Em 1995, quando Joan Osborne explodiu na cena musical com seu álbum “Relish” e o hit mundial “One
Of Us”, pouca gente prestou atenção a uma releitura vigorosa de um blues
clássico de Sonny Boy Williamson, “Help Me”, perdida entre as canções que compunham o repertório do disco, que fazia um contraponto curioso
ao tom “americana” predominante.
Joan achou por bem manter esse mesmo tom nos dois discos que ela gravou a seguir – tão bons e afirmativos, mas infelizmente, não tão
bem sucedidos quanto “Relish”.
Sempre no meio do repertório desses discos, um
ou outro blues muito bem escolhido repetia aquela mesma magia de "Help Me", revelando um
conhecimento de causa insuspeito e uma maestria impressionante no gênero.
Até que, um belo dia, essa nativa
do Kentucky radicada em Nova York percebeu que estava perdendo tempo precioso
de sua carreira só molhando o pé na margem e não mergulhando de cabeça no rio.
A partir daí, já na condição de artista independente, começou a focar seus
discos no blues e no rhythm & blues. Paralelamente a isso, enveredou pela produção e foi chamada para
viabilizar discos de artistas de blues amigos, como os lendários Holmes Brothers. Não sossegou enquanto não encontrou nesses artistas com quem trabalhou as saídas diferenciadas que faltavam para
tornar seu trabalho ainda mais especial.
“Bring It On Home” é o disco mais
intenso que Joan Osborne grava desde essa tomada de posição mais radical em
sua carreira.
É uma coleção de números nada
óbvios de blues, rhythm and blues e soul music, onde revela toda a sua versatilidade como
cantora, mesclando números clássicos como “Shake Your Hips” de Slim Harpo
ou “I Want To Be Loved” de Muddy Waters, com preciosidades soul como
“Champagne & Wine” de Otis Redding e “The Same Love That Made Me Laugh” de
Bill Withers.
Isso para não mencionar a
versão fulminante para “I Don´t Need No Doctor”, do repertório de Ray Charles,
que abre o disco de forma retumbante, e a releitura inspiradíssima para “Broken Wing”, de John
Mayall, de uma delicadeza à toda prova.
“Bring It On Home” traz
participações especialíssimas de amigos como Allen Toussaint e Jimmy Vivino --
além dos Holmes Brothers nos vocais em várias faixas --, contracenando com uma banda de apoio afiada e sempre a postos para estender o tapete para que a voz de Joan revele todas as nuances possíveis em um álbum que prima pelo colorido musical.
São tantos os desafios que Joan Osborne teve que encarar para conseguir seguir adiante com sua carreira após “Relish”
que não dá para não se impressionar com a tranquilidade com que faz uso de seu enorme talento como cantora e band leader.
A única falha deste “Bring It On
Home” – se é que isso pode ser considerado uma falha -- é não privilegiar o
lado compositora de Joan Osborne. Mas isso ela conserta
oportunamente. O mais difícil ela já fez -- e fez com maestria -- e é
isso o que realmente importa.
INFO:
http://www.allmusic.com/artist/joan-osborne-p143261/discography
DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/joan-osborne-p143261/biography
WEBSITE OFICIAL:
http://www.joanosborne.com/
AMOSTRAS GRÁTIS:
Nenhum comentário:
Postar um comentário