Eu admiro Tom Jones desde menino.
Adorava seu programa de TV “This
Is Tom Jones”, cheio de convidados muito especiais, que ia ao ar pela TV Record
por volta de 1970. Não perdia um. Lembro bem do dia em que vi Ray Charles cantando lá. Se bem que lembro também de uns cantores bem cafonas -- como Engelbert Humperdinck e Caterina Valente -- que batiam o ponto por lá.
Os anos foram passando e,
conforme fui crescendo, fui percebendo que, apesar de seu talento, Tom Jones era quase tão cafona quanto a maioria dos seus convidados, e que os
arranjos da orquestra que o acompanhava eram de gosto altamente dicutível.
Custei a entender como
alguém com uma voz tão espetacular quanto a dele podia escolher tão mal seu
repertório, alternando verdadeiras aberrações como “Delilah” e “Help Yourself”
com números espetaculares como “She´s a Lady” e “It´s Not Unusual”.
Mais alguns anos se passaram, e
vi Tom Jones indo direto para o fundo do poço, virando cantor country em discos
deploráveis e cada vez mais prisioneiro da cena artística decadente de Las Vegas.
A partir dos anos 90, no entanto, Tom Jones cansou daquilo tudo, voltou para a Inglaterra e começou a flertar com o pop mais modernoso feito por lá, saindo em em busca do lugar ao sol na cena musical que, até palavra em contrário, era seu por direito.
Primeiro com aquela gravação espetacular de "Kiss", de Prince, com o pessoal do Art Of Noise, que sacodiu as pistas de dança do mundo inteiro.
E depois, com o magnífico álbum de duetos "Reload!", onde desfila um repertório bem moderno e contracena com grandes estrelas do rock e do pop, num verdadeiro triunfo artístico.
De lá para cá, ele vem gravando um
disco melhor que o outro, sempre agradando crítica e público, e resgatando a dignidade de sua carreira a olhos
vistos.
“Spirit In the Room”, recém-lançado, é o disco
mais despojado de Tom Jones em toda a sua carreira.
Produzido por Ethan Johns, oscila entre o folk e o gospel em números sempre levados no violão ou na guitarra com uma base
rítmica bem simplificada.
É curioso constatar o quanto Tom Jones demonstra estar à vontade nesse contexto -- justo ele, habituado a disparar seu vozeirão sobre instrumentações exageradas.
É curioso constatar o quanto Tom Jones demonstra estar à vontade nesse contexto -- justo ele, habituado a disparar seu vozeirão sobre instrumentações exageradas.
“Spirit In the Room” abre com uma versão delicadíssima para “Tower Of Song”, de Leonard Cohen, simplesmente de arrepiar,
E o que vem a seguir é
impressionante: canções nada óbvias -- e escolhidas a dedo -- dos songbooks de Paul McCartney, Paul Simon, Richard Thompson,
Joe Henry e Tom Waits, uma mais linda e sob medida para sua voz que a outra.
Tom Jones está atualmente com 72 anos de idade, e a 2 anos de completar 50 anos de carreira. Continua cantando muito bem, e sua voz não parece dar sinais de cansaço -- se bem que muito do exibicionismo vocal que ele ostentava em sua juventude parece estar totalmente fora de questão no seu trabalho atual, sempre pautado com muita sensatez pelo "menos é mais".
"Spirit In The Room" faz para a carreira de Tom Jones algo semelhante ao que a série "American Recordings" -- produzida "no osso" por Rick Rubin -- fez por Johnny Cash. Não é um projeto tão radical -- mas é tão intenso quanto, e fornece a dimensão real da sua grandeza artística.
Escutem a gravação que ele fez para o blues "Soul Of A Man", de Blind Willie Johnson, e me digam se esse bravo senhor galês de um metro e meio de altura não canta como um gigante?
Escutem a gravação que ele fez para o blues "Soul Of A Man", de Blind Willie Johnson, e me digam se esse bravo senhor galês de um metro e meio de altura não canta como um gigante?
Vida longa a Mr. Tom Jones!
INFO:
http://www.allmusic.com/artist/tom-jones-p13357/biography
DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/tom-jones-p13357/discography
WEBSITE OFICIAL:
http://www.tomjones.com/
AMOSTRAS GRÁTIS:
Nenhum comentário:
Postar um comentário