É SEMPRE BOM OUVIR MÚSICOS DE GERAÇÕES PASSADAS E QUE TIVERAM UMA OUTRA ESCOLA,PODER AINDA PRODUZIR TRABALHOS ATÉ MESMO CRIADOS ANOS ATRÁS MAS AGORA COM MAIS QUALIDADE NA CAPTAÇÃO DE ÁUDIO!4 TAMBÉM É UM BOM NÚMERO PRA EXPÔR E DAR UM PANORAMA DE UMA PRODUÇÃO!NÃO CONHECIA O ARTISTA NEM OYSTER,MAS VOU PESQUISAR! VALEU PELO POST MESTRE! ABRAÇO!
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