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domingo, julho 29, 2012

JIMMY OWENS MIRA NO UNIVERSO MUSICAL DE THELONIOUS MONK E ALCANÇA O NIRVANA



Norman Granz, lendário fundador da Verve Records nos anos 50, e também da Pablo Records nos 70, sempre incentivou seus artistas a gravar discos conceituais.

Não porque tivesse alguma predileção por eles.

É que discos conceituais -- que podiam tanto ser songbooks de grandes compositores quanto tributos a grandes artistas -- saiam do forno com relativa facilidade nas sessões de gravações com artistas de jazz tarimbados e com conhecimento vasto do repertório alheio.

E ele, Norman Granz, como todo dono de gravadora, nunca gostou de ver seus contratados perdendo tempo precioso nos estúdios caríssimos que alugava a peso de ouro em Nova York ou Los Angeles. Não é à toa que a maioria dos discos da Verve e da Pablo trazem sempre nas fichas técnicas as datas em que foram registrados -- um, dois, no máximo três dias.

Pois essas empreitadas de Norman Granz conceituando discos fizeram escola e passaram a ser adotadas por produtores de diversas gravadoras, servindo com pretexto para montar sessões all-star a um custo assessível e até para promover à condição de band-leaders artistas talentosos que, por um motivo ou outro, nunca conseguiram se afirmar como artistas solo e que permaneceram na cena apenas como -- excelentes -- sidemen.


Jimmy Owens é um desses casos.

Trumpetista da pesada, com um sopro robusto e exuberante, ele tocou na banda de Miles Davis, no início dos anos 60, mas não teve a sorte de participar de nenhum de seus discos de estúdio.

Trabalhou também nas bandas de Lionel Hampton, Charles Mingus e Dizzy Gillespie, sem chamar muito a atenção de ninguém.

Apareceu um pouco mais intensamente em 1966, quando passou a integrar a That Jones/Mel Lewis Orchestra e o New York Jazz Sextet, e nos anos 1970 em grupos como como o Mingus Dinasty e o Chuck Israels´ National Jazz Ensemble.

Mas, mesmo assim, só foi ganhar alguma notoriedade quando participou durante dois anos da house band do popular programa da BBC-TV de David Frost.

Os discos de Jimmy Owens gravados como band-leader são pouco mais de meia dúzia e todos de primeira grandeza -- só que, infelizmente, conhecidos apenas por iniciados.

Ou seja: muito pouco para alguém que está prestes a completar 70 anos de idade e 55 de carreira.



Por tudo isso, e por seus méritos artísticos também, "The Monk Project", esse novo trabalho de Jimmy Owens, soa muito especial, e vai muito além dos discos tributos ligeiros que pipocam no mercado, que quase sempre se limitam a saudar os artistas homenageados de forma cerimoniosa.

Aqui, Jimmy Owens reúne jazzistas de peso como seu velho parceiro de muitas empreitadas musicais, o veterano pianista Kenny Barron, e também o "tuba master" Howard Johnson, que se alterna no sax barítono, para tomar a frente de uma banda de músicos jovens e impetuosos: Wycliffe Gordon (trombone), Marcus Strickland (sax tenor), Kenny Davis (contrabaixo) e Winard Harper (bateria).

"The Monk Project" não comete o erro de ser cerimonioso com a memória e o legado musical de Thelonious Monk, até porque os músicos que conviveram com Monk -- e Jimmy Owens teve esse prvilégio --, nunca deixaram de se impressionar com sua capacidade de reinventar suas trilhas musicais constantemente, e também de aceitar o desafio de seguir seus passos, sempre largos e inusitados.

O resultado da abordagem de Owens nesse disco é simplesmente soberbo.

Uma conjunção perfeita de experiências musicais de ex-parceiros e alunos de Monk com admiradores distantes, que mal conseguem esconder o fascínio de serem angolidos pela delicadeza multidemensional dos arranjos monkianos providenciados por Owens, Barron e Johnson.

Sim, porque o que "The Monk Project" saúda é a essência da música de Thelonious Monk, e o quão importante ela foi para o jazz dos anos 60 e 70, e o quanto ela pode ser vital para os novos rumos do jazz nesse novo século.

Ou seja: ao contrário dos discos tributos em geral, esse aqui olha para a frente.

E vê longe.



Não deveria ser surpresa para ninguém que Jimmy Owens abordasse o trabalho de Monk dessa forma.

Seu conceito de trabalho no saudoso grupo Mingus Dinasty, que trabalhava o repertório e os conceitos musicais de Charles Mingus, seguia mais ou menos pelo mesmo caminho, e de cerimonioso não tinha nada.

A surpresa, na verdade, fica mesmo por conta de Owens só agora estar tendo sua grande chance de se afirmar como o grande músico e band-leader que é.

Se você faz parte da legião de admiradores de Thelonious Monk, prepare-se para fortes emoções com esse "The Monk Project".

Já se este for seu primeiro contato com o universo musical desse grande mestre da música do Século XX, prepare-se:

Vai ser uma experiência e tanto....



BIO-DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/jimmy-owens-mn0000085955

WEBSITE OFICIAL
http://jimmyowensjazz.com/

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