Difícil acreditar que ainda hoje, em 2012, aos 40 anos de carreira, Alejandro Escovedo permaneça um grande tesouro escondido da cena roqueira americana.
Mas é verdade, infelizmente.
Com toda a sua bagagem e seu conjunto de obra, era para Escovedo estar hoje no mesmo patamar de Tom Petty, John Hiatt e John Mellencamp. No entanto, ele continua vagando pela cena independente, fazendo flertes eventuais com o mainstream que sempre esbarram no estranhamento provocado pela seu semblante, bem mestiço, em contraponto com o rock and roll rasgado que ele toca.
Alejandro Escovedo tem 61 anos de idade. É natural de San Francisco, California, mas está estabelecido em Austin, Texas, desde 1981. É sobrinho do fabuloso percussionista Pete "Coke" Escovedo, da banda clássica de Carlos Santana nos anos 70, e primo da gostosíssima Sheila Escovedo -- a Sheila E. da banda clássica de Prince, The New Power Generation. Iniciou sua carreira em meados dos anos 70, na banda punk The Nuns, mas só ganhou alguma notoriedade quando comandou dois grupos seminais da cena pós-punk californiana: Rank´n File e True Believers, antes de iniciar sua carreira solo.
Em 35 anos de carreira, Alejandro se firmou como o angry young man mais bem articulado e mais feroz do Oeste americano, produzindo uma sequência impecável de discos que sempre tiveram boa acolhida de crítica e recepção moderada de público.
Então, cinco anos atrás, Alejandro Escovedo teve um colapso em pleno palco, e foi diagnosticado com Hepatite C. Por pouco não morreu. Ficou fora de cena por mais de um ano, fazendo um tratamento médico drástico e dispendioso, que foi bancado por vários concertos tributo promovidos por artistas amigos.
Quando voltou, voltou bem diferente.
Seus discos recuperaram uma urgência que era característica de seu início de carreira, e suas canções inconformadas passaram a dividir espaço com baladas reflexivas extremamente inusitadas -- mas muito bem-vindas.
E, como se isso não bastasse, iniciou uma série de associações.
Primeiro com o ótimo cantor e compositor Chuck Prophet, do lendário grupo californiano Green On Red, com quem passou a compor em parceria.
Segundo com o grande produtor inglês Tony Visconti, figura chave nos primeiros trabalhos de David Bowie para a RCA, que gerou dois discos magníficos, mixados pelo grande Bob Clearmountain: “Real Animal” (2008) e “Street Songs Of Love” (2010).
“Big Station” é seu terceiro LP nessa nova fase.
Aqui, mais ainda que nos discos anteriores, Alejandro Escovedo soube adequar aquela urgência roqueira “glam” dos discos clássicos de Bowie -- aparentemente, marca registrada do trabalho de Tony Visconti -- às canções intensas e multifacetadas dele em dobradinha com Prophet,
O resultado é rápido e sempre rasteiro, e isso é surpreendente, vindo de Escovedo a essa altura da vida.
Desde o colapso que sofreu em pleno palco, em Phoenix, em decorrência da Hepatite C, a temática habitual das suas canções ficou mais serena -- como em “Bottom Of The World”, "San Antonio Rain" e “Sally Was A Cop” –, apesar de sua musicalidade estar mais turbulenta e agressiva do que jamais esteve – como comprovam “Man Of The World” e “Can't Make Me Run”.
Só nos resta torcer para que essa sua lua de mel com Tony Visconti e Bob Clearmountain emplaque outros discos tão superlativos quanto esses seus trabalhos recentes.
E que este ótimo “Big Station” não seja o ponto final de uma trilogia.
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