E era mesmo, de alguma maneira.
Filha de artistas, Fiona teve treinamento musical desde bem pequena e deu o azar de ser estuprada na escadaria do prédio onde morava, em Manhattan, aos 12 anos de idade -- o que resultou numa adolescência interrompida, com muita assistência psicológica, já que ela passou a sofrer de transtornos obsessivos compulsivos e transtornos alimentares, que evoluiram para anorexia nervosa.
Conforme foi chegando à idade adulta, Fiona desenvolveu uma visão de mundo absolutamente peculiar, e, a exemplo de sua colega de geração Tori Amos, tratou de colocar todos os seus demônios para fora em suas canções -- estranhas, sem concessões ao mercado, e que caíram no gosto de uma parcela bastante significativa de público.
Tão significativa que conseguiu tornar seus 3 primeiros discos sucessos de vendas no mundo inteiro, algo que nem o executivo mais otimista da Epic Records imaginou um dia acontecer.
Agora ela está de volta com um novo trabalho ainda mais radical que os anteriores: "The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do".
Composto por canções que nasceram ao longo dos últimos sete anos, é um disco feito "no osso", sem banda, com Fiona cantando e tocando piano acompanhada apenas pelo veterano percussionista Charley Drayton.
E que canções...
Desde "Blue", de Joni MItchell, não se via um disco com essa levada: tão cru, e ao mesmo tempo tão denso e tão sofisticado, alternando momentos muito reflexivos com explosões de agressividade, sempre mantendo todas as termáticas que costuma abordar bem atadas ao chão, sem devaneios e sem subterfúgios -- atitude típica de quem fez muita terapia ao longo da vida.
"The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do" é um trabalho primoroso, extremamente envolvente tanto sob o aspecto musical quanto sob o aspecto temático.
Mas também bastante indigesto, levando a extremos todas as experiências terríveis abordadas em seus 3 primeiros discos.
É como se Fiona Apple tivesse se transformado numa caçadora de si mesma, e quisesse promover um acerto de contas consigo própria para conseguir chegar aos 40 com menos peso nas costas.
Quem sabe daqui a cinco anos, quando ele ressurgir com um novo álbum, já quarentona, ela venha linda e serena, e mais encantadora do que nunca.
Se for isso, Fiona Apple está desculpada pelo incômodo.
BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/fiona-apple-mn0000169795
WEBSITE OFICIAL
http://www.fiona-apple.com/
AMOSTRAS GRÁTIS
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