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quarta-feira, setembro 27, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA TERÇA É UM CANTOR E COMPOSITOR INGLÊS QUE É CHIC ATÉ DIZER CHEGA!


SAUDAMOS O LENDÁRIO FRONTMAN
DO GRUPO ROXY MUSIC
BRYAN FERRY
RESGATANDO UMA PERFORMANCE GENIAL
GRAVADA PARA O PROGRAMA
BBC ONE SESSION
EM FEVEREIRO DE 2007.

ENJOY...

 








segunda-feira, janeiro 11, 2016

2 OU 3 COISAS SOBRE "BLACKSTAR", O DERRADEIRO MERGULHO NA NOITE DA ALMA DE MR. DAVID BOWIE

por Chico Marques


Passei a primeira semana de 2016 ouvindo sem parar "Blackstar", novo LP de David Bowie. Fiquei completamente encantado com as texturas musicais que ele criou e desenvolveu, com a densidade existencial das canções e com a carga dramática intensa que contrasta com a brevidade do disco (42 minutos de duração).

Minha intenção inicial foi esperar para publicar uma apreciação de "Blackstar" na última sexta, dia 8 de Janeiro, data oficial de seu lançamento mundial e também o dia em que Mr. Bowie iria completar 69 anos de idade. Mas não escrevi nada. Não me senti pronto para escrever a respeito. Alguma coisa permanecia no ar, me incomodando e fascinando mais e mais a cada nova audição, Achei melhor ouví-lo mais algumas vezes e esperar para ver se as idéias clareavam mais um pouco até o início da semana seguinte.

E então, a semana seguinte veio com a notícia da morte de David Bowie na noite de domingo, 10 de Janeiro, em Nova York, depois de 18 meses de uma batalha intensa contra um cancer. Na medida em que desde o final dos Anos 70 Bowie nunca deixou de zelar por sua privacidade, separando totalmente sua vida artística de sua vida pessoal e familiar, só um círculo seleto de amigos sabia pelo que ele estava passando. Para o grande público, Bowie estava apenas recluso.

A notícia de sua morte, obviamente, mudou por completo o meu entendimento sobre o que Bowie pretendia com "Blackstar". Nunca me ocorreu que este fosse um disco especificamente sobre a morte, apesar dela estar à espreita nos temas das sete faixas do disco. Mas agora é, gostemos disso ou não.

"Blackstar" é uma sequência de canções que chama o ouvinte para mergulhar na noite da alma. Nele, tudo soa estranhamente confortável e familiar. Ecos dos anos 70 saltam aos ouvidos o tempo todo. Tudo é de uma urgência impressionante. Nesse sentido, lembra um pouco "Station to Station", que foi gravado numa época em que ele vivia no limite, num flerte aberto com a morte -- que ele reverteu de forma brilhante ao longo da série incomparável de álbuns "Low", "Heroes", "Lodger" e "Scary Monsters".

Apesar das muitas semelhanças musicais com alguns momentos mais densos de seu disco anterior, "The Next Day" (2013), que abria janelas tanto para seu passado quanto para seu futuro, "Blackstar" não é plural, e nem pretende abrir janela nenhuma para lugar algum. Funciona como um trem fantasma quer vaga pela noite, contrapondo o passado à frente do futuro, e vice-versa. Sempre mantendo o imaginário a serviço da realidade, sem perder tempo correndo atrás do sentido da vida, pois não há tempo para isso.

Tudo o que "Blackstar" proporciona em termos existenciais é de uma truculência emocional ímpar. E, agora sabemos com certeza, é tudo absolutamente verdadeiro.


"Blackstar" não se preocupa em estar em sintonia com o momento musical atual, uma obsessão que sempre permeou cada novo trabalho de Bowie. Sua sonoridade jazzy possui um toque glam muito forte, que soa atemporal e nada datado. Claro que o disco, que não é de audição fácil, não é composto unicamente de estranhamentos musicais. Ele se equilibram com números pop com drum'n'bass à moda dos Anos 90, entre outras surpresas curiosas.

Duas canções do disco -- "Sue (Or in a Season of Crime)" e "'Tis a Pity She Was a Whore" -- já haviam aparecido na coletânea "Nothing Has Changed" dois anos atrás, mas foram regravadas com uma levada completamente diferente por Bowie e pelo produtor Tiny Visconti para este novo disco.

Mas para chegar até elas o ouvinte tem que passar pela ousada e complexa suite de abertura de dez minutos de duração que dá nome a "Blackstar", e que é de tirar o fôlego. Posso apostar que, ao ouví-la, Scott Walker deve ter morrido de inveja e, ao mesmo tempo, de orgulho de seu pupilo. É uma obra espetacular, que dá uma dimensão totalmente nova às capacidades de Bowie como compositor.


Quer um conselho?

Ouça "The Next Day", o disco de Bowie de 3 anos atrás, e depois, mergulhe de cabeça em "Blackstar".

Sem medo. Pode dançar, se quiser.

"Blackstar" é um disco suspenso no ar, climático e envolvente, que agora passa a fazer mais sentido ainda ao se afirmar como um epílogo na carreira de Bowie.

É complexo e perturbador, além de ser uma peça fundamental numa das carreiras mais relevantes da música popular do Século 20. Poucos artistas tiveram o privilégio de definir em vida qual seria o ponto final em suas obras.

Pois David Bowie teve.

Começa agora o Eterno Retorno.


"CAMALEÃO DO ROCK"
É A PUTA QUE O PARIU!
(DAVID BOWIE)  




Amostras Grátis











terça-feira, fevereiro 03, 2015

30 ANOS DEPOIS DE "BOYS AND GIRLS", BRYAN FERRY DESAFIA O TEMPO E GANHA A PARADA.



De todos os herdeiros musicais do pop impressionista de Scott Walker nos anos 60, Bryan Ferry é disparado o melhor e o mais original.

Desde seu início de carreira à frente do Roxy Music, sua presença sempre foi intensa e marcante, e se destacava em meio àqueles músicos tarimbadíssimos com uma postura andrógina e trajando decadentistas.

Era uma banda complicada. A orientação musical de Brian Eno e Phil Manzanera nos arranjos e nas composições deixou marcas muito fortes nos primeiros álbuns deles. Bryan, ao invés de confrontá-los para conquistar mais espaço no processo criativo da banda, optou por guardar a maioria das idéias que tinha para usar em seus trabalhos solo. Trabalhos que pareciam mais apêndices aos discos do Roxy, já que eram compostos por covers de suas canções preferidas. Só que, na verdade, não eram apenas covers, e sim ensaios para um projeto artístico que ainda estava em gestação, aguardando o momento certo para vir à público.  

Mas então, em meio a muita tensão, o Roxy Music fez uma pausa de quase 4 anos depois do LP "Siren", e quase todos os integrantes da banda embarcaram em carreiras solo ou projetos paralelos. 

Foi quando Bryan sentiu que estava na hora de dar um tempo com os LPs de covers -- já tinha gravado 3 até então -- para apostar num projeto mais consistente, todo autoral. 

E surpreendeu a todos -- crítica e público -- com dois álbuns solo muito fortes, "In Your Mind" e "The Bride Stripped Bare", onde aqueles estranhamento musical cultivado pelo Roxy Music era trocado por texturas eletrônicas mescladas a guitarras e teclados modernosos e de um bom gosto implacável.




O sucesso desses dois discos solo trouxe a Bryan Ferry um status diferenciado assim que o Roxy Music voltou em 1979 -- até porque foi o único integrante da banda que se deu bem nas suas empreitadas solo. 

E Bryan começou a ganhar cada vez mais espaço dentro do Roxy. 

Nas sessões de gravação de "Flesh + Blood", sua liderança ficou tão evidente que o guitarrista Phil Manzarena não hesitou em entregar os pontos e permitir que a banda se transformasse numa espécie de veículo para as -- ótimas -- idéias musicais de Bryan Ferry. 

Até que em "Avalon" (1982), Bryan finalmente engoliu o Roxy. 

E fez isso num padrão de excelência tão inquestionável que levou os integrantes da banda à terrível conclusão de que a banda não tinha mais onde ir dali em diante -- e encerrou atividades, voltando aos palcos apenas para tournées comemorativas.

É nesse momento que a carreira solo de Bryan Ferry começa pra valer.

E ele passa a apostar em discos caríssimos e extremamente bem produzidos como "Boys And Girls" (1985), " La Bète Noire" (1987), "Mamouna" (1994) e "Olympia" (2010), todos com composições próprias e arranjos altamente sofisticados, envolvendo dezenas de músicos de primeiro time em contrapontos de guitarras com bases eletrônicas que quase sempre resultavam em pequenas peças pop de uma sensualidade à toda prova.


Agora, aos 69 anos de idade, logo depois de gravar um disco instrumental onde, para surpresa geral, rege uma orquestra à moda dos Anos 30, Bryan Ferry surpreende com um novo álbum de inéditas chamado "Avonmore" (um lançamento BMG), onde propõe um resgate pleno daquela sonoridade atemporal do Roxy Music em "Avalon".

"Loop De Li", faixa que abre o disco, é linda, dramática, dançante, absolutamente envolvente, um clássico instantâneo. 

Vem seguida de "Midnight Train", uma canção de amor perdido completamente arrebatadora, composta há mais de 20 anos, e que, estranhamente havia ficado de fora de seus álbuns anteriores.

E então, "Soldier Of Fortune", outra canção intensa, composta em parceria com Johnny Marr, vem emoldurada por um trabalho de guitarra delicadíssimo, simplesmente magnífico.

E por aí vai. Bryan não deixa o ritmo de "Avonmore" cair em momento algum nos cinco números autorais que seguem -- todos de altíssimo gabarito.

Eu só lamento pelos dois covers que encerram o disco. 

Confesso que me pareceu um equívoco o tratamento blasé que ele deu para "Send In The Clowns", de Stephen Sondheim. Por mais audacioso que possa parecer despir uma canção dessas de toda a sua dramaticidade para fazer dela algo pedestre e climático, o caso é que não funcionou.

Já a releitura intimista que ele fez para "Johnny and Mary", de Robert Palmer, sem a urgência obsessiva da versão original, até pode soar simpática à primeira audição, mas infelizmente acentua todas as fragilidades estruturais da canção.

"Avonmore" seria um disco excelente se esses dois covers tivessem sido
eliminados do final cut, mas a empreitada é vitoriosa, apesar desses pequenos deslizes.

E que time de músicos ele reuniu dessa vez: Nile Rodgers, Mark Knopfler, Fonzi Thornton, Marcus Miller, Neil Hubbard, Chris Spedding, Flea, Guy Pratt, Andy Newmark, James Moody e muitos, muitos outros.

A produção, sempre perfeita, é de Bryan com seu velho parceiro Rhett Davies.


Aos 69 anos de idade, Bryan Ferry continua com sua voz intacta e sua presença de palco tão marcante quanto era nos anos 1980.

"Avonmore" tenta vender a idéia de o tempo passou mas nada mudou.

A delicadeza e o refinamento musical de outras décadas podem perdurar indefinidamente, e que não há nada mais moderno do que um projeto artístico atemporal.

A começar pela foto da capa do disco, com nosso galante crooner pop aos 30 e poucos anos de idade.

Se algum de vocês um dia precisar definir em uma imagem a palavra "chic", garanto que uma foto 3x4 de Bryan Ferry resolve a parada.




WEBSITE OFICIAL
http://www.bryanferry.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/bryan-ferry-mn0000524050/discography

AMOSTRAS GRÁTIS