sexta-feira, abril 20, 2012

O GUITARRISTA ANTHONY WILSON VIRA UM JAZZISTA BRASILIANISTA EM "CAMPO BELO"!


Anthony Wilson é filho de peixe. Peixe grande. Seu pai é Gerald Wilson, grande pianista, arranjador e compositor da cena jazzística de Los Angeles, Califórnia.

Anthony não quis ser pianista como ele. Optou por tocar guitarra, e se escolou seguindo os passos de Wes Montgomery, Grant Green e Kenny Burrell. Mas estudou composição e arranjos, e, quando pensa como arranjador, seus heróis musicais passam a ser Duke Ellington, Gil Evans, Marty Paich, etc.

Hoje, aos 44 anos de idade, Anthony Wilson já é um veterano. Tocou com praticamente todo mundo da cena da Califórnia. Tem mais horas de vôo como músico de estúdio do que a maioria de seus companheiros de geração.

Começou a gravar como artista solo em 1997, e de lá para cá já lançou oito discos, sempre usando o bebop como ponto de partida para alcançar as mais diversas manifestações musicais -- tem inclusive um em duo com o violonista brasileiro Chico Pinheiro..

(sem esquecer que, paralelamente à sua carreira solo, ele integra a banda regular da loiraça belzebu Diana Krall, onde trabalha sempre num registro bem cool jazz)


Pois bem, Anthony Wilson lançou seu nono disco solo no finalzinho do ano passado, e surpreendeu a todos com uma virada musical bastante radical -- mas extremamente bem vinda.

Seu nome é “Campo Belo”, e foi gravado em São Paulo com um trio de músicos de jazz brasileiros de primeira: André Mehmari no piano e no acordeon, Guto Wirtti no contrabaixo e Edu Ribeiro na bateria.

Quase todas as canções do disco possuem títulos em português e, à primeira audição, até lembram certas investidas na nossa música promovidas não muito tempo atrás por forasteiros esforçados como Pat Metheny e Bill Frisell.

Mas o mergulho de Anthony Wilson vai bem mais fundo.

Tem mais a ver com aquela série de discos espetaculares que Egberto Gismonti gravou para o selo ECM, de “Sol Do Meio Dia” para cá. E, em outros momentos, segue numa sintonia semelhante à da viagem musical de John McLaughlin por Minas Gerais no seu LP clássico “Belo Horizonte”.

“Campo Belo” possui um único número de hard-bop, “After The Flood”, em que seu time de músicos brasileiros faz o movimento contrário do resto do disco e cai no jazz rasgado em grande estilo, e com muita maestria.

Portanto, se enganou quem acha que Anthony Wilson é apenas aquele guitarrista de cool jazz pacato e careteiro que está sempre de smoking ao lado do piano da Sra. Elvis Costello. Ele já é uma das forças musicais mais intensas da atual cena jazzística americana, e uma grande promessa para um futuro próximo.

O único problema é que, com discos como “Campo Belo”, ele está correndo o sério risco de ser festejado primeiro aqui, e depois lá.


INFO:
 http://www.allmusic.com/artist/anthony-wilson-p215551/biography

DISCOGRAFIA:
 http://www.allmusic.com/artist/anthony-wilson-p215551/discography

WEBSITE OFICIAL: 
http://www.anthonywilsonmusic.com/

AMOSTRAS GRÁTIS:

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