por Chico Marques
Antes de mais nada, queria deixar claro que sou um velho admirador do trabalho do Aerosmith.
Comprei os LPs Toys In the Attic (1975), Rocks (1976) e Draw The Line (1977) na época do lançamento, e ouvi até os sulcos gastarem.
Mais adiante, vibrei prá valer ao ver a banda sair de um buraco sem fundo e conseguir dar a volta por cima em LPs potentes como Pump (1989), Get A Grip (1994) e Nine Lives (1997).
Posto tudo isso, vou ser muito franco aqui:
Odiei profundamente os dois últimos LPs de estúdio do Aerosmith: Just Push Play (2001) e Music From Another Dimension (2012).
Comprei os LPs Toys In the Attic (1975), Rocks (1976) e Draw The Line (1977) na época do lançamento, e ouvi até os sulcos gastarem.
Mais adiante, vibrei prá valer ao ver a banda sair de um buraco sem fundo e conseguir dar a volta por cima em LPs potentes como Pump (1989), Get A Grip (1994) e Nine Lives (1997).
Posto tudo isso, vou ser muito franco aqui:
Odiei profundamente os dois últimos LPs de estúdio do Aerosmith: Just Push Play (2001) e Music From Another Dimension (2012).
Just Push Play tinha cara de disco solo de Steven Tyler, tamanho o distanciamento que os outros membros da banda mantiveram do projeto, repleto de canções nada memoráveis e performances duronas, com baticums eletrônicos demais e rock and roll de menos. (e põe menos nisso). Desnecessário dizer que foi um fiasco retumbante de vendas e acabou virando uma espécie de elefante branco na carreira da banda. Tanto que, de todas as canções do disco, a única que acabou entrando para o setlist dos shows da banda foi "Jaded". E olhe lá...
Já Music From Another Dimension consegue ser um equívoco ainda maior, por motivos bem diferentes dos que vitimaram Just Push Play. Pressionados pelos fãs e pela gravadora para retomar a trilha dos LPs de sucesso dos Anos 90, Tyler e Perry convencersam a Columbia Records a queimar uma pequena fortuna na produção das sessões de gravação do disco. Só que esqueceram que sem um ou dois singles poderosos, o disco simplesmente não decolaria. E não decolou. Se bem que o que havia de mais errado no disco é que todas as canções do disco são voltadas demais ao público adolescente, só que o novo público adolescente -- que na época de Wayne's World idolatrava a banda -- já não tinha mais nenhuma afinidade com eles. Para piorar, os fãs tradicionais do Aerosmith acharam o conceito do disco bobo e juvenilóide.
Para mim, não chegou a ser uma surpresa quando, depois de algumas temporadas no programa de TV American Idol, Mr. Tyler decidiu aproveitar o novo público que acabara de conquistar e repaginar sua carreira musical, escorregando estrategicamente para fora da cena roqueira onde o Aerosmith militou por 45 anos para se afirmar na altamente rentável cena country-crossover de Nashville, que de uns anos para cá abriga artistas dos mais diversos gêneros musicais vindos de todos os cantos do país.
Nesta sexta, dia 15 de Julho de 2016, sai do forno o aguardado We're All Somebody From Somewhere, (um lançamento DOT-Big Machine Records), primeiro album solo de Steven Tyler. É um disco surpreendente, repleto de canções que poderiam perfeitamente constar de um álbum do Aerosmith, mas que apresentam molduras musicais mais suaves e coloridas, repletas de harmonicas e pedal-steel guitars, que jamais combinariam com o DNA "arena rock" da banda.
Eu confesso que fiquei arrepiado com a faixa de abertura My Own Worst Enemy: uma balada meio enganadora, que começa perigosa só nos versos, e pouco a pouco vai ganhando peso e densidade emocional até explodir num gospel heavy-metal, ou coisa que o valha. Impressionante!
A faixa título vem logo a seguir, e pega mais leve. Tem um refrão bem pegajoso e ganha o ouvinte pela simpatia. Vai ser o primeiro single do disco. tem grandes chances de emplacar.
Mas então, logo a seguir, somos atropelados por um número bem truculento chamado Hold On (Can't Let Go) e por um country blues delicioso chamado It Ain't Easy, que não fariam feio num show do Aerosmith.
Mas então, logo a seguir, somos atropelados por um número bem truculento chamado Hold On (Can't Let Go) e por um country blues delicioso chamado It Ain't Easy, que não fariam feio num show do Aerosmith.
É pena que o perfeito encadeamento inicial se perca lá pela 6ª faixa, e o disco se transforme numa colcha de retalhos para conseguir acomodar as 15 músicas escolhidas por Mr. Tyler -- que assina a produção de We're All Somebody From Somewhere em dobradinha com vários produtores craques da cena country como T-Bone Burnett, Dann Huff, Marti Frederiksen e Jaren Johnston.
Francamente, não dá para entender a troco do que Mr. Tyler resolveu gravar (mal) Piece Of My Heart (imortalizada por Janis Joplin e por Etta James) e regravar (pior ainda) Janie's Got A Gun, numa versão acústica totalmente irrelevante e desnecessária.
Idiossincrasias de superstar à parte, não dá para negar os vários méritos de We're All Somebody From Somewhere. Eles garantem a dignidade dessa empreitada meio atrapalhada, que só não é melhor porque peca pelo excesso. Mas mesmo assim, é sem dúvida o melhor disco vindo do Aerosmith nos últimos 19 anos.
Claro que se Mr. Tyler tivesse optado por 10 canções ao invés de 15, teria conseguido realizar um disco mais intenso e mais coeso, e deixado no final da audição um gostinho de quero mais no ouvinte.
Mas ele -- exagerado, hiperativo e louco de pedra como sempre -- preferiu levar o ouvinte à exaustão.
Convenhamos: é a cara dele.
Mas ele -- exagerado, hiperativo e louco de pedra como sempre -- preferiu levar o ouvinte à exaustão.
Convenhamos: é a cara dele.
AMOSTRAS GRÁTIS
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