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quinta-feira, maio 18, 2017

NOSSO ANIVERSARIANTE DESTA QUINTA É UM DOS MÚSICOS MAIS ECLÉTICOS E GENIAIS QUE A AMÉRICA JÁ PRODUZIU.


HOJE É O 75º ANIVERSÁRIO
DESTE GRANDE MULTINSTRUMENTISTA
QUE, MESMO SENDO NOVAIORQUINO,
CONHECE O IDIOMA DO BLUES SULISTA
COMO POUQUÍSSIMOS MÚSICOS HOJE.

CELEBRAMOS TRAZENDO AQUI
NADA MENOS QUE 3 CONCERTOS
AO VIVO DE TAJ MAHAL:
DOIS GRAVADOS NA EUROPA NOS ANOS 80 E 90
E OUTRO BEM RECENTE GRAVADO
NUM FESTIVAL DE BLUES NA FRANÇA.

ENJOY...



terça-feira, abril 07, 2015

VAN MORRISON PRODUZ UM DISCO DE DUETOS QUE É TUDO MENOS FROUXO E PREVISÍVEL.



Van Morrison faz 70 anos de idade este ano.

Quando um artista chega a essa faixa de idade, fica mais e mais difícil chegar em alguma gravadora com um projeto para um disco novo em mãos, pois essa gravadora certamente irá encaminhá-lo à "divisão de projetos especiais", que, por sua vez, vai propor a este artista -- até porque não sabe fazer outra coisa -- um disco de duetos, com canções antigas recicladas e convidados estelares. 

Pois bem: chegou a vez de Van Morrison ter que gravar o seu disco de duetos, com canções antigas recicladas e convidados estelares. 

E como não podia deixar de ser, ele fez isso de uma maneira completamente honesta e inusitada, o que fica claro no título seco, curto e grosso do disco: "Duets: Re-Working The Catalogue" (um lançamento RCA). 

Em outras palavras: Sem firulas, please!




Para a surpresa geral, acho que inclusive da sua gravadora, todas as canções mais conhecidas de Morrison -- "Brown Eyed Girl", "Domino", "I've Been Working", "Moondance", "Caravan", "Wild Night", "Jackie Wilson Said", "Have I Told You Lately" -- ficaram de fora de "Duets: Re-Working The Catalogue"

As canções escolhidas são todas, ou quase todas, "album tracks" pouco conhecidas, pinçadas dos discos que ele gravou de 1980 para cá, logo após seu breve estrelato nos Anos 1970.

O critério para essas escolhas de canções aparentemente foi determinado em comum acordo com os artistas escolhidos para contracenar com ele.

Joss Stone, por exemplo, já cantava "Wild Honey" em seus shows, e agora teve a chance de cantá-la ao lado do autor Van Morrison -- o que a deixou lisonjeada, com certeza, mas deixou, antes de mais nada, nosso baixinho irlandês completamente encantado por ela, por seu talento, seu tamanho e sua gostosura. Quem não vibra com mulheres grandalhonas que atire a primeira pedra...

Simbiose semelhante acontece em "Irish Heartbeat", que Mark Knopfler incluiu nos shows de sua última tournée, dois anos atrás. Aqui, nesse dueto com Morrison, aflora uma delicadeza ímpar, onde predomina uma serenidade folk-pop a toda prova.

Em "Born To Sing", um número bem mais truculento, o lendário cantor inglês Chris Farlowe, com quem Morrison rivalizava em meados dos Anos 60 nas paradas inglesas, une forças a  ele e os dois praticamente reivindicam a mesma profissão de fé com suas vozes possantes e encorpadas.

Algo semelhante acontece em "Whatever Happned to P J Proby", número composto dez anos atrás, em que Morrison evoca um grande cantor da década de 1960 que desapareceu por completo da Cena dos Anos 1980 para cá. Pois não é que Morrison localizou P J Proby, e os dois juntos gravaram uma versão definitiva para essa canção?

São gravações assim que fazem de "Duets: Re-Working The Catalog" um ítem complementar muito interessante na discografia de Van Morrison.




Mas "Duets: Re-Working The Catalogue" ainda reserva outros momentos gloriosos, como "How Can A Poor Boy" ao lado de Taj Mahal, ou "Some Peace Of Mind" com o saudoso Bobby Womack, ou ainda "Lord If I Ever Needed Someone" com a magnífica Mavis Staples, que leva nosso querido Mr. Morrison direto aos céus nas asas de um anjo negro.

Se eu, pessoalmente, tiver que escolher uma favorita, fico com "Fire In The Belly", onde Morrison e Steve Winwood trafegam pelo inesgotável território da soul music que ambos sempre souberam defender tão bem.

"Duets: Re-Working The Catalogue" é o trigésimo quinto disco de Van Morrison, e não é um ítem fundamental na sua carreira, e nem pretende ser. Mas é, com certeza, o disco de duetos mais honesto, vibrante e satisfatório que você já ouviu em muitos e muitos anos.

Tentaram empacotar Van Morrison à sua revelia. Não conseguiram. 

Aos quase 70 anos de idade, ele continua indomável.

Van Morrison é a prova derradeira de que Deus não só existe, como é Irlandês.












AMOSTRAS GRÁTIS

quarta-feira, setembro 12, 2012

TAJ MAHAL ABRE AS ARCAS COM SEUS TESOUROS MUSICAIS PARA TODOS NÓS


Algum de vocês consegue imaginar um grande bluesman que tenha nascido no Harlem, Nova York -- bem longe do Mississipi, portanto --,  de uma família negra de classe média, com o nome Henry Saint Clair Fredericks?

Pois é: Taj Mahal, cantor, guitarrista e pesquisador musical de primeiríssima grandeza tem esse background no mínimo curioso. Desde pequeno, seus pais incutiram nele o sentimento de orgulho pela sua herança cultural afro-americana, e o incentivaram na música com aulas de piano clássico, clarinete, trombone e gaita.

Durante os últimos quarenta anos, ele vem explorando as raízes do blues, revitalizando a tradição e preparando o caminho para uma nova geração de bluseiros. Assimilou diferentes ritmos e criou um blues que vai muito além do tradicional. Enquanto muitos afro-americanos optaram por evitar velhos estilos musicais durante a década de 1960, Taj Mahal seguiu na contramão e mergulhou de cabeça nas raízes de seu passado. Não satisfeito com isso, fundiu o blues com ritmos do Caribe, África do Sul e do Pacífico, estabelecendo pontes musicais em discos que hoje são clássicos do final dos anos 1960 e início dos 1970.

Toda essa pluralidade musical tem sua razão de ser. Seu pai emigrou do Caribe para a América, viveu muitos anos como pianista e escreveu arranjos para Benny Goodman e sua orquestra. Sua mãe, Mildred Shields, foi professora na escola da Carolina do Sul. Foi através de seus pais que descobriu a alma negra da América nas vozes de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Mahalia Jackson e Ray Charles, e também conheceu a música de todo o mundo no rádio de ondas curtas de seu pai. Teve certeza de que queria realmente ser músico profissional quando descobriu Leadbelly e Lightnin 'Hopkins, além do rock and roll de Chuck Berry e Bo Diddley, e do jazz suingado de Illinois Jacquet, Ben Webster, Charles Mingus, Thelonious Monk e Milt Jackson.



Sua carreira começou para valer em 1964, em Los Angeles, quando formou os Rising Sons ao lado dos amigos Ry Cooder, Jessie Lee Kincaid e Jesse Ed Davis. O grupo assinou com a Columbia Records, mas a gravadora não sabia extatamente como lançar um grupo tão eclético musicalmente naquele momento.

Na dúvida, não lançou. E o material que eles haviam gravado -- suficiente para dois LPs -- permaneceu inédito 25 anos nas geladeiras da gravadora. Isso, claro, tornou o futuro dos Rising Sons extremamente incerto, e a banda encerrou atividades antes mesmo de começar para valer -- o que foi uma pena.

A Columbia, no entanto, fez questão de manter Taj Mahal sob contrato. E em 1968, lançou seu primeiro LP, uma pequena obra prima entitulada simplesmente "Taj Mahal", que veio seguida em 1969 por três discos magníficos: "The Natch'l Blues", "Giant Step" e "De Ole Folks at Home", onde viabilizava sozinho boa parte da mistureba musical que os Native Sons haviam tentado fazer alguns anos antes.

Esses LPs estabeleceram sua reputação como um bluesman autêntico, único e moderno, aproximando sua música dos ritmos vindos do Caribe e da África Ocidental, além do reggae, do calypso, do jazz, do zydeco, do rhythm and blues e da música gospel.

De lá para cá, Taj Mahal nunca mais parou de mesclar música das mais diversas procedências ao blues, mas sem jamais perder de vista as verdadeiras raízes do gênero, e com isso construiu uma carreira gloriosa, vital para a música americana dos últimos 40 anos.



Agora, que Taj Mahal completa 70 anos de idade, resolveram dar uma fuçada nas geladeiras da Columbia Records para resgatar faixas perdidas desses grandes discos que ele gravou entre 1968 e 1973, e descobriram muito mais do que imaginavam em princípio.

Por conta disso, organizaram 3 álbuns duplos entitulados "The Hidden Treasures Of Taj Mahal" com todo esse material inédito, e o primeiro deles acaba de ser lançado.

Desnecessário dizer que é magnífico: um passeio glorioso por toda a musicalidade que ele desencadeou em seus trabalhos iniciais. Doze das canções que compõem o disco 1 deste pacote ou são versões preliminares de números que entraram em seus discos, ou são pérolas de estúdio que ficaram de fora por absoluta falta de espaço mesmo.

Já o disco 2 é um concerto completo gravado no Royal Albert Hall, em Londres, em 1970. que deveria ter sido lançado como um álbum duplo na época, e infelizmente não foi. Aqui, Taj Mahal mostra toda a sua maestria em diversos instrumentos, e divide a cena com seu amigo superguitarrista Jesse Ed Davis, numa das performances mais gloriosas das vidas desses dois grandes músicos.

Portanto, se você é admirador dos múltiplos talentos de Taj Mahal, esse primeiro volume de "The Hidden Treasures Of Taj Mahal" é para você.o este.

Vamos torcer para que os próximos dois volumes da série sejam tão eletrizantes quanto este.


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domingo, agosto 26, 2012

PARA PRESIDENTE, VOTE EM RY COODER


Ao longo de mais de 45 anos de carreira, o cantor e guitarrista californiano Ry Cooder tem sido uma espécie de Indiana Jones do revisionismo musical, investigando incansavelmente as mais diversas manifestações musicais americanas com uma atitude aparentemente acadêmica, mas, na verdade, profundamente arrojada e aventuresca.

Seu início de carreira, no entanto, foi bastante errante. Começou com seu nome verdadeiro, Ryland Cooder, à frente do grupo de blues Native Sons na segunda metade dos anos 60, onde dividiu a cena com dois outros grandes exploradores musicais: Taj Mahal e Jesse Ed Davis. Poderia ter sido a primeira banda de blues multi-racial da história, com um guitarrista branco, um negro e um índio. Mas, infelizmente, os Native Sons implodiram antes mesmo de lançar um primeiro disco, apesar de ter deixado mais de 20 canções gravadas para a Columbia -- que optou por regravar números da banda nos álbuns de estréia de Taj Mahal e Jesse Ed Davis.

A reputação de Ry Cooder como mestre da guitarra e iconoclasta musical já corria por Los Angeles, e, graças a Leon Russell e Nicky Hopkins, chegou aos ouvidos dos Rolling Stones, que, depois de trabalhar com os ingleses Eric Clapton e Jimmy Page no fabuloso "Beggars' Banquet", estavam interessados em gravar com músicos americanos. Resultado: as participações de Cooder em "Let It Bleed" e "Sticky Fingers" resultaram em momentos tão intensos e marcantes que lhe renderam um contrato privilegiadíssimo, com liberdade total de criação, na Warner Bros Records -- contrato esse endossado pelos tarimbados produtores da casa Lenny Waronker e Russ Titelman.



Já em seu primeiro disco, "Ry Cooder", de 1970, ele uniu forças com músicos de primeira linha de Los Angeles e mergulhou num revisionismo musical mesclando blues com folk music de uma maneira bem peculiar e nada tradicionalista. Seus trabalhos seguintes, "Boomer´s Story" e "Into The Purple Valley", foram mais fundo ainda nessas investigações sobre o passado, sempre com uma atitude bem moderna. Já os posteriores "Paradise And Lunch" e "Chicken Skin Music" já seguiram uma atitude musical diferente, mesclando blues, tex-mex e música havaiana de forma jamais realizada anteriormente, com um toque de gênio.

A partir de 1975, Cooder deixou sua carreira como artista solo um pouco de lado e começou a se envolver em projetos extremamente conceituais de resgate musical, como em "Jazz" e "Buena Vista Social Club". Paralelo a isso, se especializou em compor trilhas sonoras para o cinema, algumas já clássicas como as de "The Long Riders", "Streets Of Fire", "Crossroads" e "Paris, Texas".

De uns dez anos para cá, no entanto, Cooder  decidiu reduzir  sua produção e reinventar o formato de seus discos conceituais, trocando os temas musicais quase acadêmicos por elementos literários e, de certa forma, se reinventando como compositor. Foi assim com o vibrante “Mambo Sinuendo”, com o magnífico “Chavez Ravine”, e com os inusitados “My Name Is Buddy” e “I, Flathead ” -- todos brilhantes, cada um à sua maneira.

Até que, ano passado, Cooder ressurgiu com um disco bem urgente, de protesto, que surpreendeu a todos os que estão acostumados com seus discos perenes e bem acabados. onde ele atualizando a proposta de trabalho original de Woody Guthrie, chamado “Pull Up Some Dust And Sit Down”


Pois ele agora retorna com mais um disco nessa mesma levada: “Election Special”, uma crônica muito bem humorada das campanhas à Presidencia da República deste ano, surpreendendo a todos que estão acostumados .

O candidato bilionário Mutt Romney já sai levando pancada logo na abertura do disco, na irônica 'Mutt Romney Blues". Daí por diante, os temas do momento vão passando pelas canções, desde os levantes contra a Wall Street, passando por Guantanamo e pela patética Convenção Republicana, até chegar no Salão Oval da Casa Branca, onde Barack Obama toma decisões nem sempre acertadas e bem vindas pelo povo americano.

A retórica utilizada nas canções é direta, sem metáforas, e, na medida do possível, bem humorada. Não toma partido de lado nenhum, mas defende os valores da America. E não consegue evitar olhar para Barack Obama como um cara bem intencionado, que infelizmente ficou muito aquém da expectativa que ele criou para si próprio.

Já musicalmente, "Election Special" chuta para todos os lados, com a maestria habitual de Ry Cooder, que toca todos os instrumentos, exceto bateria, e se sai muito bem nesse formato. Não pretende ser um grande disco na discografia dele. Mas revela claramente que Cooder cansou de mergulhar fundo em projetos intrincados e de difícil realização, optando por produções simples e descomplicadas.



Apesar dessa urgência toda, "Election Special" vai sobreviver como uma crônica do ano de 2012, até porque foi feito com um padrão de produção que o coloca um milhão de anos luz adiante de empreitadas como "Living With War", de Neil Young, que beira a auto-indulgência.

Por mais urgente que seja 'Election Special", Ry Cooder jamais conseguiria ser auto-indulgente.

Na verdade, ele não conseguiria nem mesmo flertar com a possibilidade de ser auto-indulgente.

'Election Special" é mais uma homenagem que Cooder rende ao menestrel Woody Guthrie, que aparece forte na balada que encerra o disco, "Take Your Hands Off It", que lembra a clássica "This Land is Your Land".

Meu conselho?

Vote em Ry Cooder.

E torça para que esse belo disco não perca seu impacto depois que essa longa campanha terminar.



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