OS 75 ANOS DE NASCIMENTO DO LENDÁRIO JERRY GARCIA MERECEM SER DEVIDAMENTE COMEMORADOS. DAÍ RESGATAMOS UM SHOW DO GRATEFUL DEAD PARA O PROGRAMA DE TV BEAT CLUBE UMA PERFORMANCE AO VIVO DA JERRY GARCIA BAND DO FINAL DOS ANOS 79. ENJOY...
Existem artistas que, quando esboçam carreiras solo paralelas ao trabalho das bandas de que fazem parte, fazem questão de seguir rotas diametralmente opostas, para evitar que seus trabalhos solo se confundam com os discos de carreira de suas bandas.
Mas também tem aqueles artistas que usam suas carreiras solo para mostrar que podem passar muito bem sem suas bandas.
Jeff Tweedy não se enquadra em nenhuma dessas duas categorias.
Quase todos os álbuns solo que gravou até agora foram tão idiossincráticos que nem chegam a configurar uma carreira solo.
O último deles, "Sukierae", gravado ano passado com seu filho Spencer, de 16 anos, foi o mais próximo que ele chegou de um verdadeiro álbum solo -- e mesmo assim, parecia mais um desfile de ótimas canções em demos bem despojadas e bem sucintas para um eventual novo disco do Wilco.
E foi, sem dúvida, um dos melhores e mais inusitados discos de 2014.
Pois bem: o novo álbum do Wilco, "Star Wars", parece uma consequência direta de "Sukierae".
Pela primeira vez, a maioria das canções de um disco do Wilco tem como ponto de partida a vida familiar de Jeff Tweedy -- lembrando que "Sukierae" foi gravado enquanto sua mulher lutava contra um tipo raro de cancer, e agora, finalmente curada, ela serve de musa para a produção mais recente de canções de Jeff para a banda.
E também, pela primeira vez, o Wilco -- que em outras épocas teve problemas sérios com gravadoras que conspiraram abertamente para evitar o lançamento alguns de seus discos, como o hoje clássico "Yankee Hotel Foxtrot" -- resolveu não submeter seu novo trabalho a uma gravadora e preferiu lançá-lo gratuitamente na web através do website da banda.
O motivo disso?
Segundo Jeff Tweedy, "achamos que seria mais divertido assim".
O que não impede do disco eventualmente aparecer à venda em breve nas lojas em edições para colecionadores.
Na verdade, "Star Wars" foi lançado gratuitamente para celebrar os 20 anos da banda e, de quebra, promover a atual tournée americana do Wilco.
Mas também para agradecer a todos pela corrente positiva formada entre os fãs da banda durante a batalha contra o cancer travada pela mulher de Jeff Tweedy.
Isso explica o nome do disco -- lembram de "Que a Força Esteja com Você"? -- e também a capa bem feminina, com uma pintura de um gatinho branco bem peludo e simpático.
"Star Wars" é um disco surpreendente pela brevidade.
Tem apenas 33 minutos de duração, e nenhuma das canções avança além de 4 minutos.
Além do mais, reúne um pouco de cada um dos 9 discos da banda, todos muito diferentes entre si.
E, mesmo assim, mostra a banda tocando solto, buscando climas musicais inusitados e soando mais palatável ao gosto do grande público do que jamais soou antes.
É tão coeso que fica até difícil escolher entre as canções que o compoem -- estão todas tão integradas e bem encadeadas que nem faz sentido destacá-las do conjunto.
O mais curioso de tudo é que, comercialmente falando, "Star Wars" poderia ter uma carreira interessante nas lojas.
O que prova que, definitivamente, o Wilco não está nessa brincadeira pelo dinheiro.
Aliás, nunca esteve. O Wilco é "fominha" no palco, adora fazer shows longos, e não nega fogo em tournées. Sentem-se perfeitamente bem na estrada.
Além do mais, o Wilco encara sua produção fonográfica como "souvenirs" para os frequentadores de seus shows.
Até por isso, seus integrantes exigem liberdade criativa total na produção de seus discos e não aceitam qualquer tipo de interferência de qualquer gravadora em seu processo artístico.
O Wilco existe há vinte anos.
Surgiu de uma desavença entre os guitarristas Jay Farrar e Jeff Tweedy, ambos do grupo alt-country Uncle Tupelo.
Farrar queria que a banda tivesse uma identidade mais country-rock, seguindo a cartilha dos Byrds e dos Flying Burrito Brothers.
Já Jeff Tweedy queria que a banda tivesse uma atitude mais experimental e não assumisse posições muito definidas, para ficar livre para experimentar à vontade e se renovar artisticamente com frequência.
Não houve acordo entre eles.
E então, o Uncle Tupelo partiu em dois: Jay Farrar montou o Son Volt e Jeff Tweedy o Wilco.
Deixou de ser uma grande banda indie para gerar duas das bandas mais influentes e vitais das duas últimas décadas.
No caso específico do Wilco, virou uma banda que flerta abertamente com o mainstream sem jamais perder de vista suas raízes indie, nem se render ao classic rock adulto contemporâneo.
Com 20 anos nas costas, o Wilco se recusa a "amadurecer" em seus discos, com medo de firar previsível e perder sua identidade musical.
Daí, prefere circular em torno dos mesmos temas indefinidamente, repetindo -- com um approach bem original, diga-se de passagem -- um truque estilístico que aprenderam com outras bandas como o Grateful Dead e o Phish.
Sabem o que fazem.
E fazem muito bem.
São 10 álbuns de estúdio em 20 anos de carreira até agora, mais sabe-se lá quantos gravados ao vivo.
Todos brilhantes. Todos impecáveis. Todos exuberantes. Como o gatinho da capa de "Star Wars"
Que a Força esteja com Jeff Tweedy e seus comparsas!
De todas as bandas estranhas e dificeis de rotular surgidas nos anos 1980, o Camper Van Beethoven é serio candidato ao título de Banda Mais Iconoclasta da Cena Independente. Muito antes de existir o que hoje chamamos de Indie Rock, o cantor e guitarrista David Lowery e seus colegas de banda já misturavam punk com folk, mais ska e world music num repertório bem laid-back, à moda do Grateful Dead, numa mistureba sonora que alguns tentaram classificar como folk-rock surrealista. Mas o caso é, depois de três albuns independentes muito badalados entre a crítica, mas pouco conhecidos do grande público, eles conseguiram um contrato com a Virgin, que decidiu promovê-los de forma intensa. E então, quando o "Our Beloved Revolutionary Sweetheart", o quarto álbum, foi lançado, ficou claro que o excesso de produção proposto pela irgin havia não só desfigurado o Camper Van Beethoven como também criado celeumas internos difíceis de ser contornados. Resultado: o Camper Van Beethoven não aguentou e desmoronou em 1989.
Durante os anos 90, cada integrante seguiu para um lado. Dave Lowery montou o Cracker, uma banda com sonoridade bem roqueira que conseguiu fazer uma carreira muito interesssante, com vários hits bem posicionados nas paradas do início dos anos 1990, como "Low" e a genial "Teen Angst (What The World Needs Now)", que rivalizou na época com "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, na condição de hino de uma geração. O baixista Victor Krummenacher e o guitarrista Greg Lisher retomaram o Monks Of Doom, banda que eles tinham antes de entrar para o Camper Van Beethoven. Quanto ao violinista e trecladista Jonathan Segel, montou o estranhíssimo Hyeronimous Firebrain, e depois o duo Jack & Jill. E então, em 2002, quando ninguém mais pensava que o Camper Van Beethoven poderia um dia voltar, eles ressurgiram do nada com um disco no mínimo estranho: "Tusk", onde regravaram o clássico álbum duplo do Fleetwood Mac de 1980 faixa por faixa, em covers um tanto quanto estranhos. Na verdade, esse disco nem deveria ter sido lançado. Os membros da banda não sabiam se conseguiriam voltar a tocar juntos novamente e decidiram tocar um album que todos gostavam e conheciam bem. Mas de lá para cá tudo parece ter clareado para o Camper Van Beethoven, e eles vem produzindo discos conceituais muito divertidos como "New Roman Times" (2004), sobre o Estado do Texas, e "La Costa Perdida" (2013), sobre a California.
Agora, eles voltam com "El Camino Real" (2014) É um disco estranhamente sombrio, estranhamente "laid back", mas muito vigoroso. Na verdade, é composto por canções que sobraram de "La Costa Perdida" sobre a California. Todas elas fortes o suficiente para funcionar não exatamente como uma sequência daquele projeto. mas como um apêndice. Claro que todos os que, por algum motivo, não conhecem "La Costa Perdida", poderão perfeitamente ouvir "El Camino Real" como um album autônomo, sem prejuízo algum qualquer das partes envolvidas. O som clássico do Camper van Beethoven está lá, em números extremamente marcantes como "Come Down The Coast", "Northern California Girls", "The Ultimate Solution" e "Dockweiller Beach". A grande surpresa fica por conta de "Grasshopper", faixa de encerramento do disco, que busca um meio termo impossível entre as sonoridades dos Beach Boys e do Grateful Dead, numa tentativa de mergulhar na essência musical da California. Eu pessoalmente achei "El Camino Real" muito mais do que apenas um disco intenso e delicioso de uma banda que não cansa de nos surpreender com reviravoltas em sua decida retomar sua idéia de biografia. Sufjan Stevens tem algo a aprender com eles, caso decida retomar seu projeto de mapear musicalmente os Estados Unidos em seus álbuns. É que, com o Camper Van Beethoven, esse mapeamento nunca segue pelas estradas principais. Eles melhor do que ninguém sabem que as estradas vicinais são as que contém as grandes supresas e as melhores revelações.
Seus discos de estúdio, por melhores que sejam, empalidecem sempre que equiparados a suas performances ao vivo.
Essa regra implacável vale tanto para bandas clássicas dos anos 60, como o Grateful Dead e a Allman Brothers Band quanto para jam-bands mais jovens, como o Phish, na estrada há "apenas" 31 anos.
Composto por músicos de altíssimo gabarito -- o guitarrista Trey Anastasio, o baterista John Fishman, o baixista Mike Gordon e o tecladista Page McConnell --, o Phish se afirmou rapidamente entre o público universitário desafiando definições musicais e fazendo nos palcos uma brincadeira na qual se revelaram imbatíveis:
Vira e mexe, sem aviso prévio, tocam discos clássicos de outros artistas na íntegra, seguindo a sequência original das faixas -- só que reinventando os arranjos à moda deles.
Pequenas legiões de fãs seguem p Phish em suas tournées na esperança de serem surpreendidos por setlists com a íntegra dos álbuns favoritos dos integrantes da banda -- como o "White Album" dos Beatles, "Remain In Light" dos Talking Heads, 'The Dark Side Of The Moon" do Pink Floyd ou "Quadrophenia" do Who.
Mas, independente disso, os 11 álbuns de estúdio da banda, apesar de muito bons, continuam sendo considerados tanto pela crítica quanto pelo público -- além, é claro, das mulheres e dos familiares mais próximos dos integrantes da banda -- como meros apêndices para suas performances ao vivo -- essas sim, registradas em mais de 30 cds não menos que sensacionais.
Desanimados com essa situação, os rapazes do Phish passaram a direcionar as canções novas que compunham para seus álbuns solo, e com isso o Phish passou a entrar em estúdio para gravar discos com material inédito apenas de cinco em cinco anos, cumprindo sua cota de lançamentos anuais com álbuns gravados ao vivo.
Mas então, ano passado, numa conversa com o veterano produtor musical Bob Ezrin, veio a idéia de utilizar no próximo disco do Phish um processo inusitado de gravação bem diferente do "live in the studio" praticado por eles desde sempre.
E o resultado é esse "Fuego", que acaba de chegar às lojas.
É o disco de estúdio mais "vivo" de toda a história do Phish. E também o mais trabalhoso de todos eles, já que todos os instrumentos gravados separadamente por Ezrin, que conduziu o processo utilizando recursos comuns nos estúdios nos anos 70, mas que a maioria dos produtores e músicos mais jovens desconhecem por completo, ou então desistiram de usar por existirem soluções mais práticas e descomplicadas.
O resultado é uma vigorosa viagem musical do Phish, explorando combinações musicais sempre difíceis de definir em palavras, mas deliciosas de se ouvir.
Dizer mais o que desse grande LP?
Que a jam de 10 minutos que abre o disco é genial?
Que a homenagem que eles fazem ao Grateful Dead em "Devotion To A Dream" é emocionante?
Que "Halfway To The Moon" é uma das melhores canções que Lennon e McCartney não compuseram?
Que o Phish nunca gravou um repertório tão variado e ao mesmo tempo tão forte e coeso?
Ouçam "Fuego" e vocês vão entender o que eu estou tentando não dizer.
“Comecei minha primeira banda no Texas, quando tinha 12 anos. As pessoas chegavam e dizem: ah, que fofo! Fofo coisa nenhuma, a gente era profissional e tocava rock and roll de verdade. Foi o resultado de uma quantidade absurda de audições até encontrar os músicos que queria na banda. E ela durou um bocado. De 1956 até 1961.”
“Na minha primeira noite em San Francisco, Paul Butterfield estava tocando no Fillmore com o Jefferson Airplane. Foi a noite em que Grace Slick estreou na banda. Eu estava vivendo na minha Kombi, e fui convidado para subir ao palco. Anunciei ali que acabara de chegara de Chicago e estava me mudando para San Francisco e montando minha própria banda. Foi uma noite inesquecível. Para mim, pelo menos.”
“Eu achava as bandas de San Francisco um horror. O Grateful Dead esticava “In The Midnight Hour” por mais de dez minutos, algo inadmissível para mim. Eu vinha de Chicago, onde qualquer proposta musical tinha que ser econômica, incisiva e funcional. Foi quando montei minha banda. Buddy Guy me disse para colocar meu próprio nome na banda, e eu segui o conselho dele. Na verdade, eu queria que ela se chamasse Steve Miller Blues Band, mas Buddy me convenceu a deixar o blues fora do nome, só na música”.
“Era impressionante a quantidade de funcionários de gravadoras circulando pela noite de San Francisco e assinando contratos leoninos com artistas. Eu cheguei a ter 14 gravadoras interessadas em mim, e não assinei com nenhuma delas, pois eu exigia controle artístico total sobre meu trabalho, além de minha própria editora musical. Levei mais de um ano até finalmente assinar com a Capitol, mas saiu tudo do jeito que eu queria. Ninguém conseguiu me enrolar.”
“Todo o material de “Bingo!” e “Let Your Hair Down” foi produzido em várias sessões de gravação em 2010, por Andy Johns , para ser lançado em etapas. Como gravamos mais de 40 números, acho que ainda temos material sobrando para montar pelo menos mais um disco.”
LPs STEVE MILLER BAND Children Of The Future (1968) Sailor (1968) Brave New World (1969) Your Saving Grace (1969) Number 5 (1970) Rock Love (1971) Recall The Beginning: A Journey From Eden (1972) The Joker (1973) Fly Like An Eagle (1976) Book Of Dreams (1977) Circle Of Love (1981) Abracadabra (1982) Live (1983) Italian X-Rays (1984) Living In The 20th Century (1987) Born 2B Blue (1988) Wide River (1993) Steve Miller Band On Tour 1973-1976 (2002) Bingo! (2010) Let You Hair Down (2011)