Nos primeiros anos da década de 1960,
era relativamente comum entre artistas de grande apelo popular gravar discos ao vivo com microfones abertos para a
platéia, para assim captar de forma plena tanto a energia de quem está tocando no palco quanto
a vibração de quem está assistindo o show.
Deixar a euforia e a eventual gritaria da platéia tomar conta do mix final desses discos era uma maneira de driblar as deficiências técnicas e a falta de recursos disponíveis para as gravações ao vivo na época.
Quem se der ao trabalho de ouvir LPs ao vivo desse período -- como “Got Live If You Want It” dos Rolling Stones, ou “Live At The Regal” de B B King – vai sentir como esse conceito de mixagem funcionava extremamente bem, isso quando feito da maneira certa.
Quem se der ao trabalho de ouvir LPs ao vivo desse período -- como “Got Live If You Want It” dos Rolling Stones, ou “Live At The Regal” de B B King – vai sentir como esse conceito de mixagem funcionava extremamente bem, isso quando feito da maneira certa.
É dessa época também o conceito do “disco de festa” gravado ao vivo em estúdio com uma quantidade infinitamente superior de recursos de gravação, com gente falando alto enquanto os artistas tocam de forma descontraída seus sucessos ou versões cover de canções de outros artistas.
Uma peculiaridade desses “discos de festa” é que
não costumavam ter separação de faixas -- neles, todas as canções sempre começam e terminam envoltas em muito falatório e muitas gargalhadas.
O LP “The Beach Boys Party” é um
exemplo clássico disso.
Aqui no Brasil, a série de LPs “Alegria, Alegria”, de Wilson Simonal, gravados entre 1966 e 1969, segue esse mesmo padrão.
Aqui no Brasil, a série de LPs “Alegria, Alegria”, de Wilson Simonal, gravados entre 1966 e 1969, segue esse mesmo padrão.
“Bo Diddley´s Beach Party” é uma combinação curiosa desses dois formatos de disco ao vivo.
Considerado por vários críticos o melhor LP de rock and roll de todos os tempos, ele estava fora de circulação há muito tempo, e nunca havia sido relançado em CD pela Chess nos Estados Unidos em sua versão mono original -- existia apenas numa "versão frankestein" com stereo fajutado eletronicamente, que circulou pela Europa numa edição da Charly Records.
Considerado por vários críticos o melhor LP de rock and roll de todos os tempos, ele estava fora de circulação há muito tempo, e nunca havia sido relançado em CD pela Chess nos Estados Unidos em sua versão mono original -- existia apenas numa "versão frankestein" com stereo fajutado eletronicamente, que circulou pela Europa numa edição da Charly Records.
Totalmente gravado ao vivo numa praia na Carolina do Sul diante de uma platéia bem festiva -- com recursos técnicos limitados e uma banda de apoio sob medida para seus devaneios selvagens naquela charmosíssima guitarra quadradinha e em suas vocalizações divertidas e inusitadas.--, “Bo Diddley´s Beach Party” traz nosso herói Elias McDaniel, vulgo Bo Diddley, desfilando um número explosivo atrás do outro, numa seqüência de altíssima voltagem que tem um único defeito: dura apenas 33 minutos.
Esse disco, para quem não sabe, era um dos favoritos de Mick Jagger & Keith Richards, e serviu de modelo por uns bons anos para as peripécias no palco dos jovens Rolling Stones. Basta ouvir as gravações dos Stones ao vivo em 1964 para sentir como eles tocam parecido com a banda de Bo Diddley nesse “Beach Party”. A semelhança é tamanha que tem gente maldosa por aí que diz que esse LP merece ser guardado na estante junto com a discografia dos Stones...
O que mais impressiona ao ouvir “Beach
Party” após todos esses anos é constatar que Bo Diddley conseguiu manter, a um custo altíssimo, a
essência do seu blend de rock and roll e rhythm & blues viva e selvagem num momento, 1963, em que todos os artistas seminais do gênero tentavam amenizar
e diluir seus trabalhos para não sofrer represálias dos setores conservadores da sociedade
americana.
Afinal, esses mesmos setores já haviam crucificado artistas negros como Chuck Berry e Little Richard pelo pecado portal de terem virado ídolos da juventude branca.
Afinal, esses mesmos setores já haviam crucificado artistas negros como Chuck Berry e Little Richard pelo pecado portal de terem virado ídolos da juventude branca.
É questão de ouvir, vibrar e depois tirar o chapéu para "Bo Diddley´s Beach Party". Um disco
espetacular, que permanece impávido em seu mix original em mono mesmo
quase 50 anos depois de ter sido gravado.
Infelizmente, foi o último grande sopro de
popularidade de Bo Diddley.
Ele foi sumindo das paradas paulatinamente, enquanto a Invasão Britânica (dos Beatles, Animals, Kinks e Rolling Stones) tomava conta da cena musical americana, isso de 1964 em diante.Bo Diddley só iria conseguir ressurgir com material novo a partir do início dos anos 70, em gravações geniais feitas em Londres com aquela rapaziada de lá.
Ele foi sumindo das paradas paulatinamente, enquanto a Invasão Britânica (dos Beatles, Animals, Kinks e Rolling Stones) tomava conta da cena musical americana, isso de 1964 em diante.Bo Diddley só iria conseguir ressurgir com material novo a partir do início dos anos 70, em gravações geniais feitas em Londres com aquela rapaziada de lá.
Eu assumo: faço parte dos fãs incondicionais de "Bo Diddley´s Beach Party".Nenhum outro herói da primeira geração do roll conseguiu produzir um disco ao vivo tão bom quanto esse. Nem Jerry Lee Lewis em seu espetacular "Live At The Star Club" consegue brilhar e ferver tanto quando o velho Bo.
Fico feliz de ter tido a chance de ver Bo Diddley ao vivo num Festival de Blues no Ginásio do Ibirapuera em 1990, onde desfilou todos os seus grandes sucessos de forma vigorosa para uma platéia lamentavelmente desinteressada, que estava lá apenas para ver e ouvir ícones do blues de Chicago como Koko Taylor e Magic Slim & The Teardrops.
Bem... o azar é todo deles.
Para mim, naquela noite de 1990, era 1963 novamente numa praia na Carolina do Sul, em plena Era de Ouro do Rock & Roll.
BIO-DISCOGRAFIA:
http://www.allmusic.com/artist/bo-diddley-mn0000055128
WEBSITE OFICIAL:
http://www.bodiddley.com/
AMOSTRAS GRÁTIS:
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