quarta-feira, dezembro 03, 2014

T-BONE BURNETT FAZ COM QUE BOB DYLAN TENHA 26 ANOS DE IDADE NOVAMENTE EM 2014


T-Bone Burnett é um cara admirável.

Desde os tempos da Alpha Band nos anos 70, passando por sua carreira solo brilhante a partir dos anos 80, ele sempre gostou de encarar desafios complicados -- fosse como cantor-compositor-arranjador-guitarrista, ou apenas como produtor.

Parceiro musical de Bob Dylan desde os tempos da Rolling Thunder Revue, Burnett recebeu ano passado um desses desafios complicados, e adorou..

Dylan entregou a ele um pacote com cerca de 50 letras escritas -- mas não musicadas -- quando tinha 26 anos de idade, na ocasião de seu retiro na Casa de Woodstock com The Band, que gerou os festejados "Basement Tapes" em 1967.

Missão: montar uma espécie de banda de ocasião com artistas de relevo que topassem pegar aquelas letras escritas 47 anos atrás e não apenas transformá-las em canções, mas envolvê-las num projeto que pudesse soar sereno e grandioso, como uma versão revista e atualizada dos seus 'Basement Tapes".

Burnett gostou da idéia e encampou o projeto, mas não quis se envolver nele como músico -- ao menos, não diretamente.

Assumiu a cadeira de produtor.

Escolheu a dedo vários artistas amigos.

E os convidou para uma aventura musical sem precedentes na história do rock and roll.



O time de compositores convocado por T-Bone Burnett é composto por sua alma gêmea Elvis Costello, mais Jim James (do My Morning Jacket), Marcus Mumford (do Mumford & Sons), Rhiannon Giddens (Carolina Chocolate Drops) e Taylor Goldsmith (The Dawes).

Todos seguiram não para o velho estúdio improvisado no porão da Casa Rosa de Woodstock, onde os "Basement Tapes' originais foram gravados, mas para o Studio One da Capitol em Los Angeles, California -- provavelmente, o melhor estúdio de áudio de todo o Planeta Terra.

Conforme os ensaios e as sessões quase coletivas de composição corriam, todos iam achando o tom certo para suas participações no projeto.

E, sem perceber, começaram a interagir uns com os outros de uma maneira quase fraternal, com um envolvimento bem semelhante ao que rolou entre Bob Dylan e The Band em 1967..

Elvis Costello explica que todos procuraram tratar o parceiro Bob Dylan como um integrante da banda com 26 anos de idade que, por motivo de doença, não estava presente ao estúdio naquele dia.

A partir daí, saíram buscando maneiras de interagir com ele através de seus escritos -- sem reverências de espécie alguma, apenas como um talentoso companheiro de trabalho.

E foi assim que conseguiriam desenvolver um projeto sem ranço nostálgico e sem a preocupação de ter que correr atrás daquele mesmo tom dos "Basement Tapes" originais, preservando a personalidade musical de cada um dos integrantes.

Uma das preocupações principais deles todos foi tentar não compor melodias usando os fraseados musicais que Dylan adota habitualmente nas suas canções.

Não foi muito fácil a princípio.

Mas, depois que acharam o Norte, a coisa toda seguiu às mil maravilhas.



Das 50 canções que Dylan enviou, 20 ganharam melodia e foram finalizadas para este belíssimo "Lost In The River - The New Basement Tapes"

A primeira audição já impressiona, e muito, tanto pela beleza e pela densidade das canções quanto pela grandeza artística do projeto.

É nesses momentos que fica clara a enorme diferença que faz ter alguém como T-Bone Burnett no comando.

Serenamente, ele facilitou para cada um dos integrantes da "banda" achasse mais rapidamente o seu papel no projeto, e permaneceu a maior parte do tempo do outro lado do vidro, acompanhando as coisas da mesa de gravação.

Não se preocupou em imprimir seu toque pessoal acima das contribuições dos participantes, e buscou como produtor aquela mesma organicidade musical que faz do seu trabalho como artista solo algo tão intenso.

É impressionante como "Lost In The River" cresce a cada audição, combinando talentos jamais combinados antes de forma genial.


É sempre bom lembrar que, antes dos "Basement Tapes", Dylan era um compositor solitário, que interagia com suas bandas apenas nos palcos, na hora de tocar.

Nos "Basement Tapes" ele, pela primeira vez, teve a chance de ter parceiros nas suas canções -- vide "This Wheel's On Fire", composta com Rick Danko, e "Tears Of Rage", composta com Richard Manuel, ambos de sua banda na ocasião -- e os resultados foram notáveis.

Há diversas canções em "Lost In The River" em que essa mesma simbiose artística acontece -- e isso, por si só, já revela o quanto essa aventura musical é preciosa.

Essas canções vem encadeadas de forma delicada e envolvente, o que ajuda a fazer de "Lost In The Flood" um sério candidato a maior e mais bem resolvida empreitada musical do ano.

Como eu disse no início do texto, T-Bone Burnett é um cara admirável.

É o único produtor de discos que Bob Dylan nunca conseguiu levar à loucura.

Acreditem: não é pouca coisa..



WEBSITE OFICIAL
http://www.thenewbasementtapes.com/

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terça-feira, dezembro 02, 2014

NEIL YOUNG ESTÁ LOUCAMENTE APAIXONADO. DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES...



Nenhum artista de rock and roll -- nem mesmo Bob Dylan -- coleciona tantas idiossincrasias quanto Neil Young.

São esquisitices que sempre existiram no trabalho dele, mas que ganharam uma força adicional na virada dos anos 1970 para os 1980, em pleno período pós-punk, com um álbum estranho e disforme chamado "Re.act.or", que deixou a Reprise Records bastante irritada na ocasião.

De lá para cá, excentricidades as mais variadas ressurgem pontualmente em seus discos de tempos em tempos.

Neil Young já pagou caro por essas idiossincrasias, mas não adianta: ele não aprende.

Nos Anos 80, foi processado por David Geffen -- seu patrão na Geffen Records, que, ingenuamente, havia concedido a ele liberdade criativa total na elaboração de seus projetos -- sob a alegação de que, de um contrato de cinco álbuns, sua gravadora recebeu de Neil Young quatro LPs estranhíssimos e de difícil comercialização.


De volta à Reprise Records no final dos Anos 80, ainda meio assustado com o processo que perdeu para David Geffen, Neil sossegou por uns tempos, e brindou seu público e sua gravadora com discos às vezes elétricos, às vezes acústicos, sem excentricidades exageradas e sempre com um alto gabarito artístico.

Mas com a virada do milênio, alguma coisa estranha aconteceu.

Provavelmente, alguns parafusos de Neil afrouxaram, e ele pouco a pouco foi retomando sua velha rotina idiossincrática de produzir discos conceituais e experimentais cada vez mais estranhos e voltados para um público cada vez mais dirigido.

A sorte dele é que, a essa altura da vida, sua gravadora não nutria mais grandes expectativas nele, seus projetos passaram a ter um custo relativamente baixo e seu público permaneceu grande e fiel o suficiente para garantir vendagens expressivas para os padrões minguados da Indústria Fonográfica nos dias de hoje.



Pois bem: a nova idiossincrasia musical de Neil Young se chama "Storytone".

É um disco bastante incômodo e pouco satisfatório.

São dez canções novas com o tom minimalista habitual, sempre muito delicadas -- metade delas composta para sua atual namorada, a ex-sereia (e ex-Senhora Jackson Browne) Daryl Hannah --, gravadas ao vivo diante de uma orquestra de cordas arranjada e regida por Michael Bearden, ou de uma Big Band comandada por Chris Walden, parceiro musical de Michael Bublé.

Até aí, nada demais.

O problema é que as baladas dessa sua nova lavra são muito frágeis melodicamente, simples e despojadas demais, e os arranjos de cordas encomendados caem feito bigornas em cima delas, inviabilizando qualquer interação entre Neil -- o crooner mais improvável do mundo -- e o tsunami de cordas que afoga, sufoca e ridiculariza essas canções.

Lembra um pouco aqueles arranjos exagerados que Neil encomendou para a London Symphony Orchestra 42 anos atrás, em canções como "Words" e "A Man Needs A Maid", na época duramente criticados.

Verdade seja dita: o que 42 anos atrás era apenas inadequado, agora chega a ser embaraçoso.

Nas faixas em que Neil vem acompanhado pela Big Band de Rhythm & Blues, o resultado final é bem melhor -- até lembra um pouco "This Note's For You" (1989) --, mas peca vez ou outra por imprimir às canções um registro de swing jazzístico sofisticado demais para o jeitão gauche meio bronco de Neil Young.

"Storytone" não chega a ser uma decepção, mas irrita, e muito.

É um grande equívoco artístico -- bem intencionado, claro, mas um grande equívoco artístico sem sombra de dúvida.



Okay (1), sejamos tolerantes: Neil Young está apaixonado, e todo ser apaixonado perde o senso do ridículo, o que é perfeitamente natural.

Okay (2), Daryl Hannah é bem melhor apessoada do que Pegi Young, com quem ele foi casado por mais de 35 anos.

Okay (3), é inegável que o cd bonus que acompanha "Storytone", com as mesmas canções tocadas "no osso" -- sem esses arranjos estapafúrdios, e na sequência original das canções -- não só é bastante satisfatório, como mostra que ele continua um mestre em compor canções curtas e emocionantes.

O que realmente chateia nessa nova empreitada amalucada de Neil Young é que, dessa vez, ele chegou bem perto de produzir um daqueles "pequenos grandes álbums" que antes pontuavam sua carreira a cada cinco anos -- e que, desde "Silver And Gold", de 2000, simplesmente deixaram de chegar.

Quem sabe no próximo disco -- isso se esse romance durar, ou se conseguir sobreviver a esse "late bloom" fulminante  --, Neil acerta a mão novamente.



WEBSITE OFICIAL
http://www.neilyoung.com/index2.html

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/neil-young-mn0000379125/discography

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quarta-feira, novembro 19, 2014

O CURIOSO CASAMENTO DE DUAS GRANDES BANDAS CLÁSSICAS DO PUB-ROCK LONDRINO


Nada nesse mundo deixa executivos de gravadora mais felizes do que conseguir empurrar goela abaixo de seus artistas contratados discos de colaboração -- as quase sempre famigeradas dobradinhas musicais.

O entusiasmo desses executivos com projetos dessa natureza é quase sempre inversamente proporcional ao dos artistas "convocados" para essas empreitadas pré-formatadas, que são, curiosamente, projetos impessoais criados por Departamentos de Projetos Especiais das gravadoras.

Fica a cargo do Departamento toda a direção artística do projeto: os arranjos, a produção, às vezes até o repertório a ser gravado.

Os artistas só são chamados mesmo na hora de colocar a voz e "finalizar o produto".

São poucos os artistas que chegam aos 60, 70 anos de idade e conseguem dizer não a esses projetos pré-embalados, mantendo assim sua independência artística intacta.

Pois vamos falar hoje de dois artistas poderosos, que acabam de subverter esse "padrão" com um trabalho em colaboração impecável.

Um trabalho que, de tão vibrante e inusitado, certamente nunca entrou na pauta desses executivos fascinados pelo óbvio.



O lendário guitarrista inglês Wilko Johnson, da primeira formação da banda inglesa de pub-rock Dr. Feelgood, esteve no noticiário musical ao longo de todo o ano passado por conta de um enorme tumor no pâncreas -- do tamanho de uma bola de futebol, segundo ele próprio -- considerado inoperável por médicos que deram no máximo 6 meses de vida para ele.

Wilko, para surpresa geral, não se deixou abalar pela morte iminente e tratou de embarcar numa tournée com sua banda pela Europa e Japão, gravando material para discos póstumos e se despedindo de sua legião de fãs da maneira mais leve e debochada possível.

Até que, depois de uma gig descompromissada com seu velho amigo Roger Daltrey, do The Who, surgiu a ideia deles dois entrarem num estúdio e gravarem um disco rapidamente, sem muito planejamento, só com canções de estimação.



Dessa brincadeira, nasceu alguns meses atrás esse "Going Back Home" (Chess/Universal), um LP implacável de rock and roll com releituras de clássicos do Dr. Feelgood mescladas com covers espetaculares como "Can You Please Crawl Out Your Window", de Bob Dylan, onde Daltrey solta sua voz com a mesma verve implacável de suas performances clássicas à frente do Who.

É como se -- em meio a essa afirmação de Wilko Johnson por manter-se vivo e ativo -- Roger Daltrey redescobrisse o som e a fúria do seu início de carreira com Pete Townshend, John Entwhistle e Keith Moon em meados dos 60, quando o Who era a banda de pub-rock mais furiosa da cena inglesa.

E não é que, para surpresa geral, desde que foi lançado em Agosto, "Going Back Home" ficou no topo das paradas inglesas e europeias durante várias semanas, caindo só agora com o lançamento de "The Endless River" do Pink Floyd?

Divirtam-se com essa aula vigorosa de rock and roll de dois mestres que, felizmente, se recusam terminantemente a pendurar as botas.

Com certeza, um dos discos fundamentais de 2014.


















PS: Wilko Johnson foi operado do tumor e conseguiu sobreviver a duras penas. Sabe-se lá se consegue subir num palco novamente. Mas está vivo. E é bom tomar cuidado, pois ele morde!


WEBSITES OFICIAIS
WILKO JOHNSON
http://www.wilkojohnson.com/
ROGER DALTREY
http://thewho.com/

DISCOGRAFIA
WILKO JOHNSON
http://www.allmusic.com/artist/wilko-johnson-mn0000959997/discography
ROGER DALTREY
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quinta-feira, novembro 13, 2014

OS LENDÁRIOS "TAPES DO PORÃO" DE BOB DYLAN E THE BAND, AGORA FINALMENTE POR INTEIRO


O primeiro disco pirata da história não foi de Bob Dylan.

Mas o primeiro álbum triplo pirata foi.

E, para desespero da Columbia Records,dona do passe de Dylan, esse álbum triplo ilegal chamado "The Little White Wonder", com gravações feitas em 1967, foi o primeiro da história a vender a bagatela de um milhão de cópias.

Foi quando Dylan concluiu que seu público não só era fiel a ele, como era capaz de aceitar qualquer idiossincrasia musical que viesse dele.

A partir daí, artistas como os Rolling Stones descobriram que, mesmo com aquelas artes de capa horríveis e o tradicional som da taquara rachada de algumas gravações, ter discos pirata circulando no mercado era sinal de prestígio artístico e comercial.

Claro que estamos falando do final dos anos 1960, início dos 1970, quando encaminhar tapes para alguém do submundo lançar como disco pirata, assim como manufaturar e comercializar nas lojas, era algo altamente arriscado, podendo resultar em cadeia para todos os envolvidos.

E claro que estamos falando de eras anteriores à da revolução digital e do surgimento da Internet, que hoje permite, por exemplo, que o concerto de encerramento de carreira da Allman Brothers Band numa noite de quinta no Beacon Theater, em Nova York, esteja disponível na íntegra para quem quiser fazer download já no dia seguinte.



É impressionante a quantidade de lendas rurais que cercam Bob Dylan, The Band e a Big Pink -- casa em Woodstock, Nova York, com um estúdio de gravação montado no porão, celebrizada pelo folclore que cerca esses artistas.

Mais da metade dessas lendas são completamente infundadas.

O tal acidente de motocicleta que supostamente teria deixado Dylan à beira da morte e recluso por vários anos é conversa mole.

Dylan, na verdade, estava é completamente envolvido com drogas de diversos tipos e aproveitou o acidente para se recolher e se recompor.

A suposta comunidade alternativa de músicos que teria se instalado na Big Pink em 1967 é outro factoide, provavelmente inventado por Dylan naquelas "entrevistas reveladoras" que ele concedia para a Rolling Stone, onde ele sempre mentia deslavadamente por pura diversão, pois sabia que todos acreditavam em qualquer coisa que ele disesse.

Na verdade, a Big Pink foi, por um longo tempo, lugar de trabalho intenso para todos os músicos ligados a Dylan, que logo depois desses sessões deixariam de lado o nome The Hawks, herdado do roqueiro caipirão Ronnie Hawkins, para adotar The Band.


O resto é história.

Tapes e mais tapes com gravações magníficas desse período circulam por aí há muitos anos.

Primeiro no formato de discos piratas disputados a tapa por colecionadores.

Depois, no álbum duplo "The Basement Tapes", lançado tardiamente pela Columbia em 1975 -- quase oito anos depois de tê-lo rejeitado em 1968.

E agora nessa caixinha com 6 cds: "The Complete Basement Tapes", décimo-primeiro volume da já extensa série "The Bootleg Series" só com gravações não-oficiais de Dylan resgatadas de discos piratas e devidamente rematrizadas.

Quem está habituado a escutar o álbum duplo lançado em 1975 vai estranhar logo de cara o grau de intimidade que esses tapes oferecem ao ouvinte.

As conversas entre os diversos takes de cada canção, e as escolhas de covers, que permaneciam inéditos, nos momentos de descontração, são altamente reveladoras, dando ao ouvinte a sensação de estar imerso ao lado deles naquele processo criativo sem precedentes na história do rock and roll.


Quem conhece a discografia pirata de Dylan vai perceber que praticamente tudo o que aparece no bootleg triplo "The Little White Wonder" foi gravado nas mesmas condições dos "Basement Tapes" que conhecemos.

Só que aquele abismo que existia entre a qualidade sonora precária dos discos piratas e a das gravações oficiais que compõem esta caixinha deixa de existir aqui.

Ou seja: desfrutar dessa experiência musical de forma integral acaba sendo um bálsamo, tamanha  a qualidade sonora desses tapes.

E para quem está acostumado a ouvir The Band ao vivo quase sempre cuspindo fogo, nada mais agradável do que ouví-los tocando mansinho, ainda mais com Bob cantando afinado na medida do possível e desfilando canções magníficas -- muitas delas parcerias, algo que Dylan não tinha feito até então -- em gravações despojadas e contundentes.


Muita atenção para o texto revelador escrito por Sid  Griffin -- líder dos grupos Long Ryders e Coal Porters -- incluído no booklet que acompanha o álbum.

Sid, para quem não sabe, conhece Bob Dylan melhor que o próprio Dylan.

É o maior estudioso do Menestrel de Minnesota do Planeta Terra.

E... é isso!

Sejam bem-vindos a bordo da Big Pink.

E tenham todos uma boa -- e longa -- viagem rumo aos segredos do porão.



WEBSITES OFICIAIS
BOB DYLAN
http://www.bobdylan.com/us/home
THE BAND
http://theband.hiof.no/

DISCOGRAFIAS
BOB DYLAN
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THE BAND
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O RESGATE EMOCIONADO DE RICHARD WRIGHT NA DESPEDIDA EMOCIONANTE DO PINK FLOYD


Pink Floyd é uma banda que sempre desafiou definições e classificações.

O início, viceralmente psicodélico, com o genial Syd Barrett no comando, destoava e muito da cartilha da psicodelia, flertando abertamente com a música avant-garde européia

O trauma causado pela saída abrupta de Barrett da banda por problemas mentais logo após o lançamento do primeiro LP, "The Piper At The Gates Of Dawn", levou o Pink Floyd a se unir de forma muito intensa, estabelecendo um núcleo musical sólido para poder seguir em frente.

Desse núcleo surgiu uma comunhão profunda entre o recém-chegado guitarrista David Gilmour e o tecladista Richard Wright, o baixista Roger Waters e o baterista Nick Mason.

A meta dos quatro membros da banda era seguir na cena combinando seus talentos individuais em um trabalho que pudesse ser relevante, e assim tentar suprir a falta causada pela ausência de Syd Barrett.

Apoiaram-se num padrão de perfeccionismo nunca antes experimentado por uma banda de rock, e seguiram em frente, e alcançaram um sucesso artístico e comercial assombroso.

Por conta desse perfeccionismo,não havia espaço para qualquer tipo de virtuosismo.

Trata-se de uma experiência coletiva por excelência, que gerou álbuns perfeitos como "Atom Heart Mother", "Meddle", "The Dark Side Of The Moon" e "Wish You Were Here", colocando o Pink Floyd num patamar onde nenhuma outra banda jamais esteve.



Infelizmente, rusgas internas entre o baixista Roger Waters e os outros integrantes começaram a vir à tona em meados dos anos 70, refletindo diretamente no trabalho da banda.

Trabalho que, a cada disco, ficava mais conceitual e mais orientado por Roger Waters.

Paradoxalmente, sua liderança começou a conspirar contra a coesão do Pink Floyd.

Essas diferenças artísticas pouco a pouco ficaram tão incontornáveis que Roger Waters teve que deixar a banda após o lançamento do LP "The Final Cut" -- que já tinha todo um jeitão de "seu primeiro disco solo" --, tamanho o desinteresse e a falta de envolvimento de seus parceiros no projeto.

Depois da separação, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason acharam por bem deixar a banda no estaleiro por alguns anos para esperar a poeira baixar.

E então, depois de se dedicarem a projetos solo, os três decidiram que o Pink Floyd voltaria em um novo formato: aboliram o formato original de quarteto e transformariam Pink Floyd numa banda enorme, com vários músicos contratados, sempre prontos para cair na estrada.


Seguiram juntos e coesos -- e sempre no topo das paradas -- até 1994, quando lançaram "The Division Bell".

Promoveram o disco numa tournée vitoriosa, e, ao final dela, se despediram oficialmente de seu público.

E tudo indicava que era o fim mesmo.

O que pouca gente sabia é que "The Division Bell" havia sido projetado originalmente para ser um álbum duplo, com duas horas de música -- sendo um dos discos completamente instrumental, com uma suite musical de uma hora de duração criada por Richard Wright e chamada "The Big Spliff", que permaneceu inédita.

Quando Wright morreu em 2008, pouca gente lembrava que esses tapes existiam em alguma geladeira da Columbia Records.

Mas David Gilmour e Nick Mason lembravam.

Aliás, não só lembravam como acalentavam uma maneira de trazê-la a público numa espécie de álbum de despedida da banda em memória de Richard Wright e em louvor à união inabalável que existia entre eles três.


Foi assim que "The Endless River" -- o décimo quinto disco da banda, lançamento Sony-Columbia -- começou a nascer.

Ano passado, meio que na surdina, Gilmour e Mason começaram a trabalhar nesses velhos tapes.

Daí chamaram o amigo guitarrista e produtor Phil Manzanera para dar uns palpites, além de outros dois produtores.

Eles optaram por desmembrar a suite original para deixá-la ainda mais climática, acrescentando diversos outros instrumentos sem descartar jamais as participações gravadas de Wright no mix final.

E o resultado desse trabalho de resgate é primoroso.

E emocionante.

A faixa de encerramento, "Louder Than Words", escrita por Gilmour e cantada por Polly Samson, sua mulher, dá o tom da união inabalável e da despedida que aponta ao eterno retorno.

Os versos  principais da canção explicam porque de um álbum instrumental nos 45 minutos do segundo tempo e revelam a tônica do que manteve o Pink Floyd em pé ao longo de todos esses anos:

"The sum of our parts / The beat of our hearts / It’s louder than words"



Para mim -- e acredito que para muitos de vocês também -- é um prazer enorme ver o núcleo do Pink Floyd unido novamente, como nos velhos tempos pós-Syd Barrett, nesse projeto que foge por completo ao padrão dos outros 14 discos da banda.

Eu vejo "The Endless River" como um belo posfácio a uma carreira magnífica.

Que começou sob o signo da psicodelia e do música de vanguarda para aos poucos flertar com o atemporal, sem jamais cair em anacronismos.

Faço questão de aplaudir David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright -- e porque não Phil Manzanera? -- pelos momentos deliciosos que "The Endless River" me proporcionou ao longo desta última semana.

E isso não é uma crítica objetiva -- que se dane a objetividade.

Estou é prestando reverência a heróis musicais que cultivo há mais de 40 anos

Bravo, rapazes! Agora é deixar que o rio siga seu curso.



WEBSITE OFICIAL
http://www.pinkfloyd.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/pink-floyd-mn0000346336/discography

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quarta-feira, novembro 05, 2014

NATALIE MERCHANT RETOMA SUA CARREIRA COMO CANTORA-COMPOSITORA NUM BELO LP


Já se vão quase 20 anos desde que a adorável cantora e compositora de origem amish Natalie Merchant deixou o grupo Ten Thousand Maniacs para seguir uma carreira solo extremamente promissora.

Sua sensualidade frágil e a maneira delicada e às vezes enigmática com que se expunha em suas canções haviam se transformado na marca registrada da banda, que enfrentou sérias dificuldades ao tentar seguir em frente sem ela.

E lá foi Natalie, em busca de sua carreira solo.

Seu primeiro disco solo, "Tigerlily" (1995), era simplesmente perfeito, melhor que qualquer coisa que ela tivesse realizado antes.

Seu segundo disco, "Ophelia" (1998), deu sequência dentro do mesmo padrão de excelência do disco anterior.

E então, "Motherland" (2001) fechou uma trinca de álbuns magníficos, que colocavam Natalie não só como uma grande cantora-compositora, mas talvez como a maior expressão pop feminina de toda a sua geração.

(algo que o produtor Peter Asher, responsável pelos melhores LPs do Ten Thousand Maniacs, já havia previsto muitos anos atrás)



Bom, o caso é que depois desses 3 discos de primeira grandeza artística e de grande apelo popular, Natalie estranhamente se negou a renovar seu contrato com a Elektra Records.

Para surpresa geral, interrompeu o rumo vitorioso de sua carreira e decidiu que dalí para a frente partiria para projetos mais descompromissados, e trabalharia apenas com selos independentes.

O primeiro projeto foi um álbum duplo só com canções folclõricas reinterpretadas por ela.

E o segundo projeto, um disco com canções para crianças.

Só agora Natalie Merchant retoma o que havia interrompido em "Motherland".

"Natalie Merchant", lançado em Agosto deste ano, é sua primeira coleção de novas canções em 13 anos, e valeu a espera.

São 10 canções estranhamente intercaladas, todas de uma densidade emocional comovente, e todas bem diferentes das que ela costumava compor antes.

Se 30 anos atrás, aos vinte anos de idade, Natalie se esforçava para soar madura nas reflexões que permeavam suas letras para as canções do Ten Thousand Maniacs, agora, aos cinquenta, ela sai em busca de uma leveza quase impossível em meio a um oceano de melancolia.

E encontra essa leveza de forma catártica e -- porque não dizer? -- quase mágica..

Aqui, canções relativamente despachadas como "Giving Up Everything", "Black Sheep" e "It's A-Coming" contracenam como canções com um registro mais soturno, como  as canções finais: "Lulu" e "The End".

O que emerge disso tudo é a mesma excelência musical de seus três primeiros álbuns solo, com um novo olhar bastante diferenciado.

Banda impecável, arranjos nada ostensivos, produção precisa: tudo conspira a favor de um resultado final altamente positivo para essa bela e intensa empreitada musical.

"Natalie Merchant" é uma retomada cativante do imaginário dessa artista adorável que, aos 51 anos de idade, conseguiu alcançar um status artístico tão alto quanto o de heroína musical e maior influência: a saudosa cantora Sandy Denny, do grupo inglês Fairport Convention.

Prepare-se para ouvir um disco maduro, denso e cativante.

De uma artista idem.





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http://www.nataliemerchant.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/natalie-merchant-mn0000372322/discography

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MARIANNE FAITHFULL DÁ ADEUS À AMARGURA EM SEU NOVO LP "GIVE MY LOVE TO LONDON"


Marianne Faithfull é um caso complicado.

Linda e muito popular em 1964, quando ganhou o mundo com o compacto “As Tears Go By”, de Mick Jagger & Keith Richards, ela conseguiu impor através de sua voz frágil e docemente ríspida um padrão novo e original que, de tão pessoal, poucas cantoras ousaram tentar seguir na época.

Extremamente bem sucedida a princípio, foi terrivelmente prejudicada por seu casamento turbulento com Mick Jagger, por suas pretensões como atriz e, last but not least, pela dependência de heroína e pelas constantes tentativas de suicídio.

Demorou muito para Marianne perceber que nada daquilo tudo apontava para lugar algum.

Foi quando tentou retomar sua carreira musical.

Em vão.


Passou a primeira metade dos anos 1970 num limbo artístico muito cruel.

Só conseguiu achar foco para seu carreira ao se reinventar por completo, já em plena era punk, com o LP “Broken English” -- certamente o trabalho mais contundente de uma cantora-compositora inglesa naquela período.

Daí em diante, encontrou um público fedelíssimo que nunca mais iria abandoná-la.

Mergulhou de cabeça no repertório de Kurt Weill em “20th Century Blues”, e gravou vários LPs alternando canções próprias com outras de seus amigos Tom Waits e Nick Cave.

Seis anos atrás, recuperada de uma mastectomia, topou fazer “Easy Come Easy Go”, um álbum de covers com duetos para acabar com todos os outros álbuns de covers com duetos -- onde contracenou com amigos como Antony, Rufus Wainwright, Nick Cave, e até Keith Richards.

Ano retrasado, voltou, com um LP mais inusitado ainda. “Horses & High Heels” inteiramente gravado em New Orleans com os jovens músicos do excelente grupo Lower 911, e o resultado foi desconcertante e inusitado, contrapondo a abordagem musical sombria de Marianne com o frescor musical desses jovens músicos.


Agora, ela está de volta com "Give My Love To London", uma álbum de extremos emocionais, segundo ela própria, produzido brilhantemente por Rob Ellis e Dimitri Tikovo e mixado por Flood, produtor do U2.

E mais uma vez, Marianne reúne em torno dela convidados estelares com canções escritas especialmente para ela: Nick Cave, Brian Eno, Roger Waters, Anna Calvi, Steve Earle e Tom McRae, todas perefeitamente adequadas a ela.

É um LP belíssimo, de uma delicadeza absoluta.

Se no seu disco anterior Marianne nos brindou com uma releitura lindíssima de "Going Back", de Carole King e Gerry Goffin, aqui ela reinventa de forma magnífica o clássico dos Everly Brothers "The Price Of Love", acrescentando à canção uma densidade existencial que ela nunca sonhou ter antes.

E tem uma versão tão dilacerada e contundente de "I Get Along Without You Very Well" de Hoagy Carmichael que deixa a versão clássica de Billie Holiday no chinelo.

Para completar, suas novas composições são todas ótimas, provas irrefutáveis de que ela, com o passar dos anos, conseguiu tornar-se uma compositora de mão cheia.

Em praticamente todas elas, Marianne promove um resgate emocional intenso e extremamente verdadeiro.


Marianne Faithfull está com 68 anos de idade.

A cada disco que lança, ela não cansa de nos surpreender positivamente.

Já foi ao Inferno e voltou algumas vezes, sempre encarnando uma Ofélia junkie que possui todas as características de uma personagem trágica,

Menos uma:

Insiste em permanecer viva, ativa, e bem.


WEBSITE OFICIAL
http://mariannefaithfullofficial.tumblr.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/marianne-faithfull-mn0000651107/discography

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LUCINDA WILLIAMS DECLARA INDEPENDÊNCIA E COLHE UM BELO TRIUNFO ARTÍSTICO


Lucinda Williams não é -- na verdade, nunca foi -- uma artista fácil.

Talentosa e temperamental, ela sempre foi cobiçada pela Indústria Fonográfica por suas habilidades como compositora, mas sempre foi considerada problemática como artista solo por desafiar produtores e executivos constantemente em nome de um perfeccionismo que muitas vezes soava mais como um capricho pessoal do que propriamente como uma atitude artística fundamentada.

Nascida em 1953 em Lake Charles, Louisiana, ela é filha de Miller Williams, professor de literatura e poeta de prestígio, com vários livros publicados e passagens por Universidades em todos os cantos dos Estados Unidos, além de Santiago, Chile, e Cidade do México.

Lucinda herdou do pai a paixão por country music e blues, e também o espírito aventureiro e o diletantismo artístico que, de certa forma, colaboraram muito para que ela demorasse a achar um foco claro para seu trabalho como cantora e compositora.

Perambulou anos e anos entre New Orleans, Austin, Los Angeles e Nova York como artista folk e só foi conseguir uma chance para gravar um LP através do selo Folkways no final dos anos 1970.

Mesmo assim, o blend de blues, country e folk de seus trabalhos iniciais não serviu para abrir portas em nenhuma dessas cenas musicais bem distintas.

E então ela passou a ser vista como uma artista inclassificável pela Indústria Fonográfica, que, por sua vez, era assumidamente avessa a qualquer coisa que não soasse como “Thriller”, de Michael Jackson, naqueles famigerados primeiros anos da década de 80.


Mas Lucinda insistiu, e conseguiu lançar seu LP seguinte pelo selo inglês Rough Trade, que operava basicamente com bandas independentes, como The Smiths e outras.

Com isso, conseguiu chamar a atenção de quem estava atento às novas manifestações musicais vindas do outro lado do Atlântico.

E então, suas canções começaram a ser descobertas e gravadas por gente como Mary Chapin Carpenter, Linda Ronstadt e, claro, Emmylou Harris.

Tudo isso abriu finalmente as portas de um selo americano, Elektra Records, onde Lucinda gravou o excelente “Sweet Old World” (1993), novamente mesclando diversos gêneros musicais.

Mas, dessa vez, deu a sorte de emplacar um single nas paradas country: a irresistível “Passionate Kisses”.


Foi quando sua carreira finalmente começou a decolar.

Seu trabalho seguinte, “Car Wheels On A Gravel Road”, resultado de um parto complicadíssimo envolvendo confusões com vários produtores – entre eles, Rick Rubin e Roy Bittan – e duas gravadoras em litígio, acabou vendo a luz do dia pela Mercury Records, e finalmente trouxe o reconhecimento do grande público ao trabalho de Lucinda Williams – que passou a ser vista como um Townes Van Zant ou um Steve Earle de saias, ou coisa que o valha.

De lá para cá, a carreira de Lucinda Williams parou de apresentar problemas -- ao menos, por algum tempo.

Apesar de continuar insistindo em desafiar classificações, ela foi muito bem recebida no selo Lost Highway, especializado em artistas country desalinhados do mainstream de Nashville.

Passou a gravar discos de 2 em 2 anos, sempre alternando canções de amor e desespero com números de rock and roll fulminantes, abraçando diversos segmentos de público e tornando-se cada vez mais popular.


Pois agora chegou a hora dela declarar independência e montar seu próprio selo: Highway 20 Records.

“Down Where The Spirit Meets The Bone”, seu mais novo trabalho, é altamente desafiador, e retoma uma veia mais rústica que havia se perdido em discos anteriores, produzidos por craques como Don Was, sempre de olho no mercado.

Trata-se de um álbum duplo com 20 -- ótimas -- canções e 105 minutos de duração que funciona como uma viagem pelo universo temático de Lucinda Williams: as relações imperfeitas e o amor que se confunde com outros sentimentos e se perde.

Temos aqui menos melancolia e mais atitude que o habitual -- uma atitude bluesy, truculenta, bem crua, forjada em guitarras rasgadas, como o próprio título do disco sugere.

Pode-se dizer sem engano que o disco 1 é mais mundano, funcionando do umbigo para fora, enquanto o disco 2 lida com temas mais pessoais, do umbigo para dentro.

Ou seja: tem desde comentários sociais contundentes como "West Memphis" e "East Side Of Town" quanto canções de amor rasgadas como "Everything But The Truth" e "This Old Heartache" -- isso além de um poema de seu pai que ela decidiu musicar, entitulado "Compassion", a abre o disco.

Sua banda de apoio é, basicamente, The Imposters, cedida gentilemente pelo amigo Elvis Costello.

E as participações especiais de guitarristas de naturezas tão diferentes quanto Bill Frisell e Tony Joe White já deixam claro que "Down Where The Spirit Meets The Bone" trafega por diversas vertentes musicais -- nenhuma delas estranha a Lucinda Williams.


Se o disco tem algum defeito, é justamente ser longo demais, e menos conciso que outros grandes discos de Lucinda, como "Car Wheels In A Gravel Road" e Essence" -- mas antes pecar pelo exagero do que pelo racionamento de talento.

O importante é que Lucinda Williams não nega fogo em momento algum em "Down Where The Spirit Meets The Bone", e se afirma como uma artista inconformada com as regras do mercado musical respaldada por de um "cult following" grande o suficiente para aplaudir suas atitudes e dar sinal verde para que ela siga o rumo que achar melhor em sua carreira.

Pois foi isso que ela fez aqui.

"Down Where The Spirit Meets The Bone" não é só um triunfo artístico indiscutível.

É o álbum que a coloca definitivamente no mesmo patamar artístico de seus contemporâneos Bob Dylan, Neil Young, Joni Mitchell e John Hiatt.

Nada mal para uma garota rebelde da Louisiana.



WEBSITE OFICIAL
http://lucindawilliams.com/?fp=true

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/lucinda-williams-mn0000837215/discography

AMOSTRAS GRÁTIS
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sábado, novembro 01, 2014

A MATURIDADE TURBULENTA E ENVOLVENTE DE TORI AMOS BRILHA EM UNREPENTED GERALDINES


Tori Amos é filha de um pastor metodista e se iniciou como cantora e pianista na Igreja de seu pai.

Suas primeiras canções eram rebelos roqueiros de arrepiar, onde desafiava sem piedade a rigidez existencial e a terrível educação sentimental que herdou deles.

Curiosamente, essas canções -- que faziam parte de seus dois primeiros discos -- seguiam numa sintonia muito estreita com a retórica de Kurt Cobain no recém-lançado "Nevermind" do Nirvana.

Dai, alguns críticos com dificuldades em classificá-la em algum gênero correram para rotulá-la como uma versão punk de Joni Mitchell.

Mas não colou,

Tori Amos estava muito além disso.


Com o passar dos anos -- e dos discos, sempre um a cada ano -- nossa ruivinha desaforada foi deixando de ser uma curiosidade e se revelando uma cantora e compositora absolutamente ímpar.

Com uma visão de mundo muito peculiar, e uma atitude artística sempre aventuresca e vez ou outra bem humorada.

Tori conseguiu, ao longo desses últimos 25 anos, a proeza de cativar um público tão difícil de classificar quanto ela própria.

Um público numeroso.

Que passou a acompanhar seus shows pelo mundo afora e nunca se importou com o fato de suas canções não tocarem nas rádios, e muito menos nas MTVs e VH1s da vida.


"Unrepented Geraldines" (Decca-Island Records) é o décimo-quinto álbum de Tori Amos.

Uma coleção de canções que alterna momentos de ternura extrema com as explosões quase surreais de franqueza e de revolta que seus fãs tanto apreciam.

Ficou longe aquele frescor criativo de seu início de carreira.

O que existe agora é a perplexidade de uma mulher de cinquenta anos que insiste em não acatar as regras da Etiqueta Sentimental e uma artista vibrante que não cansa de se reinventar.
Se faz muito tempo que você não ouve um disco de Tori Amos, ouça "Unrepented Geraldines".

Acredite: aquela ruivinha desaforada cresceu.

E virou uma mulher madura perigosíssima.

Mas também muito divertida..


WEBSITE PESSOAL
http://www.toriamos.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/tori-amos-mn0000792530/discography

AMOSTRAS GRÁTIS