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quinta-feira, setembro 13, 2012

STEVE FORBERT RENASCE MUSICALMENTE E VOLTA NO MELHOR LP DE SUA CARREIRA


Lembro como se fosse ontem de ouvir na casa de um amigo, que nem está mais aqui neste planeta, o disco de estréia de um então desconhecido chamado Steve Forbert, que vinha extremamente bem recomendado pela Rolling Stone Magazine -- isso no longínquo ano de 1978, por aí...

Na época, ele foi saudado por alguns como uma versão sulista de Bob Dylan, e por outros como um estranho cruzamento entre Bruce Springsteen e Buddy Holly, o que viesse primeiro.

Obviamente, ele não era nem uma coisa nem outra.

Steve Forbert estava muito acima de tudo isso. Era um verdadeiro original americano, talvez o único compositor naquele momento capaz de abordar com uma franqueza juvenil assuntos complexos e extremamente delicados, sem jamais perder uma certa ternura rock and roll que ninguém mais cultivava naqueles desencantados últimos anos da década de 1970.


Os três primeiros discos dele, "Alive On Arrival", "Jackrabbit Slim" e "Littlle Steve Orbit" foram bem aceitos tanto pelos admiradores de Bob Dylan quanto pelos de Bruce Springsteen, o que por si só já garantiu uma vendagem expressiva.

Mas essa lua de mel com o público infelizmente acabou já no quarto LP, "Steve Forbert" -- um fiasco de vendas, que motivou a não renovação de seu contrato com a Columbia Records.

De lá para cá, Forbert seguiu carreira gravando para selos independentes, sem jamais deixar de compor. Mas infelizmente não conseguiu evitar deixar escapar muito daquele frescor musical de seu início de carreira conforme os anos e os discos foram passando, e com o sucesso nunca mais batendo em sua porta.



Pois bem, estamos em 2012 e Steve Forbert já possui vinte LPs gravados: seis ao vivo e quatorze em estúdio, sendo "Over With You" o mais recente deles.

Aos 58 anos de idade, parece que ele finalmente fez as pazes com sua musa e conseguiu voltar a compor canções com aquele frescor juvenil que fazia toda a diferença em seu início de carreira.

O disco começa meio cabisbaixo, com um pedido de desculpas contundente, em "All I Ask Of You", uma balada à moda de Ricky Nelson que cativa logo à primeira audição.

Devidamente perdoado, o que vemos a seguir é uma sequência de baladas deliciosas, muito espirituosas e diretas, como "All I Need To Do" e a climática "In Love With You", para citar apenas duas.

E para quem quiser uma séria candidata a "Romeo´s Tune" da vez, eu aposto minhas fichas em "Don't Look Down, Pollyanna", uma canção espetacular, talvez a melhor que Forbert já compôs em toda a sua carreira.


A parceria com o tarimbado produtor Chris Goldsmith funcionou às mil maravilhas, mesclando os melancólicos sons do Sul tão caros a Steve Forbert com uma serenidade west-coast que remete aos melhores discos de Chris Isaak.

Tudo isso, somado à maneira cativante com que Forbert defendeu essas canções fazem deste "Over With You" o melhor trabalho de toda a sua carreira, com toda a certeza.

Falta agora os fãs de Dylan e Springsteen o redescobrirem novamente.



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quinta-feira, agosto 09, 2012

AIMEE MANN VOLTA MESCLANDO DENSIDADE EXISTENCIAL E CHARME NUM LP MAGNÍFICO


Quem acompanhou a passagem do grupo Til Tuesday pela cena pop americana em meados dos anos 80, jamais poderia suspeitar que aquela loira bonitinha que cantava quase sussurrado no grupo iria um dia se transformar numa das maiores compositoras pop americanas, produzindo canções de uma grandeza muito próxima à de Joni Mitchell e Rickie Lee Jones, suas mentoras.

Aimee Mann começou sua carreira ganhando as pessoas pela simpatia e pela delicadeza, mas aos poucos foi revelando uma habilidade literária na composição de suas canções -- quase sempre baseadas em vivências pessoais, mas jamais confessionais.

Os dois primeiros discos do Til Tuesday são apenas trabalhos medianos e sem grandes atrativos artísticos. Mas o terceiro e último disco da banda, "Everything´s Different Now" (1988), mostra um salto qualitativo considerável nas canções de Aimee Mann, e traz uma parceria dela com Elvis Costello que já nasceu clássica: "The Other End Of The Telescope".


Daí por diante, ficou claro que o talento de Aimee não cabia mais na banda, e não teve jeito: o Til Tuesday debandou.

Mas não sem antes arrumar uma confusão do tamanho de um bonde com a Epic, que, por brigas contratuais, impediu que Aimee se lançasse solo antes de 1993 -- quando finalmente brilhou com "Whatever", uma estréia magistral, e "I´m With Stupid", uma sequência brilhante, que emplacou dois singles arrebatadores: "That´s Just What You Are" e "You Could Make A Killing".

Então, veio "Bachelor #2" e o filme "Magnólia", criado pelo grande diretor e roteirista Paul Thomas Anderson a partir de algumas canções extremamente contundentes de Aimee, e o resultado foi que, na cerimònia dos Oscars de 2001, Aimee Mann foi revelada para o mundo inteiro.

Ao contrário do esperado, Aimee Mann não optou pelo big business e preferiu resguardar seu trabalho,   para manter sua autonomia criativa. Nos últimos dez anos, gravou cinco discos, quase todos conceituais ou, ao menos, temáticos.

E um muito diferente do outro.


"Charmer", seu mais recente trabalho, é uma deliciosa coleção de canções na mesma linha de "Bachelor #2" (2000), que circulam em torno de um mesmo tema: o aprendizado do uso cotidiano do Charme como meio de sobrevivência num mundo cada vez mais apegado a aparências.

As canções falam de desilusões, ilusões, descaminhos e revelações íntimas por meio de epifanias poéticas que mais parecem uma longa sessão de terapia. A maneira como Aimee promove a alternância desses temas faz com que o encadeamento das canções no disco soe perfeito.

Ela está em excelente forma artística. O tom de suas canções segue um padrão de serenidade muito interessante. Pelo visto, está vivendo um momento muito especial de sua vida. E isso, para quem a conhece de vários romances anteriores, acaba se refletindo no tom das suas novas canções.

Mas jamais espere otimismo em demasia na produção poética de Aimee Mann. A barra pesada está sempre logo alí na esquina, à espreita, em números contundentes como 'Living A Lie" e "Disappeared". 

A maneira como ela aborda esse universo, no entanto, é sempre feita com o devido distanciamento.
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E não há muito mais o que dizer, exceto que "Charmer" engana o ouvinte desavisado, pois é muito mais profundo do que aparenta à primeira vista, e também muito menos leve do que sua sonoridade indica.


Se bem que, para quem está familiarizado com o trabalho de Aimee Mann, isso não vai ser exatamente novidade. Aliás, para quem conhece e gosta do trabalho de Aimee Mann, "Charmer" tem tudo para ser um dos melhores discos desse ano.

Não sei quanto a vocês, mas eu adoro essa garota-enxaqueca encantadora, que acaba de completar 52 anos de idade insuspeitos.

Agradeçam por Aimee Mann continuar assim como sempre foi, complicada e perfeitinha.

Da minha parte, é um grande prazer poder saudar a sua volta.



BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/aimee-mann-mn0000610346

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 http://www.aimeemann.com/

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