Oficialmente, todo mundo sabe que o rock and roll começou em 1955, com o estouro do single ‘Rock Around The Clock’, de Bill Haley And His Comets.
Explodiu no mundo inteiro logo a seguir, quando a mesma música entrou para a trilha sonora do fime “Sementes de Violência”, do diretor Richard Brooks, sobre jovens rebeldes em salas de aula americanas.
Mas essa é apenas a história oficial. A história verdadeira é bem mais complexa, e começou muitos anos antes.
Se ouvirmos big bands de New Orleans do comecinho do século passado, já dá para sentir praticamente todos os elementos do rock and roll por lá. E se prestarmos atenção ao trabalho de alguns grandes artistas de rhythm and blues dos anos 40, aí então chegamos à conclusão que não existe praticamente nada de original no rock and roll.
Mas é bom lembrar que todos os exemplos mencionados acima são de artistas negros. Que tocavam para platéias negras, que não estavam autorizadas a se misturar com platéias brancas. Ainda mais no próspero e caretésimo ambiente do pós-guerra americano.
Mas então, surge em cena um disc-jóquei bastante abusado chamado Alan Freed.
Freed conhecia bem a música negra. Queria tocar artistas negros em seus programas de rádio, e não podia. E não se conformou com essas limitações. Pior, descobriu que poderia ganhar um bom dinheiro desobedecendo essas normas.
Foi dessa atitude curiosa de desobediência civil que ele decidiu começar a montar shows com artistas de música negra para as platéias brancas que ouviam seu programa. E começou a convidar para o palco do Moondog Ballroom, em Ohio, praticamente todos os artistas que estavam emplacados nas paradas de sucesso negras.
Havia espaço para pianistas de rhythm and blues como Charles Brown, grupos de doo-wop como os Orioles, os Dells e os Moonglows, cantores de jump-blues como Big Joe Turner, todo o pessoal do blues urbano de Chicago e até para artistas de country blues que tinham acabado de descobrir as guitarras elétricas.
E rolava de tudo nesses shows, que ganharam o nome de “Moondog Matinées” e também o coração das platéias brancas, que vinham de longe só para ver aquela mistura musical sensacional acontecendo e peitando todo o ‘apartheid’ em vigor na América.
Claro que Alan Freed teve milhões de problemas com esse projeto. Claro que não durou muito tempo – ele foi processado, e teve que desistir daquilo tudo de uma hora para outra. Mas a semente já estava lançada.
Logo em seguida ele começou a insistir em tocar música negra em seus programas de rádio, ganhou prestígio no país inteiro e em 1955 era o homem principal por trás do circo do rock and roll.
E então foi a maior zona, Artistas negros passaram a dividir o palco com artistas brancos, que, por sua vez, começaram a gravar as composições mais lascivas desses artistas negros para atingir as platéias brancas. E isso gerou uma reação violentíssima da América careta, que não sossegou enquanto não colocou toda essa gente em cana ou à mercê da execração pública – como aconteceu com Jerry Lee Lewis, que casou com a priminha de 13 anos, e com Little Richard, que não escondia seu pansexualismo.
Tudo isso hoje é história. E até por isso, é vital dar crédito a quem merece e deixar bem claro como e onde essa doideira toda começou. Não foi com Bill Haley And His Comets. Não foi com o filme “Sementes de Violência”. Foi com esse pilantra notável, Alan Freed, há exatos 54 anos, em suas saudosas “Moondog Matinées”, no Moondog Ballroom, em Ohio. Três anos antes do advento oficial desse tal de rock and roll.
2 comentários:
olá !!!
estive a procura de informação do inventor do nosso bom e velho rock and roll e em sua pagina não se menciona nada sobre = Sam Phillips , não seria ele tambem merecedor desta sublime invençaõ ??? ,,,, por favor me responda em raccanelli@hotmail.com .... gd abs...
E ainda se impressiona com o surgimento de um tal de funk
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