Taí uma baianinha prá lá de arretada.
Desde bem pequena, quando ainda era Priscilla Novaes Leone e imitava Kurt Cobain cantando "Smells Like Teen Spirit" no karaokê do bar de seu pai, em Porto Seguro.
Criada num ambiente bem rock and roll à beira-mar, ela nunca se desgarrou de suas origens -- daí, quando seguiu para Salvador para estudar Música na Universidade Federal da Bahia, ninguém estranhou quando ela se envolveu com várias bandas de rock até finalmente conseguir formar sua própria, que ela batizou com seu apelido de infância: Pitty.
Pitty foi descoberta rapidamente por gente de A&R da Universal que procurava urgentemente alguém que tivesse gabarito para se candidatar a ocupar a vaga deixada por Cassia Eller no cenário musical brasileiro.
Então, em 2003, aos 25 anos de idade, Pitty estreou com um disco de rock poderoso: "Admirável Chip Novo", esbanjando atitude e um sotaque baiano bem carregado.
No ano seguinte, ela e a banda repetiram a dose em "Anacrônico", ainda mais cru e truculento que o disco anterior.
Enquanto isso, Pitty destruía corações por aí, sendo eleita pelo público a mais bela cantora de rock da América Latina, e flertar com o mercado internacional através de DVDs ao vivo poderosíssimos, que pouco a pouco abriram as portas da cena independente americana para ela.
Mas então, depois de "Chiarossauro"(2009), um terceiro disco meio esquisitão, e de uma tournée milionária, Pitty decidiu dar um tempo. E deu.
E não deu maiores explicações.
Foi aí que ela e o guitarrista Martin Mendonça decidiram apostar num projeto paralelo chamado Agridoce, só com canções folk.
Que, para surpresa geral, deu certíssimo: gravaram um belo disco do final de 2011, fizeram uma tournée internacional bem rápida e até se apresentaram no badaladíssimo Festival South By Southwest, em Austin, Texas.
Criado a partir de horas ociosas e descompromissadas ao piano e violão em uma casa nudo começou a Serra da Cantareira, o Agridoce traz sonoridade leve, letras densas e melodias que evidenciam o amadurecimento e auto conhecimento dos músicos.
São canções que recriam a imagem de rock da dupla e expressam a busca por novos desafios musicais, além de deixar transparecer a forte influência poética e musical de artistas como The Smiths, Eddie Vedder e Sean Lennon, inspirações assumidas do casal.
Curiosamente, a Agridoce começou como uma brincadeira, que acabou ficando séria quando Pitty e Martin publicaram no MySpace uma gravação preliminar de "Dançando". Foi o suficiente para que a brincadeira ganhasse o status de projeto, e a partir daí os dois começaram a acalentar a idéia de gravar um disco nesse formato.
A coisa cresceu tanto que o Agridoce agora está em tournée pelo Brasil, seguindo pelos circuitos alternativos. E, para dar um gás adicional à empreitada, Pitty & Martin acabam de lançar um EP com quatro faixas que ficaram de fora do disco de estréia -- que não acrescentam muito às 12 que compõem o disco original, mas servem para fazer algum barulho na Imprensa.
Enfim, às vésperas de comemorar dez anos de carreira e já poder ser considerada uma veterana da cena roqueira brasileira, essa adorável baianinha segue trazendo surpresas muito bem vindas.
Mesmo no formato folk, a postura de Pitty permanece essencialmente roqueira, e sua música, inquieta.
Já Martin parece relutante: “Quando fomos gravar, deixamos as músicas seguirem seus próprios caminhos. Ainda estou meio confuso para tentar entender em que o nosso som se transformou”
Seja lá o que for, é intenso, é honesto, e é surpreendente.
E é também estranhamente... agridoce.
BIO-DISCOGRAFIA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pitty
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