![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4p1frghAphp_crH2aSjs_xYRqEL1m0S9kGKxLBzmVHDGx2Qd84j4kDaDkIt2Cgd731_uyyRcArankCEzZPDo3IFI-z5midBgeo7upflRpKZ1sWGDKqh4DJRp8LETYEoHcXh4v/s400/78.jpg)
Há exatos 56 anos, a Columbia Records americana decretou o fim dos discos 78RPM de 10 polegadas, e anunciou que, dalí em diante, os "singles" -- discos com uma única música de cada lado -- teriam 7 polegadas e rodariam em 45 rotações.
Simultaneamente a isso, anunciou também que os LPs de 10 polegadas -- que rodavam em 33RPM e tinham capacidade para 4 músicas de cada lado -- também teriam sua fabricação "descontinuada", permanecendo como padrão para o formato LP os discos levemente maiores, de 12 polegadas, com capacidade para receber entre 15 e 20 minutos de música de cada lado.
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Foi a primeira vez que a Indústria Fonográfica Mundial abandonou definitivamente um formato em prol de outro.
Curiosamente, a atitude não foi copiada da imediato pela Indústria Fonográfica Européia, que ainda preservou os dois formatos por mais alguns anos.
Aqui no Brasil então, a demora para a retirada do mercado desses formatos foi maior ainda -- tanto que os compactos simples e compactos duplos de 33 rotações, muito populares na Inglaterra, só foram surgir por aqui em 1964.
Eram tempos prósperos e nada imediatistas.
Canibalizar um formato, encerrarando a produção de um determinado produto -- atitude que seria cada vez mais comum na Indústria Fonográfica a partir dos anos 80 --, era algo impensável então.
Mas então, com o passar dos anos, tudo mudou, e começou a degola implacável dos formatos de áudio.
A primeira vítima foram os cartuchos 4-Track, ainda nos anos 70, seguidos das fitas cassete no final dos anos 80.
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Os europeus, mais uma vez, hesitaram.
Não viram sentido em canibalizar um formato tradicional defendido por muitos audiófilos como detentor de um padrão sonoro superior ao digital.
Daí disseram não à canibalização do LP, e mantiveram o formato ativo.
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Por conta de todas essas decisões executivas atrapalhadas e imediatistas tomadas por essa legião de oportunistas incompetentes, hoje, 20 anos mais tarde, temos o seguinte cenário:
A Indústria Fonográfica Brasileira acaba de anunciar que vai abandonar o formato compact disc até o ano que vem, passando a operar apenas com venda de música por download -- mas não será seguida pelos artistas e selos independentes, que pretendem manter as fábricas de cds bastante ocupadas com sua produção artística corrente.
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A mesma Indústria Fonográfica Brasileira, através de uma única fábrica de LPs de vinil, a DeckDisc, começa a colocar no mercado reedições de álbuns clássicos manjadíssimos e facílimos de se encontrar em Sebos pelo equivalente a 50 dólares cada --, um valor completamente fora da propósito, ainda mais se comparado aos 18 dólares cobrados por um LP novo nas lojas dos EUA e aos 15 Euros cobrados na Europa.
Enquanto isso, artistas independentes brasileiros, interessados em lançar seus novos discos no formato LP, preferem mandar prensá-los em fábricas na República Tcheca do que entregar suas matrizes para a brasileira DeckDisc -- que cobra quase o triplo do preço de fabricação praticado pelos tchecos, incluindo as texas de importação.
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Enfim, com atitudes empresariais cretinas como essas, a Indústria Fonográfica Brasileira demonstra mais uma vez não ter aprendido as lições que as Indústrias Fonográficas do resto do mundo apreenderam a duras penas com a crise que assolou o segmento nos últimos 10 anos.
Continua apostando no imediatismo e na falta de uma proposta estrutural ao se entregar por completo (e com muito atraso) a um modelo de comercialização pós-industrial que já demonstra sinais de cansaço, e que deve ser substituído nos próximos anos por algum modelo menos óbvio do que esse praticado hoje pela iTunes Music Store, da Apple, e suas concorrentes diretas.
A incapacidade desses setores em aceitar que a relação "artista gravado-público consumidor" mudou radicalmente nos últimos tempos -- e vai mudar mais ainda num futuro bem próximo, com o fim da necessidade de adquirir arquivos de áudio através de downloads, pagos ou não -- deve levar a Indústria Fonográfica a um novo colapso em poucos anos, por absoluta incompetência e falta de visão de seus dirigentes.
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Enquanto isso não acontece, a música segue rolando por aí em toca-discos analógicos e digitais, em gravadores cassete, em dvd e blu-ray players, em tablets e smartphones e em qualquer aparelho com conexão USB a partir de qualquer minúsculo pen drive, deixando bem claro que formatos são "medias", não prisões, e que toda manifestação industrial de natureza canibalística promovida por velhos executivos espertalhões da Indústria Fonográfica é, antes de mais nada, uma declaração de incompetência gerencial e uma irresponsabilidade para com o futuro do negócio do disco.
Um comentário:
A coisa está ficando melhor sem eles, a indústria fonográfica.
Viva o Lyra Paulistana !
E o vinil não vai "voltar", porque ele apenas mudou de endereço.
DJ Moisés!
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