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terça-feira, setembro 25, 2012

TOOTS THIELEMANS COMPLETA 90 ANOS COM PLENOS PODERES SOBRE SUA ARTE


Toots Thielemans completou 90 anos este ano de gloriosos serviços prestados ao jazz, e, acreditem ou não, segue em plena atividade artística, em tournée pelo mundo.

Esse belga admirável, que nunca pretendeu ser músico -- mas que, a partir da Segunda Guerra Mundial, acabou virando um dos maiores jazzistas que a Europa já produziu --, começou na guitarra, alternando o estilo mamouche de Django Reinhardt com a guitarra eletrificada de Charlie Christian, e vez ou outra acrescentando a seus temas solos de assovio sensacionais, absolutamente inimitáveis.

Quando a Guerra acabou, saiu procurando trabalho nos clubes noturnos de Paris, e logo encontrou. Pouco a pouco, foi conhecendo músicos de bebop americanos e europeus de passagem pela cidade, e participando de jams e gigs variadas. Até que um dia foi convidado para integrar a banda de Benny Goodman, onde trabalhou lado a lado com o grande saxofonista tenor Zoot Sims. Juntos, os dois iriam integrar no ano seguinte o Charlie Parker's All Stars, com Milt Jackson e o jovem Miles Davis.

Seu maior sucesso solo foi "Bluesette", de 1962, um número de guitarra e assovio magnífico, que quase todo mundo conhece, mas não imagina que seja dele. Por uma razão muito simples|: o Toots Thielemans que conhecemos é o fantástico gaitista, que conseguiu transformar a harmonica num instrumento de jazz por excelência.

São raros os músicos brasileiros que não tenham tido o privilégio de contracenar com Toots Thielemans nesses últimos 40 anos.

Toots já é uma espécie de brasileiro honorário, com parcerias constantes com Sivuca, Ivan Lins e muitos outros que resultaram numa simbiose musical com o Velho Continente que começou em 1970, num disco muito bonito gravado ao lado de Elis Regina, pouco conhecido por aqui, mas que serviu para apresentá-la ao mercado europeu na época.

Sua carreira como gaitista nunca seguiu qualquer padrão de linearidade.

Deixou o jazz por alguns anos para se dedicar a compor jingles, depois passou a compor trilhas sonoras para filmes, e retomou sua carreira somo jazzista por um viés mais pop, através de participações em LPs crossover de Quincy Jones.

Desde então, tem-se mantido exemplarmente ativo, tanto em discos de jazz quanto fazendo participações em discos de artistas pop, e ainda partindo para experiências musicais inusitadas, como o duo Word Of Mouth, onde contracenou com o saudoso baixista Jaco Pastorious.



Neste ano, várias antologias dos mais de 60 anos de carreira de Toots Thielemans estão chegando ao mercado, todas impecáveis e irresistíveis. Mas nenhuma delas tem o apelo de "90 Yrs",  cd e dvd ao vivo recém-lançados, onde contracena com seu chiquérrimo European Quartet.

Aqui, Toots está completamente à vontade, passeando por vários gêneros musicais, com uma delicadeza assombrosa e um bom gosto musical que chega a assustar. Não há grandes surpresas no repertório. Mas suas reinterpretações altamente climáticas de números que há muitos anos compõem seu repertório, apresentadas dessa vez sem virtuosismos, são no mínimo desconcertantes, de tão lindas.

Desde a abertura com 'Waltz For Sonny", até o encerramento com a adorável "Old Friends", Toots passeia com sua harmonica por um repertório transcontinental, onde há espaço tanto para Tom Jobim ("Wave", "One Note Samba") quanto para Paul Simon ("I Do It For Your Love") e Louis Armstrong ("What A Wonderful World").

É difícil definir até onde vai o ecletismo musical de Toots nesse "90 Yrs", mas o caso é que, a essa altura do campeonato, isso não tem mais a a menor importância.

Bem vindos a um recital espetacular de um artista inigualável.



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terça-feira, maio 29, 2012

LISBOA, TOKYO E NEW ORLEANS CONHECEM BEM VALÉRIA OLIVEIRA. FALTA O BRASIL DESCOBRÍ-LA.


Impossível não ficar encantado com Valéria Oliveira.

Confesso que não conhecia o trabalho dessa talentosa cantora e compositora do Rio Grande do Norte, até que um dia desses meu velho amigo Wagner Parra me chamou para conhecer uns LPs de artistas independentes -- todos prensados em fábricas velhas de LPs na República Tcheca, para fugir aos preços extorsivos praticados aqui no Brasil pela fábrica da Deckdisc, que monopoliza o mercado -- que tinham acabado de chegar à sua loja.

Valéria não é nenhuma novata no métier.

Já tem vinte anos de carreira e nove discos gravados -- sete como intérprete, os dois últimos cantando material próprio, e mais um praticamente pronto para lançar no segundo semestre deste ano.

Sua voz intensa e encorpada lembra em princípio uma Elis Regina em tom menor.

Mas sua atitude musical, sempre plural e modernosa, sugere um cruzamento improvável entre Marisa Monte, Clara Nunes e Regina Spektor – como se algo assim fosse possível.

Acreditem: é.


“No Ar” -- seu disco de 2009, que só tive a chance de ouvir agora -- é muito, mas muito bom, e chega extremamente bem recomendado por jornalistas musicais sempre atentos como Antonio Carlos Miguel e Nelson Motta.

Revela uma compositora intensa, que nunca busca soluções fáceis, tanto nas letras quanto nas melodias, mas sempre privilegia o inusitado e canta suas canções com uma serenidade e uma convicção cativantes.

Eu adorei, por exemplo, o tom bluesy de “Madrugadas Frias”, o pop perigoso de “Viver e Dançar” e sobretudo a inclassificável (e adorável) “Sofrer Faz Parte do Meu Vocabulário”.

E tem mais, muito mais, de onde vieram essas três, vale a pena conhecer esse belo trabalho dessa cantora e compositora potiguar.


Valéria Oliveira é um daqueles tesouros escondidos da música brasileira que, paradoxalmente, entra com mais facilidade no mercado exterior do que no daqui.

Para se ter uma idéia, em Lisboa o trabalho de Valéria já é bem conhecido -- resultado de várias visitas promocionais a Portugal.

No Japão, ela já se apresentou diversas vezes, .

Mês passado, foi convidada para fazer uma pequena temporada num nightclub do French Quarter, em New Orleans.

No Rio e em São Paulo, no entanto, só um ou outro ouvinte mais antenado sabe bem quem é essa moça talentosa.

Está mais do que na hora disso começar a mudar.


INFO:
http://www.valeriaoliveira.mus.br/trajetoria.php

DISCOGRAFIA:
 http://www.valeriaoliveira.mus.br/discografia.php

WEBSITE OFICIAL:
 http://www.valeriaoliveira.mus.br/

LP À VENDA NA DISQUERIA (SANTOS SP)

AMOSTRAS GRÁTIS: