terça-feira, setembro 04, 2012

MAGIC SLIM FAZ 75 ANOS EM GRANDE FORMA À FRENTE DOS TEARDROPS EM "BAD BOY"



Talvez Magic Slim seja a essa altura da vida a última lenda viva do blues cru, elétrico e sem rebuscamentos que subiu do Mississipi para Chicago -- o Chicago Blues, em seu formato mais clássico.

Aos 75 anos de idade, vive tranqüilo em Lincoln, Nebraska, mas vive pelo mundo. É um dos representantes da velha guarda que nunca abandonou a estrada, e jamais pretende fazê-lo.

Em 1989, Magic Slim veio ao Brasil pela primeira vez, para o 1.º Festival Internacional de Blues, realizado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Fez tanto sucesso que, de lá pra cá, voltou para tocar no Brasil quase todo ano, quase sempre acompanhado de sua fabulosa banda, The Teardrops, considerada pela crítica americana o arquétipo da banda de Chicago Blues Moderno.


A lenda de Magic Slim começou em meados da década de 40, no pequeno vilarejo de Torrence, no Mississippi, entre muitas plantações e poucas ruas, onde Morris Holt, um garoto negro nascido em agosto de 1937, dividia seu tempo entre o árduo trabalho na lavoura e a música no coral da igreja e à frente do piano.

Um dia, quando manuseava um descaroçador de algodão, Holt teve o quinto dedo da mão direita prensado e decepado por uma das moendas de sua ferramenta. Depois do acidente, não poderia mais continuar no piano. Aos poucos, se conformou de que precisaria desenvolver suas habilidades em outro instrumento. E então, aos 10 anos de idade, colocou cerdas de uma vassoura de sua casa e improvisou o que viria a ser sua “primeira guitarra”.

Já adolescente, morando na cidade de Grenada, Mississipi, ele ficou muito amigo de um jovem músico que conheceu por lá: Samuel Gene Maghett, ou Magic Sam, que ensinou a ele uma série de truques preciosos na guitarra, mas sempre insistindo que ele deveria criar um jeito próprio de tocar.

Foi o que ele fez, cadenciando cuidadosamente cada nota de sua guitarra entre um verso e outro, embalados pela jeito de cantar à moda do Mississippi.

Magic Sam e Magic Slim chegaram juntos a Chicago em 1955, e comeram o pão que o diabo amassou até Magic Sam conseguir montar sua banda e sair tocando profissionalmente, chamando seu parceiro para atuar como baixista.

Demorou um pouco até adquirir confiança e montar sua própria banda, The Teardrops, com dois de seus irmãos, que também vieram tentar a sorte na cidade grande.

Aos poucos, de tanto tocar em bares e inferninhos da Zona Sul e na Zona Oeste, Magic Slim & The Teardrops viraram afinal figurinhas carimbadas na noite da Windy City.


Magic Slim & The Teardrops possue mais de trinta discos gravados, alguns deles verdadeiros clássicos do gênero, Nos anos 70 e 80, gravaram constantemente para a Wolf Records. Mas de 1990 para cá, sua casa é a conceituada Blind Pig Records, que o trata a pão-de-ló desde sempre, para não perdê-lo.

O mais novo LP deles, “Bad Boy”, acaba de ser lançado, e segue mais ou menos o mesmo formato dos discos dos anos anteriores.

Por mais que Magic Slim tenha gostado das experiências musicais que desenvolveu no disco “Snakebite”, produzido pelo bluesman novaiorquino Papa Chubby, parece claro que daqui por diante seus discos devam seguir um formato mais rotineiro e sem maiores surpresas.

“Bad Boy” alterna composições novas bem marcantes, como “Sunrise Blues” e “Classic Joyride”, com clássicos do blues como a faixa título, de seu amigo Eddie Taylor, e “Champagne and Reefer”, de Muddy Waters – e, de quebra, ainda resgata algumas pérolas meio esquecidas como “Someone Else Is Steppin´ In”, da grande cantora Denise LaSalle, e “How Much More Long” do notável J B Lenoir.



Em "Bad Boy", The Teardrops continuam mais vigorosos do que nunca, e seguem em frente com sua fama de banda-escola, por onde passaram craques em início de carreira como os guitarristas John Primer e Left Dizz.

Atualmente, John McDonald é o segundo guitarrista da banda. O baixo fica a cargo de André Howard e a bateria com B J Jones.

"Bad Boy" está longe de ser um disco surpreendente. Nem pretende ser um grande disco.

Mas é um item bem bacana e extremamente honesto na longa discografia desse grande mestre do Modern Chicago Blues, que segue seu caminho em perfil baixo numa das carreiras mais constantes e prolificas da história deste gênero tradicionalmente perdulário.

Divirtam-se com o mestre.


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