Confesso que cansei dos excessos que Tom Waits andou
cometendo em seus muitos discos conceituais lançados nos últimos 25 anos.
Não que não fossem bons discos.
Pelo contrário: eram trabalhos audaciosos, cada um à sua
maneira.
Densos e complexos. e sempre de digestão bastante difícil.
Densos e complexos. e sempre de digestão bastante difícil.
Como se isso não bastasse, seus lançamentos mais recentes –
a antologia tripla “Orphans: Brawlers, Bawlers and Bastards” e o álbum duplo ao
vivo “Glitter And Doom” – submetiam seus fãs a verdadeiras provas de
resistência, com horas e mais horas de música corrida de alto gabarito, mas um
tanto quanto cansativa.
Convenhamos: até o fã mais diehard de Waits deve ter fugido
dele nesses últimos tempos, assustado com o tom cada mais vez mais idiossincrático
de sua produção
E o pior é que quanto mais ele se afastava de sua persona clássica,
esboçada em álbuns nunca menos que espetaculares para a Asylum Records nos anos
70, mais ele deixava saudades – ainda mais por nunca ter saído de cena ao longo de todos esses
anos.
Pois não é que, no finalzinho do ano passado, atendendo às
preces de seus velhos fãs, Tom Waits apareceu com um novo disco nada
conceitual, repleto de canções novas e muito intensas, onde resgata toda uma
musicalidade bem variada que havia deixado para trás em troca daquele estranho
mix de blues com Kurt Weill que tomou conta de seu trabalho de “Frank´s Wild
Years” para cá?
“Bad As Me” é uma bênção.
Uma coleção de canções curtas, muito divertidas, onde Waits incorpora diversas personas diferentes, reinventando sua voz das mais diversas maneiras.
Uma coleção de canções curtas, muito divertidas, onde Waits incorpora diversas personas diferentes, reinventando sua voz das mais diversas maneiras.
A desconcertante faixa de abertura, “Chicago” -- com
trumpetes e harmônicas cuspindo fogo sobre uma percussão violenta e uma base de
banjos e guitarras bem distorcidas -- já dá uma noção bem clara da doideira que vem pela frente.
Daí em diante, tem de tudo: desde números de
rockabilly como “Get Lost” e baladas folk como “Face To The Highway”, até blues
rasgados como “Raised Right Man” e coisas inclassificáveis como a faixa
título, onde resgata sua paixão musical por Screamin´ Jay Hawkins.
“Bad As Me” traz de volta todo o elenco habitual dos discos recentes
de Waits, com destaque para os amigos Keith Richards – com quem faz um belo dueto em “Last Leaf” -- e Charlie Musselwhite, que passeia com sua harmonica poderosíssima por
todo o LP.
É um trabalho incomum, deliberadamente fragmentado, mas com uma coesão que remete
a clássicos de sua discografia como “Heartattack And Vine”, “Foreign Affairs” e
“Small Change”.
Verdade seja dita: desde “Mule Variations” (1999) ele não surgia com um album tão bom e tão acessível.
Verdade seja dita: desde “Mule Variations” (1999) ele não surgia com um album tão bom e tão acessível.
Querem um conselho? Ouçam logo “Bad As Me”, essa nova viagem musical pelos
becos e inferninhos da América promovida por Tom Waits.
Não façam como eu, que levei três meses para tomar coragem para ouvir este ótimo disco.
Não façam como eu, que levei três meses para tomar coragem para ouvir este ótimo disco.
INFO:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/biography
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/biography
DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/tom-waits-p5778/discography
WEBSITE OFICIAL:
http://www.tomwaits.com/
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