domingo, setembro 09, 2012

O BOM E VELHO E BARBUDO ZZ TOP ESTÁ DE VOLTA NUM DISCO PERFEITO: "LA FUTURA"


Apesar de serem de Houston, é inegável que o ZZ Top fez mais que qualquer outro artista texano pela institucionalização de Austin como capital alternativa da country music americana -- e isso vale para ícones festejados como Willie Nelson, Waylon Jennings e Kris Kristofferson, que trocaram suas bases em Nashville pela capital do Estado da Estrela Solitária.

O caso é que o ZZ Top nunca pretendeu ser uma banda "alternativa", como a maioria dos artistas sediados em Austin.

Desde o início eles sempre almejaram o estrelato, e não sossegaram enquanto não chegaram lá.

E assim que se estabeleceram, trataram de levar um bom número de artistas texanos com eles -- como Joe Ely, The Fabulous Thunderbirds, Omar & The Howlers e muitos outros, que eram sempre convidados a abrir os shows de suas tournées



Tecnicamente falando, o ZZ Top existe há 45 anos.

Começou em 1967 usando o nome The Moving Sidewalks, com o guitarrista e cantor Billy Gibbons na linha de frente, fazendo um mix de blues e rock psicodélico meio árido, que acabou rendendo alguns singles e um LP muito bons, mas que lamentavelmente não emplacaram.

Só em 1969, por orientação do produtor Bill Ham, a banda adotou, junto com o nome Z Z Top, uma identidade visual e musical bem texana, mesclando Lightnin' Hopkins com os Rolling Stones e assumindo uma postura de roqueiros fora-da-lei que vinha bem a calhar naqueles tempos libertários.

Seus dois primeiros LPs fizeram alguns amigos, mas não em número suficiente para transformar a banda num sucesso nacional -- o que só foi acontecer com "Tres Hombres" e 'Fandango", dois clássicos do boogie texano, com números poderosos como "Jesus Just Left Chicago", "La Grange", "Tush" e "Nasty Things and Funky Things", que até hoje pontuam o repertório dos shows do trio.

O ZZ Top barbudo e putanheiro que ficou eternizado no imaginário estradeiro americano surgiu no LP "Deguello", e se firmou nos dois trabalhos seguintes, 'El Loco" e "Eliminator", onde começaram a adicionar aqueles famigerados sintetizadores percussivos que sepultaram por alguns anos o que a banda tinha de melhor: o swing truculento e a massa sonora pesada das guiitarras de Billy Gibbons.

E então, quando ninguém suportava mais aquilo, eles fecharam para balanço.

Trocaram a Warner pela RCA e retomaram a sonoridade clássica em discos poderosos como "Antenna" e "Rhythmeen", que serviram para manter a banda unida e ativa, apesar de não terem sido sucessos de vendas.

O ZZ Top já estava caindo naturalmente para o lucrativo mercado das atrações nostálgicas dos anos 70 e 80, quando seus integrantes decidiram tomar algumas atitudes drásticas para reverter essa situação.

Primeiro se desligaram de Bill Ham, empresário e produtor da banda desde 1969.

Depois encerraram o contrato com a RCA e assinaram com a independente Sanctuary, que topou bancar um disco produzido por Rick Rubin para tentar trazer o ZZ Top de volta ao primeiro time de bandas clássicas americanas.



Deu certo.

E "La Futura" é o resultado de todo esse esforço.

Difícil acreditar que eles tenham precisado de 5 anos para produzir apenas 45 minutos de música.

Mas, verdade seja dita, desde "Tres Hombres" eles não produziam 45 minutos de música tão equilibrados, com canções tão fortes e tão bem encadeadas.

Rick Rubin, como de hábito, trabalhou com base no "menos é mais" em "La Futura". Sua preocupação principal foi fazer com que a guitarra de Gibbons soasse o mais explosiva possível e a cozinha de Dusty Hill e Frank Beard suingasse de forma bem truculenta. O mix final do disco é primoroso. Dificilmente alguém irá lançar um disco de classic rock mais perigoso que esse neste ano.

"La Futura" funciona como uma espécie de renascimento artístico para o ZZ Top, pois consegue agradar tanto os fãs clássicos da banda quanto os que estão descobrindo esses velhinhos barbudos texanos agora.
Só não deve ter agradado ao ex-empresário e ex-produtor Bill Ham, que deve ter odiado ver sua velha banda se saindo tão bem sem ele depois de tantos anos.

Saiam da frente, pois a "menor big band do Texas" está de volta.

Quebrando tudo.


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