quinta-feira, junho 28, 2012

PATTI SMITH VOLTA SERENA MAS SEMPRE CONTUNDENTE EM SEU NOVO LP, "BANGA"


O passar dos anos parece ter trazido serenidade a Patti Smith.

Em seu novo trabalho, "Banga", ela contempla os tempos atuais com algum inconformismo, mas sem aquele radicalismo filosófico de outras épocas. É como se já tivesse vivido quase tudo o que havia se preparado para viver, e agora procura manter sempre um olho no retrovisor antes de simplesmente seguir em frente. Patti parece estar aceitando com alguma tranquilidade o imponderável da vida, e a dificuldade em flertar com situações musicais-limite como as que peitava nos palcos nos anos 70.


Banga" tem algo de aconchegante para Patti, pois foi gravado com sua banda de costume -- os guitarristas Lenny Kaye e Tom Verlaine, o baterista Jay Dee Daugherty e o baixista Tony Shanahan --, no mesmo estúdio Electric Lady Studios onde gravou sua obra chave, Horses, disco de estréia, em 1975. Parece um portal do tempo, entre passado e futuro de Patti, e a essência da própria América, mais o Estado de Coisas do mundo atual.

A aventura começa como "Amerigo", uma reflexão sobre sobre a viagem de Américo Vespúcio ao Novo Mundo em 1497. Segue com "Fugi-San", um rock para o povo do Japão após os terremotos do ano passado. Que é seguido por "This Is the Girl", bela canção em homenagem a Amy Winehouse, e "Maria", em homenagem a Maria Schneider. E que culmina em "Constantine's Drigo" uma espécie de meditação sobre arte e natureza, e em "Nine", que compôs de presente de aniversário para seu amigo Johnny Depp, que comparece tocando guitarra.




Patti sempre foi assim.

Sempre se alimentou de um universo que, assim como a joga para a frente, possui fundações muito sólidas. Em seu inícío de carreira, foi acusada levianamente por alguns críticos de fazer um pastiche artístico-filosófico que envolvia poetas como Blake, filósofos como Rousseau, e compositores pop como Bob Dylan, Jim Morrison e Van Morrison. Demoraram a perceber que Patti tinha uma postura antropofágica em relação a todas essas frentes culturais, e que ninguém naquele momento -- meados dos anos 70 -- era dono de uma postura artística tão roqueira, radical e autêntica quanto ela.

Sua carreira é magnífica e sua obra de uma grandeza única, tanto como artista pop quanto como poeta e memorialista. Seu ex-namorado nos anos 70, o teatrólogo Sam Shepard, sempre fez questão de afirmar que Patti é um original americano. Bob Dylan, Bruce Springsteen e Neil Young são seus fãs confessos. E depois de "Só Garotos", o mundo inteiro parece ter-se apaixonado por Patti Smith. Até Jean-Luc Godard ficou encantado com ela, e a incluiu em seu "Film Socialisme".



"Banga" é o primeiro disco de originais de Patti em oito anos.

A arte que envolve o disco faz alusão direta à capa de "After The Goldrush", belo álbum de Neil Young de 1970.

Os dois discos possuem em comum a mesma serenidade aparente e o mesmo desencanto.

Mas Patti, assim como Neil em seu disco clássico, vislumbra manhãs melhores conforme avançam as canções do Lado B.

E ela, por sua vez, não deixa por menos e encerra seu "Banga" com um cover iluminado da faixa título visionária do disco de Neil.

É a nossa Patti Smith desafiando sua própria Maturidade com sua serenidade radical.

BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/patti-smith-mn0000747445

WEBSITE OFICIAL
http://www.pattismith.net/

AMOSTRAS GRÁTIS

Um comentário:

Anônimo disse...

é uma cantora incrivel tem uma musica dela que nao consigo mais ouvir nao lembro o nome no clip ela esta com os pés sujos como se andasse descalça a vida toda : and i Know and Know no I... DIZ A CANÇAO