quarta-feira, setembro 12, 2012

TAJ MAHAL ABRE AS ARCAS COM SEUS TESOUROS MUSICAIS PARA TODOS NÓS


Algum de vocês consegue imaginar um grande bluesman que tenha nascido no Harlem, Nova York -- bem longe do Mississipi, portanto --,  de uma família negra de classe média, com o nome Henry Saint Clair Fredericks?

Pois é: Taj Mahal, cantor, guitarrista e pesquisador musical de primeiríssima grandeza tem esse background no mínimo curioso. Desde pequeno, seus pais incutiram nele o sentimento de orgulho pela sua herança cultural afro-americana, e o incentivaram na música com aulas de piano clássico, clarinete, trombone e gaita.

Durante os últimos quarenta anos, ele vem explorando as raízes do blues, revitalizando a tradição e preparando o caminho para uma nova geração de bluseiros. Assimilou diferentes ritmos e criou um blues que vai muito além do tradicional. Enquanto muitos afro-americanos optaram por evitar velhos estilos musicais durante a década de 1960, Taj Mahal seguiu na contramão e mergulhou de cabeça nas raízes de seu passado. Não satisfeito com isso, fundiu o blues com ritmos do Caribe, África do Sul e do Pacífico, estabelecendo pontes musicais em discos que hoje são clássicos do final dos anos 1960 e início dos 1970.

Toda essa pluralidade musical tem sua razão de ser. Seu pai emigrou do Caribe para a América, viveu muitos anos como pianista e escreveu arranjos para Benny Goodman e sua orquestra. Sua mãe, Mildred Shields, foi professora na escola da Carolina do Sul. Foi através de seus pais que descobriu a alma negra da América nas vozes de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Mahalia Jackson e Ray Charles, e também conheceu a música de todo o mundo no rádio de ondas curtas de seu pai. Teve certeza de que queria realmente ser músico profissional quando descobriu Leadbelly e Lightnin 'Hopkins, além do rock and roll de Chuck Berry e Bo Diddley, e do jazz suingado de Illinois Jacquet, Ben Webster, Charles Mingus, Thelonious Monk e Milt Jackson.



Sua carreira começou para valer em 1964, em Los Angeles, quando formou os Rising Sons ao lado dos amigos Ry Cooder, Jessie Lee Kincaid e Jesse Ed Davis. O grupo assinou com a Columbia Records, mas a gravadora não sabia extatamente como lançar um grupo tão eclético musicalmente naquele momento.

Na dúvida, não lançou. E o material que eles haviam gravado -- suficiente para dois LPs -- permaneceu inédito 25 anos nas geladeiras da gravadora. Isso, claro, tornou o futuro dos Rising Sons extremamente incerto, e a banda encerrou atividades antes mesmo de começar para valer -- o que foi uma pena.

A Columbia, no entanto, fez questão de manter Taj Mahal sob contrato. E em 1968, lançou seu primeiro LP, uma pequena obra prima entitulada simplesmente "Taj Mahal", que veio seguida em 1969 por três discos magníficos: "The Natch'l Blues", "Giant Step" e "De Ole Folks at Home", onde viabilizava sozinho boa parte da mistureba musical que os Native Sons haviam tentado fazer alguns anos antes.

Esses LPs estabeleceram sua reputação como um bluesman autêntico, único e moderno, aproximando sua música dos ritmos vindos do Caribe e da África Ocidental, além do reggae, do calypso, do jazz, do zydeco, do rhythm and blues e da música gospel.

De lá para cá, Taj Mahal nunca mais parou de mesclar música das mais diversas procedências ao blues, mas sem jamais perder de vista as verdadeiras raízes do gênero, e com isso construiu uma carreira gloriosa, vital para a música americana dos últimos 40 anos.



Agora, que Taj Mahal completa 70 anos de idade, resolveram dar uma fuçada nas geladeiras da Columbia Records para resgatar faixas perdidas desses grandes discos que ele gravou entre 1968 e 1973, e descobriram muito mais do que imaginavam em princípio.

Por conta disso, organizaram 3 álbuns duplos entitulados "The Hidden Treasures Of Taj Mahal" com todo esse material inédito, e o primeiro deles acaba de ser lançado.

Desnecessário dizer que é magnífico: um passeio glorioso por toda a musicalidade que ele desencadeou em seus trabalhos iniciais. Doze das canções que compõem o disco 1 deste pacote ou são versões preliminares de números que entraram em seus discos, ou são pérolas de estúdio que ficaram de fora por absoluta falta de espaço mesmo.

Já o disco 2 é um concerto completo gravado no Royal Albert Hall, em Londres, em 1970. que deveria ter sido lançado como um álbum duplo na época, e infelizmente não foi. Aqui, Taj Mahal mostra toda a sua maestria em diversos instrumentos, e divide a cena com seu amigo superguitarrista Jesse Ed Davis, numa das performances mais gloriosas das vidas desses dois grandes músicos.

Portanto, se você é admirador dos múltiplos talentos de Taj Mahal, esse primeiro volume de "The Hidden Treasures Of Taj Mahal" é para você.o este.

Vamos torcer para que os próximos dois volumes da série sejam tão eletrizantes quanto este.


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