quinta-feira, maio 24, 2018

O MAIOR SOULMAN INGLÊS DE TODOS OS TEMPOS NASCIA HÁ 74 ANOS


DE INSTALADOR DE AQUECEDORES A ESTRELA DO ROCK, CONHEÇA A VIDA EXCÊNTRICA DE JOE COCKER
por Ian Youngs para BBC-NEWS

Além da icônica versão que fez para “With A Little Help From My Friends”, que todos conhecem, a lista de grandes sucessos de Joe Cocker inclui "Delta Lady" (escrita por Leon Russell), "The Letter" (dos Box Tops), "Cry Me a River" (de Julie London), "You Are So Beautiful” (de Billy Preston”, “Guilty” (de Randy Newman), “Jamaica Say You Will” (de Jackson Browne) e "It's a Sin When You Love Somebody" (de Jimmy Webb) – além, é claro, da xaroposa "Up Where We Belong", um dueto de 1982 com Jennifer Warnes, da trilha sonora de "An Officer And A Gentleman".

Cocker começou sua vida profissional trabalhando como instalador de aquecedores de gás durante o dia e tocando em bandas de rock na cidade inglesa de Sheffield durante a noite. Usando o nome artístico Vance Arnold, ele chegou a abrir shows de bandas como The Rolling Stones e The Hollies na cidade.

Anos depois, ele disse ter aprendido o estilo com Ray Charles, por quem tinha "absoluta admiração". Seu primeiro single, uma versão de "I'll Cry Instead", dos Beatles, não o levou a lugar nenhum. Ele perdeu o contrato com a gravadora e voltou a instalar aquecedores. Continuou se apresentando ao vivo, até que conseguiu um novo contrato, com a A&M Records, e escolheu gravar "With A Little Help From My Friends" com uma pegada soul, acompanhadopelo então guitarrista dos Yardbirds Jimmy Page.

Após se tornar uma estrela no Reino Unido, foi para os Estados Unidos e ganhou fãs ao aparecer no famoso programa de TV "The Ed Sullivan Show" - mesmo com os produtores aparentemente tentando esconder seus movimentos atrás de um grupo de dançarinas.

Em 1970, junto a 34 outros músicos, Cocker protagonizou a épica turnê "Mad Dogs and Englishmen", cujos frutos renderam um disco ao vivo e um filme. A turnê, entretanto, significou um enorme problema. Cocker faliu e ficou devendo uma fortuna para os credores – sem contar seus abusos com álcool e drogas, que às vezes o levavam a vomitar em pleno palco.

"As pessoas me diziam que eu tinha feito shows terríveis e eu me recusava a acreditar", disse o astro mais tarde. "Então alguém colocava uma gravação minha e eu dizia: 'você só pode ter alterado esta música para me fazer soar dessa maneira. Eu não canto mal assim'. Depois, então, percebi que aquilo era eu mesmo." Em outra entrevista, ele explicou: "Se eu tivesse sido mais forte mentalmente, não teria caído na tentação. Mas não havia clínicas de reabilitação naquela época. Drogas eram superdisponíveis e eu mergulhei de cabeça."

O fundo do poço veio quando ele foi deportado das Austrália durante uma turnê, em 1972. Cocker havia sido preso por porte de drogas e por envolvimento em uma briga no hotel em que se hospedava na cidade de Adelaide. Comenta-se que quando a polícia entrou em seu quarto e perguntou se ele tinha maconha, ele educadamente respondeu: "Tem um pouco em algum lugar por aqui".

As coisas mudaram quando ele conheceu a esposa, a norte-americana Pam, em 1978. "No começo dos anos 1980, eu reencontrei o foco - ou era isso ou eu ia acabar me matando com tantas drogas", disse.

O retorno às paradas musicais veio graças a seu dueto com Jennifer Warnes, que virou um hit por todo o mundo entre 1982 e 1983. Depois disso, Cocker continuou gravando e fazendo shows, lançando um total de 40 álbuns. Sua última aparição entre as 40 músicas mais tocadas do Reino Unido aconteceu há 20 anos, com "Let The Healing Begin".

Fora dos palcos, Cocker viveu seus últimos anos num rancho no Colorado, onde ele e Pam tinham uma lanchonete com o nome de um de seus principais sucessos - "Mad Dog Cafe". Morreu em 21 de Dezembro de 2014.


  



O POETA ROQUEIRO QUE GANHOU O NOBEL FICA MAIS VELHO HOJE



Não existe – e nunca existiu, e talvez nunca mais venha a existir – nada na música popular americana que se compare a Bob Dylan. Em grandeza poética, existencial, musical…não adianta, qualquer comparação com qualquer outro artista se revela inútil nesse caso.

Nasceu em Hibbing, Minnessota, em 24 de Maio de 1941, há 65 anos. Desde criança já era bem diferente de seus colegas de escola. Na adolescência, gostava de motos, Marlon Brando, literatura, rock and roll, e virava as madrugadas cometendo um pecado mortal para um judeu caipira americano: ouvindo estações de rádio negras de Chicago especializadas em blues, cujas ondas alcançavam a distante região de Minnessota graças ao fabuloso espelho d’água dos Grandes Lagos do Meio-Oeste americano.

Não demorou muito até ele perceber que Hibbing não era grande o suficiente para ele, e zarpou para Nova York, onde começou a cantar em bares no Greenwich Village ao lado de alguns grandes heróis musicais seus – mestres do blues como Lonnie Johnson, Sonny Terry, Little Junior Parker e Jimmy Reed, e do folk moderno como Fred Neil e Dave Van Ronk.

Enquanto seus dotes como músico floresciam, sua poesia ganhava força, e esses dois fatores unidos acabaram chamando a atenção de John Hammond, o grande descobridor de talentos da Columbia Records, que não sossegou enquanto não arrumou um contrato para ele gravar um disco.

Seu primeiro disco, de 1961, apresentava canções de vários artistas, principalmente de Woody Guthrie, com certeza a influência mais forte naquele momento de sua carreira, e foi um sucesso estrondoso nos círculos folk. De um momento para outro, Dylan virou uma estrela no gênero, Isso aconteceu de forma mais intensa logo após o lançamento de seu segundo disco, “The Freewheelin’ Bob Dylan”, só com canções próprias, e ficou mais forte ainda após o lançamento do terceiro, “The Times They-re A-Changin’”.

Por volta de 1964, não havia na América um cantor folk mais sintonizado com sua época e com uma poesia tão forte e imagética quanto ele. Daí em diante, sua fama passou a seguir bem além dos círculos folk. Aos poucos os limites estreitíssimos desse gênero começaram a virar uma prisão.

Foi quando que Bob Dylan ensaiou a grande virada musical na sua carreira – a mais contundente de toda a a história da música popular americana. É um pouco difícil para as novas gerações entender a importância desse ato naquele momento histórico, mas Dylan resolveu que estava na hora de deixar o violão e os palcos do Village de lado, e pegar uma guitarra elétrica para se comunicar com o público do rock and roll, que crescia absurdamente na América por conta da explosão da contracultura em meados dos anos 60.

Ao contrário das platéias folk, que abominavam o rock and roll, Dylan adorava – cresceu ouvindo Elvis, Chuck Berry e Little Richard. E, à revelia das expectativas das platéias folk, resolveu de uma hora para outra virar um artista de rock and roll.

A reação dos velhos fãs foi extremamente truculenta. Dylan entrou empunhando uma guitarra Fender e acompanhado pela Paul Butterfield Blues Band no Newport Folk Music Festival, em 65, e levou as primeiras grandes vaias da sua vida. Vaias intermináveis, seguidas de uma debandada geral na platéia, inconformada com a transformação radical de seu grande herói.

Mas, na medida em que as platéias folk o abandonavam, as platéias roqueiras ganhavam o porta-voz dos anseios de toda uma geração e de toda uma época. Ele rapidamente se transformou no artista de rock and roll número um da América, com discos magníficos como “Bringin’ It All Back Home”, “Highway 61 Revisited” e principalmente “Blonde On Blonde”, que traziam canções poderosíssimas como “Subterran Homesick Blues”, “Like A Rolling Stone”, “Rainy Day Women” e “Just Like A Woman”.De repente, Dylan some da cena novamente. Motivo: um acidente de motocicleta, bastante grave. Sua recuperação foi muito lenta. Por conta disso, ele seguiu para a cidade de Woodstock, no estado de Nova York, alugando uma casa cor de rosa com um porão enorme onde montou um estúdio de gravação. Que acabou virando um hotel para músicos amigos que passavam os dias tocando com ele.

Como o engenheiro de som e produtor Rob Fraboni havia se mudado para lá, e gravava tudo o que rolava, o resultado dessas sessões foi selecionado e enviado à Columbia Records, que recusou os tapes alegando que eles eram pouco comerciáveis e rústicos demais.

Curiosamente, essas gravações vieram à tona no início dos anos 70 em discos piratas disputadíssimos, que venderam um milhão de cópias, o que deve ter matado os executivos da Columbia de ódio. Dylan não se importou com isso. Achou ótimo. Até porquê daí em diante a Columbia nunca mais iria recusar nenhum disco dele, fosse o que fosse.

Depois desse período de reclusão, gravou uma sequência genial de LPs -- “John Wesley Harding”, “Nashville Skyline” e “New Morning --, onde flerta abertamente com a country music, e, de quebra, com várias outras modalidades musicais americanas tradicionais. E então fez questão de embarcar num projeto do cineasta Sam Peckinpah, o filme “Pat Garrett & Billy The Kid”, onde estreou como ator e como compositor de trilhas sonoras.

Por volta de 1973, ele, que não fazia uma tournée há cinco anos, caiu na estrada novamente. E o melhor de tudo: conseguiu convencer seus velhos companheiros das sessões de gravação na casa cor de rosa em Woodstock a ser novamente sua banda de apoio numa longa tournée. Detalhe: esses velhos companheiros, ilustres desconhecidos em 1968, eram agora The Band, a banda mais prestigiada da América, e eles toparam a brincadeira.

Primeiro gravaram um disco belíssimo de estúdio juntos – “Planet Waves”—e depois brilharam nos palcos da América – e essa tournée vitoriosa está registrada no magnífico album ao vivo “Before The Flood”. Com isso, Dylan fez mais uma grande reentrada na cena musical americana. Gravou discos belíssimos como “Blood On The Tracks”, “Desire” e “Street Legal”, e passou a engatar uma tournée na outra, levando uma vida nômade.

Essas tournées eram louquíssimas. A “Rolling Thunder Revue”, por exemplo, correu a América toda em 1976 com um elenco de grandes estrelas passando só por cidades pequenas, com shows mambembes montados em cinemas e praças públicas.

Já na tournée seguinte, Dylan veio acompanhado por uma pequena orquestra de soul music, para trazer aos palcos o clima carregado do belíssimo disco "Street Legal".

E depois disso teve ainda o flerte de Dylan ao cristianismo, que deixou a comunidade judaica americana perplexa por dois anos e 3 discos de temática gospel, decorrente de um perído extremamente sombrio em sua vida pessoal.

O mundo inteiro aplaudiu o retorno de Dylan ao ceticismo judaísmo habitual em discos brilhantes como “Infidels”, Ëmpire Burlesque” e “Oh Mercy”, e novas tournées acompanhado pelo Grateful Dead e por Tom Petty & The Heartbreakers. Sem contar a belíssima sequência de discos que vieram a seguir:“Time Out Of Mind”, “Love And Theft”, "Modern Times" e “Tempest”. Enquanto isso, ele segue em frente com sua “The Never Ending Tour”, em cartaz há dez anos pelo mundo todo, sempre alternando apresentações em casas de porte médio em grandes cidades com apresentações em clubes no interior, como já havia feito na lendária "Rolling Thunder Revue", em 1976. No melhor estilo cigano. No melhor momento de sua longa carreira. Aos 77 anos de idade.

Isso é Bob Dylan. Dele, esperem sempre o inesperado. (Chico Marques)


ÁLBUNS DE ESTÚDIO

ÁlbumAnoPosições[1][2]Certificações
US 200UK AlbumsU.S.[3]CAN[4]
Bob Dylan196213
The Freewheelin' Bob Dylan19632211 Platina
The Times They Are a-Changin'19642015 Ouro
Another Side of Bob Dylan1964438 Ouro
Bringing It All Back Home196561 Platina
Highway 61 Revisited196534 Platina Ouro
Blonde on Blonde196693 2× Platina
John Wesley Harding196721 Platina
Nashville Skyline196931 Platina Ouro
Self Portrait197041 Ouro
New Morning197071 Ouro
Pat Garrett & Billy the Kid19731629 Ouro
Dylan19731710 Ouro
Planet Waves197417 Ouro
Blood on the Tracks197514 2× Platina Platina
The Basement Tapes197578 Ouro
Desire197613 2× Platina Platina
Street Legal1978112 Ouro Platina
Slow Train Coming197932 Platina 2× Platina
Saved1980243
Shot of Love1981336
Infidels1983209 Ouro Ouro
Empire Burlesque19853311 Ouro
Knocked Out Loaded19865435
Down in the Groove19886132
Oh Mercy1989306 Ouro
Under the Red Sky19903813
Good as I Been to You19925118
World Gone Wrong19937035
Time Out of Mind19971010 Platina Ouro
Love and Theft200153 Ouro
Modern Times200613 Platina Platina
Together Through Life200911
Christmas in the Heart200911
Tempest201233
Shadows In The Night201571
Fallen Angels2016

ÁLBUNS AO VIVO

ÁlbumAnoPosições[1][2]Certificações
US 200UK AlbumsU.S.[3]CAN[4]
Before the Flood197438 Platina
Hard Rain1976173 Ouro
Bob Dylan at Budokan1979134 Ouro Ouro
Real Live198411554
Dylan & The Dead19893738 Ouro
The 30th Anniversary Concert Celebration199340
MTV Unplugged19952310 Ouro
Live 1961-2000: Thirty-Nine Years of Great Concert Performances (Japão)2001
Live at the Gaslight 19622005
Live at Carnegie Hall 19642005

THE BOOTLEG SERIES


ÁlbumAnoPosições[1][2]Certificações
USUKU.S.[3]CAN[4]
The Bootleg Series Volumes 1–3 (Rare & Unreleased) 1961–199119914932 Ouro
The Bootleg Series Vol. 4: Bob Dylan Live 1966, The "Royal Albert Hall" Concert19983119 Ouro
The Bootleg Series Vol. 5: Bob Dylan Live 1975, The Rolling Thunder Revue20025669 Ouro
The Bootleg Series Vol. 6: Bob Dylan Live 1964, Concert at Philharmonic Hall20042833
The Bootleg Series Vol. 7: No Direction Home: The Soundtrack20051621 Ouro
The Bootleg Series Vol. 8: Tell Tale Signs (Versão dupla)200869
The Bootleg Series Vol. 8: Tell Tale Signs (Versão Deluxe)2008
The Bootleg Series Vol. 9: The Witmark Demos: 1962–196420101218