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quinta-feira, novembro 13, 2014

OS LENDÁRIOS "TAPES DO PORÃO" DE BOB DYLAN E THE BAND, AGORA FINALMENTE POR INTEIRO


O primeiro disco pirata da história não foi de Bob Dylan.

Mas o primeiro álbum triplo pirata foi.

E, para desespero da Columbia Records,dona do passe de Dylan, esse álbum triplo ilegal chamado "The Little White Wonder", com gravações feitas em 1967, foi o primeiro da história a vender a bagatela de um milhão de cópias.

Foi quando Dylan concluiu que seu público não só era fiel a ele, como era capaz de aceitar qualquer idiossincrasia musical que viesse dele.

A partir daí, artistas como os Rolling Stones descobriram que, mesmo com aquelas artes de capa horríveis e o tradicional som da taquara rachada de algumas gravações, ter discos pirata circulando no mercado era sinal de prestígio artístico e comercial.

Claro que estamos falando do final dos anos 1960, início dos 1970, quando encaminhar tapes para alguém do submundo lançar como disco pirata, assim como manufaturar e comercializar nas lojas, era algo altamente arriscado, podendo resultar em cadeia para todos os envolvidos.

E claro que estamos falando de eras anteriores à da revolução digital e do surgimento da Internet, que hoje permite, por exemplo, que o concerto de encerramento de carreira da Allman Brothers Band numa noite de quinta no Beacon Theater, em Nova York, esteja disponível na íntegra para quem quiser fazer download já no dia seguinte.



É impressionante a quantidade de lendas rurais que cercam Bob Dylan, The Band e a Big Pink -- casa em Woodstock, Nova York, com um estúdio de gravação montado no porão, celebrizada pelo folclore que cerca esses artistas.

Mais da metade dessas lendas são completamente infundadas.

O tal acidente de motocicleta que supostamente teria deixado Dylan à beira da morte e recluso por vários anos é conversa mole.

Dylan, na verdade, estava é completamente envolvido com drogas de diversos tipos e aproveitou o acidente para se recolher e se recompor.

A suposta comunidade alternativa de músicos que teria se instalado na Big Pink em 1967 é outro factoide, provavelmente inventado por Dylan naquelas "entrevistas reveladoras" que ele concedia para a Rolling Stone, onde ele sempre mentia deslavadamente por pura diversão, pois sabia que todos acreditavam em qualquer coisa que ele disesse.

Na verdade, a Big Pink foi, por um longo tempo, lugar de trabalho intenso para todos os músicos ligados a Dylan, que logo depois desses sessões deixariam de lado o nome The Hawks, herdado do roqueiro caipirão Ronnie Hawkins, para adotar The Band.


O resto é história.

Tapes e mais tapes com gravações magníficas desse período circulam por aí há muitos anos.

Primeiro no formato de discos piratas disputados a tapa por colecionadores.

Depois, no álbum duplo "The Basement Tapes", lançado tardiamente pela Columbia em 1975 -- quase oito anos depois de tê-lo rejeitado em 1968.

E agora nessa caixinha com 6 cds: "The Complete Basement Tapes", décimo-primeiro volume da já extensa série "The Bootleg Series" só com gravações não-oficiais de Dylan resgatadas de discos piratas e devidamente rematrizadas.

Quem está habituado a escutar o álbum duplo lançado em 1975 vai estranhar logo de cara o grau de intimidade que esses tapes oferecem ao ouvinte.

As conversas entre os diversos takes de cada canção, e as escolhas de covers, que permaneciam inéditos, nos momentos de descontração, são altamente reveladoras, dando ao ouvinte a sensação de estar imerso ao lado deles naquele processo criativo sem precedentes na história do rock and roll.


Quem conhece a discografia pirata de Dylan vai perceber que praticamente tudo o que aparece no bootleg triplo "The Little White Wonder" foi gravado nas mesmas condições dos "Basement Tapes" que conhecemos.

Só que aquele abismo que existia entre a qualidade sonora precária dos discos piratas e a das gravações oficiais que compõem esta caixinha deixa de existir aqui.

Ou seja: desfrutar dessa experiência musical de forma integral acaba sendo um bálsamo, tamanha  a qualidade sonora desses tapes.

E para quem está acostumado a ouvir The Band ao vivo quase sempre cuspindo fogo, nada mais agradável do que ouví-los tocando mansinho, ainda mais com Bob cantando afinado na medida do possível e desfilando canções magníficas -- muitas delas parcerias, algo que Dylan não tinha feito até então -- em gravações despojadas e contundentes.


Muita atenção para o texto revelador escrito por Sid  Griffin -- líder dos grupos Long Ryders e Coal Porters -- incluído no booklet que acompanha o álbum.

Sid, para quem não sabe, conhece Bob Dylan melhor que o próprio Dylan.

É o maior estudioso do Menestrel de Minnesota do Planeta Terra.

E... é isso!

Sejam bem-vindos a bordo da Big Pink.

E tenham todos uma boa -- e longa -- viagem rumo aos segredos do porão.



WEBSITES OFICIAIS
BOB DYLAN
http://www.bobdylan.com/us/home
THE BAND
http://theband.hiof.no/

DISCOGRAFIAS
BOB DYLAN
http://www.allmusic.com/artist/bob-dylan-mn0000066915/discography
http://www.allmusic.com/artist/bob-dylan-mn0000066915/discography/compilations
THE BAND
http://www.allmusic.com/artist/the-band-mn0000038490/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

segunda-feira, setembro 08, 2014

EM APENAS 4 DIAS, SID GRIFFIN GRAVA UM BELO LP COUNTRY À MODA ANTIGA EM NASHVILLE


Na música de qualquer país, existem sempre aqueles artistas geniais, com uma capacidade criativa enorme, mas que, por algum motivo difícil de explicar, nunca conseguiram emplacar com o grande público.

São artistas que permanecem confortavelmente na cena alternativa por 20, 30, 40 anos amparados por um público cativo para quem gravam discos com material novo de tempos em tempos.

Alguns conseguem conquistar algumas fatias mais jovens de público. Outros não. Mas todos, sem execessão, brigam ano após ano para manter-se ativos e relevantes numa cena sempre em constante renovação.


Quando Sid Griffin apareceu com sua banda seminal The Long Ryders na cena musical da California tocando country-rock com uma atitude punk bem no início dos Anos 80, ninguém podia imaginar que ele iria tão longe, e muito menos que sua carreira tomaria rumos tão tortuosos e interessantes.

Não é nenhum exagero afirmar que ele é o "Pai Fundador" de vários gêneros musicais em voga nos dias de hoje, como "Americana", "Alt-Country" e "Cowpunk", já que eles surgiram das inúmeras tentativas do pessoal da Billboard em tentar rotular seus discos e suas bandas.

Curiosamente, os americanos nunca souberam valorizar The Long Ryders como eles mereciam -- ao contrário dos ingleses e australianos, que empatizaram com a banda logo de imediato.


No início dos Anos 90, os Long Ryders encerraram atividades e Griffin montou uma nova banda, mais acústica, chamada The Coal Porters, que emplacou logo de cara um disco muito divertido que alcançou prestígio mundial: "Land Of Hope And Crosby".

Cansado da indiferença do mercado americano ao seu trabalho, Sid Griffin mudou de mala e cuia para Londres 20 anos atrás, e volta à América muito de vez em quando, sempre para fazer shows com os Coal Porters -- que permanecem ativos até hoje, gravando discos a cada dois anos.

Hoje, está casado com Kate St. John do grupo Dream Academy, tem sua própria gravadora, Prima Records, e trabalha como pesquisador musical, tendo escrito vários livros sobre música country, folk e celta -- inclusive dois muito festejados sobre Bob Dylan e outro, mais festejado ainda, sobre seu grande herói musical Gram Parsons.



Esse novo disco, "The Trick Is To Breathe", é o primeiro solo que ele grava em 9 anos, e foi gravado em Nashville com músicos de lá, em apenas 4 dias, com produção de Thomm Jutz -- que acertou todo o meio de campo com os músicos antes de Sid desembarcar na América e colocar voz, guitarra e mandolin nas 12 faixas.

Griffin comenta que, pela primeira vez em sua carreira, não quis se envolver na produção, nem nos arranjos do disco, colocando-se inteiramente nas mãos de terceiros, como se fosse um crooner -- daí mesclou novas canções com números clássicos como "Blue Yodel 12 & 35" de Jimmie Rodgers e "Get Together" dos Youngbloods, só para ver se dava certo.

Pois deu certo até demais.

"The Trick Is To Breathe" é primoroso, country music da gema com aquela mesma atitude roqueira diferenciada que Gram Parsons imprimia aos seus discos solo ou com The Flying Burrito Brothers.

Marca um recomeço para Sid Griffin como artista solo, já que ele pretende promover o disco em tournées pela Europa, Japão e Austrália com uma banda mínima.

Só que agora não mais como um band leader, e sim como um "troubadour" americano globetrotter, feliz em seu exílio voluntário.


WEBSITE PESSOAL
http://www.sidgriffin.com/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/the-long-ryders-mn0000082091/discography
http://www.allmusic.com/artist/the-coal-porters-mn0000792727/discography
http://www.allmusic.com/artist/sid-griffin-mn0000755037/discography

AMOSTRAS GRÁTIS